terça-feira, 22 de dezembro de 2015
terça-feira, dezembro 22, 2015
Jamais Desista
I Coríntios 7 1-40 - CASAR OU NÃO CASAR, EIS A QUESTÃO!
Como já dissemos, Coríntios foi escrita
para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que
tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto.
Estamos vendo a parte II, cap. 7/16.
Breve
síntese do capítulo 7.
Casar ou não casar? Eis o que Paulo analisa e aconselha seus membros jovens
e também os viúvos e viúvas: melhor é não casar para poder cuidar desimpedidamente
das coisas do Senhor, mas imagine como seria se todos fossem cuidar das coisas
do Senhor? Não haveria mais humanos!
Realmente quem casa deve cuidar do outro e já não tem aquela liberdade
para trabalhar na seara do Senhor como gostaria. Com o casamento, vem os filhos
e mais cuidados e tribulações enfrentaremos que dificultarão uma dedicação
total ao Senhor.
Nossa atenção agora está voltada para a esposa, para os filhos, para os
bens e patrimônios e para o Senhor. Não é a mesma coisa daquele que está livre
e pode dedicar-se totalmente à obra do Senhor.
A mulher é uma bênção em nossas vidas? Os filhos são bênçãos em nossas
vidas? Sim, totalmente. Feliz do homem que consegue a graça de ter sua família
nos Caminhos do Senhor e assim todos são trabalhadores da seara.
E você jovem vai ou não casar-se? Fique tranquilo, Deus jamais o deixará
confuso.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. A CARTA DOS CORÍNTIOS (7.1-16.12).
Paulo respondeu às
questões levantadas na carta enviada pela igreja de Corinto. Ele falou em
detalhes sobre os desafios específicos enfrentados pelos coríntios, que
envolviam relacionamentos conjugais, divórcio e virgindade.
A idolatria desenfreada
na igreja de Corinto levantou questões sobre o envolvimento em rituais pagãos e
carne oferecida aos ídolos. Paulo tratou de problemas específicos do culto,
como o uso do véu e a Ceia do Senhor.
O propósito e as funções
dos dons espirituais no corpo de Cristo, incluindo as línguas e a profecia,
deveriam ser aplicados dentro da estrutura da ordem e do amor cristãos.
Ao contrário da religião
pagã, a fé cristã insiste em que a salvação só está completa quando o nosso
corpo físico é renovado e desfruta os novos céus e a nova terra.
De passagem, Paulo mencionou
várias questões práticas, especialmente a coleta de fundos para os crentes
sofredores de Jerusalém.
Como dissemos, depois de tratar das
questões levantadas pelos da casa de Cloe, Paulo se volta, então, para outras
questões levantadas pela igreja.
Ele toca em seis assuntos: casamento e
divórcio (7.1-40), alimentos sacrificados aos ídolos (8.1-11.1), culto de
adoração (11.2-34), dons espirituais (12.1-14.40), ressurreição (15.1-58) e a coleta
financeira para Jerusalém, bem como várias outras questões (16.1-12). Elas
formarão a seguinte divisão proposta, segundo sempre a BEG: A. Casamento e
divórcio (7.1-40) – veremos agora; B.
Carne oferecida aos ídolos (8.1-11.1); C. Problemas no culto (11.2-34); D. Os
dons espirituais (12.1-14.40); E. Ressurreição (15.1-58); e, F. A coleta e
outros assuntos (16.1-12).
A. Casamento e divórcio (7.1-40).
Veremos até o vs. 40, questões sobre o casamento
e o divórcio. O primeiro assunto discutido nessa seção refere-se ao casamento e
está dividido em três partes: os relacionamentos conjugais (vs. 1-9), o
divórcio (vs. 10-24) e as virgens (vs. 25-40).
1. Relacionamentos conjugais (7.1-9).
As circunstâncias em Corinto suscitaram
debates importantes sobre as relações sexuais dentro do casamento, a questão
dos solteiros e quanto a casar-se novamente.
No vs. 1, Paulo está respondendo a questões
que lhe escreveram e ele diz que seria bom que o homem não tocasse em mulher.
Provavelmente um provérbio utilizado por algum grupo de ascetas entre os
cristãos de Corinto.
Essa declaração, se considerada
literalmente, não se refere apenas ao relacionamento conjugal, mas a todas as
relações sexuais, quer dentro ou fora do casamento.
Os opositores de Paulo podem ter apelado à
condição de solteiro dele para validarem suas posições sobre esse assunto;
porém, não era essa a opinião dele sobre a relação sexual (vs. 2-5; 1Tm 2.15).
Todavia, Paulo reconheceu que há, sob
determinadas circunstâncias, algum valor no fato de alguém permanecer solteiro
(vs. 7-8,26) e forneceu razões específicas para que um cristão pudesse optar
por isso (vs. 29-35).
A intenção da declaração, contudo, era
corrigir a posição daqueles que impunham o celibato. Em outro contexto, Paulo
falou sobre o casamento de maneira positiva (p. ex., Ef 5.22-33; 1Tm 3.2) e até
mesmo condenou aqueles que proibiam as pessoas de se casarem (1Tm 4.3).
Além disso, Paulo ratificou o Antigo Testamento
que advoga repetidamente o casamento piedoso, o sexo e a procriação como o
plano de Deus para a humanidade (p. ex., Gn 1.28-29; 2.18).
Seria bom não se casarem, não tocarem em
mulheres; mas por causa da impureza, então, seria melhor ainda ter uma esposa e
cada mulher o seu próprio marido.
Corinto era uma cidade conhecida por
praticar a imoralidade sexual. Provavelmente, Paulo pensava na questão
específica dos cristãos que se relacionavam com prostitutas, uma questão de que
havia tratado na passagem anterior (6.15-20).
Considerando a solução de Paulo para o
problema ("cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio
marido"), é provável que alguns cônjuges estivessem recusando ter relações
sexuais com seus parceiros, o que levava estes últimos a procurar satisfação
sexual na prostituição.
O verbo "ter" de cada um ter o
seu próprio marido e esposa, não tem o mesmo significado que "possuir".
Antes, significa "viver numa relação sexual com", assim como em 5.1.
A solução de Paulo para o problema da
imoralidade e prostituição era que o casal unido pelo matrimônio mantivesse uma
vida sexual ativa, dessa maneira refreando a motivação para apelar à
imoralidade.
O sexo dentro do casamento não é uma opção,
mas uma obrigação para marido e esposa. Paulo se refere a essa atitude de
abstenção das obrigações sexuais como "privação" (vs. 5).
Esse versículo quatro, extraordinário,
revela um ponto de vista muito à frente do seu tempo:
(1)
Uma
percepção sadia quando à sexualidade da mulher.
(2)
Um
entendimento da reciprocidade que existe entre marido e esposa quanto ao
relacionamento mais íntimo do casamento.
As Escrituras não favorecem a ideia de que
o marido é o único que pode ter satisfação sexual ou que somente ele deve
determinar como, onde e quando praticar a relação sexual.
A ordem de Paulo era para que os casais não
se privassem um ao outro no tocante à área sexual, a não ser por mútuo
consentimento.
Paulo indica que abster-se de sexo na
relação conjugal é privar ambos de algo necessário. Essa abstenção, se ocorrer,
não dever ser unilateral, mas consentida por ambos e isso por algum tempo.
Paulo admite que a abstenção temporária de
sexo (algo semelhante ao jejum) pode ser viável em períodos intensos de oração.
No entanto, o caráter temporário dessa situação não permite legalizarmos uma
abstenção prolongada.
