Como já dissemos e repetiremos isso até ao fim, estamos diante de um
escrito que ultrapassa a normalidade em questão de produção de conteúdo intelectual,
notadamente espiritual. Não é à toa que esta epístola recebe o apelido de
QUINTO EVANGELHO. Se ninguém falou como este homem, referindo-se a Jesus;
ninguém escreveu como este homem, digo eu de Paulo.
Paulo escreve aos Romanos para apresentar a mensagem do evangelho aos
crentes em Roma e explicar como esse evangelho corrige as divisões entre os
crentes judeus e os crentes gentios. (BEG).
São tratadas nesta epístola as questões dos judeus e gentios e seus papéis
interconectados na história relacionadas ao pecado, à justiça e ao juízo de
Deus; ao recebimento da justificação somente mediante a fé, à parte das obras;
à santificação, que conduz à glorificação, a qual ocorre mediante a dependência
do Espírito Santo; e, como cristãos judeus e gentios devem aprender a aplicar o
evangelho à vida prática. Estamos no capitulo 4/16, na parte II.
Breve
síntese do capítulo 4.
Meu Deus, olha que sabedoria de Paulo, pelo Espírito Santo: - se Abraão
foi justificado por obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus!
Meus queridos, mas, ... não são justamente as obras de Abraão ou feitas
por Abraão que justificam a sua fé? Como irá provar ele a sua fé se não pelas
suas obras? Alguém pode mostrar a sua fé? Você pode mostrar a sua fé? Eu posso?
– eis aqui a minha fé!, diria alguém. Outro mais sábio lhe perguntaria, mas
cadê as obras que provam a sua fé?
Parece um dilema sem saída. Como produzir obras sem que elas sejam
produzidas? Se eu produzo obras, tenho do que me orgulhar! Eu entendo assim: a
minha natureza é pecadora e portanto somente sei pecar e peco. Quando eu peco,
eu faço algo que é próprio meu, pecar. Não existe, portanto, eu “não pecar”,
pois sou pecador e peco.
Quando eu faço o bem, não sou eu quem o faço, mas a graça de Deus
operando em mim é que me conduz à santidade. Não há glórias em mim quando não
peco por causa da graça de Deus que está operando em mim.
Não porque sou melhor, nem pior que qualquer um. A graça de Deus é muito
mais abundante em mim à medida que eu me reconheço mais pecador e carente da
graça de Deus. não estou falando assim com relação à salvação, mas com relação
à santidade. Veremos se isso ficará mais claro nos próximos capítulos. Tenhamos
paciência!
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes,
conforme ajuda da BEG:
III. A SALVAÇÃO PARA JUDEUS E GENTIOS (3.21-8.39) – continuação.
Como dissemos, a salvação vem para judeus e
gentios do mesmo modo. Para todos, a justificação é somente mediante a fé, à
parte das obras; e a santificação mediante a confiança no poder do Espírito
Santo. Estamos vendo até o capítulo 8.39, a salvação para judeus e gentios.
Tendo mostrado que tanto judeus como gentios são pecadores carentes de
salvação, Paulo passou a explicar como a salvação alcança a todos.
Assim, seguindo a divisão proposta pela
BEG, teremos duas divisões principais: A. A justificação (3.21-5.21) – estamos vendo: 1. Somente pela fé
(3.21-31) – já vimos; 2. O exemplo de
Abraão (4.1-25) – veremos agora; 3.
Os benefícios da justificação (5.1-11); 4. Cristo: o novo Adão (5.12-21); B. A
santificação (6.1-8.39): 1, A destruição do domínio do pecado (6.1-23); 2. A
luta contra o pecado (7.1-25); 3. Vivendo pelo Espírito (8.1-39).
A. A justificação (3.21-5.21) - continuação.
Nós dissemos que o apóstolo Paulo encerrou
a parte anterior com a afirmação de que ninguém poderia ser declarado justo
(justificado) pela lei (3.20). Aqui ele explicou como a justificação acontece.
2. O exemplo de Abraão (4.1-25).
Paulo apela para os
antepassados e nos faz refletir na vida de Abraão.
Paulo apoiou seu argumento de que a
justificação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus (3.22-26) apelando para
a narrativa do Antigo Testamento sobre a vida de Abraão. Como pai espiritual
dos judeus (vs. 1), Abraão forneceu o precedente (ou a jurisprudência) para a
tese de Paulo.
Contrário ao ponto de vista de que Abraão
era considerado justo e constante na aliança com Deus com base na sua própria
obediência e fidelidade, Paulo demonstrou que a declaração geral no versículo
37 era verdade para Abraão em particular.
De fato, ele não tinha nada 'de que se
gloriar', pois Gn 15.6 “Ele creno Senhor
e isso lhe foi imputado por justiça” prova que foi pela fé, e não por
guardar a lei, que Abraão foi justificado.
Pense bem, o salário de alguém jamais é um
favor, mas dívida. Ele, Paulo, se esforça por focar-se não no salário, mas no
favor – no caso deste vs. 4, considerado como favor, ou, literalmente,
"creditado". O apóstolo Paulo focalizou nessa palavra, argumentando
que ela sugere alguma coisa que é dada gratuitamente, "como favor".
Sabe-se que um salário é ganho pelo trabalho,
e não recebido "como favor" ("segundo a graça", em seu sentido
literal). Porém, Gn 15.6 não faz nenhuma menção a nenhum trabalho por parte de
Abraão; somente menciona a confiança que ele tinha em Deus.
Em outras palavras, Abraão não contribuiu
com nada para a sua própria justiça perante o Senhor. Nesse sentido, embora a
fé envolva uma ação humana, ela não é um "trabalho" humano (isto é,
uma obra meritória).
