O Evangelho de João é o livro escrito por
João para apresentar a vida de Jesus de tal modo que os incrédulos possam ir a
ele pela fé e os cristãos possam desenvolver sua fé em Cristo como o Messias e
o Filho de Deus que desceu do céu. Assim, testemunhar de Jesus é o tema central
desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do
Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo.
Estamos vendo o capítulo 4, da parte II.
Breve síntese do capítulo 4
Há tantos mistérios envolvidos na vida de
Jesus que pretender a todos eles comentá-los é simplesmente impossível. Por
isso, irei passar bem longe, mas mesmo assim, muita coisa interessante
aprenderemos.
Aqui neste capítulo Jesus é á água viva!
Quem dele beber jamais terá sede e ainda se fará nele uma fonte a jorrar pela
eternidade. De uma conversa despretensiosa com uma mulher samaritana – que era
proibido e um escândalo à época – Jesus cura a alma dela, a salva e a
transforma em uma discípula que sai ganhando almas para o Senhor.
Os samaritanos que não se davam com os
judeus reconhece em um judeu, Jesus, o salvador do mundo. E os judeus, por que
não o reconheceram? Nós ganhamos com Jesus, ao meu ver, duas coisas,
independentemente de qualquer coisa, a ressurreição de nossos corpos – a vida
eterna! - e a fé em Deus.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS (1.19-12.50) - continuação.
Como já dissemos, Jesus passou a maior
parte do seu tempo ministrando às pessoas de várias partes, especialmente nas
festas judaicas. Veremos, doravante, até o capítulo doze, o ministério público
de Jesus.
Estamos seguindo, conforme já falamos a
proposta de divisão da BEG: A. O começo do ministério de Jesus (1.19-51) – já vimos; B. Os eventos que ocorreram
durante a viagem entre Caná (na Galileia) e a Judeia (2.1-4.54) – estaremos concluindo agora; C. Uma breve
visita a Jerusalém (5.1-47); D. O seu ministério na Galileia (6.1-71); e, E.
Vários acontecimentos próximos e dentro de Jerusalém durante várias festas
(7.1-12.50).
B. Os eventos que ocorreram durante a viagem entre Caná (na Galileia) e
a Judeia (2.1-4.54) - continuação.
Como já dissemos, Jesus realizou o seu
primeiro milagre em Caná e mais tarde retornou ali para realizar um segundo
milagre. Enquanto isso, vários acontecimentos importantes deram início a
algumas das mudanças mais surpreendentes que Jesus trouxe ao mundo.
Assim, dividimos essa parte em 6 seções
para melhor explorá-las: 1. O casamento em Caná (2.1-11) – já vimos; 2. A purificação do Templo (2.12-25) – já vimos; 3. A chegada do reino (3.1-21)
– já vimos; 4. Outro testemunho de
João (3.22-36) – já vimos; 5. A
mulher samaritana (4.1-42) – veremos
agora; e, 6. Um oficial do rei em Caná (4.43-54) – veremos e concluiremos agora.
5. A mulher samaritana (4.1-42).
Mais uma vez, João focaliza as mudanças
principais que Jesus trouxe para o reino de Deus.
Aqui, identifica Jesus como aquele que
concede vida eterna, substituiu o templo em Jerusalém e trouxe salvação aos
samaritanos, ainda que a maioria dos judeus o tivessem rejeitado.
O pano de fundo desse incidente é o
desprezo profundo que os judeus sentiam dos samaritanos (vs. 9). Mas, como era
de se esperar, os samaritanos também não gostavam dos judeus.
Quando os judeus viajavam entre a Galileia
e a Judeia, preferiam cruzar o rio Jordão duas vezes a ter de atravessar Samaria.
Todavia, Jesus não adotou essa prática (Lc 9.52).
Cansado da viagem, por causa da sua
natureza humana - Jesus sentia fadiga e exaustão (Mt 8.24) -, por volta da hora
sexta, isto é, próximo ao meio-dia, sentou-se Jesus à beira de um poço, com
sede.
Os seus discípulos tinham saído para
comprarem comida e ele estava só quando chegou ali uma mulher samaritana que
tinha ido buscar água e Jesus, sendo judeu, pediu a ela, mulher samaritana,
água para beber.
Os judeus não se davam com os samaritanos,
ou nada tinham em comum com os samaritanos. Na legislação judaica havia itens
que proibiam um judeu de usar pratos e copos que tivessem sido previamente
utilizados por samaritanos.
A mulher ficou surpresa não tanto por Jesus
falar com um samaritano, mas porque ele queria usar um dos seus utensílios para
beber água.
Ela mesma o interroga dizendo a ele como
teria ele coragem de pedira a ela água para beber e ainda em seu cântaro? E
Jesus lhe fala do dom de Deus – vs. 10. Enfatiza que a salvação não é merecida,
mas dada (Ef 2.8); Jesus é o dom de Deus (3.16; GI 2.20; Ef 5.25).
Também ele lhe fala que poderia dar a ela água
viva. Essa expressão pode significar "água corrente", ou seja; que
provavelmente é fresca e pura. No Antigo Testamento, era utilizada num sentido
metafórico corno referência à bênção divina (Jr 2.13; Zc 14.8). Veja ainda Jo
4.14; 7.37-39.
A mulher não entendeu, pois Jesus estava
ali pedindo água e não tinha com que tirá-la do poço, como poderia ele lhe dar
- vs. 11 - água viva? Do mesmo modo que os judeus e Nicodemos, a mulher samaritana
não entendeu os termos-chave que Jesus usou (vs. 15; veja também 2.19-21;
3.3-10).
Ela continua sem entender e o questiona
mais ainda. Como poderia ele lhe dar água viva e seria ele maior do que seu pai
Jacó que lhe deixou aquele poço?
Jesus contrastou a satisfação temporária
com a eterna, ensinando que todos os prazeres terrenos, ainda que legítimos,
desaparecem.