Deus não apenas permitiu como também
ordenou a união sexual dentro do casamento. Paulo somente permite abstenção
sexual temporária no casamento por meio de acordo mútuo e àqueles a quem isso
possa beneficiar. Ele não ordenou que isso fosse instituído como prática
ocasional para todos os casais.
No entanto, ele manifesta seu desejo de
querer que todos os homens sejam tais como também ele era. Em vista das
circunstâncias em Corinto (vs. 26), Paulo admite que seria melhor se os
solteiros da igreja de Corinto permanecem assim como ele.
Cada um tem de Deus o seu próprio dom, por
isso a capacidade de Paulo para permanecer solteiro, sem cair no pecado sexual,
era uma bênção divina. Todavia, o celibato não é o único dom espiritual
legítimo na área sexual.
O Espírito concede seus dons aos cristãos
para o benefício da igreja e nenhum dom tem o objetivo de tornar um cristão
superior ao outro. Todos os dons provêm de Deus e são concedidos de acordo com
seus propósitos (12.4-7). Meu objetivo jamais deverá ser melhor do que meu
irmão, mas sim tornar-me melhor a cada dia em rumo à perfeição a qual jamais atingirei.
Com essa declaração, Paulo procura
demonstrar que, embora veja benefício para os coríntios que permanecessem sem
casar durante a crise que enfrentavam, o plano de Deus inclui tanto o casamento
quanto a condição de solteiro.
Os coríntios não deveriam considerar o
casamento como uma condição inferior a dos solteiros, mesmo em meio à crise.
Além do mais, Paulo esclarece que os solteiros precisam receber dom espiritual
especial para resistir ao pecado sexual. Ele não quis dizer que permanecer
solteiro é, em si mesmo, um dom de Deus, pois o casamento e os filhos são
bênçãos da aliança (Gn 2.18; Lv 26.9; Dt 28.11; 30.9).
Caso alguém não viesse a se dominar, literalmente,
"não se controlar", Paulo reconhece que permanecer solteiro poderia
levar alguns a cair no pecado sexual, assim como abster-se de sexo na relação
conjugal poderia levar um dos cônjuges a cair em pecado (vs. 2). Portanto,
seria melhor que se casassem.
Apesar dos benefícios de permanecer
solteiro durante a crise em Corinto (vs. 26), o casamento era uma opção melhor
para aqueles a quem Deus não concedeu dons especiais (vs. 7) para resistir ao
pecado sexual. Casar-se não é pecado, mas a imoralidade sexual é.
Portanto, ainda que o casamento fosse uma
condição menos preferível para enfrentar a crise em Corinto, era uma opção
melhor do que cair em pecado.
2. Divórcio (7.10-24).
Relativamente ao divórcio, até ao vs. 24,
veremos que Paulo tratou de várias questões práticas em relação ao divórcio,
incluindo situações em que este pode ser permitido e quando homens e mulheres
divorciados podem se casar novamente.
O seguinte mandamento daria ele aos
casados, repito, não ele, mas o Senhor - Paulo diz o contrário no vs. 12
("eu, não o Senhor"), mas não está sugerindo qualquer discordância
entre ele e Deus quanto a essas questões - que a esposa não se separasse do
marido.
Quanto ao problema tratado aqui (vs.
10-11), Jesus transmitiu um ensinamento bastante conhecido durante o seu ministério
terreno (Mc 10.1-12). Todavia, nos vs. 12-16, Paulo debate uma situação que
Jesus não tratou diretamente. Mesmo assim, o seu mandamento apostólico tinha
inspiração e autoridade divina, como esclarece 14.37.
Ela até poderia, porém, vir a separar-se, mas
deveria permanecer casta até se reconciliar novamente com o seu marido. Apesar
da instrução do Senhor, parece que algumas esposas em Corinto, influenciadas
pelo ascetismo, haviam deixado seus respectivos maridos.
Visto que o casal havia assumido o
compromisso mútuo de permanecerem juntos até que a morte os separasse (vs. 39),
Paulo esclarece que só havia duas opções para essas mulheres: reconciliarem-se
com seus maridos ou permanecerem sem casar. O mesmo deve ser entendido para os
homens, ou se reconciliam com suas esposas ou permanecem sem casar.
O ensino de Paulo pode ser aplicado
corretamente a qualquer outra situação de divórcio ou separação entre cristãos,
desde que não envolva infidelidade (a BEG recomenda a leitura de seu excelente
o artigo teológico 'Casamento e divórcio', em Mt 19). O objetivo, seja qual for
o caso, deve ser a reconciliação (Mt 19.8-9).
Quanto aos vs. 12 e 13, Paulo diz que era
ele falando, não o Senhor: se um irmão tem mulher descrente, e ela se dispõe a
viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem marido descrente, e
ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele.
Essa é a circunstância especial para a qual
Jesus não forneceu nenhuma instrução. Por que não desfazer um casamento em que
apenas um dos cônjuges é cristão, especialmente se é o cônjuge incrédulo que
deseja separar-se? Paulo responde dizendo que não se deve forçar o cônjuge
incrédulo a permanecer casado (vs. 15), porém o cônjuge cristão não deve tomar
a iniciativa do divórcio se o parceiro incrédulo estiver disposto a permanecer
casado.
O vs. 14 (marido santificado pela esposa
crente; esposa santificada pelo marido crente; filhos santos em função disso) é
uma afirmação surpreendente de um princípio do Antigo Testamento quanto ao
caráter especial de um lar no qual pelo menos um dos cônjuges é crente: toda a
sua família é considerada como separada do mundo e sob as sanções da aliança de
Deus.
Os termos traduzidos como
"santificado” e "santos" têm origem na mesma família de
palavras. Embora sejam utilizados com frequência para indicar a salvação,
mediante a fé, daqueles escolhidos por Deus, esses termos também indicam o
relacionamento de aliança com Deus que pode resultar em salvação e bênçãos (p.
ex., 2Ts 1.6-10), ou incredulidade e maldição (p. ex., Hb 6.4-10; 10.29).
O cônjuge e os filhos incrédulos passam a
contar com a influência da obra de Deus por meio do cônjuge ou pai/mãe cristão
e se tornam parte da igreja visível, a comunidade da aliança.
Consequentemente, esse versículo tem sido
usado como parte da argumentação quanto ao batismo dos filhos de cristãos (a
BEG recomenda, mais uma vez, a leitura e reflexão de seu excelente artigo
teológico "O batismo de crianças ou de convertidos", em Cl 2).
Alguns interpretam essa declaração do vs.
15 como dando a entender que se um cônjuge incrédulo se divorcia do seu cônjuge
cristão, este pode se casar novamente.
Embora possa ser uma conclusão legítima do
ensino de Paulo nessa passagem (cf. Rm 7.2-3), na verdade o objetivo aqui é
simplesmente afirmar que o cristão não está obrigado a insistir que o seu
cônjuge incrédulo permaneça no casamento. Essa persistência pode impedir que o
homem e a mulher vivam "em paz".
O verso seguinte que afirma não saber a
mulher ou o marido se o seu cônjuge se salvará, permite dois entendimentos. À
luz do vs. 14, a declaração sugere que o vs. 15 tem algo de parentético e,
nesse caso, Paulo está fornecendo a razão para o cristão não se divorciar do
cônjuge incrédulo: como este foi santificado, existe uma grande possibilidade
de que venha a ser salvo.
Por outro lado, pode ser que o vs. 16
forneça a razão para a instrução dada no vs. 15: o cristão deve aceitar o
divórcio solicitado pelo cônjuge incrédulo, pois não tem garantias de que este
será salvo caso seja forçado a permanecer no casamento.
A ordem de Paulo – vs. 17 - para todas as
igrejas dizia que andasse cada um segundo o Senhor lhe tivesse distribuído,
cada um conforme Deus o tivesse chamado.
