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sábado, 10 de outubro de 2015

Lucas 23.1-56 - A JUSTIÇA DO HOMEM É FALHA: CONDENARAM JESUS!

Como já dissemos o evangelho de Lucas foi escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações. Estamos no capítulo 23, parte VI.
VI. OS ÚLTIMOS DIAS DE JESUS EM JERUSALÉM (22.1-24.53) - continuação.
Estamos vendo agora o penúltimo capítulo do livro do Evangelho de Lucas onde estão registrados os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Lucas relatou, como já observamos, os acontecimentos dos últimos dias da vida de Jesus - quando o seu ministério chegou ao clímax. Ele se concentra no sofrimento de Jesus em favor de seu povo, salientando também a glória de Cristo após sua ressurreição, bem como o futuro da igreja após a ascensão de Cristo.
Para melhor exploração do conteúdo, estamos, seguindo a divisão proposta da BEG, a divisão da presente parte em 7 seções: A. A conspiração para trair Jesus (22.1-6) – já vimos; B. O cenáculo (22.7-38) – já vimos; C. O Getsêmani (22.39-53) – já vimos; D. A negação de Pedro (22.54-62) – já vimos; E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) – concluiremos agora; F. A crucificação (23.26-56) – veremos agora; G. A ressurreição (24.1-49); e, H. A ascensão (24.50-53).
Breve síntese do capítulo 23.
Lucas 23 narra o julgamento, a condenação, a crucificação e a morte de Jesus com riqueza de detalhes que impressiona o leitor.
Até Pilatos e Herodes com Jesus vieram a reatar a amizade que tinham. Era dever deles e responsabilidade julgá-lo com justiça, mas essa estava cega e não seguiu a Deus, antes o ventre dos homens que queriam a sua morte.
O homem tem o senso de justiça nele por causa da graça soberana de Deus, único justo. A justiça é um atributo da divindade e se fôssemos personificá-la trazendo à existência entre nós teríamos de chamá-la de Deus. Deus é justiça e a justiça está com Deus.
Quando apelamos para a justiça, estamos apelando para Deus. Quando nos queixamos que ela foi torcida, estamos com isso dizendo ou clamando a Deus que a execute, pois passamos a falar em seu nome. Ninguém ali queria nada com a justiça, por isso o resultado absurdo de condenação à morte por crucificação.
Jesus morreu! Sua traição, prisão, acusação, julgamento, condenação, sofrimento, castigo, crucificação e morte ocorreram dentro de um período de mais ou menos 12 horas. Foi tudo tão rápido! Os discípulos perderam o chão e ainda estavam absortos em pensamentos sem entenderem bem o que estava se sucedendo.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) - continuação.
Até o vs. 25, veremos como foram os julgamentos de Jesus. Lucas registra as injustiças e as insolências cometidas contra Jesus em seu julgamento.
Levantou-se toda a assembleia para levar Jesus a Pilatos. Não era necessário que todos comparecessem, mas um grupo grande impressionaria Pilatos pela sua seriedade e solidariedade.
A acusação de toda essa assembleia era que Jesus estaria pervertendo a nação – vs. 2. Uma acusação curiosamente vaga. Também de que estaria vedando pagar tributo a César. Na verdade, Jesus havia dito exatamente o contrário (20.25). E ainda que estivesse afirmando ser ele o Cristo, o Rei. Na seção registrada por Lucas, Jesus se recusou explicitamente a fazer uso desse termo (22.67-68). Contudo, em Mt 16.17, ele confirmou a confissão de Pedro com relação a isso.
Assim, num certo sentido essa acusação era verdadeira, porém incorreta no sentido que os judeus estavam apresentando aos romanos, ou seja, de que Jesus afirmava ser um líder político que rivalizava com César. Logo, essa acusação, como todas as outras, era falsa.
Pilatos deve ter se impressionado com toda a assembleia e também lhe fez uma pergunta se seria ele o rei dos judeus. Num sentido que era crucialmente importante, Jesus era o Rei dos judeus, de modo que ele não poderia negar. Porém, ele não era rei no sentido que Pilatos entendia o termo e, portanto, não podia confirmar. Logo, a sua resposta foi vaga e neutra (cf. Jo 18.33-38), o que foi suficiente para Pilatos perceber que Jesus não era um revolucionário.
No império Romano, o julgamento geralmente era realizado na província onde o crime foi cometido, porém podia ser transferido para a província natal do acusado. Pilatos aproveitou-se dessa minúcia jurídica para enviar Jesus a Herodes. Somente Lucas registra esse detalhe.
Ao ver Jesus que tinha sido enviado a Herodes por Pilatos muito se alegrou com ele e esperava ver ali, pessoalmente, algum tipo de sinal ou feito extraordinário, mas Jesus nada lhe respondia. Herodes foi a única pessoa com quem Jesus se recusou a falar.
Herodes fez pouco caso de Jesus e não considerou com seriedade as acusações contra ele. Além disso, o tratou com desprezo, escarneceu dele e ainda fê-lo vestir um manto aparatoso e o devolveu a Pilatos, com quem, a partir desse momento, reateve sua amizade.
Jesus comparece pela segunda vez diante de Pilatos e este reunindo seus acusadores e todo o povo resolve apenas castigá-lo e depois soltá-lo. De acordo com a lei romana, uma pessoa poderia receber uma surra leve como uma advertência para que fosse mais cuidadoso no futuro. Pilatos esperava que com esse procedimento conseguisse aplacar a ira dos judeus e ao mesmo tempo libertar um homem que ele sabia ser inocente.
A tradição de libertar um prisioneiro durante a Páscoa não tem sido comprovada por fontes extra bíblicas, mas esse tipo de costume era bastante praticado nesse período, e a oferta de Pilatos não é implausível.
A multidão gritava por Barrabás, um homem que seria desconhecido não fosse esse registro. Seu nome significa "filho do pai”, e Lucas relata que seus crimes eram rebelião e assassinato. Barrabás era visivelmente um criminoso, mas para a multidão de Jerusalém ele pode ter sido considerado como um herói do movimento da resistência.
Pilatos ainda tentou evitar a condenação de Jesus, brincando com sua plateia, mas eles insistiam com ele que não soltasse a Jesus, mas sim a Barrabas. Pilatos então cede ao desejo da multidão e de seus acusadores, liberta Barrabas e condena Jesus à crucificação.