Jesus expressa a origem divina de sua
bênção. Ela seria uma fonte a jorrar eternamente. Enfatiza a sua abundância. Fala-lhe
da vida eterna. Enfatiza a sua duração sem fim e de excelente qualidade.
Em vista da propaganda da água viva, a
mulher se encantou com seu discurso e já queria dessa água, principalmente para
não precisar mais ir ali retirar água do poço.
Jesus então manda ela chamar seu marido,
mas ela responde que não tinha. Jesus então apela para o seu conhecimento
profético e supranatural e fala a ela da sua vida e da sua realidade. O
conhecimento de Jesus sobre a vida da mulher samaritana lembra o que ele havia
demonstrado a respeito de Natanael (1.48).
A mulher reconheceu, por isso, que estava
diante de um profeta e aprofunda suas questões envolvendo agora a adoração e a
forma correta de fazê-la.
Nossos pais adoravam neste monte – vs. 20.
Os detalhes e datas são incertos, mas depois que Samaria foi conquistada pela
Assíria (722 a.C.) houve uma divisão entre os judeus da Samaria e os de
Jerusalém. Os samaritanos construíram um templo no monte Gerizim, que foi
destruído por volta de 130 a.C. Eles continuaram a adorar nesse monte mesmo
depois da destruição do templo.
Jesus, em sua resposta, vai mais além e sai
da dimensão egoísta e terrestre da adoração e aponta para algo maior, uma
adoração verdadeira e autêntica, que iria muito além de locais físicos.
Durante o ministério terreno de Jesus e
antes de sua morte e ressurreição, havia uma tensão em relação ao fato de que o
reino de Deus e suas bênçãos já haviam chegado em parte, mas que essas bênçãos
ainda não haviam se manifestado completamente.
Na verdade, há aspectos do reino que não
foram realizados nem vão se realizar até a segunda vinda de Cristo. Por outro
lado, aquele que havia trazido o reino de Deus já estava presente na terra e
havia inaugurado o reino. A BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo
teológico "O reino de Deus", em Mt 4.
Então o que importava não eram locais, nem
rituais, mas adoração legítima e verdadeira em espírito e em verdade. A
expressão "em verdade" significa "efetivamente", isto é, em
adoração celestial, da qual a adoração terrena é apenas um tipo.
Aqui, Jesus empregou o termo 'verdade"
no mesmo sentido que Hb 8.2; 9.24. Em Hb 8.2, o "verdadeiro
tabemáculo" do céu não é contrastado com um falso, mas com o tabernáculo
terreno que foi construído seguindo o padrão celeste.
A Jerusalém terrena não era um lugar falso
de adoração, mas um lugar terreno; era uma sombra, um tipo, uma cópia da
realidade do céu e do culto celestial.
Uma vez que Jesus é aquele que reunificou
não apenas Deus e o seu povo, mas também a terra e o céu, logo chegaria o momento
em que todas as questões sobre o lugar ideal para adorar se tornariam
irrelevantes, pois aquilo para o que o templo terreno apontava estava se
tornado realidade para o povo de Deus (Mt 27.51). Em espírito, referia-se à
terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo, aquele que o Antigo Testamento
prometeu para o final dos tempos (Jl 2.28-29).
Logo, a adoração cristã não está limitada a
nenhum local terreno, mas antes se dirige aos céus e é oferecida na plenitude
do Espírito Santo.
Jesus então afirma que Deus é espírito, e é
necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" – vs.
24.
A mulher, vendo a resposta profunda de
Jesus, lhe fala da vinda do Messias que ensinaria a eles todas as coisas.
Jesus responde precisamente que ele era o Messias
esperado. Ele diz para ela “Eu o sou” – vs. 26. A única ocasião registrada
antes do julgamento na qual Jesus afirma ser o Messias.
Talvez implicações políticas associadas ao
pensamento judaico sobre o conceito de Messias tivessem feito com que fosse
imprudente para Jesus usá-lo com mais frequência (cf. 6.14-15).
Foi bem nesse momento que a conversa estava
intensa que chegaram os seus discípulos e se admiraram de que estivesse ali
conversando com uma mulher e ainda mais samaritana – vs. 27.
A atitude dos discípulos refletiu o
desprezo dos judeus para com os samaritanos e também o chauvinismo masculino
desses dias, que considerava ensinar as mulheres como perda de tempo.
No entanto, ninguém ousou questioná-lo ou
mesmo censurá-lo. A mulher aproveitou o momento para sair dali e ir anunciar a
toda a cidade que tinha achado o Messias que iria vir e eles vieram com ela
para ver e conferir – v. 30. O testemunho dessa mulher foi mais efetivo nessa
cidade do que a visita dos doze discípulos.
Enquanto isso, os discípulos insistiam com
ele: "Mestre, come alguma coisa". Mas ele dizia a eles que tinha algo
a comer que eles não conheciam, ou seja, fazer a vontade daquele que o tinha
enviado e concluir para ele a sua obra.
Jesus entendia que eles já deveriam abrirem
os seus olhos e verem os campos, pois que esses estavam já maduros para a
colheita. Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida
eterna, de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe (vs. 31-36).
Jesus citou o ditado como verdadeiro, pois
um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Jesus deixou claro que os seus
discípulos tinham responsabilidades distintas das suas: eles deveriam colher os
frutos da semeadura de Jesus. Essa instrução pode ter antecipado
deliberadamente um ensinamento que viria mais tarde (veja 12.23-24).
Os samaritanos gostaram mesmo de Jesus e
queriam que ele ficasse ali com eles. Por causa do testemunho daquela mulher,
muitas almas foram alcançadas para o reino de Deus e eles reconheceram, ao
contrário dos judeus, que ali estava diante deles o Messias, o Salvador do
mundo – vs. 42.
Eles reconheceram que Jesus é mais do que
um profeta (vs. 19,29,39); ele é o Salvador (1Jo 4.14) do mundo.
6. Um oficial do rei em Caná (4.43-54).
Depois daqueles dias de bênçãos, partiu
Jesus com seus discípulos para a Galiléia e ele mesmo tinha dito que nenhum
profeta tem honra em sua própria casa – vs. 43, 44.
