INSCREVA-SE!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Atos 2.1-47- A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO

Como já dissemos, Atos foi escrito para orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao mundo gentio. Estamos no capítulo 2, da parte I.
I. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO E O PODER DO ESPÍRITO (1.1-2.47) - continuação.
Estamos vendo, como já falamos, o testemunho apostólico e o poder do Espirito. Após uma breve introdução, Lucas passa a registrar imediatamente o fundamento de toda sua narrativa: o poder do Espírito Santo para capacitar os apóstolos a testemunharem de Cristo “em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (1.8).
Esse relato foi dividido em três seções: A. Aguardando a vinda do Espírito (1.1-26) – já vimos; B. O derramamento do Espírito no Pentecostes (2.1-41) – veremos agora; e, C. O surgimento da igreja (2.42-47) – veremos agora.
Breve síntese do capítulo 2
Chegou o pentecoste, 10 dias após a ascensão de Jesus e 50 dias após a sua ressureição. Acontecera como previra Jesus Cristo e lhes anunciara aos seus que aguardassem este dia.
O que veio do céu neste momento? Um som! Tão impetuoso que encheu toda a casa e apareceram línguas distribuídas como de fogo.
Somente passaram a falar em outras línguas depois de se encherem e ficarem cheios do Espírito Santo. O sinal ali operado foi tremendo e impactava aos que ouviam. Pedro toma então a palavra e a comenta.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
B. O derramamento do Espírito no Pentecostes (2.1-41).
Lucas descreveu o dia de Pentecostes com bastante dramaticidade. Os apóstolos falaram em línguas e proclamaram o evangelho de Cristo aos judeus de todas as parta do mundo que estavam reunidos ali.
O testemunho apostólico teve início com uma espetacular intervenção divina que nunca mas se repetiu. Embora esse acontecimento tenha sido único, o ministério permanente da igreja deve estar fundamentado nele e deve prosseguir ministrando às gerações por meio do poder do Espírito.
O termo grego pentekoste significa “quinquagésimo” e se refere ao quinquagésimo dia após o sábado da Páscoa (Lv 23.4-7,15-16). O Pentecostes, que era celebrado no primeiro dia da semana (o nosso domingo), era uma das três grandes festas anuais de Israel:
1°)   A primeira era a Páscoa (Lv 23.4-8; Nm 28.16-25).
2°)   A segunda, o Pentecoste que ocorria 50 dias após a Páscoa.
3°)   A terceira era a Festa dos Tabernáculos (Lv 23.33-43; Nm 29.12-38; cf. Jo 7.1-44), que ocorria quatro meses depois.
Pentecostes também era chamada de “Festa das Semanas” (Dt 16.10), porque era celebrada sete semanas após a Páscoa; “Festa da Colheita” (Ex 23.16), porque era nessa ocasião que ocorria a colheita das safras; e também “dia das primícias" (Nm 28.26).
A ligação entre o derramamento do Espírito Santo e a celebração de Pentecostes no dia das primícias se encaixa satisfatoriamente com o ensino de que a manifestação do Espirito no Novo Testamento é a “primícia” da colheita da salvação em Cristo (Rm 8.23).
Estavam todos reunidos no cenáculo, todos os apóstolos (1.13), bem como, provavelmente, todas as 120 pessoas mencionadas antes (1.15).
Possivelmente era um lugar próximo ao templo, Lucas em geral especifica esse lugar como sendo o templo (At 2.46; 3.2-8; 5.20-21, 25, 42; 24.18; 26.21), porém aqui está se referindo a uma casa que ficava próxima ao templo, uma vez que a multidão de judeus que visitavam Jerusalém para participar da Festa de Pentecostes estava próxima o suficiente da casa para ouvirem o barulho do vento impetuoso (vs. 5-11, 41).
Foram testemunhados três sinais da presença de Deus: vento, fogo e linguagem inspirada (Ex 3.2; 13.21; 24.17; 40.38; I Rs 19.11-13). O vento é particularmente um símbolo da presença do Espirito Santo (Ez 37.9,13; Jo 3.8) e o fogo é um símbolo do poder do espírito para purificar e julgar (Mt 3.11-12).
As línguas faladas não foram elocuções de êxtase, mas as várias línguas dos judeus que vieram de todas as parte: das regiões do Mediterrâneo, de Roma e de outras tão distantes como a Pártia, que se estendia a leste do atual Irã.
O fato foi que todos ficaram cheios do Espirito Santo, ou seja, foram dominados pela influência poderosa do Espírito, particularmente evidenciada pelo falar “em outras línguas” que eles não conheciam. At 10.46; 19.6 também relatam ocorrências desse fenômeno (sobre o dom de falar em línguas veja I Co 12-14).
A vinda do Espírito Santo no novo Testamento é o cumprimento da promessa registrada em Lc 24.49; At 1.5, 8. O Espírito Santo também estava presente e ativo com o povo de Deus no Antigo Testamento, porém a partir desse momento a sua presença é percebida de modo mais acentuado, porque ele abençoa mais pessoas do que jamais ocorreu. (A BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico “O Espírito Santo”, reproduzido no final deste texto).
Havia ali muitos judeus devotos (cf. Lc 2.5; At 8.2; 22.12). Certamente muitos desses judeus tinham vindo de terras distantes para residir temporariamente em Jerusalém (vs. 10) com o objetivo de celebrar a festa de Pentecostes, ao passo que outros tinham vindo para estabelecer residência permanente na cidade.
Embora seja uma hipérbole, a expressão “vindos de todas as nações de debaixo dos céus”, Lucas associa esse acontecimento às profecias do Antigo Testamento que afirmavam que Deus faria retornar o povo de Israel do exílio de todas as nações para estabelecer o seu reinado (Dt 30.1-5).
Nesse Pentecostes, muitos judeus creram e se tornaram o núcleo do povo de Deus no novo Testamento. De fato, o Pentecostes inaugurou o fim do exílio de Israel. O exílio será definitivamente encerrado quando Cristo retornar.
No vs. 6 é dito que cada um os ouvia falar em sua própria língua as grandezas de Deus. O Espírito Santo estava distribuindo o seu dom sobre os discípulos (vs. 3-4) e não sobre a multidão.
A multidão ficou maravilhada ante o fato de que aqueles galileus, com seu sotaque característico ao falar aramaico e grego, soubessem falar em tantas línguas estrangeiras.
Dos vs. 8-11, temos uma lista de pessoas que incluía quinze nações, começando com um grupo do Oriente, onde hoje se localiza o Irã e o Iraque ("partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia", para onde judeus que haviam sido levados cativos para a Assíria e a Babilônia).
A lista prossegue se deslocando para o Ocidente, da Judeia para o norte da Ásia Menor ("Capadócia, Ponto e Ásia, da Frigia, da Panfília") e depois para o norte da África ("Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene"), e então para Roma.
Por fim, a lista inclui duas regiões muito distantes uma da outra: a Arábia e a ilha de Creta (possivelmente uma referência aos judeus nabateus), esta última localizada ao sudeste de Jerusalém.