A máxima autoridade humana que poderia e deveria cumprir o seu papel diante de Deus, com o próprio Deus, falhou torcendo e pervertendo toda a justiça.
F. A crucificação (23.26-56).
Até o vs. 56, estaremos vendo a crucificação. Lucas registrou os detalhes da morte de Jesus para que esse acontecimento nunca mais fosse esquecido.
Jesus estava conduzindo em seus ombros as madeiras que seriam usadas para crucificá-lo, mas estava exausto e os próprios guardas constrangeram um cireneu, chamado Simão a ajudá-lo.
Era costume o condenado carregar a própria cruz, ou pelo menos a barra horizontal, até o lugar onde seria crucificado. Jesus começou carregando a sua cruz (Jo 19.17), mas pode ter enfraquecido por causa dos açoites que levou antes da crucificação (Mc 15.15).
Os soldados recrutaram um homem dentre a multidão, chamado Simão. Ele era de Cireneu (no norte da África), e posteriormente os seus filhos ficaram conhecidos na igreja (Mc 15.21).
Somente Lucas registrou esse incidente – vs. 27 a 30 - das mulheres que se batiam no peito e o lamentavam. Deveria haver muitos seguidores de Jesus em Jerusalém, mas somente uns poucos devem ter ajuntado para observar o julgamento mais de perto, uma vez que todo o espaço estava ocupado pelos opositores de Jesus.
Jesus se dirige a elas como filhas de Jerusalém. Uma referência às mulheres locais, e não às peregrinas da Galileia. Jesus estava preocupado com elas (e não com ele mesmo) e chamou-lhes a atenção para os sofrimentos terríveis que viriam sobre a terra. Ele queria que elas se arrependessem em vez de simpatizarem com ele.
No vs. 31, Jesus concluiu seu arrazoado diante delas dizendo que se aquilo tudo estava acontecendo com ele – lenho verde – imagina com o que fará com o lenho seco – todos eles? Com certeza um dito proverbial, possivelmente sugerindo que se Jesus (que era inocente) estava sendo crucificado, coisa muito pior aconteceria com os judeus (que eram culpados).
No caminho, haviam mais dois que seriam crucificados juntos com Jesus – vs.32.
Chegaram então ao Calvário. Do latim, calvaria, de onde provém a nossa palavra "caveira". Os quatro Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois ladrões; em sua morte ele "foi contado com os transgressores" (Is 53.12).
Jesus estava sendo crucificado impiedosamente e mesmo assim orava pedindo perdão aos seus ofensores, tanto os judeus como os romanos.  Os soldados, no entanto, ali estavam repartindo as suas vestes. Tradicionalmente, as roupas do condenado eram repartidas entre aqueles que o crucificaram. Assim, esses soldados cumpriram involuntariamente a profecia de SI 22.18.
As autoridades, e não o povo, é que zombavam – vs. 35. É curioso que falassem sobre "o Cristo" e "o escolhido" quando Jesus parece não ter utilizado nenhum desses títulos com regularidade.
Também os soldados escarneciam dele e o provocavam a descer ali da cruz pedindo a ele que, pelo menos, salvasse a si mesmo. Sobre a sua cruz estava escrito em letras gregas, romanas e hebraicas a frase ESTE É O REI DOS JUDEUS – VS. 38.
Dos versos de 39 a 43, vemos a conversa que tiveram os três crucificados, pendurados na cruz. Um zombava também, mas o outro creu no crucificado e Jesus prometeu a ele que naquele mesmo dia estariam juntos no paraíso. Nesse crente da última hora havia algum grau de confiança, pois esse homem acreditava que Jesus não seria aniquilado na morte, mas sim que estava indo para o reino celeste, ou para o paraíso, uma palavra de origem persa que significa "jardim", e mais tarde veio a indicar o lugar dos abençoados (2Co 12.4; Ap 2.7).
Já era quase a hora sexta, cerca de meio-dia. Como não havia relógios nesse tempo, os horários eram aproximados. Jo 19.14 indica que Pilatos pronunciou a sentença de Jesus "cerca da hora sexta".
A diferença pode se referir à possibilidade de João ter usado a mesma medição do tempo observada pelos romanos, que iniciavam a contagem das horas a partir da meia-noite, e não pela manhã como faziam os judeus.
Em pleno meio-dia acabou tendo trevas naquele lugar até a hora nona – a hora da morte de Jesus. Não foi um eclipse, pois era período da lua cheia (ou quase cheia) e a Páscoa ocorria no décimo quarto dia do mês (Lv 23.5), sendo que os meses eram calculados de acordo com o calendário lunar.
Durante a lua cheia (ou quase cheia) a terra está entre o sol e a lua, tornando impossível um eclipse solar, pois este somente ocorre quando a lua se coloca entre a terra e o sol. Logo, o que ocorreu aqui foi uma escuridão sobrenatural ligada à morte de Jesus.
Jesus morreu e rasgou-se o véu do santuário de alto a baixo – vs. 45. O véu fazia separação entre o Santo dos Santos e o restante do templo. A morte de Jesus forneceu acesso à presença de Deus.
Os Evangelhos de Mateus e Marcos enfatizam a terrível natureza da morte de Jesus em favor dos pecadores. O Evangelho de Lucas não desmente esse aspecto e inclui as palavras de Jesus para demonstrar que sua morte estava de acordo com a vontade do Pai. Foi nesse momento que Jesus exclamou em alta voz “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” e expirou. Uma maneira incomum de se referir à morte. Nenhum dos Evangelhos utiliza uma terminologia comum para a morte de Jesus, o que pode indicar que seus escritores consideraram a morte dele como algo extraordinário.
Até o centurião que tudo presenciou ali pode constatar que havia morrido um justo. O modo como Jesus morreu demonstrou que era um homem "justo". Mateus e Marcos utilizam a expressão "Filho de Deus" (Mt 27.54; Mc 15.39). Nesse contexto, as duas referências transmitem o mesmo sentido (Mc 15.39).
Agora era a hora da multidão também se lamentar e baterem em seus peitos. Um sinal de lamento. Para a multidão, até agora a crucificação de Jesus estava sendo um espetáculo de entretenimento; porém a morte de Jesus deixou-os tristes e pesarosos. O Evangelho de Lucas não relata qual foi o efeito da morte sobre os discípulos que a testemunharam.