A própria fé é um dom de Deus (3.27; Ef
2.8; aqui a BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico
"Regeneração e novo nascimento", em Jo 3). Portanto, a justiça de
Deus foi creditada (ou imputada) a Abraão (vs. 3,9), e não merecida por ele.
Outro exemplo citado por Paulo foi Davi que
diz a mesma coisa quando afirma o fato da felicidade do homem a quem Deus lhe
credita justiça independentemente das obras.
Paulo fez uma referência ao texto de SI
32.1-2 para mostrar que Davi também concordava com a doutrina da justificação
pela fé somente.
Nos versículos 5-6, o apóstolo enfocou a
mesma palavra grega ("atribui"; literalmente, "credita"),
exatamente como ela aparece no SI 32.2 na Septuaginta (a tradução grega do AT).
O que ele queria dizer era que Deus atribui a justiça à parte das obras.
A bem-aventurança, a comunhão com Deus por
meio da aliança (junto com todas as coisas que a acompanham) e a salvação não
são merecidas, mas são consequências do dom do perdão.
Nós somos justificados unicamente pelo
mérito de Cristo; qualquer tipo de mérito humano está excluído. Não há espaço,
portanto para a jactância.
A partir do vs. 9, o apóstolo Paulo tornou
a se basear na vida de Abraão ao dar uma resposta à objeção que ele havia
antecipado: ainda que a justiça viesse pela graça mediante a fé, no caso de
Abraão, teria Paulo esquecido que ele era o pai dos circuncisos (e, portanto,
não dos incircuncisos)?
O apóstolo respondeu que Gn 15.6 descreve
Abraão "ainda incircunciso" (vs. 10). A justiça simbolizada e selada
por ele pela circuncisão já lhe havia sido atribuída quando ainda era
incircunciso, fazendo de Abraão o pai tanto dos crentes que não são, bem como
dos que são circuncisos.
Assim, não foi por intermédio da lei que a
promessa foi concedida a Abraão e sua descendência, mas por meio da justiça que
vem da fé. E se são herdeiros os que vivem debaixo da lei, nem a fé, nem a
promessa seria verdadeira ou útil.
Paulo então afirma que a lei suscita a ira.
Se a herança dependesse da obediência à lei, a fé não teria lugar no projeto
divino e a promessa seria nula, tendo em vista que a lei não pode levar a
efeito a obediência que ela requer para o seu cumprimento. Somente "onde
não há lei" é que "não há transgressão"; onde há lei, ela
"suscita a ira" (vs. 15).
Dado a verdade estabelecida da
pecaminosidade de todos os homens (Rm 1-3), era impossível que a promessa
pudesse ser recebida com base na guarda da lei. A lei que seria para gerar
vida, no caso, dos homens pecadores, sentenciou-os à morte por que todos somos
pecadores.
O relato de Gênesis sobre a vida de Abraão
não afirma explicitamente que ele herdaria o mundo inteiro. É provável que
Paulo tenha sintetizado dessa maneira a promessa feita a Abraão por várias
razões:
(1)Abraão
e seus descendentes foram escolhidos para cumprir o desígnio original de Adão e
Eva, aos quais foi ordenado estender os seus domínios sobre toda a terra (Gn
1.26-29).
(2)Foi
prometida a Abraão uma descendência inumerável (Gn 15.5; 22.17).
(3)Também
lhe foi prometido ser uma bênção pela extensão da bênção de sua aliança para
todas as famílias da terra (Gn 1818; 22.18).
(4)Ele
recebeu a promessa de ser pai de muitas nações (Gn 17.4-5).
Quando Israel se tornou uma nação governada
por um rei, a visão de possuir o mundo inteiro ficou mais proeminente (p. ex.,
Dt 2.25; SI 22.27; 67.2; 117.1; Is 52.10; Am 9.15-17). Os cristãos também
anseiam pelo dia em que reinarão com Cristo na glória dos novos céus e da nova
terra (Mt 5.5; Ap 22.5).
Essa é a razão por que provém da fé. Por
ser a promessa de uma grande herança recebida pela fé, ela é também
"segundo a graça" e "firme... para a toda a descendência".
Tivesse ela sido com base nas obras, a promessa
teria falhado; tivesse ela sido baseada na circuncisão, apenas os judeus
poderiam tê-la recebido. Porque ela é pela fé, e, por conseguinte, pela graça
(pela ação de Deus, e não do homem), pode ser "firme" para toda a
descendência espiritual genuína de Abraão (ou seja, todos os crentes, quer
sejam judeus ou gentios de nascimento).
Novamente Paulo – vs. 17 - apelou para as
Escrituras (Gn 17.5) para confirmar a sua exposição. Já estava claro em Gênesis
que Abraão não era apenas o pai dos judeus (os circuncidados), mas também o
patriarca espiritual dos crentes de muitas nações.
Não era inacreditável que os gentios também
devessem receber a promessa de Deus, pois aquele em quem Abraão cria
"vivifica os mortos". Vejam as evidências:
üNa
nova vida que surgiu do ventre aparentemente amortecido de Sara (Gn 18.11).
üNa
vida que foi devolvida a Isaque quando ele estava sob a sentença de morte (Gn
22).
üDe
modo definitivo, na vida restaurada na ressurreição de Cristo (Rm 4.24-25).
No vs. 17, está escrito que ele, Abraão, é
nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e
chama à existência coisas que não existem, como se existissem.
Assim, este “chamar à existência coisas que
não existem” pode estar se referindo ao fato de Deus ter criado o mundo do nada
(veja Gn 1; Is 41.4; 48.13 sobre a criação chamada à existência pela palavra de
Deus) ou ao nascimento de Isaque (no qual uma nação emergiu de um ventre
estéril). Talvez tenha sido também uma alusão às palavras de Os 1.10; 2.23 (Rm
9.25-26).
