Como já dissemos,
estamos estudando o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes
principais, as suas narrativas, até o capítulo 6 – já vista - e as suas visões, do 7 ao 12.
Continuaremos
vendo agora as suas visões. Ressaltamos que as histórias de Daniel e de seus
amigos ilustram a fidelidade deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as
nações.
Parte II - AS VISÕES
(7.1-12.13) – continuação.
Como também já
dissemos, as visões de Daniel descrevem o futuro do povo de Deus olhando para
além dos anos de exílio. Deus revelou a Daniel que quatro grandes impérios
controlariam Israel e perseguiriam os israelitas. Nesses capítulos,
Daniel muda das narrativas históricas para os relatos das visões.
Essas visões dependem dos dois temas
centrais estabelecidos nos primeiros seis capítulos do livro:
üO
Deus de Israel estava no controle de todas as nações.
üDaniel
era digno de confiança como um intransigente profeta de Deus.
Esses capítulos preparam um Israel exilado
para a longa espera pela restauração e para as dificuldades que viriam sob o
controle de poderes estrangeiros.
Elas encorajam também o povo de Deus a não
desistir da esperança de que o reino de Deus viria ao término dessas aflições.
Daniel mencionou quatro tópicos principais:
üOs
quatro animais (7.1-28) – já vimos.
üUm
carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos.
üAs
"setenta semanas" (9.1-27) – já
vimos.
üO
futuro do povo de Deus (10.1-12.13) – veremos
agora..
Esta segunda
parte, ressaltamos, foi dividida, seguindo a estruturação da BEG, em quatro
seções: A. A visão dos quatro animais (7.1-28) – já vista; B. A visão de um carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos; C. A visão das setenta
semanas (9.1-27) – já vimos; e, D. A
visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13) – veremos agora.
D. A visão sobre o
futuro do povo de Deus (10.1-12.13).
Veremos do capítulo 10 ao 12, concluindo o
livro de Daniel, a visão do futuro do povo de Deus.
O profeta volta a sua atenção para uma
visão final e longa que focaliza o reinado de Antíoco IV Epífanes e olha também
para além desse reino.
Esse material se divide em quatro seções
principais, conforme já citado acima: 1. A mensagem do
anjo para Daniel (10.1-11.1) – começaremos
agora; 2. De Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20); 3. O governo de
Antíoco IV Epífanes (11.21-12.3); e, 4. A mensagem final a Daniel (12.4-13).
1. A mensagem do anjo
para Daniel (10.1-11.1).
Até o primeiro versículo do próximo
capítulo, estaremos vendo a mensagem do anjo para Daniel. Daniel foi preparado
por um ser angélico para receber a visão relativa a "dias ainda
distantes" (10.14).
Foi no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia,
por volta de 537 a.C., que foi revelada a Daniel uma palavra – palavra
verdadeira – relacionada a um grande conflito, o qual Daniel, à época, entendeu
a palavra e a visão, obviamente de forma parcial, uma vez que ele era um
cidadão de uma época bem distante.
Nesse tempo, nos esclarece o nosso guia, a
BEG, que os exilados repatriados estavam de volta na Terra Prometida para
reconstruir o templo (Ed 1.1-4; 3.8), mas logo teriam de abandonar a
reconstrução (Ed 4.24).
Foram naqueles dias que Daniel ficou
pranteando por 21 dias ou 3 semanas (3 x 7) nas quais teve um propósito em
jejum:
·Nenhuma
coisa desejável comeu.
·Nem
carne nem vinho entraram em sua boca.
·Nem
se ungiu com unguento.
Provavelmente o pranto de Daniel foi
causado pelo estado de Jerusalém (Ne 1.4; Is 61.3-4; 68.8-12; 66.10).
Assim foi com ele até que no dia 24 do primeiro
mês estando ele à borda do grande rio Tigre, levantou os seus olhos e viu um
homem vestido de linho com seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz. Esses
vs. 5-6 dão uma visão detalhada de um anjo, talvez Gabriel (9.21) ou aquele que
falou por Gabriel (8.16).
A aparência dele era semelhante à da glória
do Senhor (Ez 1.26-28; Ap 1.12-16). Para outras referências a anjos, podemos
ver em Jz 13.6; Ez 9.2-3; 10.2; Lc 24.4. Reparemos melhor em sua aparência
incrível:
·Vestido
de linho.
