Estamos estudando
o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes principais, as suas
narrativas, até o capítulo 6 e as suas visões, do 7 ao 12. Estamos vendo agora
as suas narrativas. Ressaltamos que as histórias de Daniel e de seus amigos
ilustram a fidelidade deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as
nações.
Como já dissemos,
esta primeira parte foi dividida, seguindo a estruturação da BEG, em seis
seções: A. a defesa de Daniel e de seus amigos (1.1-21) – já vimos; B. O sonho de Nabucodonosor (2.1-49) – veremos agora; C. Livramento da fornalha
(3.1-30); D. O segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37); E. O julgamento de
Belsazar (5.1-31); e, F. O livramento de Daniel da cova dos leões (6.1-28).
B. O sonho de
Nabucodonosor (2.1-49).
Este foi o
primeiro dos sonhos de Nabucodonosor. Enquanto a serviço de Nabucodonosor,
Daniel interpretou os sonhos do rei, demonstrando que era grandemente abençoado
por Deus, e que Deus estava dirigindo a História para o estabelecimento do seu
reino.
O fato se deu no
segundo ano do reinado de Nabucodonosor – conforme sistema de datação
babilônico do ano da ascensão - quando ele teve uns sonhos e seu espírito muito
se perturbou e o seu sono foi-se embora. Muito provavelmente depois daquela
sabatina pela qual passaram os 4 jovens que foram tidos por dez vezes mais
sábios que os outros, conforme o rei babilônico.
Como Daniel e seus
amigos somente foram apresentados 3 anos depois ao rei, conforme preparativos
pelos quais teriam de passar para se avistarem com o rei, a contagem de tempo parece
contraditória aqui, mas não é, se considerarmos que o primeiro ano de
treinamento era considerado o “ano da ascensão”.
No antigo Oriente
Próximo, era amplamente aceito que os deuses falavam aos seres humanos por meio
dos sonhos. A agitação de Nabucodonosor é compreensível, pois o sonho tinha
implicações para o futuro do seu reino.
Quando uma pessoa
não se conseguia se lembrar de um sonho que tivera, era crido que isso era
sinal de que a divindade estava irada com ela.
A primeira coisa
que ocorre ao rei por causa de seu sonho é chamar os magos, os encantadores, os
adivinhadores e os caldeus, aqueles praticantes de adivinhação que fazem uso de
meios como a feitiçaria. Suas atividades eram proibidas por Deus (Êx 22 18; Dt
18.10; Is 47.9,12; Jr 27.9).
Repare que na
lista dos que ele mandou chamar, incluía “os caldeus”. Não se trata aqui de uma
designação para um grupo étnico, mas provavelmente de uma classe de adivinhos
envolvidos com astrologia. Veja 1.4; 3.8; 5.30; 9.1.
O rei então lhes
disse que teve um sonho e para saber o sonho estava perturbado o seu espírito.
O rei queria saber o sonho e também a sua interpretação por isso que não contava
o sonho a eles.
Curiosamente, desse
ponto do texto, até o final do cap. 7, o texto está escrito em aramaico e não
em hebraico (Ed 4.8-6.18, também foi escrito em aramaico).
Não é clara a
razão pela qual as duas línguas foram usadas, mas o aramaico pode ter sido
usado para as seções que continham profecias de maior interesse para os não
judeus.
Nabucodonosor
formulou um plano para testar seus conselheiros. Se eles não conseguissem
relatar o sonho que tiver então ele não poderia confiar na interpretação deles
(veja o v. 9).
Os caldeus
perguntaram ao rei então qual seria o sonho e conforme fosse, eles dariam a ele
a devida interpretação, no entanto o rei insistia que eles é que deveriam
contar-lhe o sonho primeiro e assim, ele saberia que eles interpretariam
corretamente.
O rei estava
decidido a não contar e tornou sua fala irrevogável. Agora ou eles contariam a
ele o sonho ou algo terrível iria acontecer com todos eles. Se contassem o
sonho e a sua interpretação receberiam presentes e dádivas, caso contrário, a
morte os estaria esperando.
Pela segunda vez,
como quem desconsiderando a fala anterior do rei, insistem com ele para que
contasse o sonho.
O rei viu nisso
uma má intenção procurando apenas ganharem tempo uma vez que sabiam tratar-se
de uma resolução irrevogável da parte do rei.
Então eles
desabafaram ao rei dizendo que na terra ninguém havia que pudesse revelar
diante do rei, senão os deuses. Os sábios foram obrigados a confessar que eram
incapazes de fazer o que o rei pedia. Eles afirmaram que apenas os deuses têm
tal poder e não revelam tais coisas aos homens (veja Ex 8.18-19).
O rei muito se
indignou e deu sua ordem para que matassem a todos os magos, os encantadores,
os adivinhadores e os caldeus.
Em função disso
foi que buscaram a Daniel e aos seus companheiros para serem mortos igualmente
com os demais, mas Daniel, prudentemente e avisadamente, se dirigiu a Arioque,
capitão do guarda do rei que tinha a missão da morte deles e achando graça
diante dele, o convenceu a levá-lo diante do rei.
Daniel,
humilhando-se, convence o rei a lhe conceder um prazo que ele tornar-se-ia um
instrumento de Deus para trazer a revelação ao rei.
Daniel vai para
casa e faz saber o caso aos seus demais colegas que juntos passaram a orar e a
pedirem a Deus misericórdia e a revelação vinda do céu sobre este mistério.
Daniel também
compreendeu que a sabedoria humana era insuficiente para responder à exigência
do rei (2.11). Daniel dirigiu-se a Deus como soberano das estrelas às quais os
astrólogos gentios haviam pedido orientação.