Embora outras áreas da Diáspora pudessem ser nomeadas, Lucas listou um número suficiente de nações representativas de todas as direções a partir de Jerusalém e Judeia (esta última, central, mencionada em quinto lugar na lista), fazendo alusão a uma grande concentração de judeus que tinham vindo do Oriente, e o restante do norte, do sul e do oeste.
Todos estavam atônitos e perplexos e interpelavam uns aos outros. O texto grego traz "todos perguntavam", o que indica que toda a multidão ficou maravilhada, incluindo aqueles que zombaram dos discípulos acusando-os de bebedice (vs. 13). Realmente, algo sobrenatural estava ali acontecendo que deixou todos estupefatos.
Pedro se levanta com os onze e em alta voz se dirige à multidão e diz que aqueles homens não estavam embriagados, como supunham. A forma masculina da palavra "estes" (“estes homens não estão bêbados”) não está necessariamente restrita aos doze apóstolos, podendo incluir os cento e vinte (1.15).
Era aquela a terceira hora do dia. Os judeus iniciavam a contagem das horas a partir das seis horas da manhã. Logo, a terceira hora corresponde às nove horas da manhã. Era costume jejuar nos dias festivos até pelo menos a quarta hora do dia. Assim, a alegação de bebedice não tinha fundamento.
Pedro então revela a verdadeira razão daquele evento e fala sobre o que o profeta Joel falara. Os vs. 17-21 é uma citação de JI 2.28-32 do texto grego do Antigo Testamento (Septuaginta, JI 3.1-5).
Joel falou com autoridade, como um profeta de Deus e Pedro afirmou que a mensagem de Joel era a Palavra de Deus.
As palavras "nos últimos dias" (cf. Is 2.2; Os 3.5; Mq 4.1; 2Tm 3.1) é a maneira que Pedro usou para unir os textos grego e hebraico de JI 2.28 ("depois").
Pedro interpretou o termo "depois" como se referindo aos dias da nova aliança, em contraste com aqueles da antiga aliança.
Ele continua a falar em o nome de Jesus, o Nazareno - esse título é usado por Lucas em outras passagens (Lc 18.37; 24.19; At 6.14; 10.38; 22.8; 26.9).
No sermão que vem a seguir, Pedro enfatiza os fatos mais importantes sobre Jesus:
ü  Sua morte (v. 23) e ressurreição corporal (vs. 24-32).
ü  Sua exaltação (v. 33) e coroação (vs. 34,36).
ü  A vitória que ocorrerá quando ele retornar (v. 35).
Jesus foi o varão aprovado por Deus, com milagres, prodígios e sinais. Embora o fato de Jesus ter vindo de Nazaré fosse uma pedra de tropeço (cf. Jo 1.46), Deus demonstrou plenamente, por meio de milagres, que Jesus era o Messias.
Além das demonstrações do derramamento do Espírito sobre toda a carne, haveriam maravilhas nos céus, sinais na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça com o sol se tornando em trevas e a lua em sangue, isso antes da vinda do grande e glorioso dia do Senhor.
A palavra boa é que todos os que derem crédito a Deus e o invocarem, serão salvos – vs. 21. Que tal hoje mesmo você invocar o nome de Jesus Cristo e ser salvo? Rm 10.13.
Jesus foi entregue para os homens pelo determinado desígnio e presciência de Deus. Embora exercendo vontade própria ao matar Jesus, as ações desses homens iníquos, tanto judeus como gentios (4.27-28), estavam de acordo com o propósito determinado por Deus (cf. 2Cr 25.16; Jr 21.10; Dn 11.36; At 17.26) e ocorreram segundo o seu domínio providencial e permanente.
Embora Deus tivesse, soberanamente, determinado a morte do seu Filho, ele considera como responsáveis pelos seus atos as pessoas que executaram o crime de crucificar Jesus (3.17-18; 4.27-28; 13.27).
Deus ordena os meios e os fins dos acontecimentos humanos sem violar a responsabilidade e a liberdade humana. Os judeus não podiam se isentar da responsabilidade ao culparem os romanos pela morte de Jesus, pois foram eles que pediram essa execução aos romanos.
Pedro ensinou que os judeus seriam considerados responsáveis por isso (3.15; 4.10; 5.30; 10.39). Lucas enfatiza novamente que Jesus foi morto pela crucificação romana.
Embora Jesus tenha morrido de fato (Jo 19.30), o seu corpo não sofreu decomposição biológica, como demonstra a citação de Pedro de Sl 16.8-11 (vs. 25-28).
No Sl 16, Davi escreveu, em parte, sobre a sua própria experiência e sofrimento; porém nos versículos citados aqui ele estava, em última análise, referindo-se ao "Senhor" (vs. 25) Jesus, o Santo de Deus cujo corpo não viu "corrupção" (vs. 27).
Ele de fato foi exaltado, pois, à destra de Deus. O plano de Deis foi além da ressurreição do seu Filho: Cristo também foi exaltado à posição que ocupava junto com o Pai desde a eternidade (Jo 17.5).
Foi ele também que recebeu do Pai a promessa do Espírito, o qual derramou sobre os discípulos. Aqui está implícita a doutrina da Trindade. Pedro demonstrou como o Pai (vs. 32) trabalhou na vida, na morte, na ressurreição e na exaltação do seu Filho Jesus e como o Espírito Santo realizou o milagre em seus servos para que falassem em línguas. A obra do Espírito Santo está ligada intimamente ao relacionamento e propósitos do Pai e do Filho.
Essa afirmação de Pedro salienta não apenas o fato de que Jesus é o Messias de Deus referido no Antigo Testamento (Is 11.1; Lc 4.18-21; At 3.18,20; 4.26. 5.42), mas também o Senhor exaltado (Rm 10.9; Fp 2.9-11) e o Rei vencedor (lCo 15.24-25; Ap 19.16).
Ao ouvirem Pedro falar a palavra de Deus foram impactados e logo quiseram saber o que fazerem.
Pedro responde com firmeza para eles se arrependerem e se batizarem. O arrependimento (abandonar o pecado) e o batismo foram componentes importantes dos ministérios de João Batista (Mt 3.1; Mc 1.4) e de Jesus (Mt 4.17, 11.20-, Lc 13.3,5). Também são elementos essenciais da pregação e do ensino da igreja (Mt 28.18-19).
Ao se referir ao nome de Jesus Cristo no batismo, Pedro, provavelmente estava fazendo um sumário de Mt 28.18-19 (“batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo”.). Somente Jesus é mencionado aqui, uma vez que o sermão de Pedro falava sobre Jesus e seu ministério.
O batismo seria para remissão dos pecados. O batismo é sinal e selo da purificação espiritual que o Espírito realiza por meio do perdão de pecados (Tt 3.5).
O dom do Espirito Santo ao vir habitar com a pessoa, assim como o dom do perdão (Ef 1.7) e a capacitação para o ministério.