Veja que Abraão creu contra
a esperança. Humanamente falando, crer que Sara daria à luz um filho (o
primeiro pré-requisito para o cumprimento da promessa) era algo vão pelas
razões dadas no versículo 19.
Ele não se enfraqueceu
na fé, como era de se esperar, mas creu em Deus, em sua palavra e ficou mesmo
esperando confiando no poder de Deus (vs. 17). Abraão adquiriu segurança de que
a promessa se cumpriria. Paulo mostrou e demonstrou que a fé genuína está
voltada para Deus e não para o homem, para a palavra divina e não para a
situação humana.
Ele tinha tudo para
desistir e se desanimar não crendo em Deus, mas ao contrário se fortaleceu na
sua fé dando glória a Deus. Dar glória a Deus é um sinal de fé, tendo em vista
que fé é depender do poder de Deus e confiar na palavra da promessa dele (vs.
21).
Abraão obedeceu fielmente
ao padrão dos atributos revelados de Deus (cf. 1.20) e, por isso, a glória
divina se manifestou na sua vida. Foi por meio do exercício desse tipo de fé
que Abraão foi justificado (vs. 22).
A prova da justificação
pela fé por meio do exemplo de Abraão levou Paulo de volta ao fundamento dessa
justificação na obra de Cristo (3.24-26).
A morte e a ressurreição
de Jesus são dois aspectos do mesmo acontecimento salvador. Ao morrer, ele
suportou o castigo exigido pela lei pela nossa culpa. Ao ressuscitar dos
mortos, Cristo foi justificado e a sua ressurreição ocasionou a justificação e
uma nova vida para aqueles que se uniram a ele pela fé.
A ressurreição de Cristo
também é crucial porque a nossa posição de justificado é mantida pela sua obra
de intercessão permanente no céu (outra proposta da BEG, neste ponto é a
reflexão em seu outro excelente artigo teológico "A ascensão de
Jesus", em Hb 8).
Rm 4:1 Que, pois, diremos ter alcançado Abraão,
nosso pai segundo a
carne?
Rm 4:2 Porque, se Abraão foi justificado por obras,
tem de que se
gloriar,
porém
não diante de Deus.
Rm 4:3 Pois que diz a Escritura?
Abraão creu em
Deus,
e
isso lhe foi imputado para justiça.
Rm 4:4 Ora, ao que trabalha,
o salário não é
considerado como favor,
e
sim como dívida.
Rm 4:5 Mas, ao que não trabalha,
porém crê naquele
que justifica o ímpio,
a
sua fé lhe é atribuída como justiça.
Rm 4:6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem
a quem Deus atribui
justiça,
independentemente
de obras:
Rm 4:7 Bem-aventurados
aqueles cujas
iniqüidades são perdoadas,
e cujos pecados são
cobertos;
Rm 4:8 bem-aventurado o homem
a quem o Senhor
jamais imputará pecado.
Rm 4:9 Vem, pois, esta bem-aventurança
exclusivamente
sobre os circuncisos
ou também sobre os
incircuncisos?
Visto
que dizemos:
a
fé foi imputada a Abraão para justiça.
Rm 4:10 Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele
já circuncidado
ou ainda incircunciso?
Não
no regime da circuncisão,
e
sim quando incircunciso.
Rm 4:11 E recebeu o sinal da circuncisão
como selo da
justiça da fé que teve quando ainda incircunciso;
para
vir a ser o pai de todos os que crêem,
embora
não circuncidados,
a fim de que lhes
fosse imputada a justiça,
Rm
4:12 e pai da circuncisão, isto é,
daqueles que não são apenas
circuncisos,
mas
também andam nas pisadas da fé
que teve Abraão, nosso pai,
antes
de ser circuncidado.
Rm 4:13 Não foi por intermédio da lei
que a Abraão ou a
sua descendência coube
a promessa de ser herdeiro
do mundo,
e
sim mediante a justiça da fé.
Rm 4:14 Pois, se os da lei é que são os herdeiros,
anula-se a fé
e cancela-se a
promessa,
Rm
4:15 porque a lei suscita a ira;
mas
onde não há lei,
também
não há transgressão.
Rm 4:16 Essa é a razão por que provém da fé,
para que seja
segundo a graça,
a
fim de que seja firme a promessa para toda a descendência,
não
somente ao que está no regime da lei,
mas também ao que
é da fé que teve Abraão
(porque Abraão é pai de todos nós,
Rm 4:17 como está
escrito:
Por
pai de muitas nações te constituí.),
perante
aquele no qual creu,
o
Deus que vivifica os mortos
e
chama à existência as coisas
que não existem.
Rm 4:18 Abraão,
esperando contra a
esperança,
creu,
para vir a ser
pai
de muitas nações,
segundo
lhe fora dito:
Assim
será a tua descendência.
Rm 4:19 E, sem enfraquecer na fé,
embora levasse em
conta o seu próprio corpo amortecido,
sendo
já de cem anos,
e a
idade avançada de Sara,
Rm
4:20 não duvidou,
por
incredulidade,
da
promessa de Deus;
mas,
pela fé,
se
fortaleceu,
dando
glória a Deus,
Rm 4:21 estando plenamente convicto
de que ele era
poderoso para cumprir o que prometera.
Rm 4:22 Pelo que isso lhe foi também
imputado para
justiça.