Eles se
encontravam diante de um enigma que somente pode ser interpretado pela
revelação de Deus. Mais tarde Daniel usou o termo como uma referência ao
propósito escondido de Deus trabalhando na História (4.9).
A resposta de Deus
veio a ele em visões noturnas e Daniel louvou a Deus com grande força – vs. 19.
Daniel entendeu
que do Senhor é a sabedoria e a força e que ele muda os tempos e as estações,
remove reis e estabelece os reis, dá sabedoria aos sábios e entendimento aos
entendidos.
“A ti, ó Deus dos
meus pais, eu te rendo graças e te louvo.” Daniel estava profundamente grato
pela misericórdia de Deus em responder à sua oração. A revelação divina
recebida por ele demonstrava um violento contraste com o silêncio das
divindades falsas dos adivinhos gentios. Apenas Deus sabe todas as coisas e é
soberano sobre toda a criação. Deus escolheu exaltar Daniel conferindo-lhe
conhecimento especial.
Daniel estava
mesmo encantado com Deus que revela o profundo e o escondido; que conhece o que
está em trevas, e com ele mora a luz. Ele exaltou o Deus de seus pais, e deu graças
e louvor porque dele recebeu sabedoria e força; e agora Deus o fez saber o que eles
pediram, ou seja, Deus os fez saber este assunto do rei. Seria interessante uma
comparação entre essa oração de gratidão de Daniel com a oração de gratidão de
Ana pelo filho que lhe nasceu.
Daniel, então, se
dirige a Arioque e pede para ser introduzido na presença do rei, pois que já
tinha a resposta que o rei desejava.
Aqui Daniel
menciona apenas a interpretação do sonho. O texto assume que ele conhecia
também o seu conteúdo.
Arioque o introduz
à presença do rei que admirado interroga Daniel dizendo se ele seria mesmo
capaz de interpretar e ainda contar-lhe o seu sonho. Daniel responde com
humildade dizendo que não há na terra quem o possa fazer conforme o rei pedira.
No entanto, que
havia um Deus no céu, o qual revela os mistérios. Como José havia feito no
Egito (Êx 40.8; 41.16), Daniel atribui o seu conhecimento do sonho e a sua
interpretação à revelação divina. Deus se mostrou superior em sua capacidade de
revelar segredos e mistérios.
Daniel começa a
dizer ao rei o que ele tinha em mente mesmo antes de começar a dormir. Aquele,
pois, que revela os mistérios fez saber ao rei, conforme os seus pensamentos, o
que há de ser no futuro. Literalmente "na parte posterior dos dias".
Essa expressão
pode significar "no fim dos tempos" ou "nos últimos dias"
que seria o tempo da restauração depois do exílio (veja Dt 4.30). A frase
também pode se referir simplesmente ao futuro em geral (Gn 49.1; Dt 4.30;
31.29).
A Septuaginta
(tradução grega do AT) a interpreta como "nos últimos dias", embora
seja difícil determinar a intenção de Daniel ao usá-la.
Essa expressão
grega aparece cinco vezes no Novo Testamento, duas com referência ao período
que começou no Pentecoste (At 2.17; Hb 1.2) e três em relação ao fim dos tempos
que precede a segunda vinda de Cristo (2Tm 3.1; Tg 5.3; 2Pe 3.3).
Depois de ele
dizer ao rei os seus pensamentos antes de dormir, ele fala de si mesmo dizendo
que a ele foi revelado o mistério, não por ter ele mais sabedoria que qualquer
outro vivente, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que
entendesse os pensamentos do seu coração.
Daniel, em
seguida, passa a descrever o sonho de Nabucodonosor. Repare que a descrição dos
reinos vai da cabeça aos pés e dos materiais mais preciosos para os mais
inferiores, no entanto apresenta um aumento geral em força.
Indo da cabeça
para os pés da imagem, há uma diminuição tanto no valor quanto no peso dos
materiais, mas um aumento geral na força. A estátua tinha claramente um topo
pesado e pés frágeis.
Em seus sonhos, Nabucodonosor contemplava
aquela estranha estátua e se admirava dela quando uma pedra foi cortada sem o
auxílio de mãos a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os
esmiuçou. Tudo ficou esmiuçado: o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os
quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não
se pode achar mais nenhum vestígio deles. Já a pedra, porém, que feriu a
estátua, se tornou numa grande montanha, e encheu toda a terra.
Ao contrário dos reinos representados pela
estátua, essa pedra que foi cortada sem o auxílio de mãos, seria formada pelo
próprio Deus.
No Antigo Testamento, a pedra é com
frequência associada ao reinado; aqui ela está ligada ao próprio reino (1 Co
10.4).
É possível que Daniel tivesse em mente o
Messias, o grande filho de Davi que estabeleceria o reino de Davi sobre toda a
terra — incluindo as nações gentílicas (v. 35) após a restauração do exílio.
Alguns intérpretes veem a mistura de ferro
e barro nos pés da imagem como representativa de uma segunda fase do quarto
reino — como distintas das pernas que eram feitas de ferro sólido (cf. vs.
41-43).
Ou seja, o reino dos homens representado
pela estátua foi de tal forma destruído pela pedra – o reino de Deus – que
desapareceu totalmente sem deixar qualquer vestígio. No seu lugar uma montanha
enorme que encheu toda a terra, ou seja, o reino de Deus sim prevalecerá sobre
tudo e sobre todos levando justiça e verdade para todos os reinos.
Os quatro reinos representam os reinos dos
homens, a saber: os impérios Babilônicos, Medo-Persa, Grego e Romano. O quarto
reino seria constituído de um composto de povos que não se aglutinariam bem.
Esforços para combinar elementos diversos do reino não seriam bem-sucedidos.