Não está claro se “na sua própria
terra" se refere à Judéia (de onde Jesus partiu (4.3) para ir à Galileia)
ou à Galileia.
A favor da Galiléia há dois fatores:
(1)Geralmente Jesus não era bem
recebido na Judeia, fato que é consistente com 1.11.
(2)O vs. 45 diz que "os
galileus o receberam".
Porém, a favor da Judéia também há dois
fatores:
(1)Nesse Evangelho, a Caldeia é
considerada como a região de origem de Jesus (1.46; 2.1; 7.42,52).
(2)Embora os galileus tivessem
recebido Jesus, a passagem demonstra que Jesus estava descontente com a
dependência deles de "sinais e prodígios” (vs. 48).
João está encerra o seu relato da viagem de
Jesus a Caná narrando um segundo milagre: a cura do filho de um oficial do rei.
Do mesmo modo que muitos judeus hipócritas
desprezavam os samaritanos tanto pela ancestralidade como pelo culto misturado
deles, eles também desprezavam os oficiais reais porque estes colaboravam com
os romanos; Jesus, porém, louvou a fé do oficial - um oficial a serviço de
Herodes Antipas, tetrarca da Galileia (cf. Mt 14.1-12; Lc 23.7) -, em contraste
com a maioria dos judeus, que o rejeitaram.
Jesus respondeu ao oficial do rei que se,
porventura, não vissem sinais e prodígios, de modo nenhum creriam, mas o
oficial parecia muito preocupado com seu filho e pedia desesperadamente que ele
o acompanhasse antes que seu filho morresse.
Jesus lhe dá uma palavra de poder e anuncia
que ele não morrerá e que, portanto, poderia o pai ir tranquilo até o filho –
vs. 50. Foi mesmo uma palavra de poder para efetuar a cura, e não apenas uma
profecia de que ele se recuperaria sozinho.
O oficial creu em Jesus e foi até o seu
filho e no caminho, seus servos o encontraram com notícias de que o menino
vivia e ele quis saber detalhes da hora que se deu a melhora de seu filho e
eles disseram que foi na hora sétima, à uma hora da tarde. Justamente na mesma hora
que Jesus tinha dito para ele ir tranquilo que o menino vivia.
Resultado disso: muitos creram nele,
inclusive todos os da casa do oficial. Foi esse o segundo sinal – vs. 54.
Embora Jesus tenha realizado muitos outros sinais (2.23), esse é o segundo que
aconteceu em Caná da Galileia (cf. 2.11).
A referência tripla à vida do filho (vs.
50-51,53) indica que o propósito desse milagre foi demonstrar que Jesus tem
poder para dar vida; correspondendo a isso está a progressão da fé do oficial
(vs. 48,50,53). Esse foco no poder da palavra de Jesus para dar vida prepara o
leitor para o sermão que se segue sobre a vida por meio do Filho (5.19-30).
Jo 4:1 Quando, pois, o Senhor veio a
saber
que
os fariseus tinham ouvido dizer que ele,
Jesus,
fazia e batizava mais discípulos que João Jo 4:2
(se
bem que Jesus mesmo não batizava,
e
sim os seus discípulos),
Jo
4:3 deixou a Judéia, retirando-se outra vez para a Galiléia.
Jo
4:4 E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria.
Jo 4:5 Chegou, pois, a uma cidade
samaritana, chamada Sicar,
perto
das terras que Jacó dera a seu filho José.
Jo
4:6 Estava ali a fonte de Jacó.
Cansado da viagem,
assentara-se
Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta.
Jo 4:7 Nisto, veio uma mulher samaritana
tirar água.
Disse-lhe Jesus:
Dá-me
de beber.
Jo 4:8 Pois seus discípulos tinham ido à
cidade para comprar alimentos.
Jo 4:9 Então, lhe disse a mulher
samaritana:
Como,
sendo tu judeu, pedes de beber a mim,
que
sou mulher samaritana
(porque
os judeus não se dão com os samaritanos)?
Jo 4:10 Replicou-lhe Jesus:
Se
conheceras o dom de Deus
e
quem é o que te pede:
dá-me
de beber,
tu
lhe pedirias,
e
ele te daria
água
viva.
Jo 4:11 Respondeu-lhe ela:
Senhor,
tu não tens com que a tirar,
e
o poço é fundo;
onde,
pois, tens
a
água viva?
Jo
4:12 És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai,
que
nos deu o poço, do qual
ele
mesmo bebeu,
e,
bem assim, seus filhos,
e
seu gado?
Jo 4:13 Afirmou-lhe Jesus:
Quem
beber desta água tornará a ter sede;
Jo
4:14 aquele, porém, que beber da água que eu lhe der
nunca
mais terá sede; pelo contrário,
a
água que eu lhe der será nele
uma
fonte a jorrar para a vida eterna.
Jo 4:15 Disse-lhe a mulher:
Senhor,
dá-me dessa água
para
que eu não mais tenha sede,
nem
precise vir aqui buscá-la.
Jo 4:16 Disse-lhe Jesus:
Vai,
chama teu marido e vem cá;
Jo 4:17 ao que lhe respondeu a mulher:
Não
tenho marido.
Replicou-lhe Jesus:
Bem
disseste, não tenho marido;
Jo
4:18 porque cinco maridos já tiveste,
e
esse que agora tens não é teu marido;
isto
disseste com verdade.
Jo 4:19 Senhor, disse-lhe a mulher,
vejo
que tu és profeta.
Jo
4:20 Nossos pais adoravam neste monte;
vós,
entretanto, dizeis que em Jerusalém
é
o lugar onde se deve adorar.
Jo 4:21 Disse-lhe Jesus:
Mulher,
podes crer-me que a hora vem,
quando
nem neste monte,
nem
em Jerusalém adorareis o Pai.
Jo
4:22 Vós adorais o que não conheceis;
nós
adoramos o que conhecemos,
porque
a salvação vem dos judeus.