Rm 4:23 E não somente por causa dele está escrito
que lhe foi levado
em conta,
Rm
4:24 mas também por nossa causa,
posto
que a nós igualmente
nos
será imputado,
a
saber, a nós que cremos
naquele
que ressuscitou dentre os mortos
a
Jesus, nosso Senhor,
Rm
4:25 o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões e
ressuscitou por causa da
nossa justificação.
Quando eu peco, sou eu quem peco, porque sou pecador; mas quando eu não
peco, não sou eu quem não peco, mas a graça de Deus em mim. Se fosse eu quem
não pecasse, teria do que me gloriar, mas não diante de Deus! Parece difícil de
entender? Vamos estudar mais a Bíblia!
Justificação e mérito: Por que
Deus me considera justo?[1]
A "justificação somente pela fé", um dos lemas característicos
da Reforma, mostra que Deus considera os cristãos justos (isto é, ele os
justifica) por causa de sua fé, e não de suas obras. Esse conceito deve ser
distinguido claramente da ideia equivocada de que Deus considera os cristãos
justos com base em sua fé (isto é, pelo fato de possuírem fé). Os cristãos não
se tornam merecedores da justiça de Deus por fazer boas obras ou por ter fé;
são tidos como justos com base na justiça de Cristo que lhes é imputada por
meio do veículo da fé.
O Novo Testamento afirma repetidamente que os cristãos são salvos com
base na obra de Cristo em seu favor, e não com base no seu próprio mérito (Rm
3.22-24; 5.10-1 1,1 5-21; 8.1-4; 1Co 1.30; Cl 220-21; 3.2 7-2 9; 1Pe 3.18).
Paulo diz, "considero tudo como perda... para ganhar a Cristo e ser achado
nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a
fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3.8-9).
Paulo também explica de modo claro que a justificação é realizada inteiramente
pela graça e recebida pela fé (Rm 3.25-30; 4.1-5.2; Cl 2.16; 3.8-1 4,24),
fazendo referência ao exemplo de Abraão, a quem Deus imputou justiça por causa
da sua fé (Gn 15.6; Rm 4.1-25; GI 3.8-14). Paulo também se vale das palavras de
Davi em SI 32.1-2 (Rm 4.6-8) como prova veterotestamentária adicional de que
Deus sempre considerou o seu povo justo por causa de sua fé, e não de suas
obras.
Há quem levante objeções à ideia de que as obras não são necessárias
para obter a justificação. A Igreja Católica, por exemplo, ensina que, pelo
menos em parte, Deus considera os cristãos justos com base nas boas obras que
estes realizam depois de abraçarem a fé. Algumas formas de arminianismo também
declaram que todos os que foram perdoados com base na morte expiatória de
Cristo podem ir para o inferno caso não perseverem na fé e nas boas obras, em
cooperação com a graça de Deus.
Essa questão se torna confusa para muitos cristãos, pois tradições como
o catolicismo e o arminianismo se valem de passagens bíblicas que parecem
contradizer o ensino de Paulo. Enquanto Paulo escreve que "o homem é
justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Rm 3.28), Tiago
afirma "Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé
somente" (Tg 2.24) e também se vale do exemplo de Abraão.
No entanto, essa aparente discrepância é facilmente harmonizada ao se
observar que "justificar" (do grego dikaioo) pode significar
"atribuir justiça" (veja Rm 4.5) ou "mostrar-se justo"
(veja Lc 7.35). Paulo se refere com frequência à fé de Abraão conforme esta foi
exercida em Gn 15.1-6, uma passagem que fala da primeira ocasião em que Deus
prometeu um filho a Abraão, bem antes do nascimento de Isaque. No relato de Gn
15, "justificar" significa "atribuir justiça": "Ele
(Abraão) creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça" (Gn 15.6).
No entanto, Tiago relembra um episódio (registrado em Gn 2 2) que ocorreu
depois do nascimento de Isaque, mais precisamente, no início de sua vida adulta
(Tg 2.21). No relato de Gn 22, "justificar" significa "mostrar-se
justo", como indica o fato de Deus estar testando Abraão (Gn 22.1) e da
justificação de Abraão consistir em ele ser aprovado nesse teste: "agora
sei que temes a Deus" (Gn 2 2.1 2). Tiago concorda com Paulo que
inicialmente Abraão foi considerado justo ao crer na promessa de Deus (Tg
2.22-23), mas acrescenta que a obediência posterior de Abraão demonstrou a
seriedade e o zelo de sua fé inicial.
[1]Artigo teológico
da Bíblia de Estudo de Genebra relativo ao capítulo 4 de Romanos.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
Como já dissemos e repetiremos isso até ao fim, estamos diante de um
escrito que ultrapassa a normalidade em questão de produção de conteúdo intelectual,
notadamente espiritual. Não é à toa que esta epístola recebe o apelido de
QUINTO EVANGELHO. Se ninguém falou como este homem, referindo-se a Jesus;
ninguém escreveu como este homem, digo eu de Paulo.
Paulo escreve aos Romanos para apresentar a mensagem do evangelho aos
crentes em Roma e explicar como esse evangelho corrige as divisões entre os crentes
judeus e os crentes gentios. (BEG).
São tratadas nesta epístola as questões dos judeus e gentios e seus
papéis interconectados na história relacionadas ao pecado, à justiça e ao juízo
de Deus; ao recebimento da justificação somente mediante a fé, à parte das
obras; à santificação, que conduz à glorificação, a qual ocorre mediante a
dependência do Espírito Santo; e, como cristãos judeus e gentios devem aprender
a aplicar o evangelho à vida prática. Estamos no capitulo 3/16, na parte II.
Breve
síntese do capítulo 3.
Partindo do pressuposto de que somos os verdadeiros judeus e não os que
são nascidos em Israel ou são circuncidados na carne e não no coração, os
oráculos de Deus foram a nós confiados!