Depois, no verso 44, Daniel fala que nos dias
destes reis, ou seja, alguns intérpretes presumem que a expressão "destes
reis" se refere aos sucessivos reis do quarto reino. Entretanto, parece
melhor compreendê-los como uma referência à sucessão dos governantes dos quatro
reinos previamente mencionados nesse capítulo.
Então, nesse tempo, o Deus do céu suscitará
um reino que não será jamais destruído. Como outros profetas, Daniel falou do
reino que seria estabelecido após o exílio como um reino permanente (por ex.,
Is 9.7; JI 2.26-27; Am 9.15).
O Novo Testamento explica que o reino
começou com a primeira vinda de Jesus e alcançará a consumação no retorno
glorioso de Cristo.
Então o rei Nabucodonosor, depois de
presenciar tudo o que viu e ouviu, não resistiu, caiu com seu rosto em terra –
vs. 46 - e se prostrou perante Daniel. Numa notável inversão de papéis, Daniel
foi exaltado a uma posição de grande honra em virtude da intervenção do Senhor
em seu favor. A reação de Nabucodonosor prognosticou a vinda do reino de Deus.
Dirigindo-se a Daniel, o rei reconheceu que
o seu Deus era mesmo o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores. Também entendeu
que o revelar os mistérios pertence a ele que compartilha com aqueles que o
buscam em verdade.
Nabucodonosor declarou que o Deus de Israel
era também supremo sobre todos os governantes humanos e seus reinos. Esse é o tema
unificador de Dn 1.1-6.28.
Ato contínuo, o rei Nabucodonosor o exaltou
em seu império o destacando como líder em seu governo.
Dn 2:1 Ora no segundo ano do reinado de
Nabucodonosor,
teve este uns
sonhos; e o seu espírito se perturbou,
e
passou-se-lhe o sono.
Dn 2:2 Então
o rei mandou chamar
os
magos, os encantadores, os adivinhadores, e os caldeus,
para
que declarassem ao rei os seus sonhos;
eles
vieram, pois, e se apresentaram diante do rei.
Dn 2:3 E o
rei lhes disse:
Tive
um sonho, e para saber o sonho
está
perturbado o meu espírito.
Dn 2:4 Os
caldeus disseram ao rei em aramaico:
Ó
rei, vive eternamente; dize o sonho a teus servos,
e
daremos a interpretação
Dn 2:5
Respondeu o rei, e disse aos caldeus:
Esta
minha palavra é irrevogável
se
não me fizerdes saber o sonho
e
a sua interpretação, sereis despedaçados,
e
as vossas casas serão feitas um monturo;
Dn
2:6 mas se vós me declarardes o sonho
e
a sua interpretação, recebereis de mim dádivas,
recompensas
e grande honra.
Portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação.
Dn 2:7
Responderam pela segunda vez:
Diga
o rei o sonho a seus servos, e daremos a interpretação.
Dn 2:8
Respondeu o rei, e disse:
Bem
sei eu que vós quereis ganhar tempo;
porque
vedes que a minha palavra é irrevogável.
Dn
2:9 se não me fizerdes saber o sonho,
uma
só sentença será a vossa;
pois
vós preparastes palavras mentirosas e perversas
para
as proferirdes na minha presença,
até que se
mude o tempo. portanto dizei-me o sonho,
para
que eu saiba que me podeis dar
a
sua interpretação.
Dn 2:10
Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram:
Não
há ninguém sobre a terra
que
possa cumprir a palavra do rei;
pois nenhum
rei, por grande e poderoso que fosse,
tem
exigido coisa semelhante de algum
mago
ou encantador, ou caldeu.
Dn 2:11 A
coisa que o rei requer é difícil,
e
ninguém há que a possa declarar ao rei, senão os deuses,
cuja
morada não é com a carne mortal.
Dn 2:12 Então
o rei muito se irou e enfureceu,
e
ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia.
Dn 2:13 saiu,
pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos
os
sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros,
para
que fossem mortos.
Dn 2:14 Então
Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque,
capitão
da guarda do rei, que tinha saído para matar
os
sábios de Babilônia;
Dn 2:15 pois
disse a Arioque, capitão do rei:
Por
que é o decreto do rei tão urgente?
Então
Arioque explicou o caso a Daniel.
Dn 2:16 Ao que
Daniel se apresentou ao rei
e
pediu que lhe designasse o prazo,
para
que desse ao rei a interpretação.
Dn 2:17 Então
Daniel foi para casa,
e
fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias,
seus
companheiros,
Dn
2:18 para que pedissem misericórdia ao Deus do céu
sobre
este mistério, a fim de que Daniel
e
seus companheiros não perecessem,
juntamente
com o resto dos sábios de Babilônia.
Dn 2:19 Então
foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite;
pelo
que Daniel louvou o Deus do céu.
Dn 2:20 Disse
Daniel:
Seja
bendito o nome de Deus para todo o sempre,
porque
são dele a sabedoria e a força.
Dn 2:21 Ele
muda os tempos e as estações;
ele
remove os reis e estabelece os reis;
é
ele quem dá a sabedoria aos sábios
e
o entendimento aos entendidos.
Dn 2:22 Ele
revela o profundo e o escondido;
conhece
o que está em trevas, e com ele mora a luz.
Dn 2:23 Ó
Deus de meus pais,
a
ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força;
e
agora me fizeste saber o que te pedimos;
pois
nos fizeste saber este assunto do rei.
Dn 2:24 Por
isso Daniel foi ter com Arioque,
ao
qual o rei tinha constituído
para
matar os sábios de Babilônia;
entrou,
e disse-lhe assim:
Não
mates os sábios de Babilônia;
introduze-me
na presença do rei,
e
lhe darei a interpretação.