Os versículos seguintes esclarecem que a
frase "conforme Deus o tem chamado" não é uma referência à posição
social, mas à própria conversão. Observe que os vs. 17-24 estabelecem um
princípio que traz coerência a todo o capítulo: tornar-se cristão não exige que
a pessoa altere a sua situação conjugal, étnica ou social (vs. 8,20,26).
Às vezes, esse versículo é mal interpretado
com o objetivo de dizer que o cristão não deve procurar melhorar a sua situação
social ou econômica. Pelo contrário, Paulo encorajou os escravos a alcançarem
liberdade, caso houvesse oportunidade para isso (vs. 21).
A primeira parte desse versículo faz
paralelismo com Gl 5.6; 6.15. Parece que a segunda parte ("guardar as
ordenanças de Deus") é outra maneira de dizer, "a fé que atua pelo
amor" (G1 5.6). Esse tipo de fé atuante é característica da "nova
criatura" (Gl 6.15).
Paulo sintetiza o assunto dizendo que cada
um deveria permanecer como fora chamado. Paulo emprega o termo
"permaneça" em vez de "ande", porém essa declaração deve
ser entendida à luz da explicação abrangente fornecida no vs. 17. Em todo caso,
Paulo não está dizendo que o cristão é obrigado a permanecer em sua condição
atual (o que estaria contradizendo o vs. 21), mas exortando-o a não ficar
preocupado com isso (veja o vs. 21).
Veja o vs. 21 que diz para não se preocupar
com isso. Não é errado buscar uma situação social melhor, como fica claro no
restante dos versículos. Contudo, Paulo não desejava que os cristãos ficassem
preocupados com situações que não poderiam ser alteradas. Queixas e
insatisfação poderiam trazer consequências espirituais fatais (10.10), pois
refletiam falta de confiança na soberania de Deus.
Paulo lhes lembra que foram comprados por
preço – vs. 23. Essa declaração apoia o vs. 22 (cf. 6.20). Se os cristãos
compreendessem de fato a quem pertencem, perceberiam que nem mesmo a escravidão
pode causar danos à posição privilegiada que têm em Cristo. De modo inverso,
até mesmo o maioral entre os homens é apenas um servo humilde diante de Cristo.
Portanto, o cristão não precisa, nem deve, tornar-se "escravos de
homens".
3. Virgens (7.25-40).
Depois de falar do divórcio, Paulo trata
das virgens. A argumentação geral de Paulo sobre o casamento e o divórcio
levou-o a tratar da questão específica das virgens na igreja de Corinto.
Com respeito às virgens – vs. 25 – ele não
teria mandamento do Senhor, mas falaria disso como alguém que alcançou
misericórdia do Senhor e poderia falar e ministrar sobre esse assunto novo,
porém relacionado à questão levantada na carta que os coríntios escreveram a
Paulo.
Essa expressão sugere que os comentários de
Paulo não são mandamentos categóricos sobre escolhas morais, mas recomendações
para uma situação específica. Essa interpretação é confirmada pela declaração
no vs. 28 e pelas opções disponíveis no vs. 38.
Por causa dos problemas atuais, seria
melhor que o homem permanecesse como estava. Provavelmente Paulo se refere a um
problema específico e incomum em Corinto. Alguns argumentam que o vs. 28
("tais pessoas sofrerão angústia na carne") sugere uma ideia mais
abrangente: os sofrimentos que todo cristão enfrenta neste mundo perverso (C1
1.4).
No entanto, essa última interpretação é improvável
em vista de vários fatores:
(1)
Em
outras passagens, Paulo ratificou o casamento, sem ressalvas, como prática
comum (11.9; Ef. 5.23-33; 1Tm 2.15; 4.3; 5.14).
(2)
Paulo
mencionou a idade da mulher como um fator importante (vs. 36), algo irrelevante
se a crise fosse perpétua.
(3)
O
Antigo Testamento ratificou o casamento em todas as situações difíceis que
Israel enfrentou, a despeito do fato de que as crises de Israel foram muito
piores do que as da igreja (isto é, uma vez que a era vindoura ainda não havia
sido inaugurada; ainda, mais desta vez, a BEG recomenda leitura e reflexão em
seu excelente artigo teológico "O plano das eras", em Hb 7).
Com toda probabilidade, Paulo estava apenas
encorajando uma moratória temporária para o casamento até que a crise de
Corinto tivesse passado.
Todavia, essa lógica pode ser aplicada a
outras crises. Algumas vezes a vida pode se tornar tão difícil que o melhor é
não se casar (supondo que a pessoa em questão tenha recebido o dom para
resistir à tentação sexual).
Casado ou solteiro? Literalmente,
"comprometido com uma mulher/esposa". A expressão de Paulo indica
noivado e não casamento consumado. Era necessário o "divórcio" para
quebrar um compromisso de noivado.
A questão de Paulo era que os noivos não
deveriam anular o noivado simplesmente por causa da situação difícil que a igreja
enfrentava. Embora talvez fosse melhor adiarem o casamento até que a crise
tivesse passado, Paulo não insistiu nesse adiamento.
Na verdade, até mesmo em situações difíceis
ele se mostrou propenso a encorajar o casamento das mulheres mais velhas, provavelmente
porque estas corriam o risco de passarem da idade de ter filhos caso a crise se
prolongasse (vs. 36).
Ninguém comete pecado se vier a casar-se,
mas sofrerão angústias na carne – vs. 28. Isto é, "enfrentarão muitas
dificuldades na vida". Paulo não está dizendo que o casamento é sempre
mais difícil do que permanecer solteiro - pois Deus criou a mulher para
auxiliar, não para servir de obstáculo (Gn 2.18).
Nessa passagem, Paulo está se referindo aos
tipos de angústias ("na carne") que poderiam surgir durante aquela
crise, e não à duração de tais sofrimentos. Geralmente Paulo utiliza o termo
"carne" para se referir às características deste mundo perverso. Isso
sugere que, em momentos de crise, há maior potencial de sofrimento para os
casados do que para os solteiros (essa é a sua quarta recomendação de artigo
teológico "O plano das eras", em Hb 7 – vale à pena conhecer e
refletir).
Nos vs. de 29 a 31, Paulo afirma que o
tempo se abrevia, onde a aparência deste mundo passa. O cristão deve viver com
a percepção de que não há tempo a perder.
As decisões na vida cristã devem ser
caracterizadas por um sentido de urgência (Rm 13.11-12). Em momentos de crise
(vs. 26), precisamos nos concentrar na esperança dos novos céus e nova terra
que virão, sempre lembrando do reino eterno de Deus em vez de ficarmos ansiosos
com este mundo perverso e suas preocupações.
Paulo queria todos eles livres de
preocupações. No Novo Testamento, as palavras traduzidas nos vs. 32-34 como
"preocupações" e "preocupa" têm, às vezes, uma acepção
positiva ("cuidado", cf. 12.25; "cuide", Fp 2.20), mas em
geral transmitem uma conotação negativa (cf. Mt 6.25-34 ["ansiosos"];
10.19 ("cuideis"); 28.14 ["segurança"]; Lc 10.41
("inquieta"; "te preocupas"); 12.11,22-26
["preocupeis"; "ansiosos"]; Fp 4.6 ("ansiosos")).
Está claro que aqui Paulo tinha em mente um
significado negativo, pois queria que seus leitores evitassem as preocupações.
Paulo listou várias preocupações que
acometem os casados e solteiros, explicando que em tempos de dificuldades o
casamento pode se transformar numa fonte extra de ansiedade. Quem não é casado
cuida das coisas do Senhor.