·Lombos
cingidos com ouro fino de Ufaz.
·Corpo
era como o berilo.
·Rosto
como um relâmpago.
·Olhos
eram como tochas de fogo.
·Braços
e pés como o brilho de bronze polido.
·Voz
das suas palavras como a voz duma multidão.
Daniel não resistiu e sobre ele sobre todos
os que estavam ali caiu grande temor. - vs. 7; Is 6.5; Lc 5.8. Daniel viu, mas
os que estavam ali com ele nada viram, mas sentiram e se esconderam.
Aquelas palavras de oração de Daniel foram
ouvidas e, por causa delas é que aquele ser fantástico veio até ele, em
obediência a Deus. A visão e a revelação recebidas por Daniel vieram como resposta
direta às suas orações.
Por causa da visão, Daniel perdeu as suas
forças e desfigurou-se o seu rosto, mas ainda assim podia ouvir a voz dele, mas
Daniel caiu em profundo sono, com o rosto em terra, de tão cansado, exausto.
Naquele momento uma mão o tocou e ela fez
com que ele se levantasse, mas tremia e seus joelhos batiam um no outro.
Apoiando em seu joelho e com as palmas das suas mãos, reuniu forças para se
levantar.
E o anjo lhe disse que ele era muito amado
e que era para ele entender e levantar-se sobre os seus pés, pois que ele, o
anjo, lhe era enviado.
Daniel reagiu a sua fala e conseguiu pôr-se
de pé, com dificuldades e ainda tremendo.
O anjo volta a lhe falar e explicar as
coisas. Ele começa dizendo que desde o primeiro dia, dos vinte e um, ele foi
enviado a Daniel. Chama atenção o fato de que Daniel aplicou seu coração a
compreender e a se humilhar perante Deus e foi por isso que foram ouvidas as
suas palavras e por causa das palavras dele é que o anjo tinha vindo.
No entanto, houve problemas no caminho do
anjo, pois o príncipe da Pérsia o resistiu e isso por vinte e um dias! Se
aquele anjo pode ser resistido, imaginem quem se lhe opôs e ainda por vinte e
um dias. Nem dá para imaginar tamanhos confrontos angelicais. Este anjo teve de
receber ajuda de outro anjo, chamado de príncipe, um dos primeiros, que veio
ajudá-lo. Seu nome Miguel.
No contexto fica aparente que esse príncipe
que resistiu ao anjo por vinte e um dias se refere a um ser espiritual
poderoso, mas maligno (cf. Jó 1.6-12; SI 82; Is 24.21; Lc 11.14-26), designado
por Satanás para agir no interesse do governo persa.
Do mesmo modo, o arcanjo Miguel é chamado
"o grande príncipe, o defensor" de Israel (12.1).
Em outras ocasiões no Antigo Testamento os
exércitos do céu são mencionados como lutando por Israel (Jz 5.20; 2Rs 6.15-18;
SI 103.20-21). Miguel é retratado como comandante dos santos anjos em Jd 9 e em
Ap 12.7.
Aqui temos um vislumbre das batalhas
espirituais travadas no céu e que afetam os acontecimentos sobre a terra (Ef
6.12; Ap 12.7-9).
O fato era que aquele anjo vinha fazer entender
o que haveria de suceder ao povo de Israel nos derradeiros dias, pois a visão
era para muitos dias à frente. Ao falar ele com Daniel aquelas palavras, Daniel
abaixou o seu rosto para terra e emudeceu. Fugiram-se as palavras de sua boca!
Nesse interim, surge um ser que tinha a
semelhança dos filhos dos homens e tocou nos lábios de Daniel e ele pode abrir
a sua boca e falar. Pode dizer àquele que estava diante dele que por causa da
visão é que lhe sobreveio muitas dores e ele se encontrava extenuado e não
podia, nem conseguia falar, nem ouvir dele coisa alguma, uma vez que lhe
faltavam forças e mesmo fôlego.
Novamente aquele ser, provavelmente o mesmo
que o tocou no início, o que tinha a semelhança de filho dos homens, tocou
novamente nele, em Daniel e conseguiu consolá-lo. Ele disse para ele algo
incrível:
·Não
temas, homem muito amado.