Dn 2:25 Então
Arioque depressa introduziu Daniel à presença do rei,
e
disse-lhe assim:
Achei
dentre os filhos dos cativos de Judá um homem
que
fará saber ao rei a interpretação.
Dn 2:26
Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar:
Podes
tu fazer-me saber o sonho que tive
e
a sua interpretação?
Dn 2:27
Respondeu Daniel na presença do rei e disse:
O
mistério que o rei exigiu,
nem
sábios, nem encantadores, nem magos,
nem
adivinhadores lhe podem revelar;
Dn
2:28 mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios;
ele,
pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há
de
suceder nos últimos dias.
O
teu sonho e as visões que tiveste na tua cama são estas:
Dn 2:29
Estando tu, ó rei, na tua cama,
subiram
os teus pensamentos
sobre
o que havia de suceder no futuro.
Aquele, pois,
que revela os mistérios te fez saber o que há de ser.
Dn 2:30 E a
mim me foi revelado este mistério,
não
por ter eu mais sabedoria que qualquer outro vivente,
mas
para que a interpretação se fizesse saber ao rei,
e para que
entendesses os pensamentos do teu coração.
Dn 2:31 Tu, ó
rei, na visão olhaste e eis uma grande estátua.
Esta
estátua, imensa e de excelente esplendor,
estava
em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
Dn 2:32 A cabeça
dessa estátua era de ouro fino;
o peito e os
braços de prata;
o ventre e as
coxas de bronze;
Dn 2:33 as
pernas de ferro;
e os pés em
parte de ferro e em parte de barro.
Dn 2:34
Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada,
sem
auxílio de mãos,
a
qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro,
e
os esmiuçou.
Dn 2:35 Então
foi juntamente esmiuçado
o
ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro,
os
quais se fizeram como a pragana das eiras
no
estio, e o vento os levou,
e não se
podia achar nenhum vestígio deles;
a
pedra, porém, que feriu a estátua se tornou
uma
grande montanha, e encheu toda a terra.
Dn 2:36 Este
é o sonho; agora diremos ao rei a sua interpretação.
Dn
2:37 Tu, ó rei, és rei de reis,
a
quem o Deus do céu tem dado
o
reino, o poder, a força e a glória;
Dn
2:38 e em cuja mão ele entregou os filhos dos homens,
onde
quer que habitem, os animais do campo
e
as aves do céu, e te fez reinar sobre todos eles;
tu
és a cabeça de ouro.
Dn 2:39
Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu;
e
um terceiro reino, de bronze,
o
qual terá domínio sobre toda a terra.
Dn 2:40 E
haverá um quarto reino, forte como ferro,
porquanto
o ferro esmiúça e quebra tudo;
como
o ferro quebra todas as coisas,
assim
ele quebrantará e esmiuçará.
Dn 2:41
Quanto ao que viste dos pés e dos dedos,
em
parte de barro de oleiro, e em parte de ferro,
isso
será um reino dividido;
contudo
haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro,
pois
que viste o ferro misturado com barro de lodo.
Dn 2:42 E
como os dedos dos pés eram em parte de ferro
e
em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte,
e por outra será frágil.
Dn 2:43
Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo,
misturar-se-ão
pelo casamento;
mas
não se ligarão um ao outro,
assim
como o ferro não se mistura com o barro.
Dn 2:44 Mas,
nos dias desses reis,
o
Deus do céu suscitará um reino
que
não será jamais destruído;
nem
passará a soberania deste reino a outro povo;
mas esmiuçará
e consumirá todos esses reinos,
e
subsistirá para sempre.
Dn 2:45
Porquanto viste que do monte foi cortada uma pedra,
sem
auxílio de mãos, e ela esmiuçou
o
ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro,
o grande Deus
faz saber ao rei o que há de suceder no futuro.
Certo
é o sonho, e fiel a sua interpretação.
Dn 2:46 Então
o rei Nabucodonosor caiu com o rosto em terra,
e
adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem
uma
oblação e perfumes suaves.
Dn 2:47
Respondeu o rei a Daniel, e disse:
Verdadeiramente,
o vosso Deus é Deus dos deuses,
e
o Senhor dos reis, e o revelador dos mistérios,
pois
pudeste revelar este mistério.
Dn 2:48 Então
o rei engrandeceu a Daniel,
e
lhe deu muitas e grandes dádivas,
e
o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia,
como
também o fez chefe principal
de
todos os sábios de Babilônia.
Dn 2:49 A
pedido de Daniel,
o
rei constituiu superintendentes
sobre
os negócios da província de Babilônia
a
Sadraque, Mesaque e Abednego;
mas
Daniel permaneceu na corte do rei.
Conforme nos diz a BEG, o império babilônico
era dividido em províncias. Daniel foi designado governador (cf. 3.2) da
província onde estava localizada a capital.
Para relatos de ascensões semelhantes de
judeus ao poder político de terras estrangeiras, veja Gn 41.37-44 (José) e Et
8.1-2 (Mordecai).
Do mesmo modo, os amigos de Daniel foram
exaltados como seus assistentes (v. 49). A aprovação divina de Daniel é outro
tema dominante nessa porção do livro.
Embora proeminente na Babilônia, ele nunca
fez concessões no que dizia respeito à sua fé; ele era um profeta confiável de
Deus.
Em nosso pequeno e humilde trabalho, estaremos
agora entrando, no quinto livro (Daniel), dos últimos 17 livros da Bíblia (AT) que,
justamente são os livros proféticos. A fonte principal
de nossas pesquisas, pela qual seguiremos sua divisão proposta, com ligeiras
alterações/adaptações, é a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG.