Jo
4:23 Mas vem a hora e já chegou,
em
que os verdadeiros adoradores
adorarão
o Pai
em
espírito
e
em verdade;
porque
são estes que o Pai procura
para
seus adoradores.
Jo
4:24 Deus é espírito;
e
importa que os seus adoradores o adorem
em
espírito
e
em verdade.
Jo 4:25 Eu sei, respondeu a mulher,
que
há de vir o Messias, chamado Cristo;
quando
ele vier, nos anunciará todas as coisas.
Jo 4:26 Disse-lhe Jesus:
Eu
o sou, eu que falo contigo.
Jo 4:27 Neste ponto,
chegaram
os seus discípulos
e
se admiraram de que estivesse falando com uma mulher;
todavia,
nenhum lhe disse:
Que
perguntas? Ou: Por que falas com ela?
Jo 4:28 Quanto à mulher,
deixou
o seu cântaro,
foi
à cidade
e
disse àqueles homens:
Jo
4:29 Vinde comigo
e
vede um homem que me disse tudo
quanto
tenho feito.
Será
este, porventura, o Cristo?!
Jo 4:30 Saíram, pois, da cidade
e
vieram ter com ele.
Jo 4:31 Nesse ínterim,
os
discípulos lhe rogavam, dizendo:
Mestre,
come!
Jo 4:32 Mas ele lhes disse:
Uma
comida tenho para comer,
que
vós não conheceis.
Jo 4:33 Diziam, então, os discípulos uns
aos outros:
Ter-lhe-ia,
porventura, alguém trazido o que comer?
Jo 4:34 Disse-lhes Jesus:
A
minha comida consiste
em
fazer a vontade daquele que me enviou
e
realizar a sua obra.
Jo
4:35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa?
Eu,
porém, vos digo:
erguei
os olhos
e
vede os campos,
pois
já branquejam para a ceifa.
Jo
4:36 O ceifeiro recebe desde já a recompensa
e
entesoura o seu fruto para a vida eterna;
e,
dessarte, se alegram
tanto
o semeador como o ceifeiro.
Jo
4:37 Pois, no caso, é verdadeiro o ditado:
Um
é o semeador,
e
outro é o ceifeiro.
Jo
4:38 Eu vos enviei para ceifar
o
que não semeastes;
outros
trabalharam,
e
vós entrastes no seu trabalho.
Jo 4:39 Muitos samaritanos daquela
cidade
creram
nele,
em
virtude do testemunho da mulher, que anunciara:
Ele
me disse tudo quanto tenho feito.
Jo 4:40 Vindo, pois, os samaritanos ter
com Jesus,
pediam-lhe
que permanecesse com eles;
e
ficou ali dois dias.
Jo 4:41 Muitos outros creram nele,
por
causa da sua palavra, Jo 4:42 e diziam à mulher:
Já
agora não é pelo que disseste que nós cremos;
mas
porque nós mesmos temos ouvido
e
sabemos que este é verdadeiramente
o
Salvador do mundo.
Jo 4:43 Passados dois dias,
partiu
dali para a Galiléia.
Jo 4:44 Porque o mesmo Jesus testemunhou
que
um profeta não tem honras na sua própria terra.
Jo 4:45 Assim, quando chegou à Galiléia,
os
galileus o receberam,
porque
viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém,
por
ocasião da festa,
à
qual eles também tinham comparecido.
Jo 4:46 Dirigiu-se, de novo, a Caná da
Galiléia,
onde
da água fizera vinho.
Ora, havia um oficial do rei,
cujo
filho estava doente em Cafarnaum.
Jo 4:47 Tendo ouvido dizer que Jesus
viera da Judéia para a Galiléia,
foi
ter com ele e lhe rogou que descesse para curar seu filho,
que
estava à morte.
Jo 4:48 Então, Jesus lhe disse:
Se,
porventura,
não
virdes sinais e prodígios,
de
modo nenhum crereis.
Jo 4:49 Rogou-lhe o oficial:
Senhor,
desce, antes que meu filho morra.
Jo 4:50 Vai,
disse-lhe
Jesus;
teu
filho vive.
O homem
creu
na palavra de Jesus
e
partiu.
Jo 4:51 Já ele descia,
quando
os seus servos lhe vieram ao encontro,
anunciando-lhe
que o seu filho vivia.
Jo 4:52 Então, indagou deles
a
que hora o seu filho se sentira melhor.
Informaram:
Ontem,
à hora sétima a febre o deixou.
Jo 4:53 Com isto,
reconheceu
o pai ser aquela precisamente a hora
em
que Jesus lhe dissera:
Teu
filho vive;
e
creu ele
e
toda a sua casa.
Jo 4:54 Foi este
o
segundo sinal que fez Jesus,
depois
de vir da Judéia para a Galiléia.
Como devemos adorar a Deus hoje? Jesus
ainda nos responde, como respondeu àquela mulher: em espírito e em verdade! Por
que Deus é espírito e a verdade. E são exatamente estes que o Pai procura como
adoradores.
Pela exortação de Jesus, deveríamos crer
nele independentemente de sinais e prodígios. Um oficial do rei com um filho
doente procura Jesus e ao encontrá-lo faz o seu pedido pelo seu filho. Jesus o
ouve e lança sua palavra de cura e o menino é curado e toda sua família crê
nele. Não somos nós, os vivos de hoje, os oficiais do rei? Façamos, então, como
ele fez.
Jesus cura sim nossas enfermidades. Eu
creio! Não devemos nos esquecer, no entanto, que maior do que a provisão é o
provedor; que maior do que a cura, é o que cura; que maior que a bênção, é o
abençoador. Ao invés da coisa, procuremos sempre aquele que nos entrega todas
as coisas.
O Evangelho de João é o livro escrito por
João para apresentar a vida de Jesus de tal modo que os incrédulos possam ir a
ele pela fé e os cristãos possam desenvolver sua fé em Cristo como o Messias e
o Filho de Deus que desceu do céu. Assim, testemunhar de Jesus é o tema central
desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do
Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo.