Embora adiar o casamento em períodos
difíceis possa liberar as pessoas de várias ansiedades, mesmo assim os
solteiros permanecem vulneráveis às preocupações, que se estendem às tarefas e
obrigações para as quais Deus os chamou (p. ex., 2Co 11.28) e até mesmo ao
relacionamento com Deus (p. ex., SI 38.18).
Também a mulher, tanto a viúva como a
virgem. Paulo pode estar fazendo distinção entre solteiras de modo geral e
mulheres de uma classe especial (virgens noivas ou mulheres que se
comprometeram com a virgindade).
Em períodos de crise, havia um aumento no
número de situações que poderiam gerar preocupações às mulheres solteiras ou
virgens.
A qualificação a que Paulo se referiu
("assim no corpo como no espírito") chama a atenção dessas mulheres
não apenas quanto à tensão provocada pelo relacionamento e chamado de Deus, mas
também à tentação envolvendo o pecado sexual (cf. vs. 8-9).
Tanto as mulheres não casadas como as
virgens preocupam-se em serem santas. Paulo não está menosprezando o chamado
das solteiras em relação ao das casadas quanto à devoção ao Senhor.
Antes, procura mostrar que até mesmo a
devoção a Deus pode ser estressante para aqueles que não possuem perspectivas e
prioridades corretas (cf. Lc 10.38-42).
Em tempos de crise, as mulheres casadas
sofrem mais desgaste por causa de assuntos familiares e responsabilidades para
com o marido. Como ocorre em outras áreas, essa situação de ansiedade pode se
estender ao chamado e relacionamento com Deus.
O que Paulo falava visava o bem de seus
ouvintes, pois era em favor dos seus próprios interesses. O público dos
solteiros talvez pensasse que o casamento aliviaria algumas de suas ansiedades
- o que de fato era verdadeiro, caso as circunstâncias fossem outras (Gn 2.18)
- porém em tempos de crise as responsabilidades conjugais poderiam tornar a
vida mais difícil.
Aqui – vs. 35 -, o objetivo de Paulo não é
dizer que a situação de solteiro é melhor porque evita mais preocupações (que é
o seu argumento nos vs. 32-34), mas que tanto os casados quanto os solteiros
devem seguir esse ensinamento para evitar preocupações e viver de maneira
piedosa.
Com relação aos vs. 36-38, há duas maneiras
diferentes de interpretar essa passagem. Não sabemos qual era a situação
específica em Corinto da qual Paulo estava tratando, mas há dois fatos claros:
(1)
Casar
ou adiar o casamento são boas opções em períodos de crise, ainda que Paulo
tenha percebido mais benefícios na última condição.
(2)
O
estado de solteiro passa a ser menos preferível à medida que a noiva envelhece,
possivelmente porque o adiamento do casamento reduz o período em que a mulher
pode ter filhos.
A mulher está ligada ao seu marido enquanto
ele viver. O casamento é, sem dúvida, um compromisso para a vida inteira.
Se um deles morrer, cada um fica livre para
casar-se novamente. As viúvas, assim como as outras mulheres mencionadas nesse
capítulo, tinham a escolha de voltarem a se casar ou não. A única condição era
que, caso decidissem se casar, o novo marido teria de pertencer ao
"Senhor".
No entanto, seu conselho seria que ela seria
mais feliz se permanecesse viúva. Não em todas as circunstâncias, porém especificamente
nesse caso sim, tendo em vista a crise em Corinto (cf. 1Tm 5.14).
I Co 7:1 Quanto ao que me escrevestes,
é bom que o homem
não toque em mulher;
I Co
7:2 mas, por causa da impureza,
cada
um tenha a sua própria esposa,
e
cada uma, o seu próprio marido.
I Co 7:3 O marido conceda à esposa
o que lhe é devido,
e também, semelhantemente, a esposa,
ao seu marido.
I Co 7:4 A mulher
não tem poder sobre
o seu próprio corpo,
e
sim o marido; e também,
semelhantemente, o marido
não tem poder sobre
o seu próprio corpo,
e
sim a mulher.
I Co 7:5 Não vos priveis um ao outro,
salvo talvez por
mútuo consentimento,
por
algum tempo, para vos dedicardes à oração
e,
novamente, vos ajuntardes,
para
que Satanás não vos tente
por causa da incontinência.
I Co 7:6 E isto vos digo como concessão e não por mandamento.
I Co 7:7 Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou;
no entanto, cada um
tem de Deus o seu próprio dom;
um,
na verdade, de um modo;
outro,
de outro.
I Co 7:8 E aos solteiros e viúvos digo
que lhes seria bom
se permanecessem no estado
em que também eu vivo.
I Co 7:9 Caso, porém, não se dominem,
que se casem;
porque
é melhor casar do que viver abrasado.
I Co 7:10 Ora, aos casados,
ordeno, não eu, mas
o Senhor,
que
a mulher não se separe do marido
I
Co 7:11 (se, porém, ela vier a separar-se,
que
não se case
ou
que se reconcilie
com seu marido);
e
que o marido não se aparte de sua mulher.
I Co 7:12 Aos mais digo eu, não o Senhor:
se algum irmão tem
mulher incrédula,
e esta consente em
morar com ele,
não
a abandone;
I Co 7:13 e a
mulher que tem marido incrédulo,
e
este consente em viver com ela,
não
deixe o marido.
I Co 7:14 Porque o marido incrédulo
é santificado no
convívio da esposa,
e a esposa incrédula
é santificada no
convívio do marido crente.
Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros;
porém, agora, são
santos.
I Co 7:15 Mas, se o descrente quiser apartar-se,
que se aparte;
em
tais casos, não fica sujeito à servidão
nem
o irmão,
nem
a irmã;
Deus vos tem chamado à paz.
I Co 7:16 Pois, como sabes, ó mulher,
se salvarás teu
marido?
Ou, como sabes, ó marido,
se salvarás tua
mulher?
I Co 7:17 Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído,
cada um conforme
Deus o tem chamado.
É assim que ordeno em todas as igrejas.
I Co 7:18 Foi alguém chamado, estando circunciso?
Não desfaça a
circuncisão.
Foi alguém chamado, estando incircunciso?
Não se faça
circuncidar.
I Co 7:19 A circuncisão, em si, não é nada;
a incircuncisão também nada é,
mas o que vale é
guardar as ordenanças de Deus.
I Co 7:20 Cada um permaneça na vocação em que foi chamado.
I Co 7:21 Foste chamado, sendo escravo?
Não te preocupes
com isso;
mas,
se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade.
I Co 7:22 Porque o que foi chamado no Senhor,
sendo escravo,
é
liberto do Senhor;
semelhantemente, o que foi chamado,
sendo livre,
é
escravo de Cristo.
I Co 7:23 Por preço fostes comprados;
não vos torneis
escravos de homens.
I Co 7:24 Irmãos, cada um permaneça diante de Deus
naquilo em que foi
chamado.
I Co 7:25 Com respeito às virgens,
não tenho
mandamento do Senhor;
porém
dou minha opinião,
como
tendo recebido do Senhor
a misericórdia de ser fiel.
I Co 7:26 Considero, por causa da angustiosa situação presente,
ser bom para o
homem permanecer assim como está.
I Co
7:27 Estás casado?
Não
procures separar-te.
Estás
livre de mulher?
Não
procures casamento.
I Co 7:28 Mas, se te casares,
com isto não pecas;
e também, se a virgem se casar,
por isso não peca.
Ainda assim, tais pessoas sofrerão angústia na carne,
e eu quisera
poupar-vos.
