Como falamos, o propósito da epístola aos
colossenses foi o de afirmar e explicar a supremacia e a suficiência de Cristo
em oposição a todos os outros poderes e tentativas para obter a salvação. Estamos
no capítulo 3/4.
Breve
síntese do capítulo 3.
Paulo fala como se já estivéssemos
ressuscitados juntamente com Cristo. Assim falando, nos exorta a buscarmos
coisas lá do alto onde Cristo vive assentado à destra de Deus. Ora se estamos
buscando as coisas lá do alto devemos, obviamente, pensar nessas coisas e não
nas terrenas e sabem por quê?
A própria lógica de sua argumentação nos
leva à conclusão, por que estamos mortos e nossa vida oculta com Cristo Jesus,
em Deus.
Ele continua a explicar que Cristo irá se
manifestar no devido tempo designado por Deus em seus infinitos propósitos e
que quando isso ocorrer, seremos, juntamente com ele, manifestados em glória. É
muita glória para ficarmos perdendo tempo com coisas terrenas... Veja esta
segmentação deste capítulo e contemple a beleza das verdades proclamadas:
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
V. VIVENDO EM CRISTO (3.1-4.6).
A vida diária dos cristãos requer união
permanente e essencial com Cristo. Muitas implicações práticas fluem da
dependência dos cristãos em Cristo. Paulo encerrou a carta com saudações finais
e palavras de encorajamento.
A maneira de obter a maturidade na vida
cristã não é pelo envolvimento com o esoterismo, pela busca de revelações
secretas ou pela prática de disciplinas de autopunição.
Os colossenses tinham um foco incorreto na
realidade celestial, um foco que ironicamente os levava a esforços infrutíferos
no plano terreno.
A discussão de Paulo divide-se em duas
partes: a nova e a velha humanidade (3.1-17) e instruções práticas para a vida
cristã (3.17-4.6). Elas irão formar a nossa divisão proposta, conforme a BEG:
A. Antiga humanidade, nova humanidade (3.1-17) – veremos agora; e, B. Orientação prática (3.18-4.6) – começaremos a ver agora.
A. Antiga humanidade, nova humanidade (3.1-17).
A união com Cristo em sua morte e
ressurreição levou os cristãos a uma nova humanidade, e o discernimento e a
vida baseados nessa união os capacitam a viver como Deus ordena.
Esse material divide-se em uma descrição da
união de Cristo com os cristãos (3.1-4) e discussões sobre a morte da antiga
humanidade (vs. 5-9) e a vida na nova humanidade (vs. 10-16). Elas formarão
nossa divisão proposta, conforme segue: 1. União com Cristo (3.1-4) – veremos agora; 2. A morte da antiga
humanidade (3.5-9) – veremos agora;
e, 3. A nova humanidade em Cristo (3.10-17) – veremos agora.
1. União com Cristo (3.1-4).
A fonte de toda maturidade e crescimento
espiritual dos cristãos está na união deles com Cristo (a BEG recomenda aqui a
leitura e a reflexão em seu excelente artigo teológico "A união com Cristo",
em Gl 6).
Você já foi ressuscitado com Cristo? Se
sim, busque as coisas do alto. Observe a extensão em que os cristãos estão
unidos com Cristo:
·Eles
morreram com ele (vs. 3; cf. 2.11-12.20).
·Ressuscitaram
com ele (vs. 1; cf. 2.12-13).
·Estão
com ele no céu (vs. 3; cf. Ef 2.6).
·Estarão
com ele no seu retorno (vs. 4).
·Foram
"despidos" do "velho homem" (vs. 9).
·"Revestidos
do novo homem" (vs. 10).
A prescrição de Paulo para o comportamento
correto segue a sua descrição da redenção que Deus ricamente fez do seu
povo. A obediência se torna uma resposta
ao favor de Deus e não um meio de obtê-lo (2.6-7).
As coisas lá do alto que devem ser buscadas
estão com Cristo que está assentado à direita de Deus. Um tema exultante,
essencial no Novo Testamento (At 2.33-35; 5.31; 7.55-56; Rm 8.34; Ef 1.20; Hb
1.3,13; 8.1; 10.12; 12.2; 1Pe 3.22; Ap 3.21).
Além de buscar – o que significa atividade
e não passividade – o pensamento também deve ser mantido lá nas coisas lá do
alto e não nas coisas daqui da terra.
Tanto Cristo como seus seguidores (nele)
foram elevados (vs. 2); portanto, nossos pensamentos devem estar nas coisas lá
do alto, bem como as nossas afeições devem ser direcionadas a elas, e não nas
coisas terrenas.
Em muitos aspectos, o falso ensino em
Colossos também incentivava a atenção nas questões além deste mundo; porém,
como Paulo indicou, na verdade as falsas práticas dos colossenses impediam que
eles tivessem o entendimento correto das coisas celestiais.
Somente aqueles que exaltam a Cristo como
supremo e suficiente, têm o privilégio de colocar a mente e a vida nas coisas
lá do alto, onde Cristo está.
A sua lógica para as orientações dos vs. 1
e 2 é que nós já morremos com Cristo e a nossa vida agora está oculta
juntamente com Cristo, em Deus – vs. 3.
Alguns entendem isso como unia afirmação de
que a nova vida dos cristãos não é evidente para os outros, sendo, nesse
sentido, "oculta". No entanto, a provável ligação com 2.3 indica que
há mais em vista.
Embora a realidade e as implicações da nova
vida em Cristo não estejam ainda totalmente reveladas, o fato de que a vida dos
cristãos "está oculta juntamente com Cristo, em Deus" aponta também
para a segurança e a invencibilidade da nova vida em Cristo. O que Deus deu
gratuitamente, nem os seres humanos e nem os anjos podem tirar (Jo 10.29).
Quando Cristo, que é nossa vida, se
manifestar, em sua vinda, seremos, com ele, manifestados também. A esperança do
retorno de Cristo permanece vibrante e fundamental para a ética dessa seção
(vs. 5-11).
2. A morte da antiga humanidade (3.5-9).
Paulo dá orientações fortes para que agora
sejamos, mediante tudo o que nos falou, os agentes ativos no tocante a fazermos
morrer em nós tudo o que pertencia à natureza antiga que era contrária a Deus. Somos
nós que devemos fazer morrer nossa antiga humanidade. Ao fazer isso, eles se
livram de seus antigos caminhos pecaminosos.