Observe que até mesmo no contexto do milagre do Pentecostes Pedro não fala de receber o dom de línguas como algo necessário ou universal.
Os dom do perdão e da habitação do Espírito Santo com a pessoa devem ser percebidos como essenciais para que haja a produção do 'fruto' do Espírito na vida dos cristãos (Gl 5.22-23) e para o exercício dos dons que o Espírito decide conceder em épocas diversas e a cristãos diversos (I Co 12.4-11)
Pedro proclamou que a mensagem de salvação para o perdão de pecados por meio do Messias de Deus é prometida aos judeus que ouvem a sua mensagem, aos seus filhos e a todos os que estão distantes (isto é, os gentios; Ef 2.11-13).
Aqui, novamente está a mensagem de Atos: o evangelho é para judeus e gentios, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. A salvação é fundamentada na eleição e no chamado de Deus (Jo 6.37; Ef 1.4-5).
C. O surgimento da igreja (2.42-47).
Dos vs. 42 ao 47, veremos o surgimento da igreja. Lucas encerra essa seção sobre o derramamento do Espírito com um resumo das práticas da igreja em Jerusalém.
Os primeiros seguidores de Cristo foram, até certo ponto, Inigualáveis, porém a fidelidade deles permanece como padrão para todos os cristãos quanto ao que a igreja deve ser.
Pedro fez o apelo e ali se converteram a Cristo cerca de três mil pessoas! Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.
Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Esses eram o resumo dos elementos essenciais do discipulado cristão.
São coisas que os apóstolos aprenderam em suas experiências com Jesus:
ü  Seus ensinos sobre si mesmo e sua obra (Mt 16.18-19; Lc 24.46) e a responsabilidade de cada um como seguidor de Cristo (Mt 5-7).
ü  A comunhão de Cristo com seus discípulos (Jo 13).
ü  O partir do pão, que geralmente inclui a Ceia do Senhor (Ml 26.17-30).
ü  Sua vida de oração com e para os discípulos (Mt 6.5-13; Lc 11.1-13; Jo 17).
Foi um começo espetacular e todos os que creram estavam juntos. Isso demonstrava a união do Espírito que Paulo pregava (Ef 4.3). Até vendiam as suas propriedades. Unidos ao Espírito, os cristãos estavam alertas às necessidades físicas dos outros e voluntariamente (4.34; 5.4) contribuíam para satisfazê-las.
As reuniões eram diárias e nelas eles partiam do pão de casa em casa. Eram as refeições diárias que eram compartilhadas nos lares, e por conta disso, acrescentava-lhes o Senhor – vs. 47 – todos os dias os que iam sendo salvos. A igreja pertence ao Senhor e ele é o único e soberano construtor de sua igreja (Mt 16.18; 1Co 3.9).
At 2:1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos no mesmo lugar;
At 2:2 de repente,
veio do céu
um som, como de um vento impetuoso,
e encheu toda a casa
onde estavam assentados.
At 2:3 E apareceram, distribuídas entre eles,
línguas, como de fogo,
e pousou uma sobre cada um deles.
At 2:4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo
e passaram a falar em outras línguas,
segundo o Espírito lhes concedia que falassem.
At 2:5 Ora, estavam habitando em Jerusalém
judeus, homens piedosos,
vindos de todas as nações debaixo do céu.
At 2:6 Quando, pois, se fez ouvir aquela voz,
afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade,
porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.
At 2:7 Estavam, pois,
atônitos e se admiravam, dizendo:
Vede!
Não são, porventura, galileus
todos esses que aí estão falando?
At 2:8 E como os ouvimos falar,
cada um em nossa própria língua materna?
At 2:9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, At 2:10 da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, At 2:11 tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios.
Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas
as grandezas de Deus?
At 2:12 Todos, atônitos e perplexos,
interpelavam uns aos outros:
Que quer isto dizer?
At 2:13 Outros, porém, zombando, diziam:
Estão embriagados!
At 2:14 Então, se levantou Pedro,
com os onze;
e, erguendo a voz,
advertiu-os nestes termos:
Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém,
tomai conhecimento disto
e atentai nas minhas palavras.
At 2:15 Estes homens não estão embriagados,
como vindes pensando,
sendo esta a terceira hora do dia.
At 2:16 Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio
do profeta Joel:
At 2:17 E acontecerá nos últimos dias,
diz o Senhor,
que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
vossos jovens terão visões,
e sonharão vossos velhos;
At 2:18 até sobre os meus servos
e sobre as minhas servas
derramarei do meu Espírito
naqueles dias,
e profetizarão.
At 2:19 Mostrarei prodígios
em cima no céu
e sinais embaixo na terra:
sangue,
fogo
e vapor de fumaça.
At 2:20 O sol se converterá em trevas,
e a lua, em sangue,
antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor.
At 2:21 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo.
At 2:22 Varões israelitas,
atendei a estas palavras:
Jesus, o Nazareno,
varão aprovado por Deus diante de vós
com milagres,
prodígios
e sinais,
os quais o próprio Deus realizou
por intermédio dele entre vós,
como vós mesmos sabeis;
At 2:23 sendo este entregue pelo
determinado desígnio
e presciência de Deus,
vós o matastes,
crucificando-o por mãos de iníquos;
At 2:24 ao qual, porém, Deus ressuscitou,
rompendo os grilhões da morte;
porquanto não era possível fosse ele
retido por ela.
At 2:25 Porque a respeito dele diz Davi:
Diante de mim via sempre o Senhor,
porque está à minha direita,
para que eu não seja abalado.
At 2:26 Por isso, se alegrou o meu coração,
e a minha língua exultou;
além disto,
também a minha própria carne repousará em esperança,
At 2:27 porque não deixarás a minha alma na morte,
nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
At 2:28 Fizeste-me conhecer os caminhos da vida,
encher-me-ás de alegria na tua presença. At 2:29 Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi
que ele morreu
e foi sepultado,
e o seu túmulo permanece entre nós até hoje.
At 2:30 Sendo, pois,
profeta
e sabendo que Deus lhe havia jurado
que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono,
At 2:31 prevendo isto,
referiu-se à ressurreição de Cristo,
que nem foi deixado na morte,
nem o seu corpo
experimentou corrupção.
At 2:32 A este Jesus
Deus ressuscitou,
do que todos nós somos testemunhas.
At 2:33 Exaltado, pois, à destra de Deus,
 tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou isto que vedes e ouvis.
At 2:34 Porque Davi não subiu aos céus,
mas ele mesmo declara:
Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita,
At 2:35 até que eu ponha os teus inimigos
por estrado dos teus pés.
At 2:36 Esteja absolutamente certa,
pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus,
que vós crucificastes,
Deus o fez Senhor
e Cristo.
At 2:37 Ouvindo eles estas coisas,
compungiu-se-lhes o coração
e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos:
Que faremos, irmãos? At 2:38 Respondeu-lhes Pedro:
Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão dos vossos pecados,
e recebereis o dom do Espírito Santo.