Estamos vendo o capítulo 3, da parte II.
Breve síntese do capítulo 3
Jesus e Nicodemos; João Batista e seu testemunho.
Primeiro Nicodemos, um dos principais dos
judeus que buscou a Jesus a noite quando mal poderia ser visto pelo mundo.
Havia algo em Jesus que o atraia e ele foi ter com ele, com todo o respeito e
temor, mas seu amor e temor era maior pelas glórias dos homens.
Ele nada entendeu do que Jesus lhe falava e
Jesus não faz rodeios, mas vai direto ao assunto. Você não aceita meu
testemunho porque não crê em mim porque o seu coração está mais voltado aos
homens do que a Deus.
Isto foi o que entendi que Jesus falou a
Nicodemos. Enquanto semelhantemente nossos corações estiverem longe de Deus não
perceberemos Deus. Não há grandes mistérios, nem enigmas, nem coisas
demasiadamente difíceis para os homens. Deus escolheu a fé para gerar nos
homens a sua salvação por meio de seu Filho enviado. Quem o recebe, é salvo;
quem o rejeita, rejeita a própria vida.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS (1.19-12.50) - continuação.
Como já dissemos, Jesus passou a maior
parte do seu tempo ministrando às pessoas de várias partes, especialmente nas
festas judaicas. Veremos, doravante, até o capítulo doze, o ministério público
de Jesus.
Estamos seguindo, conforme já falamos a
proposta de divisão da BEG: A. O começo do ministério de Jesus (1.19-51) – já vimos; B. Os eventos que ocorreram
durante a viagem entre Caná (na Galileia) e a Judeia (2.1-4.54) – estamos vendo; C. Uma breve visita a
Jerusalém (5.1-47); D. O seu ministério na Galileia (6.1-71); e, E. Vários acontecimentos
próximos e dentro de Jerusalém durante várias festas (7.1-12.50).
B. Os eventos que ocorreram durante a viagem entre Caná (na Galileia) e
a Judeia (2.1-4.54) - continuação.
Como já dissemos, Jesus realizou o seu
primeiro milagre em Caná e mais tarde retornou ali para realizar um segundo
milagre. Enquanto isso, vários acontecimentos importantes deram início a
algumas das mudanças mais surpreendentes que Jesus trouxe ao mundo.
Assim, dividimos essa parte em 6 seções
para melhor explorá-las: 1. O casamento em Caná (2.1-11) – já vimos; 2. A purificação do Templo (2.12-25) – já vimos; 3. A chegada do reino (3.1-21)
– veremos agora; 4. Outro testemunho
de João (3.22-36) – veremos agora; 5.
A mulher samaritana (4.1-42); e, 6. Um oficial do rei em Caná (4.43-54).
3. A chegada do reino (3.1-21).
A chegada do reino é o primeiro sermão de
Jesus. Ele se encontrou com Nicodemos e discutiu a natureza da nova ordem que
estava iniciando.
Os sermões de Jesus se iniciam normalmente
com alguém lhe fazendo uma pergunta, e então Jesus responde de modo a conduzir
a discussão para um nível mais profundo, geralmente apontando equívocos e
corrigindo-os.
O novo entendimento que surge desses
debates possibilita àqueles que creem, confessar a Jesus com mais propriedade e
exatidão.
Nicodemos era um dos principais príncipes
dos judeus e também fariseu. Ele foi ter, como já dissemos, de noite com Jesus.
Talvez Nicodemos estivesse com medo de ser observado e por isso evitou
visitá-lo durante o dia.
A escolha dessa ocasião também pode indicar
respeito por Jesus, uma vez que Nicodemos pode ter evitado distrair um rabino
durante o dia. Nicodemos representa, de modo simbólico, uma pessoa que vive nas
trevas deste mundo e encontra a luz (cf. 9.4; 11.10; 13.30).
Ele se dirige a Jesus chamando-o de Rabi e
Mestre. Essa afirmação indica o conhecimento de Nicodemos sobre o fato de Deus
certificar seus mensageiros, ou agentes de revelação, ao dar-lhes poder para
realizar milagres. Porém, esse entendimento de Nicodemos não chegou a confessar
plenamente quem Jesus é.
Os sinais eram tão notórios que ele afirma
que o que Jesus fazia não poderia ser feito sem Deus estar no caso. Jesus,
porém responde para ele o que ele precisa ouvir.
Nicodemos precisava nascer de novo. O termo
grego traduzido como "de novo" também pude ser interpretado como
"do alto" ou "de cirna". Essa tradução alternativa concorda
satisfatoriamente com a discussão sobre as coisas "terrenas' e
"celestiais" no vs. 12, e também com a discussão sobre Jesus ter
subido e descido, no vs. 13; além disso, é empregada em outras passagens desse
Evangelho (19.11,23).
Por outro lado, o termo equivalente para
"regenerador" (Tt 3.5) favorece o sentido de "nascer de novo”.
Logo, é possível que Jesus estivesse sendo propositalmente ambíguo, sugerindo
que o novo nascimento também é um nascimento do alto.
Essa ambiguidade deu origem ao primeiro
equívoco de Nicodemos (vs. 4), que por sua vez motivou o restante da conversa. A
BEG recomenda a leitura de seu excelente artigo teológico 'Regeneração e novo
nascimento', em Jo 3 – reproduzido ao final dessa reflexão e segmentação.
Essa frase enigmática “nascer da água e do
Espírito” – vs. 5 - induziu muitas
discussões e várias propostas de solução.
(1)"Água"
se refere à liberação do líquido amniótico que se segue ao nascimento físico.
Porém, não há nenhuma outra passagem da Escritura em que a palavra
"água" se refira ao líquido amniótico.
(2)"Agua'
se refere à água que é usada no batismo cristão; porém, essa referência, que
precedia a instituição desse ritual, não faria nenhum sentido para Nicodemos.