No entanto, como faremos morrer nossas
inclinações ao pecado, pertencentes à nossa antiga natureza?
Ao dizer-nos para “fazer morrer” Paulo está
usando do imperativo, dando mesmo uma ordem para nós. Essa é a primeira de uma
série de imperativos comportamentais que vão até 4.6.
Apesar da rejeição de Paulo do ascetismo
legalista, ele apelou para os cristãos se tornarem na prática o que eles são em
princípio: mortos para o pecado e vivos para Deus (Rm 6.1-14).
O apóstolo conclamou a um afastamento
rigoroso do antigo estilo de vida, o qual é incompatível com o estilo de vida
em Cristo.
No vs. 5, Paulo listou cinco pecados -
quatro de natureza sexual mais ganância, significativamente identificada com a
idolatria.
No vs. 8 ele listou mais cinco pecados,
todos os quais têm a ver com ira e palavras abusivas.
Antes que esses cristãos tivessem sido
levados "para o reino do Filho do seu amor" (1.13), a prática deles
era por essas coisas que atraiam a ira de Deus sobre eles, mas agora, não mais
seria assim uma vez que a lógica era que nos despimos - da mesma raiz de
"despojamento do corpo da carne" (2.11) e "despojando"
(2.15) – do velho homem com suas práticas e nos revestimos do novo, o qual está
sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador.
Isso dá a entender que para praticarmos
essas coisas contrárias a Deus é necessário uma vestimenta, que é a aquela que
ele pede para nos despojarmos dela. Também para andarmos em novidade de vida, é
necessário uma outra vestimenta.
Vejamos os vs. 9 e 10, como ficam. Não devemos
mais mentir uns aos outros, visto que já nos despimos do velho homem com suas
práticas e nos revestimos do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento,
à imagem do seu Criador.
3. A nova humanidade em Cristo (3.10-17).
Dos vs. 10 ao 17, veremos Paulo falando
dessa nova humanidade em Cristo. Pensar nas coisas lá do céu (3.2) significa
não somente fazer morrer a antiga humanidade, mas também afirmar e viver como
parte da nova humanidade em Cristo.
Em Cristo; o segundo Adão de Deus (1Co
15.20-28, 45-49), a raça humana tem sido reconstituída. Não por coincidência,
cada um dos atributos listados posteriormente por Paulo no vs. 12 pode ser
remontado ao caráter de Deus de modo geral ou de Cristo de modo específico.
Isso demonstra o quão totalmente Paulo
havia entendido a ideia de os cristãos terem assumido a "imagem" do
seu Criador.
Nessa nova vida não pode haver grego nem
judeu. É provável que Paulo estivesse comentando a respeito do elitismo dos
falsos mestres colossenses, os quais acreditavam que a condição espiritual
deles os tornavam superiores aos outros.
A unidade transcultural de todos os que
pertencem a Cristo é uma ideia que aparece com frequência nos escritos de Paulo
(p. ex., 1 Co 7; Cl 3.28).
Também não pode haver nem bárbaro, nem cita.
Os gregos viam aqueles que não falavam grego como analfabetos e não civilizados,
eram os bárbaros. Já os cita, pela reputação, eram uma classe de escravos
brutais e desprezíveis provenientes das tribos ao redor do mar Negro. Os citas
eram ocasionalmente satirizados na comédia grega por causa dos seus modos de
ser e falar incultos.
Também, ainda, nem escravo, nem livre.
Dentro do corpo de Cristo, as distinções baseadas na posição social são
irrelevantes (1Co 7.17-24).
Ao mesmo tempo, como as instruções
separadas de Paulo para os escravos e para os donos dos escravos em 3.22-4.1
tornam claro, a união em Cristo não significa uma uniformidade de função ou
capacidade.
É importante reconhecer que "Cristo é
tudo e está em tudo". Nas igrejas paulinas, posições sociais diferentes
continuavam a existir e não eram sujeitas a um processo indiscriminado de
nivelamento.
Em vez disso, elas se tornavam
oportunidades para expressar o amor de Cristo além dos limites sociais
tradicionais.
Esses versículos – 12 a 14 - esboçam as
obrigações mútuas de todos os cristãos, as quais levam à união. Os vs. 3.18-4.2
focalizam nas oportunidades para servir dentro de relacionamentos específicos.
3.12 Revesti-vos. Paulo previu os cristãos
assumindo o caráter do próprio Senhor. O "novo homem" (vs. 10) não é algo
que os cristãos devem construir pelo seu próprio poder.
A nova identidade do cristão vai tomando
forma à medida que ele vai conhecendo melhor a Cristo, a imagem do Deus invisível
e Aquele em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos
(1.15; 2.3).
O conselho de Paulo era que, portanto, como
povo escolhido de Deus, santo e amado, deveríamos nos revestir de profunda
compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência – vs. 12.
Os cristãos desfrutam, por direito, de um
claro entendimento de que Deus estabelece e garante o seu relacionamento com
eles (Jo 6.37,44,65; 15.16; Ef 1.4-5; Fp 1.6).
Eles podem saber não apenas que foram
declarados santos com base numa retidão que não é deles mesmos (Rm 3.21-26; 1
Co 1.2,30), mas também que Deus genuinamente, e até de modo veemente, os ama
(Jo 3.16; Rm 8.32; GI 2.20; Tt 3.4; 1Jo 4.9-10).
Embora essas palavras possam ser facilmente
atenuadas, elas esclarecem o auto entendimento que motiva a ética de modo
correto.
Já a versão ARA fala que devemos nos
revestir de:
·Misericórdia.
Um
comprometimento emocional com o ferido e o desalentado (Mt 9.36; 14.14; Rm 12.1).
·Bondade.
Prontidão
para fazer o bem, mesmo quando essa atitude não é merecida pelos favorecidos
(Rm 2.4; 11.22; Tt 3.4).
·Humildade.
Uma
postura de inferioridade e serviço (Mc 10.45; Fp 2.1-11).
·Mansidão.
Um
"toque suave" ao oferecer ajuda; uma abordagem não coerciva para
incentivar mudança positiva nos outros (Mt 11.29; 2Co 10.1; cf. Cl 6.1; 2Tm
2.25).