José de Arimatéia é mencionado apenas nos relatos do sepultamento de Jesus, e os quatro Evangelhos estão de acordo em que ele tomou a iniciativa.
A localização de Arimatéia é incerta (Mc 15.43), mas de qualquer modo, José parece que fixou residência em Jerusalém (onde possuía um túmulo naquela vizinhança).
Ele era um membro do Sinédrio e deve ter estado ausente quando ocorreu a votação sobre a execução de Jesus, pois está escrito que "todos" concordaram (Mc 14.64). A frase "que esperava o reino de Deus" (vs. 51) indica que ele era um seguidor de Jesus.
Foi ele que tomou as primeiras medidas para liberação do corpo de Jesus. Primeiro ele o envolveu num lençol de linho – vs. 53 - na verdade, uma mortalha (colocada por cima dos "lençóis" citados em Jo 19.40), pois ele seria colocado num túmulo aberto em rocha. Esse tipo de túmulo geralmente possuía espaço para vários corpos, porém nenhum havia sido colocado ali ainda (Mc 15.46).
Esse era conhecido como o dia da preparação, uma sexta-feira, o dia em que as pessoas se preparavam para o sábado. Tudo, então, deveria ser acelerado para terem o sábado livre.
Não houve tempo suficiente na sexta-feira para que os seguidores de Jesus fizessem os preparativos para o sepultamento da maneira como gostariam. As mulheres observaram onde o corpo foi sepultado, evidentemente com o objetivo de retornar ao lugar e terminar o sepultamento após o encerramento do sábado.
José e Nicodemos deixaram no túmulo uma quantidade considerável de mirra e aloés (Jo 19.39), porém as mulheres também queriam dar a sua contribuição e prepararam bálsamo e aromas durante o tempo que ainda restava da sexta-feira.
Já estava começando o sábado e nada foi feito nesse dia – vs. 56.
Lc 23:1 Levantando-se toda a assembléia,
levaram Jesus a Pilatos.
Lc 23:2 E ali
passaram a acusá-lo, dizendo:
Encontramos este homem pervertendo a nossa nação,
vedando pagar tributo a César
e afirmando ser ele o Cristo, o Rei.
Lc 23:3 Então, lhe perguntou Pilatos:
És tu o rei dos judeus?
Respondeu Jesus:
Tu o dizes.
Lc 23:4 Disse Pilatos aos principais sacerdotes e às multidões:
Não vejo neste homem crime algum.
Lc 23:5 Insistiam, porém, cada vez mais, dizendo:
Ele alvoroça o povo,
ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui.
Lc 23:6 Tendo Pilatos ouvido isto,
perguntou se aquele homem era galileu.
Lc 23:7 Ao saber que era da jurisdição de Herodes,
estando este, naqueles dias, em Jerusalém, lho remeteu.
Lc 23:8 Herodes, vendo a Jesus,
sobremaneira se alegrou,
pois havia muito queria vê-lo,
por ter ouvido falar a seu respeito;
esperava também vê-lo fazer algum sinal.
Lc 23:9 E de muitos modos o interrogava;
Jesus, porém, nada lhe respondia.
Lc 23:10 Os principais sacerdotes e os escribas ali presentes
o acusavam com grande veemência.
Lc 23:11 Mas Herodes,
juntamente com os da sua guarda,
tratou-o com desprezo,
e, escarnecendo dele,
fê-lo vestir-se de um manto aparatoso,
e o devolveu a Pilatos.
Lc 23:12 Naquele mesmo dia,
Herodes e Pilatos se reconciliaram,
pois, antes, viviam inimizados um com o outro.
Lc 23:13 Então, reunindo Pilatos
os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
Lc 23:14 disse-lhes:
Apresentastes-me este homem como agitador do povo;
mas, tendo-o interrogado na vossa presença,
nada verifiquei contra ele dos crimes
de que o acusais.
Lc 23:15 Nem tampouco Herodes,
pois no-lo tornou a enviar.
É, pois, claro que nada contra ele
se verificou digno de morte.
Lc 23:16 Portanto, após castigá-lo,
soltá-lo-ei.
Lc 23:17 [E era-lhe forçoso soltar-lhes um detento
por ocasião da festa.]
Lc 23:18 Toda a multidão, porém, gritava:
Fora com este!
Solta-nos Barrabás!
Lc 23:19 Barrabás estava no cárcere
por causa de uma sedição na cidade
e também por homicídio.
Lc 23:20 Desejando Pilatos soltar a Jesus,
insistiu ainda.
Lc 23:21 Eles, porém, mais gritavam:
Crucifica-o! Crucifica-o!
Lc 23:22 Então, pela terceira vez, lhes perguntou:
Que mal fez este?
De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte;
portanto, depois de o castigar,
soltá-lo-ei.
Lc 23:23 Mas eles instavam com grandes gritos,
pedindo que fosse crucificado.
E o seu clamor prevaleceu.
Lc 23:24 Então,
Pilatos decidiu atender-lhes o pedido.
Lc 23:25 Soltou aquele que estava encarcerado
por causa da sedição e do homicídio,
a quem eles pediam;
e, quanto a Jesus,
entregou-o à vontade deles.
Lc 23:26 E, como o conduzissem,
constrangendo um cireneu,
chamado Simão, que vinha do campo,
puseram-lhe a cruz sobre os ombros,
para que a levasse após Jesus.
Lc 23:27 Seguia-o numerosa multidão de povo,
e também mulheres que batiam no peito
e o lamentavam.
Lc 23:28 Porém Jesus,
voltando-se para elas, disse:
Filhas de Jerusalém,
não choreis por mim;
chorai, antes,
por vós mesmas e por vossos filhos!
Lc 23:29 Porque dias virão em que se dirá:
Bem-aventuradas as estéreis,
que não geraram,
nem amamentaram.
Lc 23:30 Nesses dias, dirão aos montes:
Caí sobre nós!
E aos outeiros:
Cobri-nos!
Lc 23:31 Porque, se em lenho verde
fazem isto,
que será no lenho seco?
Lc 23:32 E também eram levados outros dois,
que eram malfeitores, para serem executados com ele.
Lc 23:33 Quando chegaram
ao lugar chamado Calvário,
ali o crucificaram,
bem como aos malfeitores,
um à direita, outro à esquerda.