At 2:39 Pois para vós outros é a promessa,
para vossos filhos
e para todos os que ainda estão longe,
isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.
At 2:40 Com muitas outras palavras deu testemunho
e exortava-os, dizendo:
Salvai-vos desta geração perversa.
At 2:41 Então, os que lhe aceitaram a palavra
foram batizados,
havendo um acréscimo naquele dia
de quase três mil pessoas.
At 2:42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos
e na comunhão, no partir do pão
e nas orações.
At 2:43 Em cada alma havia temor;
e muitos prodígios e sinais eram feitos
por intermédio dos apóstolos.
At 2:44 Todos os que creram estavam juntos
e tinham tudo em comum.
At 2:45 Vendiam as suas propriedades e bens,
distribuindo o produto entre todos,
à medida que alguém tinha necessidade.
At 2:46 Diariamente
perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa
e tomavam as suas refeições
com alegria e singeleza de coração,
At 2:47 louvando a Deus
e contando com a simpatia de todo o povo.
Enquanto isso,
acrescentava-lhes o Senhor,
dia a dia,
os que iam sendo salvos.
A igreja hodierna perdeu bastante de sua origem. Hoje cada um de nós abre uma igreja, coloca nelas suas leis e prega o evangelho sem se importarem com o corpo de Cristo unido.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
...


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Atos 1.1-26- A PROMESSA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Sobre o Livro de Atos – Visão geral.

Apresentaremos a seguir uma breve introdução ao livro de Atos, feito de forma resumida[1].
Introdução
Autor
·       Lucas, um companheiro de Paulo. Ele era médico.
Ele foi companheiro de Paulo durante partes de sua segunda e terceira viagens missionárias e em sua viagem a Roma.
Tanto os pais da igreja, bem como o próprio autor, testificam que a autoria dos escritos em Atos é de Lucas.
Ele era companheiro de Paulo em suas viagens missionárias. Ele acompanhou Paulo a partir da cidade de Trôade, na Ásia Menor, até Filipos, no continente europeu, e depois retornou de Filipos para Trôade, viajando posteriormente pela Terra Santa.
Por fim, acompanhou Paulo de Cesareia, na Terra Santa, até Roma, na Itália.
Lucas possuía muita cultura, como atesta o estilo de Lucas-Atos e o alto nível do grego empregado, que por vezes é bastante literário, semelhante ao do período clássico (Lc 1.1-4), indicando uma pessoa bem informada sobre o mundo não judaico.
Além disso, a abordagem sistemática do autor ao compor o texto, combinado aos seus métodos de pesquisa (Lc 1.1-4), revelam um homem educado e altamente instruído.
Cl 4.10-14 indica que Lucas não era judeu, mas gentio. Cl 4.14 revela que Paulo tinha a companhia de "Lucas, o médico amado".
Propósito:
·       Orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao mundo gentio.
Verdades fundamentais:
·       As testemunhas de Cristo são capacitadas pelo Espírito Santo.
·       As testemunhas de Cristo devem ir até aos confins da Terra.
·       As testemunhas de Cristo sofrem perseguições.
·       As testemunhas de Cristo estabelecem igrejas para que a missão possa ter continuidade.
Data e ocasião
Embora três datas tenham sido sugeridas para Atos: 105-130 d.C., 80-95 d.C. e antes de 70 d.C., entendemos e ficamos com a opinião de que Lucas e Atos foram escritos antes de 70 d.C. (provavelmente entre 60-64 d.C.), pois tem a melhor fundamentação, de acordo com as seguintes razões.
(1)   Primeiro, o cap. 28 termina com Paulo preso em regime semiaberto e, enquanto aguardava pela audiência perante César, tinha liberdade para pregar a todos que iam até ele — certamente isso ocorreu antes de Nero acusar os cristãos de terem incendiado Roma em 64 d.C.
(2)   Segundo, não há menção da morte de Paulo em Atos, algo que parecia iminente em 2Tm 4 e provavelmente ocorreu em 67 ou 68 d.C.
(3)   Terceiro, próximo ao final de Atos, Lucas descreve o governo romano como demonstrando simpatia pelos cristãos, uma atitude que se alterou após 64 d.C.
(4)   Quarto, o uso de termos primitivos em Atos indica uma data mais antiga para a sua composição.
Esses termos incluem
ü  "Discípulos" (p. ex., 9.26).
ü  "No primeiro dia da semana" (20.7), que mais tarde passou a ser referido como "dia do Senhor" (Ap 1.10).
ü  "Povo de Israel" (4.10,27), que posteriormente foi alterado simplesmente para "povo", referindo-se tanto a judeus como gentios (Tt 2.14).
ü  O  título antigo "Filho do Homem" (7.56).
ü  Além de linguagem arcaica na abordagem de assuntos geográficos, políticos e territoriais, tais como detalhes sobre as fronteiras regionais entre Frigia-Icônio, Licaônia-Listra e Derbe.
Lucas coletou material a partir de suas próprias observações como testemunha ocular, de fontes semíticas enquanto esteve na Terra Santa, além de outras fontes exteriores.
É possível que ele tenha obtido material de pessoas tais como Sópatro, de Bereia, Aristarco e Secundo, de Tessalônica, Gaio, de Derbe, Timóteo, de Listra (16.1) e Tíquico e Trófimo, da Ásia (20.4).
Em relação ao seu Evangelho, Lucas reuniu material para a primeira parte de Atos enquanto esteve na Terra Santa durante os dois primeiros anos da prisão de Paulo.
Provavelmente, conversou com Maria, a mãe de Jesus, e com outras "testemunhas oculares e ministros da palavra" (Lc 1.2).
Público original
De acordo com Lc 1.3 e At 1.1, Teófilo era o principal destinatário de ambos os livros.
Não dispomos de dados a respeito desse homem, mas ele pode ter sido patrono ou benfeitor de Lucas, além do que certamente foi um gentio que recebeu ensinamento cristão (Lc 1.4).
Como patrono, Teófilo teria providenciado o sustento de Lucas enquanto este despendia a maior parte de seu tempo pesquisando fontes e escrevendo seus dois livros.
Compare isso com o historiador judeu Josefo (37/38 d.C. a c. 100 d.C.), que além de relatar que os generais romanos Vespasiano e Tito eram seus patronos (Contra Ápio, 1.50), também indicou que tinha outro benfeitor, Epafrodito (Autobiografia, 430; Contra Ápio, 1.1; 2.1; 2.296).
Josefo escreveu a Epafrodito algo semelhante ao que Lucas disse a Teófilo em Lc 1.3-4: "A você, Epafrodito, devoto amante da verdade, e a qualquer pessoa que, como você, desejar conhecer os fatos sobre nossa raça, dedico este livro e o anterior".
Propósito e características
Atos apresenta um registro histórico verídico do desenvolvimento da igreja primitiva durante a metade do século 1 d.C.