·Longanimidade.
Uma
disposição para ser tolerante em vista à fragilidade humana (Rm 2.4; 1Tm 1.16).
Devemos ainda suportar uns aos outros e
perdoar as queixas que tivermos uns contra os outros. Perdoar como o Senhor nos
perdoou. Sendo que, acima de tudo, porém, devemos nos revestir do amor, que é o
elo perfeito.
Em Colossenses 3, vemos muito uso das
palavras “vestir”, “revestir”, “despir” com relação ao que devemos e o que não
devemos fazer considerando a velha e a nova vida, em Cristo.
Paulo baseava a sua ética de paciência,
perdão e amor no exemplo fornecido pelo padrão de redenção da obra de Cristo
(veja Ef 4.32-5.2).
Ele apontava a paz de Cristo como o árbitro
em nossos corações, visto que fomos chamados para vivermos em paz. Na sua
prática do amor, do perdão e da bondade, a nova comunidade deve demonstrar a
reconciliação e a paz que Cristo efetuou entre o céu e a terra (1.20-22; 2.15)
e entre a humanidade fraturada (3.11,13).
Além disso, deveríamos ser agradecidos. A gratidão
é o reconhecimento de que Deus tem cuidado de nós e não somente isso, que está
cuidando e ainda cuidará.
A palavra de Cristo deveria motivar tão
efetivamente quanto a presença do próprio apóstolo (cf. 1.28). Por isso que
devemos nos alimentar dela continuamente, mas não somente isso, mas ensinando e
aconselhando uns aos outros com toda sabedoria.
Ele recomenda a eles que cantasse com
salmos, e hinos, e cânticos espirituais com gratidão a Deus em nossos corações.
Na Septuaginta (a tradução grega do AT), esses termos “salmos, hinos e cânticos”
se sobrepõem de maneira ampla, de modo que Paulo pode não ter pretendido
distinguir três variedades de canções.
Como essas mesmas palavras descrevem os
diferentes tipos de composições no livro de Salmos, alguns veem aqui uma referência
ao Saltério (cf. Ef 5.19).
Paulo falou da admoestação na canção porque
ele previa uma comunidade que seria repleta de ações de graça e regozijo -
desde que os colossenses rejeitassem os falsos mestres e seguissem o seu
evangelho.
Paulo ampliou a sua visão da maneira na
qual as instruções deveriam ser dadas na comunidade cristã ao conjunto da vida
como a nova humanidade.
À luz da supremacia e suficiência de Cristo
- um ponto focal nessa carta - todas as coisas (palavras ou ações) devem ser
feitas "em nome do Senhor Jesus", ou seja, sob a sua autoridade e
para a sua glória.
Além disso, todas as coisas devem ser feitas
dando "por ele graças a Deus Pai" porque ele tem dado todas as
bênçãos que nós temos em Cristo.
B. Orientação prática (3.18-4.6).
Após ter fornecido uma orientação para a
vida cristã, Paulo se voltou para algumas questões práticas. Suas instruções
focalizaram nas autoridades da vida (3.17 - 4.1), na oração (4.2-4) e nas
interações com os não-cristãos (4.5-6). Elas formarão nossa divisão proposta,
conforme a BEG: 1. Autoridade e submissão (3.18-4.1) – começaremos a ver agora; 2. Na oração (4.2-4); 3. Entre os
incrédulos (4.5-6).
1. Autoridade e submissão (3.18-4.1).
A primeira área de interesse prático de
Paulo foi a dinâmica dos relacionamentos que envolviam a autoridade. Ele vai
falar e orientar maridos, mulheres, filhos, pais, escravos.
·Mulheres,
sujeitem-se a seus maridos, como convém a quem está no Senhor. (Sujeitar-se).
·Maridos,
amem suas mulheres e não as tratem com amargura. (Amar).
·Filhos,
obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor. (Obedecer).
·Pais,
não irritem seus filhos, para que eles não se desanimem. (Não irritar).
·Escravos,
obedeçam em tudo a seus senhores terrenos, não somente para agradar os homens
quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de
vocês temerem ao Senhor. (Obedecer).
Colossenses 3:18-22.
O tratamento mais amplo do escravo e do
livre pode ser devido à questão delicada do retorno de Onésimo, o escravo
fugitivo, para o seu dono, Filemom.
Onésimo iria junto com Tíquico quando este
fosse entregar essa carta aos colossenses, e eles provavelmente também
entregariam a carta de Paulo a Filemom.
A presença de Onésimo com Tíquico é um vivo
exemplo de sutileza, tato e sabedoria que Paulo esperava que fosse exercitado
nos relacionamentos de que essa seção trata.
Cl 3:1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente
com Cristo,
buscai as
coisas lá do alto,
onde
Cristo vive,
assentado
à direita de Deus.
Cl 3:2 Pensai nas coisas lá do alto,
não nas que
são aqui da terra;
Cl
3:3 porque morrestes,
e
a vossa vida está oculta juntamente com Cristo,
em
Deus.
Cl 3:4 Quando Cristo, que é a nossa
vida,
se
manifestar,
então,
vós também sereis manifestados com ele,
em
glória.
Cl 3:5 Fazei, pois, morrer a vossa
natureza terrena:
prostituição,
impureza,
paixão
lasciva,
desejo
maligno
e a avareza,
que é idolatria;
Cl
3:6 por estas coisas é
que
vem a ira de Deus
[sobre
os filhos da desobediência].
Cl
3:7 Ora, nessas mesmas coisas
andastes
vós também,
noutro
tempo,
quando
vivíeis nelas.
Cl 3:8 Agora, porém,
despojai-vos,
igualmente, de tudo isto:
ira,
indignação,
maldade,
maledicência,
linguagem
obscena do vosso falar.
Cl 3:9 Não
mintais uns aos outros,
uma
vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos
Cl 3:10 e vos
revestistes do novo homem
que
se refaz para o pleno conhecimento,
segundo
a imagem daquele que o criou;
Cl
3:11 no qual não pode haver
grego
nem judeu,
circuncisão
nem incircuncisão,
bárbaro,
cita,
escravo,
livre;
porém
Cristo é tudo em todos.