I Co 7:29 Isto, porém, vos digo, irmãos:
o tempo se abrevia;
o
que resta é que não só os casados
sejam
como se o não fossem;
I Co
7:30 mas também os que choram,
como
se não chorassem;
e os
que se alegram,
como
se não se alegrassem;
e os
que compram,
como
se nada possuíssem;
I Co
7:31 e os que se utilizam do mundo,
como
se dele não usassem;
porque
a aparência deste mundo passa.
I
Co 7:32 O que realmente eu quero
é
que estejais livres de preocupações.
Quem não é casado
cuida
das coisas do Senhor,
de como agradar ao Senhor;
I Co 7:33 mas o que se casou
cuida das coisas do
mundo,
de
como agradar à esposa,
I
Co 7:34 e assim está dividido.
Também a mulher,
tanto a viúva como
a virgem,
cuida
das coisas do Senhor,
para
ser santa,
assim
no corpo como no espírito;
a que se casou,
porém,
se
preocupa com as coisas do mundo,
de
como agradar ao marido.
I Co 7:35 Digo isto em favor dos vossos próprios interesses;
não que eu pretenda
enredar-vos,
mas
somente para o que é decoroso
e
vos facilite o consagrar-vos,
desimpedidamente,
ao Senhor.
I Co 7:36 Entretanto,
se alguém julga que
trata sem decoro a sua filha,
estando
já a passar-lhe a flor da idade,
e
as circunstâncias o exigem,
faça
o que quiser.
Não
peca;
que
se casem.
I Co 7:37 Todavia, o que está firme em seu coração,
não tendo
necessidade,
mas
domínio sobre o seu próprio arbítrio,
e
isto bem firmado no seu ânimo,
para
conservar virgem a sua filha,
bem fará.
I Co 7:38 E, assim, quem casa a sua filha virgem
faz bem;
quem não a casa
faz melhor.
I Co 7:39 A mulher está ligada enquanto vive o marido;
contudo, se falecer
o marido,
fica
livre para casar com quem quiser,
mas
somente no Senhor.
I Co 7:40 Todavia,
será mais feliz se
permanecer viúva,
segundo
a minha opinião;
e
penso que também
eu
tenho o Espírito de Deus.
Eu sou casado há mais de 30 anos e tenho 3 lindos e maravilhosos filhos.
Minha esposa e filhos estão preparados para servirem ao Senhor em família e
cada um já procura seu cônjuge. A esposa certa vem do Senhor, diz a palavra de
Deus e nossos filhos são a sua herança. (Pv 18:22; 19:14; Sl 127:3).
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
segunda-feira, dezembro 21, 2015
Jamais Desista
I Coríntios 6 1-20 - CUIDADO COM QUEM VOCÊ SE UNE FÍSICA E ESPIRITUALMENTE.

Breve
síntese do capítulo 6.
Julgaremos o mundo e os anjos e não haveremos de julgar as coisas desta
vida? Assim Paulo fala e exorta os Coríntios que não julgaram aquele que
cometera tão grande ato de pecado. Paulo ficou indignado porque além de não
julgarem o malfeitor, ainda assim estavam levando os casos aos tribunais
terrestres.
Ele chega a dizer que melhor seria para nós sofrermos antes o dano do
que expor ao vitupério o caminho que estamos seguindo. Pior ainda é o fato de
haver demandas entre nós. No lugar delas é preferível sofrer por amor aos
irmãos tanto o dano quando a injustiça.
Sabemos que haverá justiça porque seguimos a justiça, mas no presente
muitas injustiças estão se passando sem que se faça algo. Aquele que vê e
consente com a injustiça e nada faz é covarde e Paulo nos diz o lugar do
covarde.
Os injustos não herdarão o reino de Deus e os covardes? Também não. Se
nos falta coragem, ousadia e sabedoria para discernirmos e agirmos com justiça,
peçamos a Deus que nada nos improperará.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. RELATÓRIO FEITO PELOS DA CASA DE CLOE (1.10-6.20) - continuação.
Dos vs. 1.10 ao 6.20, estamos vendo esse
relatório feito pelos da casa de Cloe. Paulo volta a sua atenção para algumas
questões que haviam sido relatadas a ele "pelos da casa de Cloe"
(1.11). Ele tem duas preocupações principais, que formarão nossas divisões,
seguindo a BEG: A. Divisões na igreja (1.10-4.21); B. Problemas morais e éticos
(5.1-6.20).
B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20) - continuação.
Até ao capítulo 6.20, estamos vendo os
problemas morais e éticos. Além de fomentar divisões, a arrogância dos
coríntios havia gerado vários problemas morais e éticos, segundo o relatório
dos da casa de Cloe. Paulo trata de três questões que são, exatamente, as
nossas divisões propostas, conforme a BEG: 1. Um caso de incesto (5.1-13) – já vimos; 2. Litígios (6.1-11) – veremos agora; e, 3. Imoralidade sexual
(6.12-20) – veremos agora.
2. Litígios (6.1-11).
A família de Cloe relatou que havia
processos judiciais entre cristãos. Paulo considerou esse problema como uma
questão de corrupção muito séria dentro da igreja.
Paulo parece mudar de assunto, passando da
questão da imoralidade para o litígio entre cristãos. Contudo, precisamos perceber
algumas ligações importantes entre essas questões.
Em primeiro lugar, Paulo volta a falar
sobre a imoralidade (embora de um modo diferente) em 6.9. Logo, não considerou
encerrado esse assunto.
Além disso, o litígio entre os coríntios
era uma extensão do mesmo problema discutido no cap. 5: a doutrina deficiente
da igreja.
Assim como os cristãos não têm autoridade
para regular a vida dos ímpios, do mesmo modo os ímpios não têm autoridade para
regular a vida da igreja. Caso os coríntios tivessem compreendido a ligação
entre a comunidade israelita e a igreja cristã, teriam percebido o absurdo de
cristãos buscarem resolver seus problemas fora da igreja. Quem consegue
imaginar um gentio pagão julgando questões entre os israelitas no deserto?
O sarcasmo de Paulo volta a ficar evidente,
principalmente quando pergunta se não haveria entre os coríntios nenhum sábio.
Os coríntios, que se orgulhavam tanto de sua sabedoria (4.10), preferiam
resolver as suas disputas diante de juízes ímpios, ao invés de cristãos.
O disparate da situação em Corinto fica
mais claro quando se percebe que os cristãos, por ocasião da consumação da
História (e não agora; 5.12-13), participarão com Cristo não apenas do
julgamento dos ímpios, mas também dos anjos perversos.
Paulo faz uma pergunta importante no vs. 7,
por que não sofreis, antes, o dano? Sem dúvida, a questão não é que os cristãos
devem perdoar os abusos cometidos uns contra os outros ou que devem se submeter
às injustiças que outros cristãos cometem.
A recomendação para a parte lesada sofrer
as consequências pode indicar que Paulo estava se referindo a casos de menor
importância que não tinham grande impacto individual ou familiar.
Do contrário, outros princípios bíblicos,
como a responsabilidade familiar, teriam sido mencionados aqui. O fato de que
havia fraudes e injustiça entre os membros da igreja de Corinto demonstra o
quanto eles haviam decaído.
Um dos princípios recorrentes da Escritura
é afirmar que as coisas do mundo são incompatíveis com o reino de Deus (15.50;
GI 5.21). Contudo, isso levanta a questão de como alguém pode vir a ser salvo,
uma vez que todos são pecadores.
Paulo oferece uma resposta dupla: por um
lado, Deus se agrada em justificar o ímpio (Rm 4.5); e por outro, Deus
santifica aqueles a quem justifica (Rm 6.1-4). Paulo tinha a esperança de que a
maioria dos membros da igreja visível de Corinto fosse de cristãos verdadeiros
que haviam sido justificados em nome de Cristo, e que a imoralidade deles nesse
momento era uma anomalia que podia e devia ser corrigida.