Lc 23:34 Contudo, Jesus dizia:
Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem.
Então, repartindo as vestes dele,
lançaram sortes.
Lc 23:35 O povo estava ali
e a tudo observava.
Também as autoridades zombavam e diziam:
Salvou os outros;
a si mesmo se salve,
se é, de fato,
o Cristo de Deus, o escolhido.
Lc 23:36 Igualmente
os soldados o escarneciam
e, aproximando-se, trouxeram-lhe vinagre, dizendo:
Lc 23:37 Se tu és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo.
Lc 23:38 Também sobre ele estava esta epígrafe
[em letras gregas, romanas e hebraicas]:
ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Lc 23:39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo:
Não és tu o Cristo?
Salva-te a ti mesmo e a nós também.
Lc 23:40 Respondendo-lhe, porém, o outro,
repreendeu-o, dizendo:
Nem ao menos temes a Deus,
estando sob igual sentença?
Lc 23:41 Nós, na verdade, com justiça,
porque recebemos o castigo
que os nossos atos merecem;
mas este
nenhum mal fez.
Lc 23:42 E acrescentou:
Jesus,
lembra-te de mim quando vieres no teu reino.
Lc 23:43 Jesus lhe respondeu:
Em verdade te digo
que hoje estarás comigo no paraíso.
Lc 23:44 Já era quase a hora sexta,
e, escurecendo-se o sol,
houve trevas sobre toda a terra
até à hora nona.
Lc 23:45 E rasgou-se
pelo meio
o véu do santuário.
Lc 23:46 Então, Jesus clamou em alta voz:
Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!
E, dito isto,
expirou.
Lc 23:47 Vendo o centurião
o que tinha acontecido,
deu glória a Deus, dizendo:
Verdadeiramente, este homem era justo.
Lc 23:48 E todas as multidões
reunidas para este espetáculo,
vendo o que havia acontecido,
retiraram-se a lamentar,
batendo nos peitos.
Lc 23:49 Entretanto,
todos os conhecidos de Jesus
e as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia
permaneceram a contemplar de longe estas coisas.
Lc 23:50 E eis que certo homem,
chamado José,
membro do Sinédrio, homem bom e justo
Lc 23:51 (que não tinha concordado com o desígnio
e ação dos outros), natural de Arimatéia, cidade dos judeus,
e que esperava o reino de Deus,
Lc 23:52 tendo procurado a Pilatos,
pediu-lhe o corpo de Jesus,
Lc 23:53 e, tirando-o do madeiro,
envolveu-o num lençol de linho,
e o depositou num túmulo aberto em rocha,
onde ainda ninguém havia sido sepultado.
Lc 23:54 Era o dia da preparação,
e começava o sábado.
Lc 23:55 As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus,
seguindo,
viram o túmulo
e como o corpo fora ali depositado.
Lc 23:56 Então,
se retiraram para preparar aromas e bálsamos.
E, no sábado,
descansaram,
segundo o mandamento.
O sábado estava começando e ninguém poderia fazer coisa alguma, assim, deixaram para o dia seguinte para os preparativos gerais com relação ao corpo de Jesus. No sábado descansaram, segundo o mandamento. Há pouco Jesus estava com eles e agora não mais, mas morto.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete
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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Lucas 22.1-71- VOCÊ JOGARIA FORA O SEU ÚNICO PARAQUEDAS NA HORA DA CRISE?

Como já dissemos o evangelho de Lucas foi escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas as nações. Estamos no capítulo 22, parte VI.
VI. OS ÚLTIMOS DIAS DE JESUS EM JERUSALÉM (22.1-24.53).
Lucas registrou a morte de Jesus e também observou atentamente a sua ressurreição. Jesus comissionou seus discípulos para serem testemunhas quando recebessem poder vindo do céu. Em nome de Jesus, eles deveriam pregar o arrependimento e o perdão por todo o mundo. Lucas encerrou esse registro histórico com o relato dos apóstolos dando graças a Deu, todo, os dias no templo em Jerusalém.
Estamos caminhando para o final do livro do Evangelho de Lucas onde estão registrados os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Lucas relata os acontecimentos dos últimos dias da vida de Jesus - quando o seu ministério chegou ao clímax. Ele se concentra no sofrimento de Jesus em favor de seu povo, salientando também a glória de Cristo após sua ressurreição, bem como o futuro da igreja após a ascensão de Cristo.
Para melhor exploração do conteúdo, estamos, seguindo a divisão proposta da BEG, a divisão da presente parte em 7 seções: A. A conspiração para trair Jesus (22.1-6) – veremos agora; B. O cenáculo (22.7-38) – veremos agora; C. O Getsêmani (22.39-53) – veremos agora; D. A negação de Pedro (22.54-62) – veremos agora; E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25) – começaremos a ver agora; F. A crucificação (23.26-56); G. A ressurreição (24.1-49); e, H. A ascensão (24.50-53)
Breve síntese do capítulo 22.
Estava chegando o dia de aflição para Jesus Cristo por causa da missão que o Pai lhe confiou. Dentre os seus escolhidos, havia um do diabo que já estava negociando a sua traição por dinheiro. Diz a palavra de Deus que Satanás entrou dentro dele e ele combinou com os principais sacerdotes e escribas como isso se daria.
Jesus então começa a preparar a páscoa e precisava de um lugar. Da mesma forma que falara aos discípulos para apanharem um jumentinho para ele entrar em Jerusalém, para se cumprir as Escrituras, desta mesma forma, ele os orienta para irem para prepararem o lugar e tudo se sucedeu conforme ele instruíra.
Isto me faz lembrar de seu nascimento: quis Deus que ele nascesse num estábulo por que se não ele nasceria onde ele quisesse. É verdade também que ele nasceu num estábulo por que entre os homens não havia lugar para ele. Deus é soberano!
Jesus celebra a sua última ceia aqui nesta terra tendo sentado ao seu lado direito, lugar de destaque e honra, Judas, o traidor. Ele participa da ceia. Jesus não o expõe aos outros. Parecia que Jesus acreditava até o fim que ele poderia se converter e se arrepender. Na verdade, o Senhor sabia quem era ele e que não se arrependeria, mas nos deixou uma lição importante sobre o amor, a paciência e as Escrituras.
