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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Romanos 4 1-25 - POR QUE DEUS ME CONSIDERA JUSTO?

Como já dissemos e repetiremos isso até ao fim, estamos diante de um escrito que ultrapassa a normalidade em questão de produção de conteúdo intelectual, notadamente espiritual. Não é à toa que esta epístola recebe o apelido de QUINTO EVANGELHO. Se ninguém falou como este homem, referindo-se a Jesus; ninguém escreveu como este homem, digo eu de Paulo.
Paulo escreve aos Romanos para apresentar a mensagem do evangelho aos crentes em Roma e explicar como esse evangelho corrige as divisões entre os crentes judeus e os crentes gentios. (BEG).
São tratadas nesta epístola as questões dos judeus e gentios e seus papéis interconectados na história relacionadas ao pecado, à justiça e ao juízo de Deus; ao recebimento da justificação somente mediante a fé, à parte das obras; à santificação, que conduz à glorificação, a qual ocorre mediante a dependência do Espírito Santo; e, como cristãos judeus e gentios devem aprender a aplicar o evangelho à vida prática. Estamos no capitulo 4/16, na parte II.
Breve síntese do capítulo 4.
Meu Deus, olha que sabedoria de Paulo, pelo Espírito Santo: - se Abraão foi justificado por obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus!
Meus queridos, mas, ... não são justamente as obras de Abraão ou feitas por Abraão que justificam a sua fé? Como irá provar ele a sua fé se não pelas suas obras? Alguém pode mostrar a sua fé? Você pode mostrar a sua fé? Eu posso? – eis aqui a minha fé!, diria alguém. Outro mais sábio lhe perguntaria, mas cadê as obras que provam a sua fé?
Parece um dilema sem saída. Como produzir obras sem que elas sejam produzidas? Se eu produzo obras, tenho do que me orgulhar! Eu entendo assim: a minha natureza é pecadora e portanto somente sei pecar e peco. Quando eu peco, eu faço algo que é próprio meu, pecar. Não existe, portanto, eu “não pecar”, pois sou pecador e peco.
Quando eu faço o bem, não sou eu quem o faço, mas a graça de Deus operando em mim é que me conduz à santidade. Não há glórias em mim quando não peco por causa da graça de Deus que está operando em mim.
Não porque sou melhor, nem pior que qualquer um. A graça de Deus é muito mais abundante em mim à medida que eu me reconheço mais pecador e carente da graça de Deus. não estou falando assim com relação à salvação, mas com relação à santidade. Veremos se isso ficará mais claro nos próximos capítulos. Tenhamos paciência!
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A SALVAÇÃO PARA JUDEUS E GENTIOS (3.21-8.39) – continuação.
Como dissemos, a salvação vem para judeus e gentios do mesmo modo. Para todos, a justificação é somente mediante a fé, à parte das obras; e a santificação mediante a confiança no poder do Espírito Santo. Estamos vendo até o capítulo 8.39, a salvação para judeus e gentios. Tendo mostrado que tanto judeus como gentios são pecadores carentes de salvação, Paulo passou a explicar como a salvação alcança a todos.
Assim, seguindo a divisão proposta pela BEG, teremos duas divisões principais: A. A justificação (3.21-5.21) – estamos vendo: 1. Somente pela fé (3.21-31) – já vimos; 2. O exemplo de Abraão (4.1-25) – veremos agora; 3. Os benefícios da justificação (5.1-11); 4. Cristo: o novo Adão (5.12-21); B. A santificação (6.1-8.39): 1, A destruição do domínio do pecado (6.1-23); 2. A luta contra o pecado (7.1-25); 3. Vivendo pelo Espírito (8.1-39).
A. A justificação (3.21-5.21) - continuação.
Nós dissemos que o apóstolo Paulo encerrou a parte anterior com a afirmação de que ninguém poderia ser declarado justo (justificado) pela lei (3.20). Aqui ele explicou como a justificação acontece.
2. O exemplo de Abraão (4.1-25).
Paulo apela para os antepassados e nos faz refletir na vida de Abraão.
Paulo apoiou seu argumento de que a justificação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus (3.22-26) apelando para a narrativa do Antigo Testamento sobre a vida de Abraão. Como pai espiritual dos judeus (vs. 1), Abraão forneceu o precedente (ou a jurisprudência) para a tese de Paulo.
Contrário ao ponto de vista de que Abraão era considerado justo e constante na aliança com Deus com base na sua própria obediência e fidelidade, Paulo demonstrou que a declaração geral no versículo 37 era verdade para Abraão em particular.
De fato, ele não tinha nada 'de que se gloriar', pois Gn 15.6 “Ele creno Senhor e isso lhe foi imputado por justiça” prova que foi pela fé, e não por guardar a lei, que Abraão foi justificado.
Pense bem, o salário de alguém jamais é um favor, mas dívida. Ele, Paulo, se esforça por focar-se não no salário, mas no favor – no caso deste vs. 4, considerado como favor, ou, literalmente, "creditado". O apóstolo Paulo focalizou nessa palavra, argumentando que ela sugere alguma coisa que é dada gratuitamente, "como favor".
Sabe-se que um salário é ganho pelo trabalho, e não recebido "como favor" ("segundo a graça", em seu sentido literal). Porém, Gn 15.6 não faz nenhuma menção a nenhum trabalho por parte de Abraão; somente menciona a confiança que ele tinha em Deus.
Em outras palavras, Abraão não contribuiu com nada para a sua própria justiça perante o Senhor. Nesse sentido, embora a fé envolva uma ação humana, ela não é um "trabalho" humano (isto é, uma obra meritória).