A persistência no erro seria uma evidência
- e não uma prova de fato - de que a fé que eles professavam era falsa. A BEG
recomenda aqui a leitura de seu excelente artigo teológico “A perseverança e a
preservação dos santos", em Fp 1.
Paulo vai citar os que não entrarão no
reino dos céus, nem mesmo podem entrar e a lista é grande: nem imorais, nem
idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas – no grego, homossexuais
passivos ou ativos, respectivamente -, nem ladrões, nem avarentos, nem
alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros.
Ele fala que assim desse mesmo jeito, foram
alguns deles, mas agora não são mais, pois foram lavados, santificados e
justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus – vs.
11. Também a BEG recomenda ver seu outro excelente artigo teológico
"Santificação", em Tt 3.
3. Imoralidade sexual (6.12-20).
A cidade de Corinto era bastante conhecida
pela sua prostituição religiosa e Paulo trata do problema da imoralidade sexual
de modo abrangente e direto.
Ao dizer que todas as coisas lhe eram lícitas,
mas nem todas convinham, Paulo parece estar citando palavras de outras pessoas,
provavelmente um provérbio popular que os moradores de Corinto utilizavam para justificar
seu comportamento imoral.
Sua resposta sugere que, ainda que houvesse
alguma verdade nesse provérbio, os coríntios haviam distorcido o significado
dele.
Na verdade, os argumentos de Paulo
refutaram o propósito para o qual esse ditado era utilizado em Corinto. Em vez
de permitir fazer qualquer coisa com o corpo, Paulo enfatiza o propósito nobre
para o qual Deus o criou.
Ele faz uma comparação excelente ao dizer
que os alimentos foram feitos para o estômago e este para os alimentos e da
mesma forma, nosso corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor e o Senhor
para o corpo. No caso específico do alimento e do estômago, ambos serão
destruídos depois.
Pelo seu grande poder, Deus ressuscitou o
Senhor e também nos ressuscitará a nós – vs. 14. Como indicam os vs. 15-17,
Paulo lembra os coríntios de que a salvação em Cristo não inclui apenas a
ressurreição da alma, mas também do corpo.
Devido a uma teologia deficiente, alguns
consideravam as relações sexuais como algo intrinsecamente pecaminoso, pois
envolviam as paixões físicas (7.1-5).
No entanto, o problema aqui parece ser
exatamente o oposto: alguns coríntios encaravam a promiscuidade sexual algo bem
aceitável, pois pensavam que a participação do corpo, por não ter valor
intrínseco, não acarretava consequências para a vida espiritual.
Paulo esclarece isso dizendo que nossos
corpos são membros de Cristo. A doutrina da união do cristão com Cristo é um
dos ensinamentos principais do apóstolo Paulo.
Esse versículo indica que essa união se
estende até mesmo ao corpo físico do cristão (veja Rm 12.1). Portanto, os
coríntios estavam enganados ao pensar que a união com uma prostituta era algo
sem importância por envolver apenas o corpo físico.
Reparem que quem se une a uma prostituta,
forma um só corpo com ela e o que se une com o Senhor é um espírito com ele –
vs. 16, 17.
O contraste em questão não é que a união
com Cristo é espiritual enquanto a união com a prostituta é física. Paulo já
havia salientado no vs. 15 que a união com Cristo também se aplica ao corpo,
como desenvolve mais adiante nos vs. 18-20.
Em vista do vs. 19, a palavra
"espírito" no vs. 17 provavelmente deveria começar com letra
maiúscula. Todos os cristãos estão unidos (de corpo e alma) a Cristo por meio
do Espírito Santo e essa união impede que o cristão ofereça o seu corpo à
prostituição.
Caso a condenação dessa prática se refira
especificamente às pessoas que se prostituíam no templo da deusa Afrodite,
tornaria ainda mais evidente as implicações religiosas da imoralidade dos
coríntios (10.20).
O conselho básico e sábio nessa hora era
para FUGIR da imoralidade sexual. Paulo então comenta que qualquer outro pecado
é fora do corpo, mas o pecado sexual é feito contra o próprio corpo.
O significado dessa passagem “pecado fora
do corpo” tem sido questionado. Sem dúvida há muitos outros pecados que afetam
o corpo do cristão. Embora alguns desses pecados sejam mais repulsivos do que
outros, o cristão não deve pensar que um irmão que tenha caído nessa área está
fora do alcance do perdão.
Todavia, o ensino de Paulo deixa claro que
a união física imoral traz consequências específicas porque corrompe o templo
do corpo, assim como a idolatria corrompe o templo de adoração. Logo, esse
pecado corrompe a identidade cristã de quem foi unido a Cristo por meio do
Espírito Santo. É interessante observar que a proibição nesse versículo ("Fugi
da impureza") é expressa na mesma linguagem que o mandamento contra a
idolatria (10.14).
Aqui, no vs. 19, Paulo faz uma revelação
interessante: nosso corpo é santuário do Espírito Santo. Paulo caracteriza o
conceito de igreja como o novo templo onde Deus habita. Embora o cristão
precise compreender o caráter pessoal do relacionamento com o Espírito Santo
que habita nele, também é preciso lembrar que a ênfase da Escritura como um
todo está na identidade corporativa do povo de Deus como templo santo e casa
espiritual (Ef 2.19-22; 1 Pe 2.4-5).
I Co 6:1 Aventura-se algum de vós,
tendo questão
contra outro,
a
submetê-lo a juízo perante os injustos
e
não perante os santos?
I Co 6:2 Ou não sabeis
que os santos hão
de julgar o mundo?
Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós,
sois, acaso,
indignos de julgar as coisas mínimas?
I Co
6:3 Não sabeis que havemos de julgar
os próprios anjos?
Quanto
mais as coisas desta vida!
I Co 6:4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos,
constituís um
tribunal daqueles
que não têm nenhuma
aceitação na igreja.
I Co
6:5 Para vergonha vo-lo digo.
Não
há, porventura, nem ao menos
um sábio entre vós,
que
possa julgar no meio da irmandade?
I Co
6:6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão,
e
isto perante incrédulos!
I Co 6:7 O só existir entre vós demandas
já é completa
derrota para vós outros.
Por que não sofreis, antes, a injustiça?
Por que não sofreis, antes, o dano?
I Co 6:8 Mas vós
mesmos
fazeis
a injustiça
e
fazeis o dano,
e
isto aos próprios irmãos!
I Co 6:9 Ou não sabeis que os injustos
não herdarão o
reino de Deus?
Não vos enganeis:
nem impuros,
nem idólatras,
nem adúlteros,
nem efeminados,
nem sodomitas,
I Co 6:10 nem
ladrões,
nem avarentos,
nem bêbados,
nem maldizentes,
nem roubadores
herdarão o reino de Deus.
I Co 6:11 Tais fostes alguns de vós;
mas vós vos
lavastes,
mas fostes
santificados,
mas fostes
justificados
em o
nome do Senhor Jesus Cristo
e no
Espírito do nosso Deus.
I Co 6:12 Todas as coisas me são lícitas,
mas nem todas
convêm.
Todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me
deixarei dominar por nenhuma delas.
I Co 6:13 Os alimentos são para o estômago,
e o estômago, para os alimentos;
mas Deus destruirá
tanto estes como aquele.
Porém o corpo não é para a impureza,
mas, para o Senhor,
e o
Senhor, para o corpo.
I Co 6:14 Deus ressuscitou o Senhor
e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
I Co 6:15 Não sabeis que os vossos corpos
são membros de
Cristo?
E
eu, porventura, tomaria os membros de Cristo
e
os faria membros de meretriz?
Absolutamente,
não.