(3)"Agua"
é uma referência às passagens do Antigo Testamento no qual o termo
"água" e "Espírito' são unidos para expressar o derramamento do
Espírito de Deus nos últimos dias ou final dos tempos (p. ex., Is 32.15; 44.3;
Ez 36.25-27; veja também – sugestão da BEG - o artigo teológico "O plano
das eras", em 1-lb 7). A menção dessa representação do Antigo Testamento,
rica em simbolismos, explicaria a repreensão de Jesus no vs. 10.
(4)"Água"
se refere ao batismo de João que, tal qual o batismo cristão, significa a
purificação dos pecados. Essa purificação está ligada à obra regeneradora do
Espírito em SI 51.7-12 (cf. Tt. 3.5) e o Antigo Testamento menciona a água
junto com a vinda do Espírito nos últimos dias (veja acima). Essa opinião
favorece a maioria dos paralelos do Antigo Testamento e faz mais sentido à luz
da menção de João Batista nos caps. 1; 3.
Tendo Jesus explicado, ainda restou dúvidas
no coração de Nicodemos, mas Jesus o repreendeu dizendo que ele não aceitava o
seu testemunho que era dele e do Pai.
Jesus afirmou a sua qualificação para falar
das coisas celestiais, pois somente ele veio do céu. Mais adiante, a origem
'celestial' de Jesus se tornou a principal causa de disputa (6.41-42).
Jesus ainda cita o caso da serpente
levantada no deserto que curava o povo que a contemplava, estando ela presa a
um pedaço de madeira, suspensa entre os céus e a terra. Nm 21.4-9 registra a
história da serpente de bronze, que era um tipo de Cristo.
Do mesmo modo que os israelitas foram
salvos das serpentes abrasadoras ao fixarem os olhos na serpente de bronze
pendurada sobre urna haste, assim também somos salvos do julgamento eterno ao
olhar para Cristo, que foi levantado num madeiro.
Levantar é um termo-chave nesse Evangelho
(8.28; 12.32,34), que transmite o duplo significado de crucificação e
exaltação. O Evangelho de João considera a morte de Jesus na cruz, bem como a
sua ressurreição e a sua glorificação, como aspectos de um único acontecimento
que revela a glória de Deus.
A palavra 'importa' aponta para o propósito
soberano de Deus, pois até mesmo a crucificação foi parte do plano eterno de
Deus para salvar os eleitos (At 4.27-28).
Ele completa seu raciocínio e discurso a
Nicodemos expressando um dos versos mais famosos da Bíblia (Jo 3.16) de que
Deus amou ao mundo. Alguns tem empregado essa frase para sugerir que a morte de
Jesus fez expiação por todos os seres humanos, e baseiam essa concepção na
ideia de que Deus ama a todos da mesma maneira e com a mesma intensidade.
É verdade que o Novo Testamento ensina que
a oferta do evangelho é grátis para todos, pois todos são convidados a
compartilhar de Cristo.
No entanto, em outras passagens desse mesmo
Evangelho, Jesus deixa claro que a sua expiação foi planejada somente para os
eleitos (p.ex. 6.37-40; 10.14-18; 17.9).
Parece que Jesus usou o termo "mundo”
para indicar que a sua obra salvadora não estava limitada aos judeus, mas se
aplicava às pessoas em todo o mundo (isto é, aos eleitos de todas as nações).
Veja os artigos teológicos – proposta da BEG - “Expiação limitada” em Jo 10, e “Amor
divino", em I Jo 4.
Deus amou o mundo de tal maneira, isto é, “dessa
Maneira” ou “assim”. De novo Jesus apontou para o paralelo da situação com
Moisés, e não no sentido de “com tanta paixão" ou "com tanta ternura"
que deu o seu Filho unigénito.
Jesus define o amor de Deus em termos de
expiação, como é frequente no Novo Testamento (15.13-14; Rm 5.8; Cl 2.20; Ef
5.2; I Jo 3.16; 4.9-10; Ap. 1.5).
Ele amou o mundo de tal maneira que deu o
seu filho unigênito para que todo o que nele crê - a mesma frase grega
empregada em 3.15 - não pereça (aqueles não se beneficiarem da solução que Deus
providenciou serão condenados e irão perecer), mas tenha a vida eterna.
É muito mais do que uma existência na qual
estaremos para sempre diante da presença do Deus triúno (17.3; Ap 21.3-4). Os
cristãos já possuem uma vida espiritual eterna porque o seu espirito não pode
morrer, e já possuem plenitude de vida porque gozam da comunhão com Deus. Nos novos
céus e nova terra, os cristãos também desfrutarão de uma vida física eterna e
terão uma comunhão mais íntima com Deus em sua presença manifesta.
O objetivo do envio de Jesus, o Filho de
Deus ao mundo, não foi condená-lo, mas salvá-lo. Jesus não veio para declarar
ou tornar o mundo culpado - pois o mundo já era culpado e já estava condenado -
nem trazer julgamento final. Pelo contrário, ele veio assegurar a salvação.
Embora tenha condenado o pecado (p. ex., 9.39) e declarado culpadas certas
pessoas, Jesus somente irá executar julgamento definitivo e punição eterna
sobre os pecadores deste mundo quando retomar (5.25-30).
Infelizmente, a conclusão que se chega é
que a luz veio ao mundo, mas o mundo amou mais as trevas do que a luz. O mundo
rejeitou Jesus porque ele é a luz que expõe o pecado. Aqueles que praticam o
mal fogem dele, preferindo que suas iniquidades não sejam reveladas.
Já quem pratica a verdade, aproxima-se da
luz. Verdade é uma questão tanto moral quanto intelectual. Viver para a verdade
é contrastado não com fazer o que é falso, mas com fazer o que é mal (vs. 20).
4. Outro testemunho de João (3.22-36).
Depois disso, diz a palavra, que Jesus foi
com seus discípulos para a Judéia, onde passou por algum tempo e ali batizava.
João Batista confirmou que Jesus veio do céu e isso era motivo de celebração,
como numa festa de casamento.