Tudo nesse livro – a descrição de Lucas sobre detalhes geográficos e provincianos, sobre os funcionários do governo e seus atos oficiais, sobre os atos dos imperadores e sobre a viagem marítima à Itália, o uso de termos náuticos exatos — aponta para um pesquisador cuidadoso que testemunhou muitos dos acontecimentos registrados em At 16 e nos capítulos posteriores.
O grego de Lucas é excelente e fica bastante claro que ele estava familiarizado com suas fontes semíticas, uma vez que usou muitas expressões aramaicas na primeira metade de Atos.
Lucas pode ter tido vários propósitos ao escrever Atos, pois declarou em seu Evangelho que registrou a vida de Jesus até sua ascensão (1.1-2) e resumiu o tema geral de Atos afirmando que o Senhor propagaria sua obra "em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra" (1.8).
Atos é um roteiro do progresso da igreja em todo o mundo antigo, relatando a marcha do Cristianismo.
Alguns percebem em Atos uma defesa do Cristianismo ou um esforço para demonstrar que o Cristianismo não era uma ameaça para Roma.
Embora Atos seja chamado de “Atos dos Apóstolos", Lucas registra principalmente o ministério de Pedro (caps. 1-12) e o de Paulo (caps. 13-28). O relato do dia de Pentecostes em At 2 exerce papel fundamental em Atos.
Jesus disse a seus discípulos que deveriam aguardar em Jerusalém pela chegada do Espírito Santo, pois, por meio do poder e do testemunho do Espírito, o evangelho seria propagado e pessoas de todas as nações seriam chamadas à fé (Lc 24.47-49; At 1.4,8).
O papel de Paulo na segunda metade do livro dá prosseguimento a essa mensagem à medida que ele espalhou o evangelho no mundo gentio.
Esboço do livro de Atos
Conforme a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG –, estaremos seguindo a seguinte divisão proposta: I. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO E O PODER DO ESPÍRITO (1.1-2.47) – veremos agora; II. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO EM JERUSALÉM (3.1-7.60); III. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO NA JUDEIA E EM SAMARIA (8.1-11.18); e, IV. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO AOS CONFINS DA TERRA (13.1-28.31).



Atos 1.1-26- A PROMESSA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Atos foi escrito por Lucas para Teófilo com a intenção de relatar-lhe tudo que Jesus começou a fazer e a ensinar desde o início de seu ministério até o final de sua jornada terrestre quando já se fazia 40 dias após a sua ressurreição. Após dez dias de sua volta ou ida ao céu aconteceu o pentecoste, que é a descida do Espírito Santo nos 120 que se encontravam no Cenáculo.
Como Lucas era companheiro de jornada de Paulo, poderíamos até dizer que o autor intelectual de Lucas foi Paulo! Porque Lucas bebeu e muito da teologia de Paulo.
Segundo a BEG, Atos foi escrito para orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao mundo gentio.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO E O PODER DO ESPÍRITO (1.1-2.47).
Jesus prometeu aos apóstolos que o Espírito Santo os capacitaria a testemunhar em Jerusalém, na Judeia e em Samaria e até aos confins da Terra. No Pentecostes, o Espírito foi derramado sobre os apóstolos e deu início a um poderoso testemunho.
Veremos nessa primeira parte até o vs. 47, do segundo capítulo, o testemunho apostólico e o poder do Espirito. Após uma breve introdução, Lucas passa a registrar imediatamente o fundamento de toda sua narrativa: o poder do Espírito Santo para capacitar os apóstolos a testemunharem de Cristo “em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (1.8).
Esse relato está dividido – conforme proposta da BEG, que estamos seguindo fielmente - em três seções: A. Aguardando a vinda do Espírito (1.1-26) – veremos agora; B. O derramamento do Espírito no Pentecostes (2.1-41); e, C. O surgimento da igreja (2.42-47).
A. Aguardando a vinda do Espírito (1.1-26).
Lucas relatou as palavras que Jesus dirigiu aos apóstolos, ordenando que aguardassem a vinda do Espírito que os capacitaria para um ministério mundial, e relatou também como os apóstolos se prepararam para esse acontecimento.
Essa ênfase no Espírito não apenas explica por que os apóstolos encarregaram-se da tarefa de propagar o evangelho, como também demonstra a necessidade do poder do Espírito para que esse ministério prosseguisse em todas as épocas.
Lucas começa seu livro se dirigindo a Teófilo onde explica que em seu primeiro relato ele expôs todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, ou seja, fez um sumário apropriado dos diversos acontecimentos e palavras de Jesus que Lucas registrou em seu Evangelho. Agora esse ministério continuaria por meio da vida dos apóstolos, que receberiam poder do Espírito Santo.
Esse destinatário “Teófilo” pode ter sido patrono do autor, que providenciou o sustento financeiro de Lucas enquanto este pesquisava e escrevia.
Em seu convívio pós-ressurreição com os discípulos, Jesus havia transmitido aos apóstolos que escolhera - uma referência à escolha dos apóstolos por Jesus (Lc 6.12-16), um dos quais ele sabia que seria o traidor (Judas):
ü  A realidade de sua ressurreição (Jo 20-21).
ü  A veracidade da sua messianidade (Lc 24.44-49).
ü  As bênçãos do Espirito Santo (Jo 20.22-23).
ü  A natureza do seu corpo ressurrecto (Lc 24.37-43).
De acordo com Lc 24.30-52, a ascensão ocorreu nas proximidades de Betânia (uma vila localizada a leste do monte das Oliveiras, que por sua vez ficava a leste de Jerusalém).
Os aparecimentos de Cristo depois da sua ressurreição (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20-21; 1Co 15.5-7) foram importantes como validação exterior de sua natureza e de suas obras divinas.
Era importante que os discípulos, entre outras pessoas, testemunhassem (vs. 22) pessoalmente da sua ressurreição.
A duração do ministério pós-ressurreição de Jesus foi de quarenta dias. Depois da ascensão de Cristo, houve um período adicional de dez dias no qual os discípulos ficaram em Jerusalém aguardando a promessa do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa. Nesse tempo, Jesus lhes falou acerca do Reino de Deus – vs. 3.
Por diversas vezes, Jesus teve comunhão com seus discípulos e amigos durante as refeições:
ü  Na alimentação dos cinco mil (Lc 9.16).
ü  À mesa com publicanos e pecadores (Mc 2.15-16; Lc 5.29).
ü  À mesa com fariseus (Lc 7.37).
ü  Na última ceia (Mt 26.21,26).
ü  Com seus discípulos após a ressurreição (Lc 24.42; Jo 21.9-15).
Foi num momento desses de comunhão à mesa que Jesus lhes deu a ordem de não saírem de Jerusalém, mas esperarem pela promessa do Pai de batismo com o Espírito Santo em poucos dias.
Ele dizia que João os havia batizado com água, mas eles, dentro de poucos dias – vs. 5 – seriam batizados com o Espírito Santo, que na verdade é o dom do Pai e o dom de Jesus, o Filho (Jo 14.1,26; 15.26).