Cl 3:12 Revesti-vos, pois,
como eleitos
de Deus,
santos
e amados,
de
ternos afetos de misericórdia,
de
bondade,
de
humildade,
de
mansidão,
de
longanimidade.
Cl 3:13 Suportai-vos uns aos outros,
perdoai-vos mutuamente,
caso alguém
tenha motivo de queixa contra outrem.
Assim como o Senhor vos perdoou,
assim também
perdoai vós;
Cl 3:14 acima de tudo isto, porém,
esteja o amor,
que
é o vínculo da perfeição.
Cl 3:15 Seja a paz de Cristo
o árbitro em
vosso coração,
à
qual, também, fostes chamados em um só corpo;
e
sede agradecidos.
Cl 3:16 Habite, ricamente, em vós
a palavra de
Cristo;
instruí-vos
e aconselhai-vos mutuamente
em toda a
sabedoria,
louvando
a Deus,
com
salmos,
e
hinos,
e
cânticos espirituais,
com
gratidão, em vosso coração.
Cl 3:17 E tudo o que fizerdes,
seja em
palavra,
seja em ação,
fazei-o
em nome do Senhor Jesus,
dando
por ele graças a Deus Pai.
Cl 3:18 Esposas,
sede
submissas ao próprio marido,
como
convém no Senhor.
Cl 3:19 Maridos,
amai vossa
esposa
e não a
trateis com amargura.
Cl 3:20 Filhos,
em tudo
obedecei a vossos pais;
pois
fazê-lo é grato diante do Senhor.
Cl 3:21 Pais,
não irriteis
os vossos filhos,
para
que não fiquem desanimados.
Cl 3:22 Servos,
obedecei em
tudo ao vosso senhor segundo a carne,
não
servindo apenas sob vigilância,
visando
tão-somente agradar homens,
mas
em singeleza de coração,
temendo
ao Senhor.
Cl 3:23 Tudo quanto fizerdes,
fazei-o de
todo o coração,
como
para o Senhor
e
não para homens,
Cl
3:24 cientes de que recebereis do Senhor
a
recompensa da herança.
A Cristo, o Senhor,
é que estais
servindo;
Cl
3:25 pois aquele que faz injustiça
receberá
em troco a injustiça feita;
e
nisto não há acepção de pessoas.
Depois desta segmentação agora minha
declaração ficou maior. Juntemos I Co 10:31 + Cl 3:17;25 + Fp 2:4 e o que
teremos? Que tudo devemos fazer de coração como se ao Senhor estivéssemos
fazendo, em nome de Jesus, dando por ele graças a Deus, sem murmurações nem
contendas e para a glória de Deus!
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Como falamos, o propósito da epístola aos
colossenses foi o de afirmar e explicar a supremacia e a suficiência de Cristo
em oposição a todos os outros poderes e tentativas para obter a salvação. Estamos
no capítulo 2/4.
Breve
síntese do capítulo 2.
Paulo se esforçava em anunciar o mistério
de Deus: Cristo! Sabe do que precisamos hoje em dia em pleno século XXI? De
Cristo! Onde você acha que está a sabedoria e o conhecimento? Em Cristo!
Cristo é o mistério de Deus em quem todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Sabedores disso,
jamais seremos enganados por raciocínios falazes, enganosos, mentirosos e
ilusórios.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. MINISTÉRIO DE PAULO AOS COLOSSENSES (1.24-2.7) – continuação.
Como dissemos, o ministério de Paulo à
igreja foi planejado para convencer os colossenses a se afastarem do falso
ensino que estava sendo ministrado entre eles. Dos vs. 1.24 a 2.7, estamos
vendo o ministério de Paulo aos colossenses.
Embora Paulo não tivesse visitado essa
igreja ainda, ele esperava que essa carta fosse lida pelos seus membros (4.16).
Ele afirmava que estava lutando pelos que
estavam em Laodiceia e por todos os que ainda não o conheciam pessoalmente.
Esforçava-se Paulo para que todos eles:
·Fossem
fortalecidos em seus corações.
·Fossem
unidos em amor.
·Alcançassem
toda a riqueza do pleno entendimento.
O objetivo disso tudo era para que
conhecessem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo.
Cristo é o mistério de Deus onde todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos – vs. 3. Os falsos
mestres que estavam perturbando os cristãos na região prometiam sabedoria e
conhecimento secretos.
Paulo insistia, no entanto, que a sabedoria
e o conhecimento só podem ser encontrados em Cristo. Somente por meio da fé na
supremacia de Cristo, e pela prática dessa fé, eles conseguiriam penetrar na
divina revelação a ser alcançada.
Paulo dizia isso para eles não serem
enganados por raciocínios falazes. Paulo admitiu que os seus inimigos eram
sofisticados e que ofereciam argumentos elaborados que causavam forte impressão
para apoiar os seus pontos de vista, mas aqui e em outras partes ele advertiu
contra os perigos de confiar em tais sofisticações (veja 1Co 1.20-25).
Paulo zelava pela fé deles e procurava
alertá-los para não serem enganados. Assim como receberam a Cristo, assim deveriam
andar nele.
O termo "recebestes" refere-se a
aceitar o ensino sobre Cristo bem como a aceitar o próprio Cristo como o único
Senhor e Salvador da pessoa, reconhecendo que está unida a ele pela graça de
Deus.
Para mais esclarecimentos sobre o
entendimento de Paulo de que as boas-novas de Jesus Cristo é uma tradição
divinamente ordenada que pode ser recebida, veja 1Co 11.2; 15.1-5 (veja também
lTs 2.13; 2Ts 3.6).
Os colossenses tinham recebido o verdadeiro
evangelho dos apóstolos, mas eles precisavam perseverar naquela maneira de
viver. Somente então eles amadureceriam na fé cristã.
Se já receberam a Jesus como o Senhor, eles
deveriam, doravante – vs. 6 e 7:
·Continuarem
a viver nele.
·Enraizarem-se
e edificarem-se nele.
·Firmarem-se
na fé, como foram ensinados.
·Transbordarem-se
de gratidão.
Como seria fundamentada no que eles já
conheciam e haviam experimentado da supremacia de Cristo, a obediência
adicional dos colossenses deveria ser motivada pela ação de graças (2.7; 3.17),
e não pela culpa decepcionante e ansiosa.