Autor:
Daniel (9.2; 10.2).
Não entraremos no mérito de discussões relativas à autoria do livro de Daniel. Partiremos,
portanto, desse pressuposto de ser a autoria do livro do próprio Daniel.
Propósito:
Uma das principais razões para a composição do livro de
Daniel foi preparar o povo de Deus para o período de Antíoco Epífanes, e
fornecer encorajamento para os que viveriam durante aquele período de perseguição.
O livro
também olha para além do período de Antíoco Epífanes, para a vinda de
Cristo. É Cristo quem destruirá todos os
reinos humanos e estabelecerá o seu reino eterno de justiça e paz. Todos
esses acontecimentos estão na perspectiva das profecias de Daniel.
O livro tem
constituído um grande alento para o povo de Deus em tempos de perseguição e
continua a inspirar aqueles que sofrem perseguições em nossos dias.
Concordamos com a
BEG que nos diz que seria seu propósito dar aos exilados e aos primeiros dentre
eles que voltaram para a Terra Prometida a certeza de que Deus estava no
controle da História e que o seu profeta, Daniel, havia falado a verdade a
respeito dos prolongados sofrimentos antes do estágio final do reino de Deus.
Data:
Imediatamente após
539 a.C.
Verdades Fundamentais (conforme a BEG):
• Daniel e seus
amigos foram fiéis a Deus durante o tempo que passaram no exílio. • Podia-se
confiar no fato de que Daniel era verdadeiro em suas palavras porque ele nunca
fez concessões aos seus captores. • Deus tem o controle absoluto de toda a
História. • O exílio prolongou-se por todo o período em que quatro reinos
governaram o povo de Deus por causa de seu contínuo pecado. • No futuro,
sofrimentos continuariam a sobrevir a Israel, mas o Ungido, o Cristo viria e
traria salvação.
Contextualização:
Daniel viveu cerca
de duzentos a trezentos anos antes dos acontecimentos descritos pelas suas
profecias. Ele é contemporâneo a Jeremias, Ezequiel e xxx. Jerusalém estava destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes iníquos
pareciam ser triunfantes e a esperança do povo
parecia ter se desvanecido com a nação.
Características do livro:
·Há seis narrativas
históricas que aparecem nos caps. 1-6. Aquela
constante do capítulo 2, também é profética. O foco das narrativas:
üSão narrativas independentes que
foram unidas conforme um propósito específico não histórico (a ênfase não era
um registro histórico dos eventos) nem biográfico de Daniel.
üAs histórias enfatizam mais o modo como a
absoluta soberania de Deus opera nos acontecimentos de todas as nações (2.47;
3.17-18; 4.28-37; 5.18-31; 6.25-28). À época, Jerusalém estava
destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes
iníquos pareciam ser triunfantes, mas Deus permanecia supremo.
üDe acordo com a sua vontade soberana, ele interviria
entre os reinos deste mundo para estabelecer o reino universal que duraria para
sempre.
üEssas narrativas apresentavam Daniel e seus amigos
como proeminentes na
terra de seus dominadores não porque houvessem transigido com respeito à sua lealdade a Deus, mas porque
foram exaltados pela bênção de Deus derramada sobre eles. De certa
forma, esse tema é central
porque acaba
conferindo credibilidade às
profecias de Daniel, especialmente àquelas relacionadas
com o prolongado sofrimento de Israel.
·Há quatro visões,
praticamente proféticas, nos caps. 7-12.
üAs visões (caps. 7-12) contêm previsões de tempos no
futuro durante os quais as verdades apresentadas nas narrativas se provariam
ser de particular importância para o povo de Deus.
üImpressiona-nos a riqueza de
detalhes a respeito de eventos futuros, principalmente relacionadas aos
detalhes de Dn 11.2 a 12.3. Para quem crê no caráter sobrenatural da profecia e
das práticas ocasionais de outros profetas (p ex., 1Rs 13 2; Is 44.28; 45.1),
isso não se constitui em problema.
üEmbora os judeus tivessem sido perseguidos durante o
tempo de sua sujeição aos governos babilônios e persas, não houve nenhuma
tentativa sistemática ou muito difundida de abolir a sua fé.
üIsso não aconteceu até o período de Antíoco IV
Epífanes, um governante do Império Selêucida entre 175-164 a.C. Ele tentou
erradicar a religião judaica e forçar os judeus a aceitar as
práticas religiosas gregas. Muitos judeus o seguiram, mas outros se recusaram e
sofreram severa perseguição.
Cristo em Daniel.
Na época, a
semente messiânica estava sendo preservada e guardada para ser manifesta algum
tempo depois.
A BEG nos dia que
a profunda atenção dada por Daniel à restauração de Israel após o exílio chama
a atenção diretamente para Jesus. Como outros profetas do Antigo Testamento, Daniel
predisse um futuro glorioso para o povo de Deus que o Novo Testamento apresenta
como cumprido na primeira e na segunda vindas de Cristo assim como na
totalidade da história da igreja.
üCristo cumpre as esperanças do
profeta Daniel.
üJesus se identificou como o
"Filho do Homem" (p. ex., Mt 9.6; 10.23; 12.8). No uso feito por
Daniel desse termo, o "Filho do Homem" era o grande rei davídico
exaltado por Deus que representava Deus na terra. Jesus, sendo o Messias, era o
rei davídico definitivo; apenas ele cumpre as predições feitas em relação ao
filho do homem nas visões de Daniel (7.13-14; a BEG recomenda nesse momento a
leitura de seu artigo teológico "O reino de Deus", em Mt 4, para
melhor compreensão).