João Batista batizou multidões de pessoas (Mt 3.5-6,13-15; Mc 1.5,9; Lc 3.7-16,21). O batismo de arrependimento de João (Mc 1.4) apontava para o batismo messiânico com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16).
Isso, falava Jesus, não se daria muito depois daqueles dias. O dia de Pentecostes estava para acontecer dentro de alguns dias. Por que Jesus não disse que seria no dia da Festa de Pentecostes?
Eles ficaram curiosos com o que iria acontecer a eles e perguntaram imediatamente – vs. 6 - se seria esse o tempo em que ele restauraria o reino a Israel? Os discípulos, considerando o que Jesus havia dito anteriormente (Mt 19.28), pensavam que ele derrubaria o governo romano e restauraria o reino terreno de Israel.
Jesus responde que a eles não competia conhecer tempos ou épocas - ou seja, a hora e o dia exatos (coisa que muitos tentaram predizer em todas as eras) da segunda vinda de Cristo à terra (cf. I Ts 5.2).
Elas são datas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade. Compare com Mc 13.32. Até mesmo o Filho, que em sua natureza humana recebera conhecimento limitado (Lc 2.52), não sabia a data exata.
No entanto, iria descer sobre eles o Espirito Santo. O Espirito Santo demonstraria o seu controle sobre a vida deles por meio de manifestações especiais (cap. 2):
ü  Um som de vento impetuoso.
ü  Surgimento de formas de línguas de fogo.
ü  O falar em línguas estrangeiras.
E ao descer sobre eles o Espírito Santo, eles seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra. O livro de Atos se desenvolve de acordo com essa estratégia.
As testemunhas em Jerusalém (cap. 2) representam de modo reduzido o ministério mundial de Deus: os judeus “de todas as nações” (2.5) que ouviram e creram levaram consigo a mensagem para todas as nações.
O restante do livro de Atos fornece mais detalhes de como o evangelho se espalhou:
ü  Por Jerusalém (3.1-8.1).
ü  Pela Judeia e Samaria.
ü  Para a Antioquia da Síria (8.1-12.25).
ü  Até aos confins da terra (13.1-28.31).
Após essas instruções, foi Jesus elevado às alturas enquanto eles testemunhavam a sua partida até que uma nuvem os cobriu e nada mais viram – vs. 9.
Eles estavam com os olhos fixos nos céus quando dois varões vestidos de branco lhes chamaram a atenção.
Pessoas descritas em trajes brancos eram geralmente seres sobrenaturais ou glorificados, como:
ü  Jesus Cristo (MI 17.2; Mc 9.3; Ap 1.14).
ü  Anjos (Mt 28.3; Mc 16.5, Lc 24.4; Jo 20.12).
ü  Santos glorificados (Lc 9.30-31; Ap 3.4-5,18; 4,4; 7.14).
Os onze apóstolos presentes eram da Galileia; Judas, o traidor (que não estava presente), pode ter nascido em Queriote, Judá. Eles anunciaram que ele voltaria do mesmo modo como o viram subir. Jesus irá retornar em seu corpo ressurreto, vindo com as nuvens do céu (Mt 24.30: 26.64; Mc 14.62; 1Ts 4.16-17; Ap 1.7).
Então voltaram para Jerusalém estando eles no monte chamado Olival - um monte pouco além do vale de Cedrom, logo a leste de Jerusalém. Os discípulos haviam estado com Jesus no monte perto de Betânia (Lc 24.50). Essa distância era equivalente a uma jornada de um sábado - partindo da cidade, uma distância calculada pelos rabinos em aproximadamente 1.100 m.
Quando chegaram, eles subiram para o cenáculo onde se reuniam – vs. 13. Provavelmente o lugar onde os discípulos estavam se escondendo com medo dos judeus.
Pode ter sido o mesmo lugar onde celebraram a Páscoa e onde Jesus instituiu a Ceia do Senhor (Mc 14.15). Ou talvez fosse um aposento na casa de Maria, tia de Barnabé (At 12.12; Cl 4.10), onde os cristãos se reuniram posteriormente (At 12.12). Provavelmente, ficava perto do pátio do templo onde os visitantes judeus se reuniam (2.5-12).
Na lista dos hospedados naquele aposento consta, além dos outros, Bartolomeu - João não mencionou um discípulo com esse nome, mas citou um discípulo chamado Natanael (Jo 1.45; 21.2). Provavelmente esses nomes se referem ao mesmo homem, sendo que Bartolomeu seria o seu sobrenome -; Tiago, filho de Alfeu - também conhecido como Tiago, o menor (Mc 15.40); o Zelote - possivelmente uma referência ao grupo revolucionário chamado Zelote, do qual Simão fez parte; Judas, filho de Tiago - também conhecido como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18).
O fato era que eles perseveravam unânimes em oração. Jesus estabeleceu o padrão de oração na vida de seus discípulos. No Evangelho de Lucas há muitos exemplos de Jesus orando, muitas vezes sozinho (Lc 3.21; 5.16; 6.12; 9.18,28-29; 11.1; 22.32,41; 23.34,46).
Também as mulheres estavam com eles perseverando em oração. Grupos de mulheres seguiam Jesus; elas o ajudaram no seu ministério e cuidaram dele na sua morte (Mt 27.55-56; 28.1; Mc 15.40-41: Lc 8.23; 23.49; 24.1,22).
Ainda estavam ali, Maria, mãe de Jesus. Essa é a última referência à mãe de Jesus no Nono Testamento. E os irmãos de Jesus, ou seja, os filhos de José e Maria (Mt 13.55; Jo 7.3,10).
Naqueles dias, ou seja, nos dez dias entre a ascensão de Jesus (vs. 3) e o Pentecostes (2.1), Pedro se levantou entre os seus irmãos – um grupo aproximado de 120 pessoas – vs. 15 – e falou que era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente pela boca de Davi acerca de Judas.
Ele estava se referindo aos textos de SI 69.25; 109.8, citados no vs. 20, que se aplicam a Judas Iscariotes, um inimigo de Deus que foi deposto do apostolado.
Diante disso, “o seu encargo” (Sl 109.8) precisava ser preenchido. O Espirito Santo, fazendo uso do talento e da habilidade poética de Davi, inspirou-o a compor cuidadosamente as palavras e a verdade de sua mensagem.
Judas fora contado entre eles e tinha participação no ministério. Deus em sua providência permitiu que Judas, inimigo do Salvador, tivesse participação por um tempo limitado no ministério dos discípulos.
Com a recompensa de sua traição, Judas comprou um campo. Judas teve uma participação involuntária nesse negócio quando devolveu o dinheiro aos sacerdotes, pois estes compraram um terreno para servir de cemitério aos estrangeiros, chamado de "Campo de Sangue” (Mt 27.8).