A própria fé é um dom de Deus (3.27; Ef 2.8; aqui a BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico "Regeneração e novo nascimento", em Jo 3). Portanto, a justiça de Deus foi creditada (ou imputada) a Abraão (vs. 3,9), e não merecida por ele.
Outro exemplo citado por Paulo foi Davi que diz a mesma coisa quando afirma o fato da felicidade do homem a quem Deus lhe credita justiça independentemente das obras.
Paulo fez uma referência ao texto de SI 32.1-2 para mostrar que Davi também concordava com a doutrina da justificação pela fé somente.
Nos versículos 5-6, o apóstolo enfocou a mesma palavra grega ("atribui"; literalmente, "credita"), exatamente como ela aparece no SI 32.2 na Septuaginta (a tradução grega do AT). O que ele queria dizer era que Deus atribui a justiça à parte das obras.
A bem-aventurança, a comunhão com Deus por meio da aliança (junto com todas as coisas que a acompanham) e a salvação não são merecidas, mas são consequências do dom do perdão.
Nós somos justificados unicamente pelo mérito de Cristo; qualquer tipo de mérito humano está excluído. Não há espaço, portanto para a jactância.
A partir do vs. 9, o apóstolo Paulo tornou a se basear na vida de Abraão ao dar uma resposta à objeção que ele havia antecipado: ainda que a justiça viesse pela graça mediante a fé, no caso de Abraão, teria Paulo esquecido que ele era o pai dos circuncisos (e, portanto, não dos incircuncisos)?
O apóstolo respondeu que Gn 15.6 descreve Abraão "ainda incircunciso" (vs. 10). A justiça simbolizada e selada por ele pela circuncisão já lhe havia sido atribuída quando ainda era incircunciso, fazendo de Abraão o pai tanto dos crentes que não são, bem como dos que são circuncisos.
Assim, não foi por intermédio da lei que a promessa foi concedida a Abraão e sua descendência, mas por meio da justiça que vem da fé. E se são herdeiros os que vivem debaixo da lei, nem a fé, nem a promessa seria verdadeira ou útil.
Paulo então afirma que a lei suscita a ira. Se a herança dependesse da obediência à lei, a fé não teria lugar no projeto divino e a promessa seria nula, tendo em vista que a lei não pode levar a efeito a obediência que ela requer para o seu cumprimento. Somente "onde não há lei" é que "não há transgressão"; onde há lei, ela "suscita a ira" (vs. 15).
Dado a verdade estabelecida da pecaminosidade de todos os homens (Rm 1-3), era impossível que a promessa pudesse ser recebida com base na guarda da lei. A lei que seria para gerar vida, no caso, dos homens pecadores, sentenciou-os à morte por que todos somos pecadores.
O relato de Gênesis sobre a vida de Abraão não afirma explicitamente que ele herdaria o mundo inteiro. É provável que Paulo tenha sintetizado dessa maneira a promessa feita a Abraão por várias razões:
(1)     Abraão e seus descendentes foram escolhidos para cumprir o desígnio original de Adão e Eva, aos quais foi ordenado estender os seus domínios sobre toda a terra (Gn 1.26-29).
(2)     Foi prometida a Abraão uma descendência inumerável (Gn 15.5; 22.17).
(3)     Também lhe foi prometido ser uma bênção pela extensão da bênção de sua aliança para todas as famílias da terra (Gn 1818; 22.18).
(4)     Ele recebeu a promessa de ser pai de muitas nações (Gn 17.4-5).
Quando Israel se tornou uma nação governada por um rei, a visão de possuir o mundo inteiro ficou mais proeminente (p. ex., Dt 2.25; SI 22.27; 67.2; 117.1; Is 52.10; Am 9.15-17). Os cristãos também anseiam pelo dia em que reinarão com Cristo na glória dos novos céus e da nova terra (Mt 5.5; Ap 22.5).
Essa é a razão por que provém da fé. Por ser a promessa de uma grande herança recebida pela fé, ela é também "segundo a graça" e "firme... para a toda a descendência".
Tivesse ela sido com base nas obras, a promessa teria falhado; tivesse ela sido baseada na circuncisão, apenas os judeus poderiam tê-la recebido. Porque ela é pela fé, e, por conseguinte, pela graça (pela ação de Deus, e não do homem), pode ser "firme" para toda a descendência espiritual genuína de Abraão (ou seja, todos os crentes, quer sejam judeus ou gentios de nascimento).
Novamente Paulo – vs. 17 - apelou para as Escrituras (Gn 17.5) para confirmar a sua exposição. Já estava claro em Gênesis que Abraão não era apenas o pai dos judeus (os circuncidados), mas também o patriarca espiritual dos crentes de muitas nações.
Não era inacreditável que os gentios também devessem receber a promessa de Deus, pois aquele em quem Abraão cria "vivifica os mortos". Vejam as evidências:
ü  Na nova vida que surgiu do ventre aparentemente amortecido de Sara (Gn 18.11).
ü  Na vida que foi devolvida a Isaque quando ele estava sob a sentença de morte (Gn 22).
ü  De modo definitivo, na vida restaurada na ressurreição de Cristo (Rm 4.24-25).
No vs. 17, está escrito que ele, Abraão, é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem.
Assim, este “chamar à existência coisas que não existem” pode estar se referindo ao fato de Deus ter criado o mundo do nada (veja Gn 1; Is 41.4; 48.13 sobre a criação chamada à existência pela palavra de Deus) ou ao nascimento de Isaque (no qual uma nação emergiu de um ventre estéril). Talvez tenha sido também uma alusão às palavras de Os 1.10; 2.23 (Rm 9.25-26).
Veja que Abraão creu contra a esperança. Humanamente falando, crer que Sara daria à luz um filho (o primeiro pré-requisito para o cumprimento da promessa) era algo vão pelas razões dadas no versículo 19.