·Paz
seja contigo.
·Sê
forte e tem bom ânimo.
Na ação desse anjo – dupla ação de toque - para
fortalecer Daniel vemos duas coisas o toque e as palavras. Foi quando ele
falava com ele que as suas forças começaram a retornar a ele de forma que pode
dizer: pode falar-me, meu senhor, pois
que me fortaleceste.
Dn 10:1 No ano terceiro de Ciro, rei da
Pérsia,
foi revelada
uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar,
uma
palavra verdadeira concernente a um grande conflito;
e
ele entendeu esta palavra,
e
teve entendimento da visão.
Dn 10:2
Naqueles dias eu, Daniel,
estava
pranteando por três semanas inteiras.
Dn
10:3 Nenhuma coisa desejável comi,
nem
carne nem vinho entraram na minha boca,
nem
me ungi com ungüento,
até que se
cumpriram as três semanas completas.
Dn 10:4 No
dia vinte e quatro do primeiro mês,
estava
eu à borda do grande rio, o Tigre;
Dn
10:5 levantei os meus olhos, e olhei,
e
eis um homem vestido de linho
e
os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
Dn
10:6 o seu corpo era como o berilo,
e o seu rosto
como um relâmpago;
os seus olhos
eram como tochas de fogo,
e os seus
braços e os seus pés
como
o brilho de bronze polido;
e a voz das
suas palavras como a voz duma multidão.
Dn 10:7 Ora,
só eu, Daniel, vi aquela visão;
pois
os homens que estavam comigo não a viram:
não
obstante, caiu sobre eles um grande temor,
e
fugiram para se esconder.
Dn 10:8
Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão,
e
não ficou força em mim;
desfigurou-se
a feição do meu rosto,
e
não retive força alguma.
Dn 10:9
Contudo, ouvi a voz das suas palavras;
e,
ouvindo o som das suas palavras,
eu
caí num profundo sono, com o rosto em terra.
Dn 10:10 E
eis que uma mão me tocou,
e
fez com que me levantasse, tremendo,
sobre
os meus joelhos
e
sobre as palmas das minhas mãos.
Dn 10:11 E me
disse:
Daniel,
homem muito amado,
entende
as palavras que te vou dizer,
e
levanta-te sobre os teus pés;
pois
agora te sou enviado.
Ao
falar ele comigo esta palavra,
pus-me
em pé tremendo.
Dn 10:12
Então me disse:
Não
temas, Daniel;
porque
desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração
a
compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
são
ouvidas as tuas palavras,
e
por causa das tuas palavras eu vim.
Dn 10:13 Mas
o príncipe do reino da Pérsia me resistiu
por
vinte e um dias;
e
eis que Miguel, um dos primeiros príncipes,
veio
para ajudar-me,
e eu o deixei
ali com os reis da Pérsia.
Dn 10:14
Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder
ao
teu povo nos derradeiros dias;
pois
a visão se refere a dias ainda distantes.
Dn 10:15 Ao
falar ele comigo estas palavras,
abaixei
o rosto para a terra e emudeci.
Dn 10:16 E
eis que um que tinha a semelhança dos filhos dos homens
me
tocou os lábios;
então
abri a boca e falei,
e
disse àquele que estava em pé diante de mim:
Senhor meu,
por causa da visão sobrevieram-me dores,
e
não retenho força alguma.
Dn 10:17
Como, pois, pode o servo do meu Senhor
falar
com o meu Senhor? pois, quanto a mim,
desde
agora não resta força em mim,
nem
fôlego ficou em mim.
Dn 10:18
Então tornou a tocar-me um que tinha
a
semelhança dum homem, e me consolou.
Dn 10:19 E
disse:
Não
temas, homem muito amado;
paz
seja contigo;
sê
forte, e tem bom ânimo.
E
quando ele falou comigo, fiquei fortalecido, e disse:
Fala,
meu senhor, pois me fortaleceste.
Dn 10:20
Ainda disse ele:
Sabes
por que eu vim a ti?
Agora
tornarei a pelejar
contra
o príncipe dos persas;
e, saindo eu,
eis que virá o príncipe da Grécia.