As trinta moedas de prata (Mt 26.15), provavelmente quatro dracmas, equivaliam a cento e vinte denários (um denário equivalia ao salário de um dia de serviço de um trabalhador, Mt 20.2).
Mateus registrou que Judas “foi enforcar-se” (Mt 27.5). Logo, o relato de Atos apresenta esta possibilidade: Judas enforcou-se e posteriormente a corda se rompeu ou foi cortada, então, o seu corpo caiu sobre as pedras em algum lugar abaixo no vale de Hinom e abriu-se ao meio, ou pela violência da queda, ou pela decomposição.
Pedro explica que com ele se cumpriu as Escrituras em Salmos que dizia que ficasse deserta a sua casa e outro ocupasse o seu lugar.
Portanto, seria necessário que houvesse ali a escolha de outro apóstolo daqueles que estiveram com eles em todo o tempo que o Senhor viveu entre eles. Abrangeria o tempo do ministério público de Jesus, do seu batismo até à sua ascensão.
No grego, esse versículo não contém verbos que indiquem a “necessidade” de os discípulos escolherem um substituto. Esse procedimento (veja o vs. 26) tinha por objetivo descobrir a vontade de Deus (veja o vs. 24).
A ressurreição de Jesus foi o clímax e a base de todo o seu ministério. Caso isso não tivesse ocorrido, sua vida e seus ensinamentos teriam sido em vão (1 Co 15.12-19).
Diante do apelo de Pedro e de sua justificativa para a escolha de outro, propuseram dois nomes daqueles 120 que se encontravam ali. Evidentemente esses dois foram recomendados por todo o grupo de discípulos (de acordo com o vs.15, havia cerca de cento e vinte pessoas presentes).
Um deles era José Barsabás, cognominado Justo. Significa “filho do sábado”, um nome que foi usado para se referir a outras duas pessoas: esse José, aqui, e um certo Judas, profeta da igreja de Jerusalém que foi enviado por Silas a Antioquia (15.22,32). Justo era o nome grego de José Barsabás; ele não é mencionado em nenhum outro lugar no Novo Testamento.
O outro era Matias – esse não é mencionado em nenhuma outra passagem nas Escrituras.
Como havia dois, lançaram sortes para ver que iria substituir a Judas. Os apóstolos empregaram um procedimento usado no Antigo Testamento para descobrirem a vontade de Deus.
O Urim e o Tumim, objetos que ficavam dentro do “peitoral do juízo" de Arão (Ex 28.30) eram utilizados em certas ocasiões para determinar a vontade de Deus (Nm 27.21).
O formato desses dois objetos não é conhecido, mas geralmente eram fabricados na forma de pedrinhas ou pedaços pequenos de madeira, de acordo com uma tradição bastante disseminada no antigo Oriente Próximo (p. ex., Jn 1.7).
Também foram lançadas sortes entre Saul e Jônatas (1Sm 14.41-42; cf. I Cr 26.13). As decisões obtidas por meio desse procedimento eram do próprio Senhor (Pv 16.33).
Contudo, observe que os apóstolos já haviam reduzido as opções de acordo com um principio. Alguns sugeriram que nesse versículo a palavra grega para "sortes" equivale a outro termo grego que significa uma pedra redonda pequena que era usada para votar. Daí, a frase "sendo-lhe, então votado lugar com os onze apóstolos", no final do versículo. 
At 1:1 Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo,
relatando todas as coisas que Jesus
começou a fazer
e a ensinar
At 1:2 até ao dia em que,
depois de haver dado mandamentos
por intermédio do Espírito Santo
aos apóstolos que escolhera,
foi elevado às alturas.
At 1:3 A estes também,
depois de ter padecido,
se apresentou vivo,
com muitas provas incontestáveis,
aparecendo-lhes durante quarenta dias
e falando das coisas concernentes
ao reino de Deus.
At 1:4 E, comendo com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai,
a qual, disse ele, de mim ouvistes.
At 1:5 Porque João, na verdade,
batizou com água,
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo,
não muito depois destes dias.
At 1:6 Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram:
Senhor, será este o tempo
em que restaures o reino a Israel?
At 1:7 Respondeu-lhes:
Não vos compete conhecer tempos ou épocas
que o Pai reservou
pela sua exclusiva autoridade;
At 1:8 mas recebereis poder,
ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém
como em toda a Judéia
e Samaria
e até aos confins da terra.
At 1:9 Ditas estas palavras,
foi Jesus elevado às alturas,
à vista deles,
e uma nuvem o encobriu dos seus olhos.
At 1:10 E, estando eles com os olhos fitos no céu,
enquanto Jesus subia,
eis que dois varões vestidos de branco
se puseram ao lado deles
At 1:11 e lhes disseram:
Varões galileus,
por que estais olhando para as alturas?
Esse Jesus que dentre vós
foi assunto ao céu
virá do modo como o vistes subir.
At 1:12 Então, voltaram para Jerusalém,
do monte chamado Olival,
que dista daquela cidade tanto como a jornada
de um sábado.
At 1:13 Quando ali entraram,
subiram para o cenáculo onde se reuniam
Pedro, João, Tiago,
André, Filipe, Tomé,
Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu,
Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
At 1:14 Todos estes perseveravam unânimes em oração,
com as mulheres,
com Maria, mãe de Jesus,
e com os irmãos dele.
At 1:15 Naqueles dias,
levantou-se Pedro no meio dos irmãos
(ora, compunha-se a assembléia de
umas cento e vinte pessoas) e disse:
At 1:16 Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura
que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi,
acerca de Judas,
que foi o guia daqueles que prenderam Jesus,
At 1:17 porque ele era contado entre nós
e teve parte neste ministério.
At 1:18 (Ora, este homem adquiriu um campo
com o preço da iniqüidade;
e, precipitando-se,
rompeu-se pelo meio,
e todas as suas entranhas se derramaram;
At 1:19 e isto chegou ao conhecimento
de todos os habitantes de Jerusalém,
de maneira que em sua própria língua
esse campo era chamado
Aceldama, isto é, Campo de Sangue.)
At 1:20 Porque está escrito no Livro dos Salmos:
Fique deserta a sua morada;
e não haja quem nela habite;
e: Tome outro o seu encargo.
At 1:21 É necessário, pois, que,
dos homens que nos acompanharam todo o tempo
que o Senhor Jesus andou entre nós,
At 1:22 começando no batismo de João,
até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas,
um destes se torne testemunha conosco
da sua ressurreição.
At 1:23 Então, propuseram dois:
José, chamado Barsabás, cognominado Justo,
e Matias.
At 1:24 E, orando, disseram:
Tu, Senhor, que conheces o coração de todos,
revela-nos qual destes dois tens escolhido
At 1:25 para preencher a vaga neste ministério
e apostolado, do qual Judas se transviou,
indo para o seu próprio lugar.
At 1:26 E os lançaram em sortes,
vindo a sorte recair sobre Matias,
sendo-lhe, então, votado lugar
com os onze apóstolos.