Ele não se enfraqueceu na fé, como era de se esperar, mas creu em Deus, em sua palavra e ficou mesmo esperando confiando no poder de Deus (vs. 17). Abraão adquiriu segurança de que a promessa se cumpriria. Paulo mostrou e demonstrou que a fé genuína está voltada para Deus e não para o homem, para a palavra divina e não para a situação humana.
Ele tinha tudo para desistir e se desanimar não crendo em Deus, mas ao contrário se fortaleceu na sua fé dando glória a Deus. Dar glória a Deus é um sinal de fé, tendo em vista que fé é depender do poder de Deus e confiar na palavra da promessa dele (vs. 21).
Abraão obedeceu fielmente ao padrão dos atributos revelados de Deus (cf. 1.20) e, por isso, a glória divina se manifestou na sua vida. Foi por meio do exercício desse tipo de fé que Abraão foi justificado (vs. 22).
A prova da justificação pela fé por meio do exemplo de Abraão levou Paulo de volta ao fundamento dessa justificação na obra de Cristo (3.24-26).
A morte e a ressurreição de Jesus são dois aspectos do mesmo acontecimento salvador. Ao morrer, ele suportou o castigo exigido pela lei pela nossa culpa. Ao ressuscitar dos mortos, Cristo foi justificado e a sua ressurreição ocasionou a justificação e uma nova vida para aqueles que se uniram a ele pela fé.
A ressurreição de Cristo também é crucial porque a nossa posição de justificado é mantida pela sua obra de intercessão permanente no céu (outra proposta da BEG, neste ponto é a reflexão em seu outro excelente artigo teológico "A ascensão de Jesus", em Hb 8).
Rm 4:1 Que, pois, diremos ter alcançado Abraão,
                nosso pai segundo a carne?
Rm 4:2 Porque, se Abraão foi justificado por obras,
                tem de que se gloriar,
                               porém não diante de Deus.
Rm 4:3 Pois que diz a Escritura?
                Abraão creu em Deus,
                               e isso lhe foi imputado para justiça.
Rm 4:4 Ora, ao que trabalha,
                o salário não é considerado como favor,
                               e sim como dívida.
Rm 4:5 Mas, ao que não trabalha,
                porém crê naquele que justifica o ímpio,
                               a sua fé lhe é atribuída como justiça.
Rm 4:6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem
                a quem Deus atribui justiça,
                               independentemente de obras:
Rm 4:7 Bem-aventurados
                aqueles cujas iniqüidades são perdoadas,
                e cujos pecados são cobertos;
Rm 4:8 bem-aventurado o homem
                a quem o Senhor jamais imputará pecado.
Rm 4:9 Vem, pois, esta bem-aventurança
                exclusivamente sobre os circuncisos
                ou também sobre os incircuncisos?
                               Visto que dizemos:
                                               a fé foi imputada a Abraão para justiça.
Rm 4:10 Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele
                já circuncidado
                ou ainda incircunciso?
                               Não no regime da circuncisão,
                               e sim quando incircunciso.
Rm 4:11 E recebeu o sinal da circuncisão
                como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso;
                               para vir a ser o pai de todos os que crêem,
                                               embora não circuncidados,
                                                              a fim de que lhes fosse imputada a justiça,
                               Rm 4:12 e pai da circuncisão, isto é,
daqueles que não são apenas circuncisos,
                                               mas também andam nas pisadas da fé
que teve Abraão, nosso pai,
                                                               antes de ser circuncidado.
Rm 4:13 Não foi por intermédio da lei
                que a Abraão ou a sua descendência coube
a promessa de ser herdeiro do mundo,
                               e sim mediante a justiça da fé.
Rm 4:14 Pois, se os da lei é que são os herdeiros,
                anula-se a fé
                e cancela-se a promessa,
                               Rm 4:15 porque a lei suscita a ira;
                                               mas onde não há lei,
                                                               também não há transgressão.
Rm 4:16 Essa é a razão por que provém da fé,
                para que seja segundo a graça,
                               a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência,
                                               não somente ao que está no regime da lei,
                                                              mas também ao que é da fé que teve Abraão
(porque Abraão é pai de todos nós,
                Rm 4:17 como está escrito:
                               Por pai de muitas nações te constituí.),
                                               perante aquele no qual creu,
                                                               o Deus que vivifica os mortos
                                                               e chama à existência as coisas
 que não existem.
Rm 4:18 Abraão,
                esperando contra a esperança,
                               creu, para vir a ser
                                               pai de muitas nações,
                                                               segundo lhe fora dito:
                                                                              Assim será a tua descendência.
Rm 4:19 E, sem enfraquecer na fé,
                embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido,
                               sendo já de cem anos,
                               e a idade avançada de Sara,
                                               Rm 4:20 não duvidou,
                                                               por incredulidade,
                                                                              da promessa de Deus;
                                                                                              mas, pela fé,
                                                                                                              se fortaleceu,
                                                                                              dando glória a Deus,
Rm 4:21 estando plenamente convicto
                de que ele era poderoso para cumprir o que prometera.
Rm 4:22 Pelo que isso lhe foi também
                imputado para justiça.
Rm 4:23 E não somente por causa dele está escrito
                que lhe foi levado em conta,
                               Rm 4:24 mas também por nossa causa,
                                               posto que a nós igualmente
                                                               nos será imputado,
                                                                              a saber, a nós que cremos
                                               naquele que ressuscitou dentre os mortos
                                                               a Jesus, nosso Senhor,
                                               Rm 4:25 o qual foi entregue por causa
das nossas transgressões
e ressuscitou por causa 
da nossa justificação.