IV. A SUPREMACIA E SUFICIÊNCIA DE CRISTO (2.8-23).
Em contraste com os falsos ensinos em
Colossos, os benefícios maravilhosos da salvação vinham somente por meio da
suficiência e supremacia de Cristo.
Veremos dos vs. 8 ao 23, a supremacia e suficiência
de Cristo. Cristo é supremo sobre todos os outros poderes no universo. Ele é
suficiente para salvar todos aqueles que confiam nele e para capacitá-los a levar
uma vida consagrada.
Para melhor explorarmos o conteúdo deste capítulo,
resolvemos dividi-lo, conforme a BEG, nas seguintes partes: A. Advertência
contra o falso ensino (2.8) - veremos
agora; B. A plenitude da vida na plenitude de Deus (2.9-10) - veremos agora; C. A circuncisão e o
batismo em Cristo (2.11-12) - veremos
agora; D. Vida nova e perdão em Cristo (2.13-14) - veremos agora; E. Vitória em Cristo sobre os poderes hostis
(2.15) - veremos agora; e, F.
Liberdade do legalismo e do asceticismo (2.16-23) - veremos agora.
A. Advertência contra o falso ensino (2.8).
Paulo começou essa seção com uma
advertência direta ao falso ensino que estava tentando os colossenses. Nesse
contexto, o termo "filosofia" – vs. 8 - não se refere à busca
racional da verdade, mas a práticas ocultas que têm o objetivo de discernir os
mistérios e poderes cósmicos.
Essa difícil terminologia “conforme os
rudimentos do mundo” não se refere às leis do Antigo Testamento, como tem sido
frequentemente compreendida.
Paulo pode ter usado o termo
"rudimentos" para se referir aos poderes cósmicos ou aos deuses
associados às estrelas, aos planetas e aos elementos do mundo físico (cf.
2.18-20; Cl 4.8-9).
Na igreja em Colossos, a busca por tais
poderes parece ter sido misturada com os costumes judaicos, mas no que se
referia à sua orientação básica, o foco permanecia amplamente pagão.
Alternativamente, essa frase pode se
referir aos meios mundanos de procurar a salvação e a santidade (cf. 2.20-21;
Cl 4.3). O fato era que essas filosofias vãs e enganosas não se apoiavam em
Cristo, antes se apoiavam:
·Em
tradições humanas
·Nos
princípios elementares deste mundo.
B. A plenitude da vida na plenitude de Deus (2.9-10).
A plenitude da vida e a plenitude de Deus
estão somente em Cristo Jesus. De modo formidável, Paulo refutou os falsos
mestres que incentivavam a submissão aos "rudimentos" ou “princípios
elementares” – NVI - (vs. 8) como um meio de superar o medo da inadequação
diante de Deus.
Como em 1.19, aqui em 2.9, Paulo explica
que em Cristo habita toda a plenitude da divindade. Paulo deixou claro que o
discernimento dos mistérios divinos são encontrados em Cristo porque ele é Deus
encarnado. Ninguém pode oferecer mais do que ele.
Pelo fato de os cristãos colossenses
estarem em união com Cristo, que é o próprio Deus, eles estavam
"aperfeiçoados", ou completados, totalmente nele.
Se em Cristo habita plenamente toda
plenitude da divindade e se estamos nele que é o Cabeça de todo o poder e
autoridade, a lógica é que também recebemos a plenitude, ou nele fomos
totalmente aperfeiçoados.
Eles não precisavam de nada mais, como, por
exemplo, discernimento e poderes cósmicos tais como aqueles prometidos pelos
mestres ocultos. (Neste ponto, a BEG recomenda a leitura e a reflexão em seu
excelente artigo teológico "A união com Cristo", em Gl 6).
C. A circuncisão e o batismo em Cristo (2.11-12).
Paulo continuou a descrever as grandes
bênçãos encontradas em Cristo, agora focalizando na circuncisão e no batismo.
Muitas vezes, é especulado que os falsos
mestres em Colossos estavam recomendando a circuncisão, como aqueles na
Galácia, e que foi por isso que Paulo tratou desse assunto aqui.
Conquanto isso possa ser verdade, o fato de
que Paulo não argumentou diretamente contra a circuncisão, como havia feito em
Gálatas, sugere algo diferente.
A ênfase desses versículos revela que as
filosofias pagãs que estavam perturbando os colossenses haviam sido misturadas
com o legalismo judaico, mas Paulo introduziu o tópico da circuncisão para
mostrar que um elemento dos que os colossenses estavam procurando dos falsos
mestres - poder sobre a carne (v. 23) - já era deles por meio da união deles
com Cristo.
Como rito introdutório da antiga aliança, a
circuncisão significava eliminar o pecado, transformar o coração e incluir a
pessoa na família da fé (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; 9.25-26; Ez 44.7,9).
De maneira dramática, Paulo mostrou que, ao
terem sido batizados em Cristo, esses gentios haviam sido circuncidados.
Chamado aqui de "a circuncisão de Cristo", o batismo significa
realidades como (At 2.38; Rm 6.4; 1Co 12.13; GI 3.26-29; Cl 2.13; Tt 3.5; 1Pe
3.21):
·Ter
os pecados lavados.
·Passar
por uma renovação pessoal pelo Espírito de Deus.
·Tornar-se
membro do corpo de Cristo.
Essa passagem faz uma declaração muito
importante sobre a unidade da administração da aliança de Deus: não era
esperado dos cristãos gentios que eles seguissem o antigo modo de se
identificar com Deus e seu povo (At 15).
Contudo, a fé que eles tinham em Cristo
tornava-os, no entanto, tão filhos de Abraão como o eram os cristãos que eram
judeus de nascimento (Rm 2.28-29; Cl 3.26-29; Fp 3.3).
Embora o batismo não seja idêntico à
circuncisão, eles têm importantes paralelos pactuais (a BEG recomenda a leitura
e a reflexão em seu excelente artigo teológico "O batismo de crianças ou
de convertidos", em Cl 2 – reproduzido aqui, no final dessa exposição).