Terminada a ceia, eles vão orar, mas Judas não se interessava por esta parte, antes estava concluindo seu plano maligno de entregar Jesus e assim estava trazendo os que iriam prender a Jesus.
Jesus ora intensamente, mas por fim cede à vontade do Pai: “seja feita a sua vontade”. Jesus orou assim, mas alguns, por ai,  ousam dizer que não devemos dizer na oração “se for da sua vontade” para não anularmos a nossa oração. Você já sabe orar como convém?
Romanos 8:26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.
Se as Escrituras afirmam que não sabemos orar como convém, como iremos determinar qualquer coisa em oração? Isso não é fé! Pode até ter aparência de grande fé, mas é mais grande insensatez e falta de conhecimento bíblico.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
A. A conspiração para trair Jesus (22.1-6)
Lucas começa o relato do sofrimento de Cristo narrando a tensão entre a celebração da Páscoa e a conspiração para trair Jesus.
Como se aproximava a festa, os sacerdotes e escribas estavam inquietos buscando como iriam matá-lo. A rigor, a Festa dos Pães Asmos e a Páscoa eram festas diferentes (Nm 28.26-27), mas a Páscoa era seguida imediatamente pela Festa dos Pães Asmos. Na época do Novo Testamento, os nomes dessas festas eram intercambiáveis. A festa comemorava a grandiosa libertação do povo do Egito (Êx 12.17).
Os principais sacerdotes detinham o poder político entre os judeus, e foram eles, e não os fariseus, que comandaram a oposição final contra Jesus.
A oportunidade surge quando Satanás possuiu Judas (Jo 13.2) e este foi procurar os principais sacerdotes, e não o contrário. Os capitães do templo eram levitas em sua maioria.
Parece haver mesmo uma organização maligna com propósitos bem definidos e crentes de que são capazes de fazerem as coisas mudarem, conforme planejamento e execução.
B. O cenáculo (22.7-38).
Do verso 7 ao 38, veremos diversos acontecimentos importantes ali no cenáculo. Semelhante aos outros Evangelhos, o relato de Lucas inclui a refeição que Jesus compartilhou com os seus discípulos, não apenas por causa de sua importância histórica, mas também para servir de modelo aos cristãos em suas futuras celebrações da refeição sacramental.
O dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa era chegado. Literalmente, "sacrificar a Páscoa", embora o grego não especifique o animal que seria comido, na comemoração, podendo ser tanto um cordeiro como um cabrito (Ex 12.5). O animal deveria ser morto no "crepúsculo da tarde" (literalmente "entre as tardes", Êx 12.6).
Dos versos de 8 ao 12, Jesus estava preparado para morrer, mas isso só aconteceria na ocasião que ele e Deus escolhessem. Talvez seja essa a razão para a maneira como Jesus fez os preparativos da festa; nenhum dos discípulos sabia onde ela seria celebrada.
Respondendo à pergunta dos discípulos de onde preparariam e comeriam a páscoa, Jesus os orienta a entrarem na cidade onde encontrariam um homem com um cântaro de água. Um homem carregando um cântaro de água era algo incomum, pois geralmente eram as mulheres que faziam isso (os homens carregavam odres de água).
Eles deveriam segui-lo e ver com ele onde seria o aposento em que haveriam de comer a páscoa e ele lhes leva para um cenáculo todo mobiliado. Literalmente, "estendido". Isso pode significar que os leitos onde os convidados se reclinariam para o jantar já estavam preparados.
Eles foram, seguiram as instruções, acharam tudo conforme lhes fora dito e prepararam a páscoa.
Chegou então o grande momento, o momento da refeição pascal. Ele se pôs à mesa juntamente com os 12 apóstolos. Na verdade, "reclinaram-se à mesa", que era a postura comum para o jantar. Os convidados se reclinavam apoiando-se sobre o cotovelo esquerdo, a cabeça ficava voltada para a mesa e os pés posicionados para longe dela.
Nos versos 15 e 16, observa-se o anseio de Jesus para ter comunhão com seus discípulos nessa refeição pascal, cujo cumprimento no reino de Deus prefigurava a morte que Jesus sofreria como o nosso sacrifício da Páscoa (1Co 5.7), cumprindo o simbolismo dessa festa antiga.
Durante a refeição de Páscoa, cada pessoa devia beber quatro cálices de vinho tinto (mesmo que os mais pobres tivessem de recorrer aos fundos públicos). O vinho era diluído, geralmente à proporção de três partes de água para uma de vinho. Não está claro a qual dos cálices se refere, mas talvez fosse o primeiro. Por ser compartilhado, era um sinal de comunhão.
Eles tomaram o cálice, deram graças e tomaram e repartiram entre eles, conforme Cristo ia fazendo e ele anunciou que já não beberiam mais do fruto da vide, até que venha o reino de Deus – vs. 18. Novamente Jesus estava prefigurando a vinda do reino de Deus. Esse é um aspecto importante da ceia do Senhor, pois aponta para o Senhor que retornará (1 Co 11.26).
Semelhantemente também tomaram do pão, deram graças, partiram e Jesus disse que aquele pão simbolizava o seu corpo. Tem havido muita controvérsia sobre como essas palavras devem ser entendidas. Não devemos entender a palavra "é" como sendo "é idêntico a" (veja a nota sobre Mt 26.26), mas sim como "representa", "significa" ou talvez "comunica".
O “oferecido por vós”, refere-se à oferta que Jesus fez de si mesmo na cruz. Ele pediu aos seus discípulos que doravante fizessem aquilo em memória dele. A única coisa que Jesus ordenou a seus discípulos como modo de lembrarem-se da sua morte, uma fato que indica a essência da cruz para a fé cristã.
Evidentemente, o beber do cálice – vs. 20 - não aconteceu imediatamente após o partir do pão, mas algum tempo depois (veja Jr 31.31).
Jesus afirmava ser aquele cálice o novo testamento de seu sangue que seria derramado por eles. Ele estava com eles e conosco fazendo uma nova aliança. O termo aliança é um conceito bíblico importante. Em sua morte, Jesus fez o sacrifício que renovou a aliança de Deus com o seu povo (veja Jr 31.31).
Isso foi o cumprimento da Páscoa do Antigo Testamento e da aliança com Israel. Seria o sangue de Jesus que seria derramado por eles, ou seja, refere-se ao sangue que Jesus verteu na cruz. Toda a refeição representa o significado da morte iminente de Jesus.