Quando eu peco, sou eu quem peco, porque sou pecador; mas quando eu não peco, não sou eu quem não peco, mas a graça de Deus em mim. Se fosse eu quem não pecasse, teria do que me gloriar, mas não diante de Deus! Parece difícil de entender? Vamos estudar mais a Bíblia!
Justificação e mérito: Por que Deus me considera justo?[1]
A "justificação somente pela fé", um dos lemas característicos da Reforma, mostra que Deus considera os cristãos justos (isto é, ele os justifica) por causa de sua fé, e não de suas obras. Esse conceito deve ser distinguido claramente da ideia equivocada de que Deus considera os cristãos justos com base em sua fé (isto é, pelo fato de possuírem fé). Os cristãos não se tornam merecedores da justiça de Deus por fazer boas obras ou por ter fé; são tidos como justos com base na justiça de Cristo que lhes é imputada por meio do veículo da fé.
O Novo Testamento afirma repetidamente que os cristãos são salvos com base na obra de Cristo em seu favor, e não com base no seu próprio mérito (Rm 3.22-24; 5.10-1 1,1 5-21; 8.1-4; 1Co 1.30; Cl 220-21; 3.2 7-2 9; 1Pe 3.18). Paulo diz, "considero tudo como perda... para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3.8-9). Paulo também explica de modo claro que a justificação é realizada inteiramente pela graça e recebida pela fé (Rm 3.25-30; 4.1-5.2; Cl 2.16; 3.8-1 4,24), fazendo referência ao exemplo de Abraão, a quem Deus imputou justiça por causa da sua fé (Gn 15.6; Rm 4.1-25; GI 3.8-14). Paulo também se vale das palavras de Davi em SI 32.1-2 (Rm 4.6-8) como prova veterotestamentária adicional de que Deus sempre considerou o seu povo justo por causa de sua fé, e não de suas obras.
Há quem levante objeções à ideia de que as obras não são necessárias para obter a justificação. A Igreja Católica, por exemplo, ensina que, pelo menos em parte, Deus considera os cristãos justos com base nas boas obras que estes realizam depois de abraçarem a fé. Algumas formas de arminianismo também declaram que todos os que foram perdoados com base na morte expiatória de Cristo podem ir para o inferno caso não perseverem na fé e nas boas obras, em cooperação com a graça de Deus.
Essa questão se torna confusa para muitos cristãos, pois tradições como o catolicismo e o arminianismo se valem de passagens bíblicas que parecem contradizer o ensino de Paulo. Enquanto Paulo escreve que "o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Rm 3.28), Tiago afirma "Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente" (Tg 2.24) e também se vale do exemplo de Abraão.
No entanto, essa aparente discrepância é facilmente harmonizada ao se observar que "justificar" (do grego dikaioo) pode significar "atribuir justiça" (veja Rm 4.5) ou "mostrar-se justo" (veja Lc 7.35). Paulo se refere com frequência à fé de Abraão conforme esta foi exercida em Gn 15.1-6, uma passagem que fala da primeira ocasião em que Deus prometeu um filho a Abraão, bem antes do nascimento de Isaque. No relato de Gn 15, "justificar" significa "atribuir justiça": "Ele (Abraão) creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça" (Gn 15.6). No entanto, Tiago relembra um episódio (registrado em Gn 2 2) que ocorreu depois do nascimento de Isaque, mais precisamente, no início de sua vida adulta (Tg 2.21). No relato de Gn 22, "justificar" significa "mostrar-se justo", como indica o fato de Deus estar testando Abraão (Gn 22.1) e da justificação de Abraão consistir em ele ser aprovado nesse teste: "agora sei que temes a Deus" (Gn 2 2.1 2). Tiago concorda com Paulo que inicialmente Abraão foi considerado justo ao crer na promessa de Deus (Tg 2.22-23), mas acrescenta que a obediência posterior de Abraão demonstrou a seriedade e o zelo de sua fé inicial.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.


[1] Artigo teológico da Bíblia de Estudo de Genebra relativo ao capítulo 4 de Romanos.

...
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Romanos 3 1-31 - A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM JESUS CRISTO.

Como já dissemos e repetiremos isso até ao fim, estamos diante de um escrito que ultrapassa a normalidade em questão de produção de conteúdo intelectual, notadamente espiritual. Não é à toa que esta epístola recebe o apelido de QUINTO EVANGELHO. Se ninguém falou como este homem, referindo-se a Jesus; ninguém escreveu como este homem, digo eu de Paulo.
Paulo escreve aos Romanos para apresentar a mensagem do evangelho aos crentes em Roma e explicar como esse evangelho corrige as divisões entre os crentes judeus e os crentes gentios. (BEG).
São tratadas nesta epístola as questões dos judeus e gentios e seus papéis interconectados na história relacionadas ao pecado, à justiça e ao juízo de Deus; ao recebimento da justificação somente mediante a fé, à parte das obras; à santificação, que conduz à glorificação, a qual ocorre mediante a dependência do Espírito Santo; e, como cristãos judeus e gentios devem aprender a aplicar o evangelho à vida prática. Estamos no capitulo 3/16, na parte II.
Breve síntese do capítulo 3.
Partindo do pressuposto de que somos os verdadeiros judeus e não os que são nascidos em Israel ou são circuncidados na carne e não no coração, os oráculos de Deus foram a nós confiados!
No entanto, quanto a eles, os que são da carne, não creram; logo, incredulidade deles não desfez a fidelidade de Deus. O que na verdade aconteceu é que a incredulidade deles trouxe à luz a justiça de Deus.