No entanto, quanto a eles, os que são da carne, não creram; logo,
incredulidade deles não desfez a fidelidade de Deus. O que na verdade aconteceu
é que a incredulidade deles trouxe à luz a justiça de Deus.
Ao falarmos assim em justiça e em injustiça, óbvio está que para que a
justiça se destacar ela terá que pisar no solo da injustiça triunfando sobre
ela. Por exemplo, como eu sei que Deus é perfeito? Justamente por eu ver em
mim, na minha carne a imperfeição!
É Deus injusto, falso, imperfeito, pecador? Quem é injusto, falso,
imperfeito e pecador? Se Deus fosse injusto, falso, imperfeito e pecador quem
seria justo, verdadeiro, perfeito e santo? Paulo abre nossos olhos, por meio do
Espírito Santo, para as coisas profundas de Deus.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. A PECAMINOSIDADE DOS JUDEUS E DOS GENTIOS (1.18-3.20) - continuação.
Como vimos, cada um, a seu próprio modo,
tanto os judeus como os gentios são pecadores e permanecem sob o juízo divino.
A necessidade do evangelho se dá pelo fato de todo o mundo ser culpado diante
de Deus.
Esta parte, seguindo a estruturação da BEG,
foi dividida em três: A. A pecaminosidade dos gentios (1.18-32) – já vimos; B. A pecaminosidade dos judeus
(2.1-3.8) – estamos vendo; e, C. A
pecaminosidade universal (3.9-20).
B. A pecaminosidade dos judeus (2.1-3.8) - continuação.
Como dissemos, tendo demonstrado que os
gentios eram culpados por rebelião contra a revelação de Deus na natureza,
Paulo então se voltou para a pecaminosidade dos judeus.
Até ao verso 20, veremos
o esforço de Paulo em demonstrar que toda a humanidade está sob a condenação de
Deus.
A afirmação de Paulo de que "para com
Deus não há acepção de pessoas" (2.11) não quer dizer que não haja nenhuma
"vantagem do judeu". Significa apenas que Deus não isenta ninguém do
seu padrão de justiça.
As vantagens são muitas, principalmente
porque a eles foram confiados os oráculos de Deus. A expressão indica que a
inspiração do Antigo Testamento se estendia para além das ideias contidas nas
Escrituras até os próprios oráculos (inspiração verbal). Ter os oráculos de
Deus era uma grande vantagem, mas esse privilégio também aumentava o juízo pela
desobediência.
No Antigo Testamento, os judeus responderam
a Deus com incredulidade repetidas vezes – é só estudar os escritos e os
profetas. Todavia, Deus permaneceu fiel à suas promessas (Nm 23.19; Rm 9.6-7;
2Tm 2.13), apesar deles.
Paulo respondeu a duas objeções intimamente
relacionadas sobre os fracassos dos judeus que não tinham fé, as quais ele
imaginava que seus leitores poderiam levantar (vs. 5):
(1)Se
a injustiça de alguns judeus tinha dado a Deus a oportunidade de mostrar a sua
justiça (vs. 5), por que não ser injusto também?
(2)Se
a mentira de alguns judeus tornou a verdade de Deus mais evidente (vs. 7), por
que, então, não mentir?
Em resumo, se o pecado permitia que Deus
fosse glorificado, não é injusto que ele aplique sua "ira" sobre o
seu povo (vs. 5), ou que os condene como pecadores (vs. 7)?
Primeiro o apóstolo respondeu a essas
objeções salientando que, se o Senhor não tivesse julgado o pecado de Israel,
então ele não poderia julgar o pecado do mundo - ou Deus é um juiz justo de
todas as pessoas ou ele não absolutamente é um juiz justo (vs. 6).
Paulo também argumentou que a extensão lógica
dessas objeções advogaria pecar com mais frequência e do pior modo possível,
com o objetivo de dar a Deus mais oportunidades de revelar a sua bondade (vs.
8).
Esse ponto de vista era repugnante aos
olhos de Paulo e de qualquer judeu de princípios (vs. 8). Apesar de seus
privilégios, os judeus incrédulos ficaram sob a ira de Deus. Portanto, o ponto
crucial a ser considerado não é a circuncisão exterior, mas a fé salvadora.
O apóstolo Paulo reconheceu que, tomada de
modo isolado, sua afirmação no início do versículo 5 poderia parecer expressar
um espírito de antagonismo de sua parte para com Deus. Por isso, ele explicou
que ela era apenas uma reflexão da maneira como algumas pessoas poderiam
pensar.
O absurdo chega no extremo de imaginar que
se deva praticar o mal para que advenha o bem. Uma questão semelhante, embora
não idêntica, aparece em 5.20-6.1. Em ambas as passagens, Paulo rejeitou a
falsa inferência que poderia ser tirada de suas palavras.
C. A pecaminosidade universal (3.9-20).
Do verso 9 ao 20, veremos a demonstração da
pecaminosidade universal. O tema iniciado em 1.18 agora é concluído e
confirmado por citações do Antigo Testamento, reconstituindo a manifestação do
pecado, a sua origem e a sua causa final.
Temos nós qualquer vantagem? Paulo estava
falando de si mesmo e de seus compatriotas judeus. Numa análise final, judeus e
gentios estão todos sob a tirania do pecado e sob juízo.
Paulo apela para as Escrituras – vs. 10 - como
está escrito. Essa é uma enunciação comum no Novo Testamento, que apela para as
Escrituras como argumento de autoridade (1.17; 3.4).