Judas participa da ceia e ouve tudo até aqui, quando mete a mão junto com o senhor no prato à mesa. Jesus fala abruptamente sobre o traidor que há entre eles. O fato de o traidor estar usufruindo da comunhão à mesa com o Senhor torna o seu crime ainda mais abominável. Jesus tinha de cumprir a profecia e morrer conforme havia sido estipulado, mas isso não diminuía a culpa do traidor.
Somente o Evangelho de Lucas relata, nesse momento de tensão sobre o traidor, essa disputa, demonstrando quão distante estavam os doze de compreender o que Jesus tinha vindo fazer.
Jesus, como bom pastor os corrige e os ensina. Vários reis da antiguidade se intitulavam "benfeitores", muitas vezes sem nenhuma justificativa. Os discípulos, pelo contrário, devem procurar servir como Jesus serviu. Ele não só prega, como dá o exemplo de humildade.
O fato de que os discípulos deveriam servir, em vez de buscarem grandeza, não significa que passariam despercebidos. Jesus prossegue afirmando claramente que estava ciente do comprometimento de seus discípulos, pois estes haviam permanecido com ele, e que quando o Pai lhe entregasse o reino, haveria lugar para eles. Jesus lhes prometeu um futuro maravilhoso, que incluía julgarem as tribos de Israel (vs. 30).
Ato contínuo, Jesus dirige uma palavra para Pedro, chamando-o de Simão, Simão. A repetição do nome indica solenidade e ênfase, sendo uma forma de tratamento íntimo e pessoal. O termo no grego está no plural (cf. a nota sobre o vs. 32), indicando que Satanás pediu permissão para atormentar todo o grupo.
Observe que Satanás não tem permissão para agir fora dos limites que Deus estabeleceu para ele. Se objetivo seria peneirar os discípulos, uma metáfora incomum, mas que indicava claramente algum tipo de sofrimento.
Apesar do pedido de Satanás para peneirá-los, o Senhor tinha orado por eles. A sua oração foi para que a fé deles não desfalecesse. Depois que tivesse passado pela provação, Pedro deveria fortalecer os outros.
Nos vs. 35 e 36, fica claro que o futuro dos discípulos não seria tão fácil como havia sido até então. Até a espada deveriam comprar. Provavelmente não tinha a intenção de ser tomado literalmente, porém foi uma maneira de dizer que os discípulos enfrentariam perigo no futuro.
O próprio Jesus enfrentou o cumprimento de Is 53.12, e seus seguidores certamente experimentariam sofrimento. Quando os discípulos disseram a Jesus que conseguiram duas espadas, ele mesmo disse que bastava. Os discípulos entenderam as palavras de Jesus em sentido literal, mas a resposta de Jesus pode indicar "Basta desta conversa!”.
C. O Getsêmani (22.39-53).
Dos versos 39 ao 53, veremos a luta de Jesus no Getsêmani. Lucas registrou o terrível sofrimento e suportou ao pressentir a sua morte, bem como a fraqueza dos discípulos durante esse período.
Como de costume, Jesus foi para o monte das Oliveiras a um lugar escolhido. O Getsêmani (Mc 14.32), um bosque (jardim) de oliveiras (Jo 18.1). Lucas não menciona que Jesus escolheu Pedro, Tiago e João (que dormiram enquanto Jesus orava; veja Mt 26.37-45) para acompanhá-lo ao Getsêmani.
A ênfase de Lucas está na oração de Jesus, e não na fraqueza dos discípulos. Nesse tempo as pessoas geralmente oravam em pé (18.11,13), mas Jesus se ajoelha nesse momento solene.
Em sua oração, ele mencionava diante do Pai que teria de passar por tudo aquilo como se fosse o sorver do cálice. Um símbolo de sofrimento e ira divina (Is 51.17, Ez 23.33).
Ele pedia ao Pai que o livrasse disso, mas logo mudava seu pedido para que não fosse feita a vontade dele, mas de seu Pai. Considerando que Jesus tomou completamente sobre si a natureza humana, era natural ter ficado horrorizado com o sofrimento da cruz, um temor amplificado pela sua compreensão de que em sua morte ele experimentaria a separação de Deus e todo o peso da ira divina sobre os pecados dos escolhidos. Mesmo assim, Jesus estava determinado a fazer a vontade do seu Pai.
Somente o Evangelho de Lucas registra sobre o anjo que veio confortar Jesus, e também sobre o suor de Jesus se tornando "como gotas de sangue caindo sobre a terra" (vs. 44).
Quando acabou de orar, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo, mas Jesus os repreendeu. Eles não poderia estar ali dormindo, deveriam orar para serem livres da tentação que sobre eles viria. A ordem dada no v. 40 é repetida aqui, devido a sua importância.
Foi nesse momento que apareceu o traidor e logo se aproximou de Jesus para o beijar – vs. 47. O beijo era uma forma comum de saudação (1Ts 5.26), mas também indicava amizade e, nesse caso, um modo irônico e terrível de traição.
Todos ali percebem que algo terrível iria acontecer. Os discípulos iriam reagir com suas espadas e mesmo Pedro feriu a orelha de Malco. Apenas Lucas relata que Jesus curou a orelha do servo.
O fato é que uma prisão às escondidas e à noite representava adequadamente as atividades espirituais das trevas (cf. Ef 6.12; Cl 1.13).
D. A negação de Pedro (22.54-62).
Dos versos de 54 ao 62, veremos o dilema de Pedro que instantes atrás era o valentão com a espada na mão, mas agora estaria negando o próprio Senhor. A negação de Pedro. Embora Pedro viesse a se tornar um ilustre personagem no próximo livro de Lucas (Atos), aqui Pedro nega a Jesus por medo de perder a sua vida.
Jesus foi levado em primeiro lugar ao sumo sacerdote que havia tomado a iniciativa da prisão. Os quatro Evangelhos dão mais espaço ao julgamento do que à crucificação e, ao fazer isso, procuram demonstrar o motivo pelo qual os judeus condenaram Jesus e os romanos o crucificaram: para mostrar a verdade de que Jesus era, de fato, Filho de Deus e Rei dos Judeus.