Todavia, Jesus foi recebido somente por
aqueles que receberam entendimento do alto. Aqui há três seções:
1ª. Nos vs. 22-24
está registrado que Jesus e seus discípulos foram para a Judéia, onde estava
João Batista; isso proporciona uma conveniente transição para João Batista (vs.
25-30).
2ª. Nos vs. 25.30,
João Batista afirma mais uma vez que a sua importância está apenas em seu papel
de preparar o caminho para Cristo.
3ª. Se os vs. 31-36 são
uma continuação das palavras de João Batista, ou um comentário editorial de
João o evangelista, é uma questão que permanece em aberto. Não há indicação
textual de que se trata de um comentário isolado de Jesus que tenha sido
inserido aqui.
Jesus, como João Batista, também batizava,
mas por meio de seus discípulos. Considerando 4.2, fica claro que o batismo era
ministrado pelos discípulos sob a autoridade de Jesus.
Presumivelmente, esse batismo não era o
batismo cristão em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas sim uma
extensão do ministério de batismo e arrependimento de João Batista.
O Evangelho de João não registra as circunstâncias
da prisão de João Batista (veja Mt 14.3-12; Mc 6.17-29).
Como ambos batizavam, alguns discípulos de
João foram procurá-lo e questioná-lo, mas João respondeu que o homem não pode
receber coisa alguma se não for do alto - uma afirmação da abrangente soberania
de Deus.
João continuava a explicar que ele não era
o messias, mas que muito se regozijava por estar vendo a Jesus. João Batista
encorajava seus seguidores a compartilharem da sua alegria em Jesus em vez de
ficarem com inveja pelo fato de o próprio João estar deixando de ser o centro
das atenções.
Jesus é quem veio do céu. Jesus é distinto
de todos os seres humanos que são 'da terra' (vs. 13), porém observe que todos
os que entram no reino de Deus devem nascer do alto (3.3).
Jesus estava testificando o que tinha visto
e ouvido, mas ninguém estava aceitando o seu testemunho. Os discípulos de João
se preocuparam com o fato de estarem perdendo influência, e exageraram a
situação dizendo "e todos lhe saem ao encontro" (v. 26). A
inquietação de João Batista pelo fato de as pessoas não reagirem adequadamente
ao ministério de Jesus o levou a usar a forte expressão "ninguém aceita”.
Ele, Jesus, que tinha sido enviado por Deus,
falava as palavras de Deus porque Deus não dava de seu Espírito com limitações –
vs. 34. Essas palavras certamente podem ser aplicadas ao ministério terreno
poderoso de Jesus, capacitado pelo Espírito (Ec 3.22; 4.1), mas também podem
ser referir à plenitude do Espírito que Jesus dá àqueles que o servem. Jesus é
quem envia o Espírito (15.26).
Aqueles que creem no Filho são os que tem a
vida eterna, mas os que não creem, são rebeldes e se mantém rebeldes contra o
Filho, logo não verão a vida. Rebelde é alguém que não obedece. Obedecer ao
filho é semelhante a crer no Filho. A fé verdadeira implica comprometimento
moral com Jesus, e a desobediência persistente a ele demonstra falta de fé.
Jo 3:1 Havia, entre os fariseus,
um homem
chamado Nicodemos,
um
dos principais dos judeus.
Jo 3:2 Este,
de noite,
foi
ter com Jesus e lhe disse:
Rabi, sabemos que és Mestre vindo da
parte de Deus;
porque
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes,
se
Deus não estiver com ele.
Jo 3:3 A isto, respondeu Jesus:
Em verdade,
em verdade te digo
que,
se alguém não nascer de novo,
não
pode ver o reino de Deus.
Jo 3:4 Perguntou-lhe Nicodemos:
Como pode um
homem nascer, sendo velho?
Pode,
porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
Jo 3:5 Respondeu Jesus:
Em verdade,
em verdade te digo:
quem
não nascer da água
e
do Espírito
não
pode entrar no reino de Deus.
Jo 3:6 O que
é nascido da carne é carne;
e o que é
nascido do Espírito é espírito.
Jo 3:7 Não te
admires de eu te dizer:
importa-vos
nascer de novo.
Jo 3:8 O
vento sopra onde quer,
ouves
a sua voz,
mas
não sabes donde vem,
nem
para onde vai;
assim
é todo o que é nascido do Espírito.
Jo 3:9 Então, lhe perguntou Nicodemos:
Como pode
suceder isto?
Acudiu Jesus:
Jo 3:10 Tu és
mestre em Israel
e não
compreendes estas coisas?
Jo 3:11 Em verdade, em verdade te digo
que nós
dizemos o que sabemos
e
testificamos o que temos visto;
contudo,
não aceitais o nosso testemunho.
Jo 3:12 Se,
tratando de coisas terrenas,
não
me credes,
como
crereis,
se
vos falar das celestiais?
Jo 3:13 Ora,
ninguém subiu ao céu,
senão
aquele que de lá desceu,
a
saber, o Filho do Homem
[que
está no céu].
Jo 3:14 E do
modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim
importa que o Filho do Homem seja levantado,
Jo
3:15 para que todo o que nele crê
tenha
a vida eterna.
Jo 3:16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que
deu o seu Filho unigênito,
para
que todo o que nele crê não pereça,
mas
tenha a vida eterna.
Jo 3:17
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não
para que julgasse o mundo,
mas
para que o mundo fosse salvo por ele.
Jo 3:18 Quem
nele crê não é julgado;
o
que não crê já está julgado,
porquanto
não crê no nome do unigênito
Filho
de Deus.
Jo 3:19 O
julgamento é este:
que
a luz veio ao mundo,
e
os homens amaram mais as trevas do que a luz;
porque
as suas obras eram más.
Jo 3:20 Pois
todo aquele que pratica o mal
aborrece
a luz
e
não se chega para a luz,
a
fim de não serem argüidas as suas obras.
Jo 3:21 Quem
pratica a verdade
aproxima-se
da luz,
a
fim de que as suas obras sejam manifestas,
porque
feitas em Deus.