Os textos bíblicos, tomados em conjunto,
salientam a universalidade do reino do pecado e a consequente perversão e
condenação de toda a humanidade. Essas citações são como uma fotografia em alta
resolução de nossa alma pecadora, do homem sem Cristo, vejamos:
üNão
há nenhum justo, nem um sequer;
üNão
há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
üTodos
se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis;
üNão
há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer".
ü"Suas
gargantas são um túmulo aberto; com suas línguas enganam". "Veneno de
serpentes está em seus lábios".
ü"Suas
bocas estão cheias de maldição e amargura".
ü"Seus
pés são ágeis para derramar sangue;
üRuína
e desgraça marcam os seus caminhos,
üE
não conhecem o caminho da paz".
ü"Aos
seus olhos é inútil temer a Deus", ou, não há temor de Deus.
Por isso que a lei quando diz, faz calar a
todos, como acima citados. Aqui a referência é ao Antigo Testamento em geral.
As citações de Paulo saem de Salmos, Eclesiastes e Isaías e são destinadas aos
que vivem debaixo da lei.
Não no sentido de 6.14.15. mas como em 2.12
(aqueles que possuíam a revelação do Antigo Testamento, isto é, os judeus em
particular). O apóstolo assegurou que o que a lei dizia sobre a condição humana
de pecador fosse aplicado, sem dúvida, ao povo a quem a lei havia sido dada.
Portanto, que se cale toda boca, pois que
todos são culpados. Ninguém, seja judeu ou gentio, tem base para apelação;
ninguém pode reivindicar estar livre de culpa diante de Deus. A lei condena
todas as pessoas, estabelecendo, assim, a necessidade de justificação pela fé,
à parte das obras da lei.
À luz do que o Antigo Testamento diz sobre
a universalidade do pecado, deveria ser óbvio que ninguém pode ser aceito como
justo diante de Deus simplesmente por tentar obedecer à lei. É pela lei que vem
o pleno conhecimento do pecado. Em vez de nos fornecer um modo de encontrar a
justificação, a lei expõe a nossa condição pecadora. Entretanto, ela não é a única
que revela pecado (1.18-20).
III. A SALVAÇÃO PARA JUDEUS E GENTIOS (3.21-8.39)
A salvação vem para judeus e gentios do
mesmo modo. Para todos, a justificação é somente mediante a fé, à parte das
obras; e a santificação mediante a confiança no poder do Espírito Santo.
Veremos doravante até o capítulo 8.39, a
salvação para judeus e gentios. Tendo mostrado que tanto judeus como gentios
são pecadores carentes de salvação, Paulo passou a explicar como a salvação
alcança a todos.
Seguindo a divisão proposta pela BEG,
teremos duas divisões principais: A. A justificação (3.21-5.21) – começaremos a ver agora: 1. Somente
pela fé (3.21-31) – veremos agora; 2.
O exemplo de Abraão (4.1-25); 3. Os benefícios da justificação (5.1-11); 4.
Cristo: o novo Adão (5.12-21); B. A santificação (6.1-8.39): 1, A destruição do
domínio do pecado (6.1-23); 2. A luta contra o pecado (7.1-25); 3. Vivendo pelo
Espírito (8.1-39).
A. A justificação (3.21-5.21).
O apóstolo Paulo encerrou a parte anterior
com a afirmação de que ninguém poderia ser declarado justo (justificado) pela
lei (3.20). Aqui ele explicou como a justificação acontece.
Sua consideração sobre o assunto se divide
em quatro partes: o conceito de somente pela fé (3.21-31) – veremos agora, o exemplo de Abraão
(4.1.25), a fonte e os benefícios da justificação (5.1-11) e Cristo como o novo
Adão (5.12-21).
1. Somente pela fé (3.21-31).
É somente pela fé! Nesse ponto Paulo
empreendeu uma explanação de sua doutrina sobre a justificação.
De maneira clara ele explicou que as
pessoas são declaradas justas no tribunal da justiça de Deus somente pela fé em
Cristo, e não pelas suas próprias boas obras.
Primeiro, o apóstolo esclareceu como a
justificação é providenciada em Cristo (vs. 21-26) e, em seguida, destacou duas
implicações que essa doutrina traz para o relacionamento entre judeus e gentios
(vs. 27-31).
Ele começa dizendo que agora tinha se
manifestado a justiça que provém de Deus, independentemente da lei, da qual
deram testemunhos a Lei e os Profetas.
Essa expressão “mas agora” tem um
significado especial nos escritos de Paulo. É um modo simplificado de dizer:
"Mas agora que Cristo veio".
Nos capítulos 3 e 4, o apóstolo havia
argumentado de maneira clara que a doutrina da justificação pela fé é ensinada
no Antigo Testamento. Entretanto, desde a vinda do Reino de Deus (que começou
com a encarnação de Cristo), a justificação tem se tornado conhecida com mais
clareza, como nunca antes. (A BEG recomenda, aqui, a conhecerem seu excelente artigo
teológico “O plano das eras", em Hb 7).
Sem lei se manifestou a justiça de Deus. O
evangelho não é anárquico (vs. 31; 6.15; 8.3-4; 13.8,10). No entanto, ninguém
pode ser aceito como justo com base na obediência à lei, pois não há quem
alcance a perfeição. A exceção está unicamente na pessoa de Jesus Cristo que
plenamente a cumpriu.
A justiça de Deus se manifesta mediante a fé
em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem. Agora que “se
manifestou” (vs. 21) com tão grande clareza na vinda de Cristo, a justiça de
Deus deve ser recebida.
Crer envolve não somente conhecimento e
convicção intelectual sobre o testemunho do evangelho de Cristo (10.14), mas
também confiança obediente e segurança nele como Salvador e Senhor (1.5).