Dn 10:21
Contudo eu te declararei
o
que está gravado na escritura da verdade;
e
ninguém há que se esforce comigo contra aqueles,
senão
Miguel, vosso príncipe.
O anjo lhe pergunta mais uma vez se ele
sabia por que ele tinha vindo e lhe diz que voltaria a pelejar contra o príncipe
dos persas e, que saindo ele, viria o príncipe da Grécia - um anjo caído ou
poder demoníaco designado por Satanás para participar dos negócios do reino
grego (vs. 13; veja Jo 14.30; Ef 6.12).
Embora tanto a Pérsia quanto a Grécia
tenham conquistado o povo de Deus, Daniel deveria entender que o seu poder
seria limitado pelo poder de Deus, cujos propósitos sempre prevalecem.
O anjo encerra sua ministração a Daniel
afirmando que o que ele declarara a ele era o que estava gravado na escritura
da verdade, provavelmente, como nos diz a BEG, uma metáfora para o conhecimento
e controle de Deus sobre toda a História.
Também desabafou para Daniel que ninguém
havia que se esforçava com ele contra aqueles, senão Miguel a quem ele chamou
de nosso príncipe. O interesse de Miguel em proteger Israel (vs. 13; cf. 12.1)
corresponde ao do mensageiro, que estava diretamente envolvido com os
propósitos de Deus.
Como já dissemos,
estamos estudando o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes
principais, as suas narrativas, até o capítulo 6 – já vista - e as suas visões, do 7 ao 12.
Continuaremos
vendo agora as suas visões. Ressaltamos que as histórias de Daniel e de seus
amigos ilustram a fidelidade deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as
nações.
Parte II - AS VISÕES
(7.1-12.13) – continuação.
Como também já
dissemos, as visões de Daniel descrevem o futuro do povo de Deus olhando para
além dos anos de exílio. Deus revelou a Daniel que quatro grandes impérios
controlariam Israel e perseguiriam os israelitas. Nesses capítulos,
Daniel muda das narrativas históricas para os relatos das visões.
Essas visões dependem dos dois temas
centrais estabelecidos nos primeiros seis capítulos do livro:
üO
Deus de Israel estava no controle de todas as nações.
üDaniel
era digno de confiança como um intransigente profeta de Deus.
Esses capítulos preparam um Israel exilado
para a longa espera pela restauração e para as dificuldades que viriam sob o
controle de poderes estrangeiros.
Elas encorajam também o povo de Deus a não
desistir da esperança de que o reino de Deus viria ao término dessas aflições.
Daniel mencionou quatro tópicos principais:
üOs
quatro animais (7.1-28) – já vimos.
üUm
carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos.
üAs
"setenta semanas" (9.1-27) – veremos
agora.
üO
futuro do povo de Deus (10.1-12.13).
Esta segunda
parte, ressaltamos, foi dividida, seguindo a estruturação da BEG, em quatro
seções: A. A visão dos quatro animais (7.1-28) – já vista; B. A visão de um carneiro e um bode (8.1-27) – já vimos; C. A visão das setenta
semanas (9.1-27) – veremos agora; e, D.
A visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13) – a quarta seção também
será dividida em quatro partes: 1. A mensagem do anjo para Daniel (10.1-11.1); 2.
De Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20); 3. O governo de Antíoco IV
Epífanes (11.21-12.3); e, 4. A mensagem final a Daniel (12.4-13).
C. A visão das
setenta semanas (9.1-27).
Veremos no capítulo 9 a famosa e importante
visão das setenta semanas de Daniel. Daniel registra o relato de uma revelação
que recebeu a respeito da profecia de Jeremias sobre os setenta anos de
desolação de Jerusalém.
Como vimos, Jeremias e Daniel aqui estão
intimamente ligados e Daniel procurará entender e nos explicará sua visão.
A visão seguiu-se a uma oração de Daniel na
qual ele confessa a justiça da desolação de Jerusalém e busca o favor de Deus
para a restauração da cidade e do templo.
Essa visão revelou que o tempo do exílio de
Judá foi prolongado porque o povo de Deus ainda não havia se arrependido dos
pecados que havia trazido o exílio para eles.
Foi no primeiro ano do reinado de Dario,
filho de Assuero, que Daniel diz ter entendido pelos livros de que o número de
anos de desolação que falara Jeremias seria de 70 anos.