Por meio da união deles com Cristo - não
por meio da busca de falsas filosofias - os cristãos encontram a plenitude das
bênçãos de Deus na sua própria vida. Mais uma vez a BEG recomenda a leitura e a
reflexão em seu excelente artigo teológico "A união com Cristo", em Gl
6.
Nele fomos circuncidados, não com uma
circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que
é o despojar do corpo da carne.
Isso aconteceu quando nós fomos sepultados
com ele no batismo, e com ele fomos ressuscitados mediante a fé no poder de
Deus que o ressuscitou dentre os mortos – vs. 11,12.
D. Vida nova e perdão em Cristo (2.13-14).
Paulo continuou a se opor ao falso ensino
ao elaborar sobre o quanto Cristo oferece ao seu povo. É mais característico de
Paulo falar da justificação do que do perdão e do pecado individual do que do pecado
no plural (cf. Rm 5.12-21).
Aparentemente, Paulo queria enfatizar que
Deus não tinha simplesmente conquistado o poder geral do pecado, mas também
erradicado a culpa que resulta de atos particulares pelos quais os pecadores
ofendem o seu caráter.
Em oposição aos elementos do legalismo
judaico, Paulo aplicou essa vívida imagem do mundo comercial que comparava a
lei a um certificado de dívida escrito pelas próprias mãos do devedor.
Jesus havia "nascido sob a lei"
(Gl 4.4) e foi, portanto, sujeito às suas exigências e maldições. Na cruz, ele
foi feito “pecado por nós” (2Co 5.21) e sofreu a "maldição” da lei contra
a injustiça (Gl 3.13).
Na sentença da morte que pregou Jesus na
cruz, Paulo via o cancelamento da sentença de morte que havia contra os transgressores
da lei. O cristão não mais está sob o risco de ser condenado pela lei.
E. Vitória em Cristo sobre os poderes hostis (2.15).
Paulo descreveu – vs. 15 - ainda outra
maneira na qual Cristo se mostrou superior aos princípios do falso ensino:
nosso Senhor conquistou todos os poderes iníquos ao tirar o poder para acusar
(cf. Zc 3.1; Rm 8.33-34,38; Ap 12.10).
Paulo novamente se referiu aos poderes
angélicos e demoníacos (veja 2.8). Mediante a morte de Jesus em favor dos
pecadores, Satanás (lit., "acusador") foi despojado do seu poder para
intimidar e controlar os seres humanos.
A morte de Jesus retirou de nós o medo da
morte e do julgamento eterno que o pecado merece e que a lei requer (Ez 18; Rm
5.12; 6.23; Hb 2.14-15).
Embora a luta cósmica com Satanás e suas
legiões continuará até o retorno do Senhor em glória (2Co 4.4; Ef 6.10-18; 1Pe
5.8), o poder do mal foi quebrado de modo decisivo e permanente pela morte e
ressurreição de Cristo.
Quando ele diz que publicamente os expôs,
ele está usando uma imagem de um general romano conquistador fazendo um cortejo
com os seus inimigos derrotados e humilhados seguindo atrás de sua carruagem.
Uma batalha cósmica invisível ocorreu na
cruz e o príncipe deste mundo foi
·"Expulso"
(Jo 12.31).
·"Atirado"
(Ap 12.9).
·"Preso"
(Ap 20.2).
F. Liberdade do legalismo e do asceticismo (2.16-23).
Dos vs. 16 ao 23, Paulo vai falar da liberdade
do legalismo e do asceticismo. Paulo relembrou os colossenses que Cristo os
havia libertado das práticas pagãs e do uso incorreto das leis de Deus.
Paulo pode ter pretendido dizer que a
observação das celebrações tradicionais judaicas era agora opcional para os
cristãos, ou que aqueles que guardavam esses dias do modo correto não deveriam
aceitar a condenação daqueles que as corrompiam com práticas pagãs.
Esses termos “comida e bebida, ou dia de
festa, ou lua nova, ou sábados” referem-se aos hábitos religiosos judaicos
tradicionais.
Alguns estudiosos argumentam que o
asceticismo pagão em Colossos (vs. 15) estava misturado com essas celebrações,
talvez numa tentativa de aplacar poderes astrais ou angélicos que eram ditos
direcionar o curso das estrelas, regular o calendário e determinar o destino
humano.
Outros insistem que as celebrações eram
simplesmente observadas de uma maneira legalista. Em qualquer caso, essas
práticas eram o próprio tipo de escravidão da qual Cristo veio para libertar as
pessoas.
Paulo não rejeitava a observância cristã
correta das festas ou do quarto mandamento (veja Ex 20.8-11; Rm 7.12-16; 1Tm
1.8), assim como não rejeitava o jejum ou outros observações religiosas praticadas
com a motivação correta.
Mas ele afirmava que elas eram sombra do
que havia de vir. Até mesmo em sua forma para, as cerimônias do Antigo
Testamento haviam sido designadas para apontar para o estágio mais importante
do reino de Deus que viria por meio de Cristo (Hb 10.1).
A observância legalista de regulamentos
escolhidos do Antigo Testamento, especialmente quando misturados com a filosofia
pagã, não poderia fornecer sabedoria, conhecimento ou salvação. Ao dizer isso,
no entanto, Paulo não estava se opondo ao uso correto da lei de Deus dada por
intermédio de Moisés (Novamente a BEG recomenda a leitura e a reflexão em seu
excelente artigo teológico "Os três usos da lei", em SI 119).
À luz da menção das visões feita por Paulo
– vs. 18 -, alguns intérpretes têm visto nessa frase uma referência a um tipo
de piedade encontrado entre alguns místicos judeus.
O objetivo era a participação no culto dos
anjos de Deus no trono celestial, e era dito que essa experiência de êxtase era
alcançada mediante o asceticismo e a observação rigorosa da Torá.
Nesse caso, a expressão "culto dos
anjos" deve ser compreendida como "culto com os anjos". No
entanto, parece ser mais provável que os colossenses eram tentados à falsa
humildade no sentido de se acovardarem numa veneração ("adoração")
imprópria de seres espirituais que eles acreditavam que estavam situados entre
Deus e os seres humanos.
Como em todas as suas epístolas, Paulo
escreveu para a igreja visível, que inclui mais do que verdadeiros crentes. Paulo
os advertia quanto àqueles que queria se fazer de árbitros julgando o que
deveriam ou não fazer.