A justiça de Deus é exclusivamente para aqueles
que têm fé; e “não há distinção, pois todos pecaram", seja judeu ou gentio
(cf. 1.16-17). Esse é o filtro de Deus e não a sabedoria, o conhecimento, ou a
ignorância, nem a riqueza ou a pobreza, nem o poder e o status, mas unicamente
a fé simples, disponível a todos: sábios e ignorantes, ricos e pobres,
poderosos e símplices.
O "todos que pecaram e que estão
destituídos da glória de Deus", diz respeito especificamente àqueles que
são salsos - "todos... os que creem” (vs. 22), e estão "sendo
justificados" (vs. 24) - com particular ênfase na ausência de distinção
entre judeu e gentio.
Ninguém é salvo sem que primeiro seja um
pecador. Esse detalhe tratado por Paulo está baseado na verdade mais ampla de
que todo ser humano é culpado diante de Deus e que, portanto, carecem da glória
de Deus.
Essa é uma descrição pungente da consequência
do pecado. Criados à imagem do glorioso Deus (Gn 1.26.27), os seres humanos
trocaram a glória do Senhor por ídolos (1.23) e distorceram a própria imagem
divina.
Somente a graça mediante a fé (Ef 2.8-9) renova
e restaura essa glória perdida (5.2; 8.18; 1Co 15.42-49; 2Co 3.18; Ef 4.24; Fp
3.20-21; Cl 3.10).
Nas Escrituras, a justificação é a antítese
da condenação (p. ex., Pv 17.15). Ela expressa a declaração de que o pecador se
toma justo no tribunal celestial de Deus, em virtude da justiça de Cristo que
lhe é imputada (o “dom da justiça"; 5.17).
A justificação é final e irreversível
(8.1,33-34).
Ela está fundamentada na obediência de
Cristo durante toda a sua vida (na qual ele cumpriu os preceitos da lei de Deus
e mereceu a recompensa perfeita) e na sua morte na cruz (na qual ele suportou o
castigo do juízo de Deus contra os nossos pecados).
Agora os crentes compartilham da mesma
posição de justo do Cristo ressuscitado, com o qual eles estão unidos (2Co
5.21) gratuitamente, por sua graça.
A repetição da mesma ideia com outras
palavras feita por Paulo dá ênfase ao papel da iniciativa e misericórdia
divinas em nossa salvação.
Somos, portanto, justificados gratuitamente
por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. A redenção é a liberdade
obtida mediante o pagamento de um preço. Aqui ela se refere especificamente à
libertação da condição antiga de escravidão ao pecado.
Essa liberdade é consumada mediante a morte
de Cristo, o preço-resgate pela nossa salvação (Mc 10.45; 1Tm 2.6; Hb 9.15).
Foi, destarte, Deus quem o propôs. O apóstolo
foi cuidadoso ao mencionar que embora a morte de Cristo tenha aplacado a ira de
Deus pela satisfação da justiça divina, ela não suscitou o amor de Deus sendo,
antes, o fruto deste, como Paulo enfatizaria mais tarde (5.8; 8.32; cl. Jo
3.16).
Deus Pai o ofereceu como sacrifício para propiciação
mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Cristo morreu como
um sacrifício propiciatório (isto é, "oferta pelo pecado"; Is 53.10)
que satisfez a ira de Deus.
Tendo em vista que o pecado provoca a ira
de Deus (1.18,24,32), a nova posição de justificação somente pode ser concedida
depois que essa ira tenha sido totalmente manifestada. (Novamente a BEG
recomenda reflexão em seu excelente artigo teológico "Expiação
limitada", em Jo 10).
A ênfase do versículo 22 “mediante a fé” é
repetida e, desse modo, acentuada. A palavra "mediante" indica o meio
de ser ligado à justiça de Cristo. A fé é a causa instrumental da justificação.
Paulo e muitos de seus leitores estavam
totalmente convictos da justiça de Deus (2.5; 3.5). Porém, essa justiça
levantou uma séria questão no tocante ao papel que o pecado representava na
história humana.
Como Deus poderia fechar os olhos ao pecado
humano e permanecer justo?
O apóstolo disse que debaixo do sistema
mosaico de sacrifícios, Deus usava de "tolerância" (vs. 25) para com
os pecadores, em oposição ao real perdão.
Como reconhece o Novo Testamento (Hb
9.11-15; 10.1-4), os sacrifícios de animais do Antigo Testamento não eram
capazes de fazer uma propiciação satisfatória pelos pecados dos seres humanos.
O significado real desses sacrifícios está
no modo em que eles apontam para Cristo, por meio de quem Deus lidaria com o
pecado humano de uma maneira apropriada e definitiva.
Em vista do que ele faria depois, Deus pôde
deixar, de modo justo, impunes os pecados cometidos anteriormente (vs. 25).
Ainda assim, um Deus justo não poderia tolerar o pecado para sempre, e por
isso, Jesus veio realizara propiciação definitiva.
A obra de Cristo revela tanto a justiça de
Deus (ele puniu o pecado na pessoa de seu Filho; 8.32) como a justiça de seu
método de salvação pela "fé em Jesus".
Dessa maneira, ele não comprometeu a sua
própria santidade e proveu graciosamente a salvação como um dom gratuito para
pecadores que não a mereciam - uma salvação que os seres humanos são incapazes
de alcançar por meio dos seus próprios esforços.
A esse respeito, Paulo viu a cruz como a
manifestação da sabedoria gloriosa de Deus (1Co 1.23-24).
Em assim sendo, onde estaria, pois, a
jactância? Ninguém, nem mesmo os judeus, tem base para se gloriar (4.2-3). Na
verdade, a jactãncia "foi... excluída porque somente a fé (vs. 27-28,30),
e não o feito humano, é o meio pelo qual Deus justifica pecadores.