üNo cap. 9, Daniel compreendeu que a previsão de
Jeremias sobre os setenta anos de exílio do povo de Israel na Babilônia, seria
estendida até "setenta semanas" de anos (9.24), ou cerca de
quatrocentos e noventa anos. Em termos gerais, essa predição atinge um
cumprimento inicial com a primeira vinda de Cristo.
üO prolongamento do exílio corresponde à série de quatro impérios
estrangeiros que oprimiram o povo de Deus (2.1-49) e ao aparecimento da
"pedra que... se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra"
(2.35), a qual Daniel mais tarde chamou de "um reino que não será jamais
destruído" (2.44).
üEsse grande reino não é outro senão o reino de Cristo
que teve início na sua primeira vinda, continua hoje e alcançará a consumação
na gloriosa volta de Cristo (a BEG propõe aqui a leitura de
dois de seus excelentes artigos teológicos "O reino de Deus", em Mt
4
– já mencionado acima -, e "O plano das eras", em Hb 7). Para
melhor compreensão e aperfeiçoamento de nossos estudos e reflexões, iremos
reproduzi-los também, provavelmente junto com o capítulo 2 que faremos em
seguida.
üOutros acontecimentos mais específicos preditos por
Daniel também aparecem em primeiro plano no Novo Testamento. Por exemplo, o
próprio Jesus se refere à predição de
Daniel sobre a "o abominável da desolação" (9.27; 11.31;
12.11), que originalmente se referia à profanação do templo pelo
grego Antíoco IV Epífanes, como precursor da profanação causada pelo general
romano Tito em 70 d.C. (Mt 24.15; Mc 13.14).
De um modo ou de outro, a
maioria dos intérpretes cristãos associa intimamente essa tipologia com o
anticristo, cujo espírito já está trabalhando no mundo (1Jo 2.18) e atingirá
seu total desenvolvimento, talvez como uma pessoa real, perto do retorno de
Cristo (2Ts 2.3).
Esboço do livro proposto pela BEG (estamos
seguindo sua proposta integralmente):
I. AS NARRATIVAS (1.1 6.28)
A. A
defesa de Daniel e seus amigos (1.1-21)
B. O
primeiro sonho de Nabucodonosor (2.1 -49)
C.
Livramento da fornalha (3.1-30)
D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37)
E. O
julgamento de Belsazar (5.1-31)
F.
Livramento da cova dos leões (6.1-28)
II AS VISÕES (7.1-12.13)
A. A
visão dos quatro animais (7.1-28)
B. A
visão de um carneiro e um bode (8.1-27)
C. A
visão das setenta semanas (9.1-27)
D. A
visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13)
1. A
mensagem do anjo para Daniel (10.1 11.1)
2. De
Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20)
3. O
governo de Antíoco IV Epífanes (11.21-12.3)
4. A
mensagem final a Daniel (12.4-13)
Daniel 1:1-21 Segmentação e Reflexões
Iremos, doravante,
estudar o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes principais,
as suas narrativas, até o capítulo 6 e as suas visões, do 7 ao 12. Começaremos
vendo suas narrativas.
As histórias
de Daniel e de seus amigos ilustram a fidelidade
deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as nações.
Informamos que
estaremos nos guiando e seguindo as divisões propostas pela Bíblia de Estudo de
Genebra – BEG, principalmente seus riquíssimos comentários.
Essa primeira parte
do livro salienta tanto o absoluto controle de Deus sobre os reinos deste mundo
como a sincera consagração a Deus de Daniel e seus amigos.
Daniel queria que
os seus leitores compreendessem que, embora o povo de Deus seja, algumas vezes
perseguido, reis e reinos se levantam e caem de acordo com o propósito de Deus.
Também ensinou que
Deus abençoaria grandemente aqueles que prestassem atenção às suas palavras
como um fiel intérprete de Deus.
A nossa divisão
proposta para esta primeira parte, seguindo a BEG, é: A. A defesa de Daniel e
de seus amigos (1.1-21) – veremos agora;
B. O sonho de Nabucodonosor (2.1-49); C. Livramento da fornalha (3.1-30); D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37); E. O julgamento de Belsazar (5.1-31);
e, F. O livramento de Daniel da cova dos leões (6.1-28).
A. A defesa de Daniel
e de seus amigos (1.1-21).
O profeta
estabelece o contexto de seu livro narrando a sua (e de seus amigos) história
pessoal de cativeiro, treinamento, fidelidade e serviço ao rei Nabucodonosor.
No ano terceiro do
reinado de Jeoaquim, ou seja, em 605 a.C., o mesmo ano em que Nabucodonosor
venceu uma coalizão assírio-egípcia em Carquemis e deu início à ascensão da
Babilônia como um poder internacional.
Imediatamente após
a vitória sobre Carquemis, Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim (2Rs 24.1-2;
2Cr 36.5-7) e levou cativos Daniel e vários outros judeus.
Essa foi a
primeira de três invasões de Judá por Nabucodonosor. A segunda aconteceu em 597
a.C. (2Rs 24.10-14) e a terceira em 587 a.C. (2Rs 25.1-24). Entre essas
invasões temos um intervalo de 12 e 10 anos. Provavelmente, Daniel fora
contemporâneo de todas elas, uma vez que viveu mais de 90 anos.
A aparente discrepância
entre Dn 1.1 e Jr 25.1, onde Jeremias data o ataque de Nabucodonosor contra
Jeoaquim durante o quarto ano de Jeoaquim e não no terceiro ano, pode ser
explicada pelas diferenças do sistema cronológico usado pelos babilônios e
pelos judeus.
Conforme nos
ensina a BEG, no sistema babilônio, que aparentemente foi utilizado por Daniel,
o primeiro ano de governo de um rei era visto como o "ano da
ascensão" e o reinado, propriamente dito, era contado a partir do início
do primeiro mês de nisã do ano seguinte.