Ao falarmos assim em justiça e em injustiça, óbvio está que para que a justiça se destacar ela terá que pisar no solo da injustiça triunfando sobre ela. Por exemplo, como eu sei que Deus é perfeito? Justamente por eu ver em mim, na minha carne a imperfeição!
É Deus injusto, falso, imperfeito, pecador? Quem é injusto, falso, imperfeito e pecador? Se Deus fosse injusto, falso, imperfeito e pecador quem seria justo, verdadeiro, perfeito e santo? Paulo abre nossos olhos, por meio do Espírito Santo, para as coisas profundas de Deus.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. A PECAMINOSIDADE DOS JUDEUS E DOS GENTIOS (1.18-3.20) - continuação.
Como vimos, cada um, a seu próprio modo, tanto os judeus como os gentios são pecadores e permanecem sob o juízo divino. A necessidade do evangelho se dá pelo fato de todo o mundo ser culpado diante de Deus.
Esta parte, seguindo a estruturação da BEG, foi dividida em três: A. A pecaminosidade dos gentios (1.18-32) – já vimos; B. A pecaminosidade dos judeus (2.1-3.8) – estamos vendo; e, C. A pecaminosidade universal (3.9-20).
B. A pecaminosidade dos judeus (2.1-3.8) - continuação.
Como dissemos, tendo demonstrado que os gentios eram culpados por rebelião contra a revelação de Deus na natureza, Paulo então se voltou para a pecaminosidade dos judeus.
Até ao verso 20, veremos o esforço de Paulo em demonstrar que toda a humanidade está sob a condenação de Deus.
A afirmação de Paulo de que "para com Deus não há acepção de pessoas" (2.11) não quer dizer que não haja nenhuma "vantagem do judeu". Significa apenas que Deus não isenta ninguém do seu padrão de justiça.
As vantagens são muitas, principalmente porque a eles foram confiados os oráculos de Deus. A expressão indica que a inspiração do Antigo Testamento se estendia para além das ideias contidas nas Escrituras até os próprios oráculos (inspiração verbal). Ter os oráculos de Deus era uma grande vantagem, mas esse privilégio também aumentava o juízo pela desobediência.
No Antigo Testamento, os judeus responderam a Deus com incredulidade repetidas vezes – é só estudar os escritos e os profetas. Todavia, Deus permaneceu fiel à suas promessas (Nm 23.19; Rm 9.6-7; 2Tm 2.13), apesar deles.
Paulo respondeu a duas objeções intimamente relacionadas sobre os fracassos dos judeus que não tinham fé, as quais ele imaginava que seus leitores poderiam levantar (vs. 5):
(1)   Se a injustiça de alguns judeus tinha dado a Deus a oportunidade de mostrar a sua justiça (vs. 5), por que não ser injusto também?
(2)   Se a mentira de alguns judeus tornou a verdade de Deus mais evidente (vs. 7), por que, então, não mentir?
Em resumo, se o pecado permitia que Deus fosse glorificado, não é injusto que ele aplique sua "ira" sobre o seu povo (vs. 5), ou que os condene como pecadores (vs. 7)?
Primeiro o apóstolo respondeu a essas objeções salientando que, se o Senhor não tivesse julgado o pecado de Israel, então ele não poderia julgar o pecado do mundo - ou Deus é um juiz justo de todas as pessoas ou ele não absolutamente é um juiz justo (vs. 6).
Paulo também argumentou que a extensão lógica dessas objeções advogaria pecar com mais frequência e do pior modo possível, com o objetivo de dar a Deus mais oportunidades de revelar a sua bondade (vs. 8).
Esse ponto de vista era repugnante aos olhos de Paulo e de qualquer judeu de princípios (vs. 8). Apesar de seus privilégios, os judeus incrédulos ficaram sob a ira de Deus. Portanto, o ponto crucial a ser considerado não é a circuncisão exterior, mas a fé salvadora.
O apóstolo Paulo reconheceu que, tomada de modo isolado, sua afirmação no início do versículo 5 poderia parecer expressar um espírito de antagonismo de sua parte para com Deus. Por isso, ele explicou que ela era apenas uma reflexão da maneira como algumas pessoas poderiam pensar.
O absurdo chega no extremo de imaginar que se deva praticar o mal para que advenha o bem. Uma questão semelhante, embora não idêntica, aparece em 5.20-6.1. Em ambas as passagens, Paulo rejeitou a falsa inferência que poderia ser tirada de suas palavras.
C. A pecaminosidade universal (3.9-20).
Do verso 9 ao 20, veremos a demonstração da pecaminosidade universal. O tema iniciado em 1.18 agora é concluído e confirmado por citações do Antigo Testamento, reconstituindo a manifestação do pecado, a sua origem e a sua causa final.
Temos nós qualquer vantagem? Paulo estava falando de si mesmo e de seus compatriotas judeus. Numa análise final, judeus e gentios estão todos sob a tirania do pecado e sob juízo.
Paulo apela para as Escrituras – vs. 10 - como está escrito. Essa é uma enunciação comum no Novo Testamento, que apela para as Escrituras como argumento de autoridade (1.17; 3.4).
Os textos bíblicos, tomados em conjunto, salientam a universalidade do reino do pecado e a consequente perversão e condenação de toda a humanidade. Essas citações são como uma fotografia em alta resolução de nossa alma pecadora, do homem sem Cristo, vejamos:
ü  Não há nenhum justo, nem um sequer;
ü  Não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
ü  Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis;
ü  Não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer".
ü  "Suas gargantas são um túmulo aberto; com suas línguas enganam". "Veneno de serpentes está em seus lábios".
ü  "Suas bocas estão cheias de maldição e amargura".
ü  "Seus pés são ágeis para derramar sangue;
ü  Ruína e desgraça marcam os seus caminhos,
ü  E não conhecem o caminho da paz".