Os quatro Evangelhos mencionam que uma escrava foi a primeira pessoa a confrontar Pedro. O segundo desafio veio da mesma criada (Mc 14.69) ou talvez de uma outra (Mt 26.71) ou ainda de um homem (Lc 22.58). Os serviçais estavam conversando no pátio, ao redor da fogueira, e qualquer pessoa que interrogasse Pedro teria chamado a atenção de todos os outros. A tripla negação de Pedro cumpriu a profecia de Jesus em 22.34.
Depois disso, Pedro estava arrasado - vs. 62 - e somente não teve o mesmo fim cruel de Judas por que se arrependeu e buscou o perdão de Deus.
E. Os julgamentos de Jesus (22.63-23.25).
Doravante, até o vs. 25, do próximo capítulo, veremos como foram os julgamentos de Jesus. Lucas registra as injustiças e as insolências cometidas contra Jesus em seu julgamento.
Evidentemente, Jesus foi deixado sob os cuidados de uma guarda de soldados que escarneceram da situação difícil em que ele se encontrava.
Nenhum dos Evangelhos faz um relato completo do julgamento de Jesus. Contudo, fica claro que houve duas fases principais:
·         Primeiro, os judeus julgaram Jesus perante o Sinédrio e obtiveram o veredicto de blasfêmia, um crime passível de morte de acordo com a lei. Porém, somente os romanos podiam executá-lo e decerto não o fariam por causa de uma acusação de blasfêmia.
·         Por isso, houve a necessidade de uma segunda fase em que os caluniadores teriam de arranjar um crime diferente se quisessem obter uma sentença de morte de acordo com a lei romana.
Somente pela manhã o tribunal judaico poderia se reunir, e qualquer coisa feita antes disso não era oficial. A descrição de Lucas sobre as pessoas presentes no tribunal aponta para o Sinédrio.
O Evangelho de Lucas não relata uma acusação formal ou um julgamento de acordo com os procedimentos legais vigentes na ocasião.
O Sinédrio simplesmente se limitou a provocar Jesus para que ele se auto incriminasse, de acordo com o entendimento que tinham sobre qual era o papel e as atribuições do Messias.
Jesus negou-se a fazer isso, mesmo porque, ainda que o fizesse, eles não teriam acreditado nele. Contudo, Jesus indicou que havia uma mudança a caminho ("Desde agora") e que ele seria colocado no lugar da mais alta honraria no céu.
A conversa e a busca de falhas prosseguiram sem êxito algum, até que pediram a ele que falasse claramente se ele era, como se dizia, o Filho de Deus? Não se sabe ao certo o que eles queriam dizer ao perguntar a Jesus se ele era "o" Filho de Deus (um homem como um rei poderia ser chamado de filho de Deus, p. ex., 1Cr 28.6), mas a presença do artigo definido "o" indica um relacionamento muito mais especial com Deus.
Para o Sinédrio, a resposta de Jesus encerrou o assunto, pois ele havia concordado que era o Filho de Deus; assim, tanto quanto entendiam, Jesus era culpado. Persuadir os romanos exigiria uma abordagem diferente, mas o que importava para eles é que Jesus era culpado, e que permanecesse assim até que a sua execução estivesse garantida.
Lc 22:1 Estava próxima a Festa dos Pães Asmos, chamada Páscoa.
Lc 22:2 Preocupavam-se os principais sacerdotes e os escribas
em como tirar a vida a Jesus;
porque temiam o povo.
Lc 22:3 Ora, Satanás entrou em Judas,
chamado Iscariotes,
que era um dos doze.
Lc 22:4 Este foi entender-se
com os principais sacerdotes
e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus;
Lc 22:5 então,
eles se alegraram
e combinaram em lhe dar dinheiro.
Lc 22:6 Judas concordou
e buscava uma boa ocasião de lho entregar sem tumulto.
Lc 22:7 Chegou o dia
da Festa dos Pães Asmos,
em que importava comemorar a Páscoa.
Lc 22:8 Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo:
Ide preparar-nos a Páscoa para que a comamos.
Lc 22:9 Eles lhe perguntaram:
Onde queres que a preparemos?
Lc 22:10 Então, lhes explicou Jesus:
Ao entrardes na cidade,
encontrareis um homem com um cântaro de água;
segui-o até à casa em que ele entrar
Lc 22:11 e dizei ao dono da casa:
O Mestre manda perguntar-te:
Onde é o aposento no qual
hei de comer a Páscoa
com os meus discípulos?
Lc 22:12 Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado;
ali fazei os preparativos.
Lc 22:13 E, indo,
tudo encontraram como Jesus lhes dissera
e prepararam a Páscoa.
Lc 22:14 Chegada a hora,
pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
Lc 22:15 E disse-lhes:
Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa,
antes do meu sofrimento.
Lc 22:16 Pois vos digo que nunca mais a comerei,
até que ela se cumpra no reino de Deus.
Lc 22:17 E, tomando um cálice,
havendo dado graças, disse:
Recebei
e reparti entre vós;
Lc 22:18 pois vos digo que,
de agora em diante,
não mais beberei do fruto da videira,
até que venha o reino de Deus.
Lc 22:19 E, tomando um pão,
tendo dado graças,
o partiu
e lhes deu, dizendo:
Isto é o meu corpo oferecido por vós;
fazei isto em memória de mim.
Lc 22:20 Semelhantemente,
depois de cear,
tomou o cálice,
dizendo:
Este é o cálice da nova aliança no meu sangue
derramado em favor de vós.
Lc 22:21 Todavia,
a mão do traidor está comigo à mesa.
Lc 22:22 Porque o Filho do Homem,
na verdade, vai segundo o que está determinado,
mas ai daquele por intermédio de quem
ele está sendo traído!
Lc 22:23 Então,
começaram a indagar entre si quem seria,
dentre eles, o que estava para fazer isto.
Lc 22:24 Suscitaram também entre si uma discussão
sobre qual deles parecia ser o maior.
Lc 22:25 Mas Jesus lhes disse:
Os reis dos povos dominam sobre eles,
e os que exercem autoridade são chamados benfeitores.
Lc 22:26 Mas vós não sois assim;
pelo contrário,
o maior entre vós seja como o menor;
e aquele que dirige seja como o que serve.
Lc 22:27 Pois qual é maior:
quem está à mesa ou quem serve?
Porventura, não é quem está à mesa?
Pois, no meio de vós,
eu sou como quem serve.