Nabucodonosor, rei
da Babilônia. Como príncipe herdeiro e comandante do exército, Nabucodonosor
conduziu os babilônios à vitória em Carquemis em 605 a.C. Logo depois de sua
vitória ele assumiu o trono da Babilônia após a morte de seu pai, Nabopolassar
(626-605 a.C.). O reinado de Nabucodonosor (605-562 a.C.) estabelece o ambiente
histórico para grande parte dos livros de Jeremias, Ezequiel e Daniel.
A derrota de
Israel não pode ser explicada simplesmente pela análise das condições políticas
e militares da época. Deus estava agindo soberanamente nos negócios das nações.
Ele usou os
babilônios para julgar o seu próprio povo pela quebra das obrigações da aliança
(2Rs 17.15,18-20; 21.12-15; 24.3-4). Em sua invasão, ele, aproveitando-se, fez
uma pilhagem dos utensílios do templo para a casa do seu deus Marduque que era
o deus principal do panteão babilônico (cf. Jr 5.20).
O rei da Babilônia
ficou curioso com sua conquista e pediu a Aspenaz, chefe dos eunucos, que lhe
trouxesse dos israelitas alguns jovens para ele ver. No entanto, ele não queria
qualquer um deles, mas os que não tivessem defeitos e fossem dotados de
sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem
no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
A literatura
babilônia era escrita em caracteres cuneiformes e basicamente sobre tabletes de
argila. Foram descobertos milhares desses tabletes. O estudo dessa literatura
provavelmente fez com que Daniel e seus amigos tomassem conhecimento da visão
de mundo politeísta dos babilônios, a qual destacava de modo proeminente a
magia, a feitiçaria e a astrologia.
Até a porção
diária da comida desses jovens foi determinada pelo rei antes de se
apresentarem a ele. Eles deveriam seguir aquela dieta – porção diária das
iguarias do rei - por três anos. Curiosamente, essa mesa real, posteriormente,
foi dada a Joaquim que recebeu a mesma atenção durante o reinado do rei
babilônio Evil-Merodaque (2Rs 25.27-30).
Dentre esses
jovens selecionados pelo rei foram encontrados quatro que se destacaram Daniel,
Hananias, Misael e Azarias. Com relação aos seus nomes, todos eles contendo
características hebraicas. Dois deles contêm o componente hebraico el, que
significa "Deus" e os outros dois apresentam o componente ia, unia
forma abreviada de "Javé" ("o SENHOR"). Daniel significa
"Meu juiz é Deus"; Hananias "Javé é gracioso"; Misael,
"Quem é como Deus?"; Azarias "Javé ajudou".
O chefe dos
eunucos então tratou de mudar os nomes deles para Beltessazar, Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego. O significado desses nomes é controvertido. Sugestões para
Beltessazar: "Bel [outro nome para Marduque, o deus principal da
Babilônia], protege a sua vida" ou "Senhora, protege o rei”.
Sadraque: "Estou com medo de Deus” ou "O comando de Aku (o deus lua
dos sumérios)". Mesaque: "Sou de pouca valia" ou "Quem é
como AL?" Abede-Nego: "Servo daquele que brilha”.
No entanto, Daniel
resolveu não contaminar-se com essas iguarias do rei, ou com sua dieta. A razão
para Daniel concluir que o alimento servido pelo rei o contaminaria e também
aos seus amigos não é apresentada.
Talvez comê-lo
envolvesse uma violação das leis dietéticas da legislação mosaica (Lv11. 1-47),
que proibia comer carne de porco ou carne da qual o sangue não tivesse sido
drenado (Lv 17.10-14). Talvez envolvesse também comer um alimento que houvesse
sido oferecido aos ídolos babilónicos.
O fato era que
Daniel e seus amigos tiveram atitude, oraram a Deus, apresentaram sua posição
firme à autoridade e dela conseguiu consentimento à sua estratégia.
Tudo vinha de
Deus! Ele fez com o coração do rei o mesmo que ele faz com seus ribeiros, ou
seja, ele os inclina para onde quiser – Pv 21.1. Assim, achou graça Daniel e
seus amigos diante de Aspenaz e Daniel pode apresentar seu plano de alimentação
e uma proposta de observação de apenas dez dias.
Em apenas dez dias
sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei. Deus abençoou Daniel e seus amigos pela
obediência deles ao Senhor e pela recusa de transigir quanto à sua fé num
ambiente gentio (Dt 5. Mt 4.4).
Em consequência, o
despenseiro tirou as iguarias e o vinho que deveriam beber e substituiu pelos
legumes.
Tudo vem de Deus
que tem os seus propósitos em tudo. Foi com propósitos que Deus levantou Daniel
e seus companheiros os fazendo mais sábios e inteligentes que todos na
Babilônia. Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria. A bênção de Deus não se limitou ao bem-estar físico, mas incluiu um
importante sucesso no desenvolvimento intelectual durante os três anos de sua
instrução babilônica.
À partir dos
relatos que se seguem no livro (caps. 2; 4-5), Daniel se distinguia de seus companheiros
pela capacidade de interpretar sonhos e visões. Assim como José havia sido
considerado como especial pela mesma razão na corte de Faraó (Gn 40.8: 41.16).
Vencido o tempo
determinado pelo rei, ou seja, após os três anos mencionados no vs. 5, o chefe
dos eunucos os apresentou diante do rei. Ele conversou com eles e os examinou
achando-os muito superiores – dez vezes mais – que os magos e encantadores de
seu reino.