O fato de não podermos sequer nos gloriar
em nossa fé – vs. 27 - indica que ela mesma é um dom de Deus (outra vez, neste
capítulo, a terceira delas, em que a BEG recomenda reflexão em seu excelente artigo
teológico "Regeneração e novo nascimento", em Jo 3).
No vs. 30, Paulo apelou para a confissão
fundamental da religião do Antigo Testamento: Deus é o único Senhor (veja Dt
6.4). O mesmo Deus que lidou com Israel também lida com os gentios, e ele o faz
segundo a sua própria justiça e misericórdia. Portanto, só há um único meio
para salvação, tanto para judeus como para gentios. É ele quem justifica, pela
fé, o circunciso e também pela fé, o incircunciso.
O apóstolo Paulo
antecipou uma objeção ao seu ponto de vista. Embora rejeitasse guardar a lei
como uma base pessoal para a salvação, ele fundamentou a sua doutrina da justificação
pela fé somente no fato de Cristo ter guardado a lei.
Além disso, Paulo
argumentou que ela continuava com poder de condenar aqueles que não estavam em
Cristo. Ao fazer isso, ele afirmou a autoridade duradoura da lei, tanto no
tocante à condenação como à salvação. O apóstolo nunca teria aceitado o evangelho
cristão se não pudesse apoiá-lo no ensino do Antigo Testamento.
Rm 3:1 Qual é, pois, a vantagem do judeu?
Ou qual a utilidade da circuncisão?
Rm 3:2 Muita, sob
todos os aspectos.
Principalmente
porque aos judeus foram confiados
os oráculos de Deus.
Rm 3:3 E daí?
Se alguns não
creram,
a incredulidade deles virá
desfazer a fidelidade de Deus?
Rm
3:4 De maneira nenhuma!
Seja
Deus verdadeiro,
e
mentiroso, todo homem, segundo está escrito:
Para
seres justificado nas tuas palavras
e
venhas a vencer quando fores julgado.
Rm 3:5 Mas, se a nossa injustiça
traz a lume a
justiça de Deus, que diremos?
Porventura, será Deus injusto
por aplicar a sua
ira? (Falo como homem.)
Rm
3:6 Certo que não.
Do
contrário, como julgará Deus o mundo?
Rm 3:7 E, se por causa da minha mentira,
fica em relevo a
verdade de Deus para a sua glória,
por
que sou eu ainda condenado como pecador?
Rm 3:8 E por que
não dizemos, como alguns,
caluniosamente, afirmam que
o fazemos:
Pratiquemos males para que
venham bens?
A condenação
destes é justa.
Rm 3:9 Que se conclui?
Temos nós qualquer vantagem?
Não, de forma
nenhuma;
pois
já temos demonstrado que todos,
tanto
judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
Rm 3:10 como está escrito:
Não há justo,
nem um sequer,
Rm 3:11 não há quem
entenda,
não há quem busque
a Deus;
Rm
3:12 todos se extraviaram,
à
uma se fizeram inúteis;
não há quem faça o
bem,
não há nem um
sequer.
Rm 3:13 A garganta deles é sepulcro aberto;
com a língua, urdem
engano,
veneno
de víbora está nos seus lábios,
Rm 3:14 a boca, eles a têm
cheia de maldição
e de amargura;
Rm 3:15 são os seus pés velozes para derramar sangue,
Rm 3:16 nos seus caminhos,
há destruição e
miséria;
Rm 3:17 desconheceram o caminho da paz.
Rm 3:18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Rm 3:19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz,
aos que vivem na
lei o diz para
que
se cale toda boca,
e
todo o mundo seja culpável perante Deus,
Rm 3:20 visto que
ninguém será justificado diante dele
por obras da lei, em razão de que pela lei
vem o pleno conhecimento do
pecado.
Rm 3:21 Mas agora, sem lei,
se manifestou a
justiça de Deus
testemunhada
pela lei e pelos profetas;
Rm 3:22 justiça de Deus
mediante a fé em Jesus
Cristo,
para
todos [e sobre todos] os que crêem;
porque
não há distinção,
Rm
3:23 pois todos pecaram
e
carecem da glória de Deus,
Rm 3:24 sendo justificados
gratuitamente,
por
sua graça,
mediante
a redenção
que
há em Cristo Jesus,
Rm
3:25 a quem Deus propôs,
no
seu sangue,
como
propiciação,
mediante
a fé,
para
manifestar a sua justiça,
por ter Deus,
na sua tolerância,
‘deixado
impunes os pecados anteriormente cometidos;
Rm 3:26 tendo em
vista a manifestação da sua justiça
no
tempo presente,
para
ele mesmo ser justo
e o justificador
daquele
que tem fé em Jesus.
Rm 3:27 Onde, pois, a jactância?
Foi de todo
excluída.
Por que lei?
Das obras?
Não;
pelo contrário,
pela
lei da fé.
Rm 3:28 Concluímos, pois,
que o homem é
justificado pela fé,
independentemente
das obras da lei.
Rm 3:29 É, porventura,
Deus somente dos
judeus?
Não
o é também dos gentios?
Sim,
também dos gentios,
Rm 3:30 visto que Deus é um só,
o qual justificará,
por fé,
o
circunciso
e, mediante a fé,
o
incircunciso.
Rm 3:31 Anulamos, pois,
a lei pela fé?
Não,
de maneira nenhuma!
Antes,
confirmamos a lei.
No final deste capítulo, Paulo nos diz que Deus justificará tanto o
circunciso quanto o incircunciso mediante a mesma coisa: a fé! E a fé anula a
lei? “Insensato!”, diria alguém colérico. Repare que não anula, antes a
confirma!
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