Lc 22:28 Vós sois os que tendes permanecido comigo
nas minhas tentações.
Lc 22:29 Assim como meu Pai me confiou um reino,
eu vo-lo confio,
Lc 22:30 para que comais e bebais
à minha mesa no meu reino;
e vos assentareis em tronos para julgar
as doze tribos de Israel.
Lc 22:31 Simão, Simão,
eis que Satanás vos reclamou
para vos peneirar como trigo!
Lc 22:32 Eu, porém, roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça;
tu, pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos.
Lc 22:33 Ele, porém, respondeu:
Senhor, estou pronto a ir contigo,
tanto para a prisão como para a morte.
Lc 22:34 Mas Jesus lhe disse:
Afirmo-te, Pedro, que, hoje,
três vezes negarás que me conheces,
antes que o galo cante.
Lc 22:35 A seguir, Jesus lhes perguntou:
Quando vos mandei
sem bolsa, sem alforje e sem sandálias,
faltou-vos, porventura, alguma coisa?
Nada, disseram eles.
Lc 22:36 Então, lhes disse:
Agora, porém, quem tem bolsa,
tome-a,
como também o alforje;
e o que não tem espada,
venda a sua capa
e compre uma.
Lc 22:37 Pois vos digo que importa
que se cumpra em mim o que está escrito:
Ele foi contado com os malfeitores.
Porque o que a mim se refere
está sendo cumprido.
Lc 22:38 Então, lhe disseram:
Senhor, eis aqui duas espadas!
Respondeu-lhes:
Basta!
Lc 22:39 E, saindo, foi,
como de costume,
para o monte das Oliveiras;
e os discípulos
o acompanharam.
Lc 22:40 Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse:
Orai, para que não entreis em tentação.
Lc 22:41 Ele, por sua vez,
se afastou, cerca de um tiro de pedra,
e, de joelhos,
orava, Lc 22:42 dizendo:
Pai, se queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade,
e sim a tua.
Lc 22:43 [Então, lhe apareceu
um anjo do céu
que o confortava.
Lc 22:44 E, estando em agonia,
orava mais intensamente.
E aconteceu que
o seu suor se tornou como gotas de sangue
caindo sobre a terra.]
Lc 22:45 Levantando-se da oração,
foi ter com os discípulos,
e os achou dormindo de tristeza, Lc 22:46 e disse-lhes:
Por que estais dormindo?
Levantai-vos e orai,
para que não entreis em tentação.
Lc 22:47 Falava ele ainda,
quando chegou uma multidão;
e um dos doze, o chamado Judas,
que vinha à frente deles,
aproximou-se de Jesus para o beijar.
Lc 22:48 Jesus, porém, lhe disse:
Judas, com um beijo
trais o Filho do Homem?
Lc 22:49 Os que estavam ao redor dele,
vendo o que ia suceder, perguntaram:
Senhor, feriremos à espada?
Lc 22:50 Um deles feriu
o servo do sumo sacerdote
e cortou-lhe a orelha direita.
Lc 22:51 Mas Jesus acudiu, dizendo:
Deixai, basta.
E, tocando-lhe a orelha,
o curou.
Lc 22:52 Então, dirigindo-se Jesus
aos principais sacerdotes,
capitães do templo
e anciãos que vieram prendê-lo, disse:
Saístes com espadas e porretes
como para deter um salteador?
Lc 22:53 Diariamente,
estando eu convosco no templo,
não pusestes as mãos sobre mim.
Esta, porém, é a vossa hora
e o poder das trevas.
Lc 22:54 Então,
prendendo-o,
o levaram
e o introduziram na casa do sumo sacerdote.
Pedro seguia de longe.
Lc 22:55 E,
quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se assentaram,
Pedro tomou lugar entre eles.
Lc 22:56 Entrementes,
uma criada,
vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse:
Este também estava com ele.
Lc 22:57 Mas Pedro negava, dizendo:
Mulher, não o conheço.
Lc 22:58 Pouco depois,
vendo-o outro, disse:
Também tu és dos tais.
Pedro, porém, protestava:
Homem, não sou.
Lc 22:59 E, tendo passado cerca de uma hora,
outro afirmava, dizendo:
Também este, verdadeiramente, estava com ele,
porque também é galileu.
Lc 22:60 Mas Pedro insistia:
Homem, não compreendo o que dizes.
E logo,
estando ele ainda a falar,
cantou o galo.
Lc 22:61 Então, voltando-se o Senhor,
fixou os olhos em Pedro,
e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera:
Hoje, três vezes me negarás,
antes de cantar o galo.
Lc 22:62 Então, Pedro,
saindo dali, chorou amargamente.
Lc 22:63 Os que detinham Jesus
zombavam dele,
davam-lhe pancadas
e, Lc 22:64 vendando-lhe os olhos, diziam:
Profetiza-nos:
quem é que te bateu?
Lc 22:65 E muitas outras coisas diziam contra ele,
blasfemando.
Lc 22:66 Logo que amanheceu,
reuniu-se a assembléia dos anciãos do povo,
tanto os principais sacerdotes
como os escribas,
e o conduziram ao Sinédrio,
onde lhe disseram:
Lc 22:67 Se tu és o Cristo,
dize-nos.
Então, Jesus lhes respondeu:
Se vo-lo disser,
não o acreditareis;
Lc 22:68 também,
se vos perguntar,
de nenhum modo me respondereis.
Lc 22:69 Desde agora,
estará sentado o Filho do Homem
à direita do Todo-Poderoso Deus.
Lc 22:70 Então, disseram todos:
Logo, tu és o Filho de Deus?
E ele lhes respondeu:
Vós dizeis que eu sou.
Lc 22:71 Clamaram, pois:
Que necessidade mais temos de testemunho?
Porque nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.
Eles não conseguiam achar nada de que acusar a Jesus até que fizeram a pergunta chave se ele era ou não Filho de Deus. Quando sua resposta veio por causa de sua pergunta, logo encerraram a busca por acusações e resolveram sentenciá-lo.
Eles não conhecerem os tempos e as estações e ainda mandaram embora, condenando à morte, o único que poderia dar-lhes vida! Era mesmo como se alguém estivesse jogando fora o seu único paraquedas na hora da maior crise. De fato, Deus nos ama, apesar de nós! A salvação é mesmo monergista...
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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