ü  "Aos seus olhos é inútil temer a Deus", ou, não há temor de Deus.
Por isso que a lei quando diz, faz calar a todos, como acima citados. Aqui a referência é ao Antigo Testamento em geral. As citações de Paulo saem de Salmos, Eclesiastes e Isaías e são destinadas aos que vivem debaixo da lei.
Não no sentido de 6.14.15. mas como em 2.12 (aqueles que possuíam a revelação do Antigo Testamento, isto é, os judeus em particular). O apóstolo assegurou que o que a lei dizia sobre a condição humana de pecador fosse aplicado, sem dúvida, ao povo a quem a lei havia sido dada.
Portanto, que se cale toda boca, pois que todos são culpados. Ninguém, seja judeu ou gentio, tem base para apelação; ninguém pode reivindicar estar livre de culpa diante de Deus. A lei condena todas as pessoas, estabelecendo, assim, a necessidade de justificação pela fé, à parte das obras da lei.
À luz do que o Antigo Testamento diz sobre a universalidade do pecado, deveria ser óbvio que ninguém pode ser aceito como justo diante de Deus simplesmente por tentar obedecer à lei. É pela lei que vem o pleno conhecimento do pecado. Em vez de nos fornecer um modo de encontrar a justificação, a lei expõe a nossa condição pecadora. Entretanto, ela não é a única que revela pecado (1.18-20).
III. A SALVAÇÃO PARA JUDEUS E GENTIOS (3.21-8.39)
A salvação vem para judeus e gentios do mesmo modo. Para todos, a justificação é somente mediante a fé, à parte das obras; e a santificação mediante a confiança no poder do Espírito Santo.
Veremos doravante até o capítulo 8.39, a salvação para judeus e gentios. Tendo mostrado que tanto judeus como gentios são pecadores carentes de salvação, Paulo passou a explicar como a salvação alcança a todos.
Seguindo a divisão proposta pela BEG, teremos duas divisões principais: A. A justificação (3.21-5.21) – começaremos a ver agora: 1. Somente pela fé (3.21-31) – veremos agora; 2. O exemplo de Abraão (4.1-25); 3. Os benefícios da justificação (5.1-11); 4. Cristo: o novo Adão (5.12-21); B. A santificação (6.1-8.39): 1, A destruição do domínio do pecado (6.1-23); 2. A luta contra o pecado (7.1-25); 3. Vivendo pelo Espírito (8.1-39).
A. A justificação (3.21-5.21).
O apóstolo Paulo encerrou a parte anterior com a afirmação de que ninguém poderia ser declarado justo (justificado) pela lei (3.20). Aqui ele explicou como a justificação acontece.
Sua consideração sobre o assunto se divide em quatro partes: o conceito de somente pela fé (3.21-31) – veremos agora, o exemplo de Abraão (4.1.25), a fonte e os benefícios da justificação (5.1-11) e Cristo como o novo Adão (5.12-21).
1. Somente pela fé (3.21-31).
É somente pela fé! Nesse ponto Paulo empreendeu uma explanação de sua doutrina sobre a justificação.
De maneira clara ele explicou que as pessoas são declaradas justas no tribunal da justiça de Deus somente pela fé em Cristo, e não pelas suas próprias boas obras.
Primeiro, o apóstolo esclareceu como a justificação é providenciada em Cristo (vs. 21-26) e, em seguida, destacou duas implicações que essa doutrina traz para o relacionamento entre judeus e gentios (vs. 27-31).
Ele começa dizendo que agora tinha se manifestado a justiça que provém de Deus, independentemente da lei, da qual deram testemunhos a Lei e os Profetas.
Essa expressão “mas agora” tem um significado especial nos escritos de Paulo. É um modo simplificado de dizer: "Mas agora que Cristo veio".
Nos capítulos 3 e 4, o apóstolo havia argumentado de maneira clara que a doutrina da justificação pela fé é ensinada no Antigo Testamento. Entretanto, desde a vinda do Reino de Deus (que começou com a encarnação de Cristo), a justificação tem se tornado conhecida com mais clareza, como nunca antes. (A BEG recomenda, aqui, a conhecerem seu excelente artigo teológico “O plano das eras", em Hb 7).
Sem lei se manifestou a justiça de Deus. O evangelho não é anárquico (vs. 31; 6.15; 8.3-4; 13.8,10). No entanto, ninguém pode ser aceito como justo com base na obediência à lei, pois não há quem alcance a perfeição. A exceção está unicamente na pessoa de Jesus Cristo que plenamente a cumpriu.
A justiça de Deus se manifesta mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem. Agora que “se manifestou” (vs. 21) com tão grande clareza na vinda de Cristo, a justiça de Deus deve ser recebida.
Crer envolve não somente conhecimento e convicção intelectual sobre o testemunho do evangelho de Cristo (10.14), mas também confiança obediente e segurança nele como Salvador e Senhor (1.5).
A justiça de Deus é exclusivamente para aqueles que têm fé; e “não há distinção, pois todos pecaram", seja judeu ou gentio (cf. 1.16-17). Esse é o filtro de Deus e não a sabedoria, o conhecimento, ou a ignorância, nem a riqueza ou a pobreza, nem o poder e o status, mas unicamente a fé simples, disponível a todos: sábios e ignorantes, ricos e pobres, poderosos e símplices.
O "todos que pecaram e que estão destituídos da glória de Deus", diz respeito especificamente àqueles que são salsos - "todos... os que creem” (vs. 22), e estão "sendo justificados" (vs. 24) - com particular ênfase na ausência de distinção entre judeu e gentio.