Quando aqueles que confessam ser seguidores
de Cristo cometem flagrante apostasia, eles demonstram que não são
verdadeiramente regenerados e se desqualificam para o prêmio da salvação em
Cristo (outra vez, nova recomendação de leitura e reflexão em seu excelente
artigo teológico "A perseverança e a preservação dos santos", em Fp
1).
Aqui – vs. 19 - Paulo não quis dizer que a
salvação pode ser possuída e, depois, perdida. Ele ainda estava se referindo
aos membros do corpo visível de Cristo (a igreja), os quais tinham uma aliança
com Deus, mas não eram, necessariamente, verdadeiramente regenerados.
Ao buscar o favor dos seres angélicos, eles
deixavam de dar a Cristo a honra que é apenas dele como "plenitude da
Divindade" (2.9), como também deixavam de desfrutar da totalidade da redenção
obtida pela morte e ressurreição de Cristo (1.20-22; 2.10-15).
Essa linguagem envolvendo as partes do
corpo de Cristo – vs. 19 - volta a 1.18, bem como olha para frente, para o modo
como Paulo desenvolveria a ideia da vida cristã sob a autoridade de Cristo no
contexto da igreja (3.1-4.6).
A lógica da argumentação de Paulo se
baseava no fato de que já morremos com Cristo para os princípios elementares
deste mundo. Sendo assim, dessa forma, por que é que eles ainda vivessem como
se pertencessem a ele, se submetendo regras: "Não manuseie!” "Não
prove!” "Não toque!”?
Paulo explica que todas essas coisas estão
destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos
humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa
religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor
algum para refrear os impulsos da carne – vs. 20 a 23.
Cl 2:1 Gostaria, pois, que soubésseis
quão
grande luta venho mantendo por vós,
pelos
laodicenses
e
por quantos não me viram face a face;
Cl
2:2 para que o coração deles seja confortado
e
vinculado juntamente em amor,
e
eles tenham toda a riqueza
da
forte convicção do entendimento,
para
compreenderem plenamente
o
mistério de Deus,
Cristo,
Cl
2:3 em quem todos os tesouros da sabedoria
e
do conhecimento estão ocultos.
Cl 2:4 Assim digo para que ninguém vos
engane
com
raciocínios falazes.
Cl 2:5 Pois, embora ausente quanto ao
corpo,
contudo,
em espírito,
estou
convosco,
alegrando-me
e
verificando a vossa boa ordem
e
a firmeza da vossa fé em Cristo.
Cl 2:6 Ora, como recebestes Cristo
Jesus, o Senhor,
assim
andai nele,
Cl
2:7 nele radicados,
e
edificados,
e
confirmados na fé,
tal
como fostes instruídos,
crescendo
em ações de graças.
Cl 2:8 Cuidado que ninguém vos venha a
enredar
com sua
filosofia e vãs sutilezas,
conforme a tradição dos homens,
conforme
os rudimentos do mundo
e não segundo Cristo;
Cl 2:9 porquanto, nele,
habita,
corporalmente,
toda
a plenitude da Divindade.
Cl 2:10 Também, nele,
estais
aperfeiçoados.
Ele é
o
cabeça de todo principado
e
potestade.
Cl 2:11 Nele,
também
fostes circuncidados, não por intermédio de mãos,
mas
no despojamento do corpo da carne,
que
é a circuncisão de Cristo,
Cl
2:12 tendo sido sepultados,
juntamente
com ele,
no
batismo,
no
qual igualmente fostes ressuscitados
mediante
a fé
no
poder de Deus
que
o ressuscitou dentre os mortos.
Cl 2:13 E a vós outros, que estáveis
mortos
pelas
vossas transgressões
e
pela incircuncisão da vossa carne,
vos
deu vida juntamente com ele,
perdoando
todos os nossos delitos;
Cl
2:14 tendo cancelado o escrito de dívida,
que
era contra nós
e
que constava de ordenanças,
o
qual nos era prejudicial,
removeu-o
inteiramente,
encravando-o
na cruz;
Cl
2:15 e, despojando
os
principados
e
as potestades,
publicamente
os expôs
ao
desprezo,
triunfando
deles na cruz.
Cl 2:16 Ninguém, pois, vos julgue
por
causa de comida e bebida,
ou
dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
Cl 2:17 porque tudo isso tem sido sombra das
coisas que haviam de vir;
porém
o corpo é de Cristo.
Cl 2:18 Ninguém se faça árbitro contra
vós outros,
pretextando
humildade
e
culto dos anjos,
baseando-se
em visões, enfatuado,
sem
motivo algum, na sua mente carnal,
Cl
2:19 e não retendo a cabeça,
da
qual todo o corpo,
suprido
e bem vinculado
por
suas juntas e ligamentos,
cresce
o crescimento que procede de Deus.
Cl 2:20 Se morrestes com Cristo
para
os rudimentos do mundo,
por
que, como se vivêsseis no mundo,
vos
sujeitais a ordenanças:
Cl
2:21 não manuseies isto,
não
proves aquilo,
não
toques aquiloutro,
Cl
2:22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens?
Pois que todas estas coisas,
com
o uso, se destroem.
Cl 2:23 Tais coisas, com efeito,
têm
aparência de sabedoria,
como
culto de si mesmo,
e
de falsa humildade,
e
de rigor ascético;
todavia,
não têm valor algum
contra
a sensualidade.
Paulo parecia ter uma aversão natural
contra a lei e regras. Elas tem poder contra nós de nos escravizar e mesmo que
as cumpramos, eles tem outro poder o de nos gloriarmos. Você quer cumprir a
lei? Não a torne em regra, mas cumpra-a. A lei perde a sua força quando a
cumprimos e não quando procuramos cumpri-la. Isso parece complexo.
Batismo de crianças ou de
convertidos: Devemos batizar os nossos filhos?[1]
Não há um consenso entre os teólogos reformados quanto a quem deve ser
batizado. Devemos batizar somente aqueles que professam a fé em Cristo (a visão
batista reformada)? Ou devemos batizar os cristãos e seus filhos (a visão
pedobatista reformada)? As diferenças de opinião se refletem nas nossas
confissões (comparar CFW 28; CB 34; CBL 29) e persistem há tanto tempo que
parece pouco provável que as várias igrejas que aderem à teologia reformada
cheguem a um acordo quanto a esta questão. No entanto, é importante que todos
nós compreendamos e avaliemos devidamente esses pontos de vista diferentes.