I Co 6:16 Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta
forma um só corpo
com ela?
Porque,
como se diz,
serão
os dois uma só carne.
I Co 6:17 Mas aquele que se une ao Senhor
é um espírito com
ele.
I Co 6:18 Fugi da impureza.
Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer
é fora do corpo;
mas
aquele que pratica a imoralidade
peca
contra o próprio corpo.
I Co 6:19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo
é santuário do
Espírito Santo,
que está em vós,
o
qual tendes da parte de Deus,
e
que não sois de vós mesmos?
I Co 6:20 Porque fostes comprados por preço.
Agora, pois,
glorificai a Deus no vosso corpo.
Quem se une ao Senhor é um com ele, assim como quem se une à sua esposa
e é um com ela e assim, também, como quem se une à prostituta ou a outros tipos
de uniões e ambos serão um só corpo.
Com quem estamos nos unindo para sermos um só? Com Deus e com aqueles
que ele aprova ou estamos em união com o diabo? Se estamos e somos um com o
diabo, qual será o nosso fim? Fugi da impureza é o conselho sábio do apóstolo
Paulo!
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
...
Obs.: O texto acima foi elaborado com base na Bíblia de Estudo de Genebra - disponível em nossa loja nas cores preta, vinho ou azul. Valor promocional R$ 145,00 (fev/2019 - preço sujeito a variações, conforme o mercado). Adquira conosco e ganhe um ebook da série Projeto 1189. Código: BRINDE_BEG. Envie-nos um email com o comprovante de sua compra na Semeadores: contato@ossemeadores.com.br.
domingo, 20 de dezembro de 2015
domingo, dezembro 20, 2015
Jamais Desista
I Coríntios 5 1-13 - ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO!
Como já dissemos, Coríntios foi escrita
para, principalmente, combater a rebeldia, as divisões e a falta de amor que
tinham sido causadas pelo orgulho e pela presunção na igreja de Corinto.
Estamos vendo a parte II, cap. 5/16.
Breve
síntese do capítulo 5.
Houve alguém em Coríntios que ultrapassou os limites e cometeu
atrocidade tal que nem mesmo entre os gentios se tinha ouvido. Aquele era um
caso gravíssimo e não poderiam as coisas prosseguirem sem uma exemplar punição.
O fato é que estamos todos no mesmo barco, Cristo, a caminho da pátria
celestial e dentro deste barco estão reunidos aqueles por quem Cristo morreu.
Ninguém no barco era flor que se cheirava, pelo contrário todos fedíamos.
Agora somos salvos, mas a salvação ainda não foi completada na presente
era por causa de nossa natureza e porque Deus ao nos salvar não nos levou
embora, mas nos deixou em convivência uns com os outros.
É natural, pois que surjam problemas, intrigas e muitas coisas
desagradáveis, mas todas elas parecem ter limites. Paulo não tolerava nem no
barco os que se dizendo salvos eram, declaradamente e sem temor a Deus,
voltados ao pecado.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. RELATÓRIO FEITO PELOS DA CASA DE CLOE (1.10-6.20) - continuação.
Dos vs. 1.10 ao 6.20, estamos vendo esse
relatório feito pelos da casa de Cloe. Paulo volta a sua atenção para algumas
questões que haviam sido relatadas a ele "pelos da casa de Cloe"
(1.11). Ele tem duas preocupações principais, que formarão nossas divisões,
seguindo a BEG: A. Divisões na igreja (1.10-4.21); B. Problemas morais e éticos
(5.1-6.20).
B. Problemas morais e éticos (5.1-6.20).
Até ao capítulo 6.20, estaremos vendo os problemas
morais e éticos. Além de fomentar divisões, a arrogância dos coríntios havia
gerado vários problemas morais e éticos, segundo o relatório dos da casa de
Cloe. Paulo trata de três questões: um caso de incesto dentro da igreja
(5.1-13), processos judiciais entre cristãos (6.1-11) e imoralidade sexual
(6.12-20). Eles formarão nossa divisão proposta, conforme a BEG: 1. Um caso de
incesto (5.1-13) – veremos agora;2.
Litígios (6.1-11); e, 3. Imoralidade sexual (6.12-20).
1. Um caso de incesto (5.1-13).
Veremos neste capítulo, um caso de incesto
e como Paulo lidou com ele. Os coríntios estavam tão confiantes em si mesmos
que não enxergavam a gravidade do incesto para a igreja.
Não sabemos se o pai desse homem já estava
morto ou se esse filho casou-se de fato com a sua madrasta. Em qualquer caso,
fica explícito o relacionamento sexual incestuoso, conforme condenado em Lv
18.8.
O verbo grego "possuir" pode
significar "viver um relacionamento sexual imoral com" e fica
evidente pela reação de Paulo nesse capítulo que esse era o sentido em questão.
Ainda que a cultura greco-romana nos dias
de Paulo tolerasse discretamente uma vasta ordem de atividades imorais, até
mesmo os gentios censuravam esse tipo de incesto.
O problema fundamental da igreja em Corinto
não era a imoralidade de um de seus membros, mas a arrogância ao tolerar e
aceitar a prática de um ato incestuoso (vs. 6).
Os coríntios tinham tanto orgulho de sua
tolerância que passaram não apenas a desprezar os padrões morais bíblicos como
também a adotar os costumes dos ímpios (vs. 1). O orgulho os levou até mesmo a
desconsiderar os primeiros ensinamentos apostólicos de Paulo a essa igreja
(5.9).
Nos vs. de 3 a 5, temos uma passagem
bastante difícil. Embora distante da comunidade, Paulo emitiu sentença de
julgamento profético como se estivesse em Corinto.
De fato, Paulo deu ordens à igreja para
expulsar o transgressor ("entregue a Satanás"). Essa expulsão visava
ao arrependimento e à salvação da pessoa, algo que só poderia ser alcançado por
meio da "destruição da carne", isto é, quando esse homem obtivesse
domínio sobre suas tendências carnais.
De acordo com uma das interpretações de 2Co
2.5-11, esse homem se arrependeu de seu pecado. Eles se reuniram em nome do
Senhor Jesus, juntamente com Paulo, em espírito, ou seja, eles tinham
conhecimento de sua vontade no tocante a isso. A igreja reunida em assembleia
possui autoridade delegada por Jesus (Jo 14.13).
Paulo condenava o orgulho deles que era
como um bocado de fermento que poderia levedar toda a massa. Ou melhor, levedura,
que na verdade é uma pequena porção da massa fresca que é deixada para azedar.
Depois disso, pode ser adicionada a uma
porção maior de massa fresca, causando a fermentação desta. No entanto, esse
processo pode envolver riscos para a saúde se a fermentação durar muito tempo.
Como parte do rito anual de purificação da
festa da Páscoa, os israelitas precisavam retirar todo o fermento de suas casas
(Ex 12.15). Nesse sentido, Paulo usa o fermento para simbolizar a impureza e a
corrupção; e a nova massa, sem fermento, para simbolizar a pureza.
Por um lado, os cristãos verdadeiros em
Corinto já haviam sido genuinamente purificados por Cristo e, desse modo, Paulo
continuou a dispensar à igreja visível o generoso tratamento de considerar seus
membros como cristãos genuínos.
No entanto, ao tolerarem o incesto na
comunidade, a igreja visível de Corinto havia se tornado corrupta e precisava
ser purificada.
A verdadeira natureza de cada indivíduo
torna-se mais clara conforme a fé de cada um é examinada e provada pelo tempo
(2Co 13.5-6) – aqui a BEG recomenda refletir em seu excelente artigo teológico
"A perseverança e a preservação dos santos", em Fp 1.