Ninguém é salvo sem que primeiro seja um pecador. Esse detalhe tratado por Paulo está baseado na verdade mais ampla de que todo ser humano é culpado diante de Deus e que, portanto, carecem da glória de Deus.
Essa é uma descrição pungente da consequência do pecado. Criados à imagem do glorioso Deus (Gn 1.26.27), os seres humanos trocaram a glória do Senhor por ídolos (1.23) e distorceram a própria imagem divina.
Somente a graça mediante a fé (Ef 2.8-9) renova e restaura essa glória perdida (5.2; 8.18; 1Co 15.42-49; 2Co 3.18; Ef 4.24; Fp 3.20-21; Cl 3.10).
Nas Escrituras, a justificação é a antítese da condenação (p. ex., Pv 17.15). Ela expressa a declaração de que o pecador se toma justo no tribunal celestial de Deus, em virtude da justiça de Cristo que lhe é imputada (o “dom da justiça"; 5.17).
A justificação é final e irreversível (8.1,33-34).
Ela está fundamentada na obediência de Cristo durante toda a sua vida (na qual ele cumpriu os preceitos da lei de Deus e mereceu a recompensa perfeita) e na sua morte na cruz (na qual ele suportou o castigo do juízo de Deus contra os nossos pecados).
Agora os crentes compartilham da mesma posição de justo do Cristo ressuscitado, com o qual eles estão unidos (2Co 5.21) gratuitamente, por sua graça.
A repetição da mesma ideia com outras palavras feita por Paulo dá ênfase ao papel da iniciativa e misericórdia divinas em nossa salvação.
Somos, portanto, justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. A redenção é a liberdade obtida mediante o pagamento de um preço. Aqui ela se refere especificamente à libertação da condição antiga de escravidão ao pecado.
Essa liberdade é consumada mediante a morte de Cristo, o preço-resgate pela nossa salvação (Mc 10.45; 1Tm 2.6; Hb 9.15).
Foi, destarte, Deus quem o propôs. O apóstolo foi cuidadoso ao mencionar que embora a morte de Cristo tenha aplacado a ira de Deus pela satisfação da justiça divina, ela não suscitou o amor de Deus sendo, antes, o fruto deste, como Paulo enfatizaria mais tarde (5.8; 8.32; cl. Jo 3.16).
Deus Pai o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Cristo morreu como um sacrifício propiciatório (isto é, "oferta pelo pecado"; Is 53.10) que satisfez a ira de Deus.
Tendo em vista que o pecado provoca a ira de Deus (1.18,24,32), a nova posição de justificação somente pode ser concedida depois que essa ira tenha sido totalmente manifestada. (Novamente a BEG recomenda reflexão em seu excelente artigo teológico "Expiação limitada", em Jo 10).
A ênfase do versículo 22 “mediante a fé” é repetida e, desse modo, acentuada. A palavra "mediante" indica o meio de ser ligado à justiça de Cristo. A fé é a causa instrumental da justificação.
Paulo e muitos de seus leitores estavam totalmente convictos da justiça de Deus (2.5; 3.5). Porém, essa justiça levantou uma séria questão no tocante ao papel que o pecado representava na história humana.
Como Deus poderia fechar os olhos ao pecado humano e permanecer justo?
O apóstolo disse que debaixo do sistema mosaico de sacrifícios, Deus usava de "tolerância" (vs. 25) para com os pecadores, em oposição ao real perdão.
Como reconhece o Novo Testamento (Hb 9.11-15; 10.1-4), os sacrifícios de animais do Antigo Testamento não eram capazes de fazer uma propiciação satisfatória pelos pecados dos seres humanos.
O significado real desses sacrifícios está no modo em que eles apontam para Cristo, por meio de quem Deus lidaria com o pecado humano de uma maneira apropriada e definitiva.
Em vista do que ele faria depois, Deus pôde deixar, de modo justo, impunes os pecados cometidos anteriormente (vs. 25). Ainda assim, um Deus justo não poderia tolerar o pecado para sempre, e por isso, Jesus veio realizara propiciação definitiva.
A obra de Cristo revela tanto a justiça de Deus (ele puniu o pecado na pessoa de seu Filho; 8.32) como a justiça de seu método de salvação pela "fé em Jesus".
Dessa maneira, ele não comprometeu a sua própria santidade e proveu graciosamente a salvação como um dom gratuito para pecadores que não a mereciam - uma salvação que os seres humanos são incapazes de alcançar por meio dos seus próprios esforços.
A esse respeito, Paulo viu a cruz como a manifestação da sabedoria gloriosa de Deus (1Co 1.23-24).
Em assim sendo, onde estaria, pois, a jactância? Ninguém, nem mesmo os judeus, tem base para se gloriar (4.2-3). Na verdade, a jactãncia "foi... excluída porque somente a fé (vs. 27-28,30), e não o feito humano, é o meio pelo qual Deus justifica pecadores.
O fato de não podermos sequer nos gloriar em nossa fé – vs. 27 - indica que ela mesma é um dom de Deus (outra vez, neste capítulo, a terceira delas, em que a BEG recomenda reflexão em seu excelente artigo teológico "Regeneração e novo nascimento", em Jo 3).
No vs. 30, Paulo apelou para a confissão fundamental da religião do Antigo Testamento: Deus é o único Senhor (veja Dt 6.4). O mesmo Deus que lidou com Israel também lida com os gentios, e ele o faz segundo a sua própria justiça e misericórdia. Portanto, só há um único meio para salvação, tanto para judeus como para gentios. É ele quem justifica, pela fé, o circunciso e também pela fé, o incircunciso.
O apóstolo Paulo antecipou uma objeção ao seu ponto de vista. Embora rejeitasse guardar a lei como uma base pessoal para a salvação, ele fundamentou a sua doutrina da justificação pela fé somente no fato de Cristo ter guardado a lei.