O termo "Assuero" (não a mesma
pessoa mencionada em Et 1.1) pode ser um título real e não um nome pessoal. O
primeiro ano do reinado de Dario foi 539 a.C.
Daniel estava preocupado, pois os setenta
anos se aproximavam do fim, mas os israelitas não estavam preparados para
voltar para a Terra Prometida. (Veja Jr 25.11-12; 29.10.)
A BEG nos diz que os intérpretes discordavam
quanto às datas do começo e do fim desse período de setenta anos, e também sobre
se eles devem ou não ser entendidos como um número inteiro, sugerindo um
período de vida humano ou um período exato de tempo.
Alguns datam o período a partir de 586 a.C.
(a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor) até 515 a.C. quando a restauração
do templo foi terminada sob Zorobabel (Ed 6.13-18; Zc 1.12).
Outros datam o início desse período a
partir do ano em que Daniel foi levado cativo (604 a.C.). Daniel também estava,
sem dúvida, consciente de que Isaías havia profetizado o término do exílio de
Israel durante o governo persa de Ciro (Is 44.28; 45.1-13).
Como Daniel aparentemente fez aqui, o
escritor de Crônicas cita a libertação de Israel por Ciro em 539 a.C. como
cumprimento da profecia de Jeremias (2Cr 36.21).
Na literatura do antigo Oriente Próximo,
setenta anos era um período de tempo padrão durante o qual um deus puniria o
seu povo por deslealdade.
Esse período poderia ser estendido ou
encurtado de acordo com as reações do povo. Por essa razão não é de se
estranhar que haveria certa flexibilidade nas diferentes maneiras utilizadas
pelos escritores bíblicos na aplicação desse número à história de Israel.
Com esse entendimento e a falta de preparo
do povo, Daniel se inquietou e foi buscar Deus dirigindo o seu rosto ao Senhor,
para buscá-lo com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. Ele foi orar ao
Senhor seu Deus, e confessando, disse ao Senhor sua oração – vs. 3 e 4.
Ela ficou registrada dos versos 4 ao 19. A
oração de Daniel, conforme nos fala a BEG, está baseada na compreensão da
relação pactual do Senhor com o seu povo (bênção para a obediência, maldição
para a desobediência; veja especialmente os vs. 5,7,11-12,14; Lv 26.14-45; Dt
28.15-68; 30.1-5). Para uma oração semelhante, veja Ne 9.
Conforme a BEG, essa oração de Daniel contém
quatro partes:
(1)Adoração
(vs. 4).
(2)Confissão
de pecado (vs. 5-11a).
(3)Reconhecimento
da justiça de Deus em seu julgamento do pecado (vs. 11b-14).
(4)Apelo
à misericórdia de Deus baseado no cuidado pelo seu nome, reino e vontade (vs.
15-19).
São características da sua oração, a qual
acaba se tornando modelo de oração eficiente para todos nós:
·Baseia-se
nas promessas de Deus (vs. 2).
·Foi
pronunciada num espírito de contrição e humildade (vs. 3).
·Fornece
um modelo para os elementos apropriados de uma oração eficiente.
Daniel ainda estava orando ao Senhor quando
subitamente lhe apareceu Gabriel que ele já tinha visto antes em suas visões e
o tocou à hora da oblação da tarde. Ele fez questão de ressaltar que ele veio
voando rapidamente – vs. 21. Ele o chamou de varão ou de o homem Gabriel.
Gabriel, então, afirma a ele o propósito de
sua vinda: torná-lo sábio e entendido. Ele explica – vs. 23 – que no princípio
das suas súplicas, saiu a ordem, e ele veio, para declarar a ele o significado
da visão. Nesse momento, ele elogia Daniel dizendo que ele era muito amado e o
exorta a considerar, pois, a palavra que ele explicará permitindo a ele
entender a visão.
O termo “SETENTA SEMANAS” representa a
tradução literal (ou "setenta setes"), significando quatrocentos e
noventa anos (9.24-27). Os setenta anos de exílio (vs. 2) são multiplicados
sete vezes de acordo com o padrão das maldições pactuais (Lv 26.14,21,24,28).