Paulo desenvolve essa representação da
Páscoa ao sugerir que o sacrifício pascal, sendo sombra das coisas reais que
virão (1-1b 10.1), apontava para o seu cumprimento definitivo na morte de Jesus
Cristo.
O estágio final da argumentação de Paulo, e
em particular o mais belo, foi traçar um paralelo entre a festa dos Pães Asmos
e a vida pura que os cristãos devem ter. Como povo de Deus vivendo entre a
primeira e a segunda vinda de Cristo, todos os dias são motivo para celebrarmos
essa festa.
Antes de escrever 1 Coríntios, Paulo havia
enviado outra carta (que não chegou até nós) instruindo os coríntios a
apartarem-se de cristãos que continuavam a praticar a imoralidade.
Os coríntios não entenderam o que Paulo
quis dizer (pensando que a ideia era apartar-se totalmente do mundo) ou
tentaram evadir o assunto argumentando que o apóstolo exagerava.
Paulo aproveitou a oportunidade para
esclarecer que se referia àqueles que se dizem “irmãos", porém viviam de
maneira contraditória com a fé que professavam.
A ordem para banir os transgressores
("com esse tal, nem ainda comais") referia-se principalmente à vida
em comunidade e provavelmente não tinha intenção de evitar contato pessoal
(veja 2Ts 3.15).
Ao citar a ordem repetitiva em Deuteronômio
para expulsar os ímpios de Israel (p. ex., Dt 17.7,12), Paulo apresenta um
paralelo importante entre a comunidade da aliança no Antigo Testamento e a
igreja cristã (10.1-11).
A igreja visível deve disciplinar seus
próprios membros, assim como fazia o povo de Israel no Antigo Testamento.
Contudo, os de fora não devem ser disciplinados (isto é, excluídos do contato pessoal;
vs. 11) pela igreja.
Nem mesmo Paulo em sua autoridade
apostólica julgava "os de fora". Isso não significa que Paulo não
tenha criticado e chamado os ímpios ao arrependimento, mas que ele não lhes
impunha a disciplina que se aplicava à igreja.
como nem mesmo
entre os gentios, isto é,
haver
quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.
I Co 5:2 E, contudo, andais vós ensoberbecidos
e não chegastes a lamentar,
para que fosse
tirado do vosso meio
quem
tamanho ultraje praticou?
I Co 5:3 Eu, na verdade,
ainda que ausente
em pessoa,
mas
presente em espírito,
já
sentenciei, como se estivesse presente,
que
o autor de tal infâmia seja,
I
Co 5:4 em nome do Senhor Jesus,
reunidos
vós
e
o meu espírito,
com
o poder de Jesus,
nosso
Senhor,
I Co 5:5 entregue a Satanás
para a destruição
da carne,
a
fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus].
I Co 5:6 Não é boa a vossa jactância.
Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?
I Co 5:7 Lançai fora o velho fermento,
para que sejais
nova massa,
como
sois, de fato, sem fermento.
Pois também Cristo,
nosso Cordeiro
pascal, foi imolado.
I Co
5:8 Por isso, celebremos a festa
não
com o velho fermento,
nem
com o fermento da maldade e da malícia,
e
sim com os asmos da sinceridade
e da verdade.
I Co 5:9 Já em carta vos escrevi
que não vos
associásseis com os impuros;
I Co
5:10 refiro-me, com isto, não propriamente
aos
impuros deste mundo,
ou
aos avarentos,
ou
roubadores,
ou
idólatras;
pois,
neste caso, teríeis de sair do mundo.
I Co 5:11 Mas, agora, vos escrevo
que não vos
associeis com alguém que,
dizendo-se
irmão,
for
impuro,
ou
avarento,
ou
idólatra,
ou
maldizente,
ou
beberrão,
ou
roubador;
com
esse tal, nem ainda comais.
I Co 5:12 Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora?
Não julgais vós os
de dentro?
I Co
5:13 Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre
vós o malfeitor.
Paulo optou pela expulsão deste irmão que cometeu tão grande
malignidade, mas garantiu que o mesmo seria ainda salvo. Outro exemplo cruel
que temos de convivência difícil foi o caso de Judas, porém judas não se
salvou. No caso de Judas, Jesus o amou até o fim para nos mostrar o exemplo da
paciência e da fé.
Disciplina eclesiástica e
exclusão: Quem deve ser disciplinado?[1]
O conceito cristão de disciplina abrange urna ampla gama de
procedimentos que incluem o desenvolvimento, a instrução e o treinamento
necessários para formar discípulos de Cristo. A teologia reformada enfatiza a
importância da disciplina eclesiástica reconhecendo que a mesma é um dos sinais
necessários da verdadeira igreja (juntamente com a pregação da Palavra e a
ministração correta dos sacramentos). A disciplina eclesiástica inclui o
incentivo informal do aprendizado, da devoção, do culto, da comunhão, da
retidão e do serviço num contexto de cuidado e responsabilidade (Mt 28.20; Jo
21.15-17; 2Tm 2.14-26; Tt 2; Hb 13.17). O Novo Testamento também mostra que a
disciplina formal ou judicial tem um lugar importante no amadurecimento da
igreja e das pessoas (1 Co 5.1-13; 2Co 2.5-11; 2Ts 3.6,14-15; Tt 1.10-14;
3.9-11).
A disciplina judicial foi instituída por Deus no Antigo Testamento e
fica evidente em passagens que exigem a aplicação de penas legais para
determinados crimes. Por exemplo, correspondendo à exclusão de hoje, a pena por
vários crimes no Antigo Testamento era a eliminação do transgressor do meio do
seu povo (Gn 17.14; Êx 30.33,38; 31.14; Lv 7.20-21,25,27; 17.4,9; 19.8; 23.29;
Nm 9.13; 15.30). No Novo Testamento, Jesus outorga esse poder aos apóstolos,
autorizando-os a ligar e desligar (isto é, proibir e permitir; Mt 18.18) e a
declarar os pecados perdoados ou retidos (Jo 20.23). Na teologia reformada, as
"chaves do reino", que inicialmente foram dadas a Pedro e definidas
como o poder de ligar e desligar (Mt 16.19), costumam ser entendidas como a
autoridade dos apóstolos de estabelecer doutrinas e impor a disciplina de modo
infalível. Esse mesmo poder se reflete, ainda que de modo falível e imperfeito,
na pregação do evangelho pela igreja e em sua autoridade nos tribunais eclesiásticos
devidamente instituídos.
Nas igrejas reformadas, a disciplina eclesiástica vai desde a
admoestação até a exclusão da Ceia do Senhor e exclusão da congregação, que é
descrita como entregar uma pessoa a Satanás, o príncipe deste mundo (Mt 18.15-17:
1Co 5.1-5,11; 1Tm 1.20; Tt 3.10-11). Os pecados públicos (isto é, aqueles que
foram cometidos diante de a igreja), devem ser corrigidos publicamente na
presença da congregação (1Co 5.4-5; 1Tim 5.20; cf. Cl 2.11-14). No caso de uma
transgressão pessoal, Jesus ensinou que o procedimento inicial deve ser
particular, empregado na esperança de não ser necessário pedir à igreja que
repreenda publicamente as pessoas envolvidas (Mt 18.15-17).
O propósito maior da disciplina eclesiástica em todas as suas formas é
preservar a pureza e paz da igreja e resgatar aqueles que se desviaram dos
caminhos da fé cristã. Mesmo nos casos de exclusão, urna vez que o
arrependimento seja constatado pelas autoridades devidamente ordenadas, a
igreja deve então reconhecer a remissão de pecados e receber o transgressor de
volta à comunhão plena (2Co 2.6-8). Veja CFW 30; CB 32; CH 83,84,85.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
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