Obviamente que os
que se esforçam, estudam, se dedicam, trabalham e são focados são aqueles que
se destacarão em qualquer lugar onde estiverem inseridos, no entanto, mesmo
assim, tudo vem de Deus e, portanto toda a glória lhe pertence.
Eu gosto de fazer
uma análise reversa das coisas. Por exemplo, vamos pegar o contexto deste
capítulo que destaca 4 hebreus da tribo de Judá entre todos os jovens da
Babilônia e dos exilados. Depois de intensos preparativos e estudos quem foram
os que chegaram à frente com destaque? Justamente os quatro jovens hebreus.
Todos correram? Todos
se esforçaram? Todos estudaram? Todos seguiram as recomendações de Asquenaz? Sim,
todos, mas somente quatro se destacaram notavelmente.
De quem é a
vitória então? Dos que correram? Sim, também, pois todos estavam na mesma
condição, no entanto a graça de Deus fez um destaque especial na vida daqueles
jovens hebreus.
O termo traduzido
aqui como "mágicos" também é usado em Gn 41.8,24; Êx 7.11. O termo
traduzido corno "encantadores" ocorre apenas aqui e em 2.2 e é
algumas vezes traduzido como "feiticeiro" ou "adivinho".
Daniel e seus amigos demonstraram uma percepção superior sobre as questões a
respeito das quais foram interrogados.
Pensando mais
profundamente, tudo vem do Senhor. A vitória, a inteligência, a saúde, a
capacidade de interpretar sonhos e visões, a inclinação do coração do rei, a
paz, a ausência dela. O que fazer então para sermos vitoriosos sempre? Ser sábio
estando sempre do lado da correnteza do rio que o Senhor estiver controlando.
Dn 1:1 No ano terceiro do reinado de
Jeoiaquim, rei de Judá,
veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia,
a
Jerusalém, e a sitiou.
Dn 1:2 E o
Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim,
rei
de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus;
e
ele os levou para a terra de Sinar,
para
a casa do seu deus;
e
os pôs na casa do tesouro do seu deus.
Dn 1:3 Então
disse o rei a Aspenaz,
chefe
dos seus eunucos que trouxesse alguns
dos
filhos de Israel,
dentre
a linhagem real e dos nobres,
Dn 1:4 jovens
em quem não houvesse defeito algum,
de
bela aparência, dotados
de
sabedoria, inteligência e instrução,
e que
tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei;
e que lhes
ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
Dn 1:5 E o
rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei,
e
do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados
por
três anos; para que no fim destes
pudessem
estar diante do rei.
Dn 1:6 Ora,
entre eles se achavam, dos filhos de Judá,
Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
Dn 1:7 Mas o
chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes,
a
saber: a Daniel, o de Beltessazar;
a
Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque;
e
a Azarias, o de Abednego.
Dn 1:8
Daniel, porém, propôs no seu coração
não
se contaminar com a porção das iguarias do rei,
nem
com o vinho que ele bebia;
portanto
pediu ao chefe dos eunucos
que
lhe concedesse não se contaminar.
Dn 1:9 Ora,
Deus fez com que Daniel
achasse
graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
Dn 1:10 E
disse o chefe dos eunucos a Daniel:
Tenho
medo do meu senhor, o rei,
que
determinou a vossa comida e a vossa bebida;
pois
veria ele os vossos rostos
mais
abatidos do que os dos outros jovens
da
vossa idade?
Assim
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
Dn 1:11 Então
disse Daniel ao despenseiro
a
quem o chefe dos eunucos havia posto sobre Daniel,
Hananias,
Misael e Azarias:
Dn 1:12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias;
e
que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
Dn 1:13 Então
se examine na tua presença o nosso semblante
e
o dos jovens que comem das iguarias reais;
e
conforme vires procederás para com os teus servos.
Dn 1:14 Assim
ele lhes atendeu o pedido,
e
os experimentou dez dias.
Dn 1:15 E, ao
fim dos dez dias,
apareceram
os seus semblantes melhores,
e
eles estavam mais gordos do que todos os jovens
que
comiam das iguarias reais.
Dn 1:16 Pelo
que o despenseiro lhes tirou as iguarias
e
o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.
Dn 1:17 Ora,
quanto a estes quatro jovens,
Deus
lhes deu o conhecimento e a inteligência
em
todas as letras e em toda a sabedoria;
e Daniel era
entendido
em
todas as visões e todos os sonhos.
Dn 1:18 E ao
fim dos dias,
depois
dos quais o rei tinha ordenado
que
fossem apresentados,
o chefe dos
eunucos os apresentou diante de Nabucodonosor.
Dn 1:19 Então
o rei conversou com eles;
e
entre todos eles não foram achados outros tais
como
Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
por
isso ficaram assistindo diante do rei.
Dn 1:20 E em
toda matéria de sabedoria e discernimento,
a
respeito da qual lhes perguntou o rei,
este
os achou dez vezes mais doutos
do
que todos os magos e encantadores
que
havia em todo o seu reino.
Dn 1:21 Assim
Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.
O verso 21 dá a
impressão que Daniel viveu somente até o primeiro ano do rei Ciro – vs. 21 -,
no entanto, ele viveu muito mais. A Babilônia caiu diante de Ciro em 539 a.C.,
sessenta e seis anos após Daniel ter sido levado cativo para a Babilônia.
Daniel viveu durante todo o período do cativeiro babilônico.
Ciro proclamou um
decreto no primeiro ano do seu reinado permitindo aos israelitas retornarem do
cativeiro e levarem consigo os utensílios do templo que haviam sido confiscados
por Nabucodonosor (Ed 1.7-11). A afirmação não significa que Daniel tenha
morrido no primeiro ano do reinado de Ciro (10.1), como teremos a oportunidade
de vermos mais adiante.
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