Deus prolongou o exílio por causa da
contínua pecaminosidade de Israel. Assim corno os setenta anos de exílio
preditos por Jeremias provavelmente exprimiam uma fórmula padrão, o período de
quatrocentos e noventa anos possivelmente representava também uma fórmula
padrão.
Por exemplo, o livro não canônico jubileus,
que data do período intertestamentário, estrutura toda a História em períodos
de quatrocentos e noventa anos.
É possível, portanto, que Daniel tivesse em
mente não um cálculo preciso de anos, mas segmentos de tempo amplamente
definidos.
Essa extensão de tempo não era absoluta;
poderia ser aumentada se o povo continuasse a rebelar-se, ou diminuída, caso se
arrependesse.
Seis itens deveriam ser cumpridos durante
esse período de "setenta ‘setes’" – vs. 24:
1.Fazer
cessar a transgressão.
2.Dar
fim aos pecados.
3.Expiar
a iniquidade.
4.Trazer
a justiça eterna.
5.Selar
a visão e a profecia.
6.Ungir
o santíssimo.
Como observamos em todas as profecias do
Antigo Testamento sobre a restauração do exílio nos últimos dias, esses seis
itens são cumpridos na obra de Cristo ao trazer o reino de Deus.
O Novo Testamento nos ensina sobre o reino
de Deus:
·Que
o reino foi inaugurado na primeira vinda de Cristo.
·Que
o reino continua agora.
·Que
o reino alcançará a consumação no retorno de Cristo.
Portanto, alguns aspectos dessas predições
são mais estreitamente relacionados com a primeira vinda de Cristo, outras com
a segunda vinda e outros ainda, serão cumpridas por ambas, a primeira e a
segunda vindas.
Dos versos de 25 a 27, Gabriel ajuda Daniel
a entender melhor as 70 semanas. Essas "setenta semanas" dos anos
estão divididas em três subunidades de quarenta e nove anos ("sete ‘semanas’";
vs. 25), quatrocentos e trinta e quatro anos ("sessenta e duas
semanas" vs. 26) e sete anos ("uma semana" vs. 27).
Os intérpretes diferem sobre se essas
subunidades devem ser vistas como uma sequência contínua ou como subunidades
separadas por intervalos de tempo.
Muitas tentativas têm sido feitas para
entender essa cronologia como um número preciso de anos, mas todas elas deixam
de alcançar uma precisão devido ao fato de que esses números são tomados como números
inteiros de períodos representativos de tempo.
Embora os cálculos de Daniel não devam ser
tomados como precisos, o padrão básico de sua predição pode ser compreendido
sem cairmos em especulação.
A ordem para reconstruir Jerusalém (vs. 25)
foi seguida de "sete 'semanas", ou quarenta o nove anos (vs. 25) na
ocasião em que a reconstrução de Jerusalém foi completada (veja Ed e Ne).
A reconstrução de Jerusalém foi seguida por
"sessenta e duas ‘semanas’", ou quatrocentos e trinta e quatro anos (vs.
25), sendo que nesse tempo o Ungido foi morto (vs. 26). A "semana"
única foi cumprida durante o tempo, ou perto do tempo do ministério terreno de
Cristo (vs. 27).
Conforme a BEG, há duas possibilidades de
interpretarmos essa figura do ungido ou do príncipe do vs. 25:
(1)Ele
é o Messias, o Cristo.
(2)Ele
é um rei a quem Deus escolheu como o instrumento para realizar a sua vontade
(cf. Is 45.1).
Embora a maioria dos intérpretes assuma que
no vs. 25 o ungido e o príncipe sejam a mesma pessoa, há algum desacordo quanto
a se essa figura é ou não idêntica à pessoa ou pessoas referidas como "o
ungido" e o "príncipe" no vs. 26.
Depois de sessenta e duas semanas:
·O
Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele.
·O
povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário.
·O
fim virá como uma inundação:
üGuerras
continuarão até o fim.
üDesolações
foram decretadas.
·E
ele fará um pacto firme com muitos por uma semana.
·No
meio da semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta.
·E
numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele
o fim que lhe está decretado.
No vs. 26, o príncipe parece agir contra
Deus. Se ambos os versículos fazem referência ao mesmo governante, é mais
provável que ele não deve ser equiparado ao Messias.