Até o verso 14, depois, do verso 15 ao 26, deste primeiro capítulo, é a informação de como foi ocupada a posição do décimo segundo apóstolo.
Reparem que a iniciativa foi toda de Pedro e o fato foi feito antes da descida do Espírito Santo anunciada. Logo, ocorreu naqueles dez dias entre a ascensão de Jesus aos céus (uma quinta-feira), testemunhada por anjos e pelos discípulos, e a descido do Espírito Santo, no domingo de pentecostes.
Será que esta iniciativa foi realmente só de Pedro ou foi recomendada por Jesus que acabara de subir e que tinha nos 40 dias estado com eles e os instruído de muitas coisas? Cuidado com aqueles que se dizem apóstolos e principalmente com aqueles que dizem, hoje, no século XXI ocuparem tal posição!
Evangelização: Por que devemos pregar o evangelho?[2]
Em Gn 1.28, Adão viu-se diante de um mundo de desafios. A palavra de Deus a ele foi clara: a mera subsistência na nova criação não seria suficiente. Devia encher a terra com a humanidade e cuidar dos reinos vegetais e animais, exercendo domínio sobre tudo para a glória de Deus e o bem dos seres humanos. Adão e Eva não tinham como completar essas tarefas sozinhos — as ordens foram dadas a indivíduos, mas a amplitude delas indica que Deus queria que toda a humanidade as cumprisse. A linguagem da ordem para exercer domínio é ampliada e especificada nas alianças feitas por Deus com o seu povo no Antigo Testamento (Gn 9.1-17; 15.1-17; 17.1-22; 22.16-18; Êx 19.5; 25m 7.5-29; 1Rs 8; Sl 89).
Em Mt 28.18-20, as palavras de Cristo aos seus discípulos incrédulos repercutem a ordem de exercer domínio. Ele já havia deixado claro que o seu povo devia ser uma comunidade de amor e adoração (J0 4.21-24: 13.34-35) separada para glorificar a Deus (Mt 25.34-40; Jo 15.8), mas ainda não havia concluído as suas instruções. Deus não queria uma comunidade fechada, mas uma comunidade conquistadora, separada para cumprir a tarefa de fazer discípulos que encheriam a terra com outras comunidades da nova aliança, constituídas de homens, mulheres e crianças batizados de todas as nações (At 2.5; 10.35; Ap 7.9; 14.6), ensinando tudo o que o nosso Senhor Todo-Poderoso havia ensinado em sua palavra, bem como obedecendo a ele. Somente Cristo possui a autoridade absoluta (Mt 28.18; Jo 17.2; Ef 1.21-23; Cl 2.10) para exercer domínio sobre o mundo inteiro, mas ao ordenar ao seu povo que evangelizasse o mundo e fizesse discípulos (Mt 1.19-20; At 1.4-8), Cristo delegou uma parte dessa autoridade à igreja, dando-lhe a responsabilidade de pregar o evangelho com eficácia Essa tarefa pode parecer impossível, mas não é, pois Jesus também garantiu o sucesso temporal e eterno da missão da igreja (Cl 2.13-15; Ap 17.14).
Mas o que nosso Senhor quer que ensinemos? Num sentido mais estrito, que o evangelho bíblico é a mensagem perene de Deus para o nosso mundo. O cerne da Grande Comissão (Mt 28.18-20) repercute ao longo das Escrituras (Lc 19.10: Jo 13.34-35; 1Co 9.22; Fp 1.27). Deus incumbiu a igreja toda da tarefa de tornar Cristo conhecido no mundo inteiro. É possível que certos indivíduos da igreja não tenham o dom da evangelização ou de sustentar financeiramente missões locais e estrangeiras, mas todos podem orar pela propagação eficaz do evangelho. Paulo pediu aos cristãos de Tessalônica “orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre nós" (2Ts 3.1).
O chamado da igreja para pregar o evangelho ao mundo visa combater o problema antiquíssimo do pecado. O pecado é abrangente - ele corrompe toda a humanidade e até a própria criação (I Rs 8.46; SI 130.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.9-12; 5.12-19; 8.19-23; Gl 3.22; I Jo 1.8-10), condenando todos ao fogo do inferno (Mt 5.29-30; 23.32-33; Mc 3.43-47; Rm 6.23) - mas as boas-novas de Deus também o são. Onde quer que o pecado reine nos dias de hoje, mostra ao homem pecador que ele pode ser liberto do evangelho (Rm 5.8-10; 10.8-13). E a igreja foi chamada para levar essas boas-novas a todas as pessoas (Mt 28.19; At 1.4-8) para que todos tenham a oportunidade se arrepender e ser salvos (Rm 10.13-15), de nascer de novo do meio do poder de Deus manifestado na pregação do evangelho (Rm 1.16; 1Co 1.17-18, lTs 1.5).
Mas o evangelho vai além da conversão de almas a Cristo. O pecado continua a existir até mesmo nos cristãos, e as boas-novas incluem o fato de que Deus dá poder aos cristãos para evitar o pecado ao longo de toda a vida (Rm 8.9,13) e sempre deixa aberto um caminho para não quebrarmos os seus mandamentos (lCo 10.13). Ao nos ensinarmos mutuamente a obedecer a tudo o que Jesus ordenou (Mt 28.20), demonstramos os meios providos por Deus para libertar o homem de todos os aspectos pecaminosos do mundo, da carne e das tentações cio diabo, bem como evidenciamos um modo de vida positivo o e transformador dentro da cultura na qual Deus nos colocou. 
Além disso, o evangelho também diz respeito à redenção de todo o universo (Is 65.17; 66.22; Rm 8.19-22. Ap 21.1-5), resgatando tudo o que foi perdido quando a humanidade caiu em pecado (Gn 3). Não somos ordenados apenas a salvar e ensinar indivíduos e famílias, mas também a atacar frontalmente, por meio do poder espiritual do evangelho (2Co 6.7; 10.4), todos os aspectos pecaminosos do nosso mundo decaído. É especialmente nesse contexto que a igreja anseia pela consumação plena do reino de Deus (Mt 6.9-10; 25.1-13- Lc 12.40; veja o artigo teológico “O reino de Deus", em Mt 4) e ora para que, na sua volta, Cristo encontre uma comunidade da aliança fiel a ele. Esse anseio pela volta de Cristo à sua comunidade fiel foi preservado na oração em aramaico do Novo Testamento — "Maranata” [“vem Senhor”] (1 Co 16.22) — um clamor para que as missões cristãs e o evangelho se cumpram em toda a sua glória mediante a sujeição de todas as nações a Jesus Crido e da destruição de todos os inimigos de nosso Senhor (S1 110). Enquanto esse dia não chega, a igreja continua aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tt 2.13) e orando, "Vem Senhor Jesus!" (Ap 22.20). Pelo poder do evangelho, haverá pessoas de todas as nações e línguas para saudar Cristo na “consumação do século” (Mt 28.20).



[1] Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, com adaptações
[2] Artigo teológico extraído da Bíblia de Estudo de Genebra