Além disso, Paulo argumentou que ela continuava com poder de condenar aqueles que não estavam em Cristo. Ao fazer isso, ele afirmou a autoridade duradoura da lei, tanto no tocante à condenação como à salvação. O apóstolo nunca teria aceitado o evangelho cristão se não pudesse apoiá-lo no ensino do Antigo Testamento.
Rm 3:1 Qual é, pois, a vantagem do judeu?
Ou qual a utilidade da circuncisão?
                Rm 3:2 Muita, sob todos os aspectos.
                               Principalmente porque aos judeus foram confiados
os oráculos de Deus.
Rm 3:3 E daí?
                Se alguns não creram,
a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus?
                               Rm 3:4 De maneira nenhuma!
                                               Seja Deus verdadeiro,
                                               e mentiroso, todo homem, segundo está escrito:
                                                               Para seres justificado nas tuas palavras
                                                               e venhas a vencer quando fores julgado.
Rm 3:5 Mas, se a nossa injustiça
                traz a lume a justiça de Deus, que diremos?
Porventura, será Deus injusto
                por aplicar a sua ira? (Falo como homem.)
                               Rm 3:6 Certo que não.
                                               Do contrário, como julgará Deus o mundo?
Rm 3:7 E, se por causa da minha mentira,
                fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória,
                               por que sou eu ainda condenado como pecador?
                Rm 3:8 E por que não dizemos, como alguns,
caluniosamente, afirmam que o fazemos:
Pratiquemos males para que venham bens?
                                                              A condenação destes é justa.
Rm 3:9 Que se conclui?
Temos nós qualquer vantagem?
                Não, de forma nenhuma;
                               pois já temos demonstrado que todos,
                                               tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
Rm 3:10 como está escrito:
                Não há justo,
                nem um sequer,
                Rm 3:11 não há quem entenda,
                não há quem busque a Deus;
                               Rm 3:12 todos se extraviaram,
                                               à uma se fizeram inúteis;
                não há quem faça o bem,
                não há nem um sequer.
Rm 3:13 A garganta deles é sepulcro aberto;
                com a língua, urdem engano,
                               veneno de víbora está nos seus lábios,
Rm 3:14 a boca, eles a têm
                cheia de maldição
                e de amargura;
Rm 3:15 são os seus pés velozes para derramar sangue,
Rm 3:16 nos seus caminhos,
                há destruição e miséria;
Rm 3:17 desconheceram o caminho da paz.
Rm 3:18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Rm 3:19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz,
                aos que vivem na lei o diz para
                               que se cale toda boca,
                               e todo o mundo seja culpável perante Deus,
                Rm 3:20 visto que ninguém será justificado diante dele
por obras da lei,                 em razão de que pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado.
Rm 3:21 Mas agora, sem lei,
                se manifestou a justiça de Deus
                               testemunhada pela lei e pelos profetas;
Rm 3:22 justiça de Deus
                mediante a fé em Jesus Cristo,
                               para todos [e sobre todos] os que crêem;
                                               porque não há distinção,
                                                               Rm 3:23 pois todos pecaram
                                                                              e carecem da glória de Deus,
Rm 3:24 sendo justificados
                gratuitamente,
                               por sua graça,
                                               mediante a redenção
                                                               que há em Cristo Jesus,
                                                                              Rm 3:25 a quem Deus propôs,
                                                                                              no seu sangue,
                                                                                              como propiciação,
                                                                                                              mediante a fé,
                                                                                                                                             para manifestar a sua justiça,
por ter Deus,
                na sua tolerância,
                               ‘deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
                Rm 3:26 tendo em vista a manifestação da sua justiça
                               no tempo presente,
                                               para ele mesmo ser justo
                                                              e o justificador
                                                                              daquele que tem fé em Jesus.
Rm 3:27 Onde, pois, a jactância?
                Foi de todo excluída.
Por que lei?
                Das obras?
                               Não; pelo contrário,
                                               pela lei da fé.
Rm 3:28 Concluímos, pois,
                que o homem é justificado pela fé,
                               independentemente das obras da lei.
Rm 3:29 É, porventura,
                Deus somente dos judeus?
                               Não o é também dos gentios?
                                               Sim, também dos gentios,
Rm 3:30 visto que Deus é um só,
                o qual justificará, por fé,
                               o circunciso
                e, mediante a fé,
                               o incircunciso.
Rm 3:31 Anulamos, pois,
                a lei pela fé?
                               Não, de maneira nenhuma!
                                               Antes, confirmamos a lei.
No final deste capítulo, Paulo nos diz que Deus justificará tanto o circunciso quanto o incircunciso mediante a mesma coisa: a fé! E a fé anula a lei? “Insensato!”, diria alguém colérico. Repare que não anula, antes a confirma!
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
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MIRYAM - O GRITO DOS REFUGIADOS...

O amor vence o mal, SEMPRE!


vejam que belo testemunho do amor de Deus na vida dessa criança cheia do Espírito Santo.



"MYRIAM, A PEQUENA REFUGIADA CRISTÃ QUE COMOVEU O MUNDO (Parte 1) Um dos melhores vídeos a que eu já pude assistir. Ela fugiu com a família do Iraque para não ser morta pelos terroristas do Estado Islâmico e então nos deixou uma das mais belas lições de todos os tempos do que é ser um cristão de verdade." ‪#‎pelaigrejasofredora‬‪#‎maisnomundo‬ Visite o site www.maisnomundo.org

ouça também: http://radio.ossemeadores.com.br (em breve, teremos o programa de áudio A VOZ DOS REFUGIADOS)

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