A frase “será morto o Ungido” – vs. 26 - seria, ou uma referência à
crucificação de Cristo, ou ao julgamento que Deus traria sobre o rei que havia
ultrapassado os limites como instrumento de julgamento apontado por Deus.
Conforme a BEG, o povo de um príncipe que
há de vir que destruirá a cidade e o santuário é uma referência ao grego
Antíoco IV Epífanes como precursor do general romano Tito, ou diretamente a
Tito e/ou aos seus exércitos que destruíram Jerusalém em 70 d.C.
Será ele, o príncipe, que fará uma firme
aliança com muitos, por uma semana. O antecedente mais provável de
"ele" é o "Ungido" ou o "príncipe" (vs. 26), nesse
caso fica melhor o príncipe. É comum interpretar essa afirmação como descritiva
de um acordo que o anticristo estabelecerá com o povo judeu que voltará a
reunir-se na terra de Israel durante o período de "tribulação".
Esse príncipe, na metade da semana, fará
cessar o sacrifício e a oferta de manjares, ou seja, isso pode ser uma
referência ao término do sistema sacrificial do Antigo Testamento com a morte
de Cristo. É também possível que se refira à profanação do templo por Antíoco
IV Epífanes ou por Tito (vs. 26).
Alguns intérpretes assumem, conforme a BEG,
a posição menos provável de que seja uma referência à proibição feita pelo
anticristo de "sacrifícios e ofertas" (talvez significando prática
religiosa em geral) pelo povo judeu novamente reunido após três anos e meio (Ap
11.2; 12.6,14) do período da "tribulação".
Dn 9:1 No ano primeiro de Dario,
filho de
Assuero, da linhagem dos medos,
o
qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus.
Dn 9:2 no ano
primeiro do seu reinado,
eu,
Daniel, entendi pelos livros que o número de anos,
de
que falara o Senhor ao profeta Jeremias,
que
haviam de durar as desolações de Jerusalém,
era
de setenta anos.
Dn 9:3 Eu,
pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus,
para
o buscar
com
oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
Dn
9:4 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse:
Ó Senhor,
Deus grande e tremendo,
que
guardas o pacto e a misericórdia
para
com os que te amam
e
guardam os teus mandamentos;
Dn
9:5 pecamos e cometemos iniqüidades,
procedemos
impiamente, e fomos rebeldes,
apartando-nos
dos teus preceitos e das tuas ordenanças.
Dn
9:6 Não demos ouvidos aos teus servos,
os
profetas, que em teu nome falaram
aos
nossos reis, nossos príncipes,
e
nossos pais,
como também a
todo o povo da terra.
Dn 9:7 A ti,
ó Senhor, pertence
a
justiça, porém a nós a confusão de rosto,
como
hoje se vê;
aos homens de
Judá, e aos moradores de Jerusalém,
e
a todo o Israel;
aos de perto
e aos de longe,
em
todas as terras para onde os tens lançado
por
causa das suas transgressões
que
cometeram contra ti.
Dn 9:8 Ó
Senhor, a nós pertence a confusão de rosto,
aos
nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais,
porque
temos pecado contra ti.
Dn 9:9 Ao
Senhor, nosso Deus, pertencem
a
misericórdia e o perdão;
pois
nos rebelamos contra ele,
Dn
9:10 e não temos obedecido à voz do Senhor,
nosso
Deus, para andarmos nas suas leis,
que
nos deu por intermédio de seus servos,
os
profetas.
Dn 9:11 Sim,
todo o Israel tem transgredido a tua lei,
desviando-se,
para não obedecer à tua voz;
por
isso a maldição, o juramento que está escrito
na
lei de Moisés, servo de Deus,
se
derramou sobre nós;
porque
pecamos contra ele.
Dn 9:12 E ele
confirmou a sua palavra, que falou contra nós,
e
contra os nossos juízes que nos julgavam,
trazendo
sobre nós um grande mal;
porquanto
debaixo de todo o céu nunca se fez
como
se tem feito a Jerusalém.
Dn 9:13 Como
está escrito na lei de Moisés,
todo
este mal nos sobreveio;
apesar
disso, não temos implorado o favor do Senhor
nosso
Deus, para nos convertermos
das
nossas iniqüidades,
e para
alcançarmos discernimento na tua verdade.