De um modo geral, os batistas reformados baseiam sua argumentação em
dois fundamentos. Em primeiro lugar, todos os mandamentos e exemplos de batismo
no Novo Testamento são antecedidos de arrependimento e fé. O padrão do Novo
Testamento pode ser observado nas palavras de Pedro: "Arrependei-vos, e
cada um de vós seja batizado... para remissão dos vossos pecados" (At
2.38). Jesus associou o ensino e o batismo ao instruir, "Ide, portanto, e
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os... ensinando-os" (Mt
28.19-20).
Em segundo lugar, os batistas reformados argumentam que na passagem da
história bíblica do Antigo Testamento para a nova aliança em Cristo, ocorreu
uma purificação do povo de Deus. Ao contrário da comunidade do Antigo Testamento
que incluía os fiéis, bem como seus vizinhos, filhos e servos incrédulos, a comunidade
da nova aliança se restringe, em princípio, apenas àqueles que creem. Essa
questão é ilustrada pela predição de Jeremias acerca da pureza da comunidade da
nova aliança: "Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao
seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o
menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e
dos seus pecados jamais me lembrarei" (Jr 31.34). Apesar de todos os
batistas reformados concordarem que, na verdade, a igreja não é absolutamente
pura, argumentam que devemos buscar esse ideal, esforçando-nos ao máximo para
garantir que todas as pessoas batizadas na igreja tenham feito uma profissão de
fé sincera.
Os pedobatistas reconhecem prontamente que o Novo Testamento não ordena
nem ilustra de modo incontestável o batismo de crianças. É possível que as
crianças estejam incluídas nas poucas referências ao batismo de famílias
inteiras, mas os textos não deixam isso explícito (At 10.44ss; 16.13-15,30-34).
Ademais, os pedobatistas afirmam que o padrão de evangelização deve ser
"arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado" (At 2.38). No
tocante a essas questões, há uma concordância quase geral entre os batistas e
pedobatistas.
Não obstante, os pedobatistas argumentam que os filhos dos cristãos
devem ser batizados por dois motivos. Em primeiro lugar, afirmam que é
impossível a igreja visível ser inteiramente purificada antes da volta de
Cristo e que é errado a igreja impedir aqueles que não são puros de se tornarem
membros (Mt 13.24-30,36-43). Todos concordam que as alianças
veterotestamentárias firmadas com Noé (Gn 9), Abraão (Gn 15; 17), Moisés (Ex
20-24; 34) e Davi (2Sm 7; SI 89; 132) incluíam tanto os crentes quanto os
incrédulos. Além disso, todas as alianças do Antigo Testamento reservavam um
lugar especial para os filhos dos fiéis, pois havia a expectativa - porém não a
garantia - de que seriam herdeiros das promessas da aliança (Gn 9.9; 15.18;
17.7; Dt 7.9; SI 89.28-29; 132.11-12).
No entanto, os pedobatistas acrescentam que, apesar de vivermos na era
da nova aliança (Lc 22.20; 2Co 3.6; Hb 9.15; 12.24), as promessas da mesma
ainda não se cumpriram de todo. Por exemplo, continua sendo necessário
ensinarmos ao nosso próximo, aos nossos irmãos e irmãs dizendo, "Conhece
ao Senhor" (Hb 8.11), apesar de Jeremias ter afirmado que isso não
aconteceria no período da nova aliança. Essa e outras promessas da nova aliança
só se cumprirão plenamente quando Cristo voltar em glória. Aliás, a parábola do
joio e do trigo (Mt 13.24-30,36-43) revela como é perigoso tentar retirar da
igreja todos os incrédulos antes do julgamento final, a menos que haja
evidências claras de apostasia. Até então, vários padrões da comunidade do
Antigo Testamento continuam sendo válidos para a comunidade da nova aliança.
Pedro anunciou um desses padrões no dia de Pentecostes ao dizer,
"... para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que
ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At
239). A ordem de prioridade é a mesma no Antigo e no Novo Testamento. As
promessas de Deus são primeiramente para aqueles que creem, depois para os seus
filhos e, por fim, para os que estão longe. Do mesmo modo, Paulo argumenta em
favor da santificação dos cônjuges incrédulos casados com cristãos, observando
que, "Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são
santos" (1 Co 7.14). Esse padrão veterotestamentário aparece no Novo
Testamento porque essa dimensão geracional da vida na aliança só chegará ao fim
quando não houver mais novas gerações por vir. Portanto, não é de surpreender
que Jesus tenha abençoado crianças e bebês (Lc 18.15) para conceder a eles uma
bênção da aliança (Mc 10.16).
Em segundo lugar, os pedobatistas reformados desenvolvem sua
argumentação com base em paralelos existentes entre a circuncisão e o batismo.
Nas alianças feitas com Israel como nação, Deus ordenou que os filhos dos fiéis
fossem circuncidados de modo a simbolizar a sua inclusão sob as sanções das
alianças (veja o artigo teológico "As alianças divinas", em Jr 31). A
omissão dessa prática representava uma transgressão da aliança (Gn 17.14). Em
Cl 2.11-12 Paulo ressalta que o batismo do Novo Testamento tomou o lugar do
sinal da circuncisão no Antigo Testamento, ao dizer, "Nele, também fostes
circuncidados... tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo".
Com base nisso, os pedobatistas batizam não apenas aqueles que professam a fé
em Cristo, mas também os seus filhos.
Sem dúvida os dois lados apresentam vários elementos em comum. Todos
creem que o batismo não salva, mas que representa a introdução da pessoa numa
relação especial de aliança com Deus. Todos creem que os membros adultos da
igreja devem professar sua fé antes de receber o batismo. Os batistas e os
pedobatistas instruem seus filhos na fé cristã de maneira semelhante: os bebês
são consagrados a Deus, quer pelo batismo ou pela cerimônia de dedicação; são
criados nos caminhos do Senhor e levados a declarar a sua fé publicamente por
meio da profissão de fé ou do batismo.
[1]Artigo
teológico referente a Cl 2, extraído da BEG.
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