Dn 9:14 por
isso, o Senhor vigiou sobre o mal,
e
o trouxe sobre nós; pois justo é o Senhor, nosso Deus,
em
todas as obras que faz;
e
nós não temos obedecido à sua voz.
Dn 9:15 Na
verdade, ó Senhor, nosso Deus,
que
tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa,
e
te adquiriste nome como hoje se vê,
temos
pecado, temos procedido impiamente.
Dn
9:16 e Senhor, segundo todas as tuas justiças,
apartem-se
a tua ira e o teu furor
da
tua cidade de Jerusalém,
do
teu santo monte;
porquanto por
causa dos nossos pecados,
e por causa
das iniqüidades de nossos pais,
tornou-se
Jerusalém e o teu povo
um opróbrio
para todos os que estão
em
redor de nós.
Dn 9:17
Agora, pois, ó Deus nosso,
ouve
a oração do teu servo,
e
as suas súplicas,
e
sobre o teu santuário assolado
faze
resplandecer o teu rosto,
por
amor do Senhor.
Dn
9:18 Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve;
abre
os teus olhos, e olha para a nossa desolação,
e
para a cidade que é chamada pelo teu nome;
pois não lançamos as nossas súplicas
perante
a tua face fiados em nossas justiças,
mas
em tuas muitas misericórdias.
Dn
9:19 Ó Senhor, ouve;
ó
Senhor, perdoa;
ó
Senhor, atende-nos
e
põe mãos à obra sem tardar,
por
amor de ti mesmo, ó Deus meu,
porque a tua
cidade e o teu povo se chamam
pelo
teu nome.
Dn 9:20
Enquanto estava eu ainda
falando
e orando, e confessando o meu pecado,
e
o pecado do meu povo Israel,
e lançando a
minha súplica perante a face do Senhor,
meu
Deus, pelo monte santo do meu Deus,
Dn 9:21 sim
enquanto estava eu ainda falando na oração,
o
varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão
ao
princípio, veio voando rapidamente,
e
tocou-me à hora da oblação da tarde.
Dn 9:22 Ele me instruiu, e falou comigo,
dizendo:
Daniel, vim
agora para fazer-te sábio e entendido.
Dn 9:23 No
princípio das tuas súplicas, saiu a ordem,
e
eu vim, para to declarar, pois és muito amado;
qconsidera,
pois, a palavra e entende a visão.
Dn 9:24 Setenta
semanas estão decretadas
sobre
o teu povo,
e
sobre a tua santa cidade,
para
fazer cessar a transgressão,
para
dar fim aos pecados,
e
para expiar a iniqüidade,
e
trazer a justiça eterna,
e
selar a visão e a profecia,
e
para ungir o santíssimo.
Dn 9:25 Sabe
e entende:
desde
a saída da ordem
para
restaurar e para edificar Jerusalém
até
o ungido, o príncipe,
haverá
sete semanas,
e
sessenta e duas semanas;
com
praças e tranqueiras se reedificará,
mas
em tempos angustiosos.
Dn 9:26 E
depois de sessenta e duas semanas
será
cortado o ungido,
e
nada lhe subsistirá;
e o povo do
príncipe que há de vir
destruirá
a cidade e o santuário,
e
o seu fim será com uma inundação;
e
até o fim haverá guerra;
estão
determinadas assolações.
Dn 9:27 E ele
fará um pacto firme com muitos por uma semana;
e
na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação;
e
sobre a asa das abominações virá o assolador;
e
até a destruição determinada,
a
qual será derramada sobre o assolador.
Depois de ele cessar o sacrifício e a
oblação virá o assolador nas asas da abominação. É muito provável, esclarece a
BEG, que Daniel tenha descrito a destruição do templo sob o governo de Antíoco
IV Epífanes ou sob Tito, e não ações de um futuro anticristo.
Frases semelhantes a "uma abominação
que causa desolação" ocorrem em 8.13, 11.31; 12.11, assim como em 1
Macabeus 1.54 (um livro apócrifo).
Dn 8.13 e 1Macabeus 1.54 se referem às
atividades de Antíoco IV. Daniel usou a mesma linguagem para descrever aquele
que profanaria o templo numa época próxima à do Messias. Jesus aludiu a essa
abominação em Mt 24.15, Mc 13.14.
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