Jo 3:22 Depois disto,
foi Jesus com
seus discípulos para a terra da Judéia;
ali
permaneceu com eles
e
batizava.
Jo 3:23 Ora, João estava também
batizando em Enom,
perto de
Salim, porque havia ali muitas águas,
e para lá
concorria o povo e era batizado.
Jo
3:24 Pois João ainda não tinha sido encarcerado.
Jo 3:25 Ora, entre os discípulos de João
e um judeu
suscitou-se
uma contenda com respeito à purificação.
Jo 3:26 E foram ter com João e lhe
disseram:
Mestre,
aquele que estava contigo além do Jordão,
do
qual tens dado testemunho,
está
batizando,
e
todos lhe saem ao encontro.
Jo 3:27 Respondeu João:
O homem não
pode receber coisa alguma
se
do céu não lhe for dada.
Jo 3:28 Vós
mesmos sois testemunhas de que vos disse:
eu
não sou o Cristo,
mas
fui enviado como seu precursor.
Jo 3:29 O que
tem a noiva é o noivo;
o
amigo do noivo que está presente
e
o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo.
Pois
esta alegria já se cumpriu em mim.
Jo
3:30 Convém que ele cresça
e
que eu diminua.
Jo 3:31 Quem
vem das alturas
certamente
está acima de todos;
quem vem da
terra
é
terreno e fala da terra;
quem veio do
céu
está
acima de todos
Jo
3:32 e testifica o que tem visto e ouvido;
contudo,
ninguém aceita o seu testemunho.
Jo 3:33 Quem,
todavia,
lhe
aceita o testemunho,
por
sua vez, certifica
que
Deus é verdadeiro.
Jo 3:34 Pois
o enviado de Deus
fala
as palavras dele,
porque
Deus não dá
o
Espírito por medida.
Jo 3:35 O Pai
ama ao Filho,
e todas as
coisas tem confiado às suas mãos.
Jo
3:36 Por isso, quem crê no Filho
tem
a vida eterna;
o que,
todavia, se mantém rebelde contra o Filho
não
verá a vida,
mas
sobre ele permanece
a
ira de Deus.
João tem o
mesmo discurso que Jesus e até parece algo combinado. O segredo da vida dos
homens não está na cultura, em conhecimentos, riquezas, mas na sua fé, em seu
coração.
Regeneração e novo nascimento:
Preciso nascer de novo?[1]
Na teologia reformada, o termo regeneração, equivalente a nascer de
novo é um termo técnico que se refere à revitalização que Deus opera numa
pessoa implantando em seu interior novos desejos, propósitos, bem como a
capacidade moral que conduz a uma resposta favorável ao evangelho de Cristo. A
palavra "regeneração" é derivada do termo grego palingenesis que é
usado apenas duas vezes nas Escrituras. Em Mt 19.28 Jesus se refere a uma 'renovação'
do universo em sua segunda vinda como palingenesis. Nesse caso, o termo indica
urna "segunda génese" ou "segundo começo" para o universo,
e não a renovação individual que costuma ser associada ao termo teológico
"regeneração". Na outra passagem, Paulo descreve o batismo como “o
lavar regenerador” (Tt 3.5). Apesar de haver quem considere essa expressão uma
referência à recriação dos céus e da terra que se completará quando Jesus
voltar, tradicionalmente entende-se que Paulo está falando de uma regeneração
individual da pessoa batizada. Foi esse sentido posterior que os teólogos
adotaram para o uso técnico do termo.
Jesus ensinou esse conceito a Nicodemos quando disse “se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3), indicando uma
transformação muito mais profunda do que aquela exigida dos judeus para receber
a vida eterna. A expressão grega traduzida como "nascer de novo"
também pode significar "nascer do alto" (veja as notas sobre Jo
3.3,7). É bem provável que Jesus tivesse os dois sentidos em mente. Por um
lado, aqueles que estão mortos em pecado precisam receber uma vida nova pelo “nascimento
espiritual"; num certo sentido, portanto, passam por um segundo
nascimento. Por outro lado, assim como Jesus veio do céu (Jo 3.13), aqueles que
entram no reino devem receber vida do Deus que está no céu (Jo 3.3,7). Como
João expressa em outras passagens, precisamos “nascer de Deus" (veja Jo
1.13; 1 Jo 3.9; 4.7; 5.1,4,18). Esse novo nascimento realizado pelo Espírito (Jo
3.8) vivifica as pessoas para as coisas de Deus e lhes dá uma nova vida para
servir a Cristo.
De qualquer modo, podemos pensar na regeneração e em "nascer de
novo" de modo bastante semelhante ao conceito neotestamentário de nova
criação. A nova criação é uma realidade objetiva concretizada por Cristo.
Quando indivíduos são ligados a Cristo pela fé nele, tornam-se parte da nova
criação (2Co 5.17). Assim como Jesus falou da regeneração
("renovação") do universo (Mt 19.28), é apropriado falar da regeneração
(“renascimento") daqueles que estão em Cristo.
A visão reformada da regeneração pode ser destacada de outros pontos de
vista em pelo menos dois sentidos. Primeiro, do catolicismo romano tradicional,
segundo o qual a regeneração ocorre no batismo, um conceito conhecido como
regeneração batismal. A teologia reformada afirma que a regeneração pode
ocorrer em qualquer momento na vida de uma pessoa, até mesmo ainda no ventre
materno (CFW 10.3) e, portanto, não é o resultado automático do batismo (CFW
28.1,6).
Segundo, de outros ramos evangélicos da igreja para os quais o
arrependimento e a fé conduzem à regeneração (isto é, as pessoas nascem de novo
somente depois de exercitarem a fé salvadora). A teologia reformada, por outro
lado, ensina que o pecado original e a depravação total privam todas as pessoas
da capacidade moral e vontade de exercitar a fé salvadora. Por esse motivo, a
regeneração antecede o arrependimento e a fé salvadora. Sem a regeneração, não
podemos ver o reino de Deus (Jo 3.3). Depois que nascemos de Deus, recebemos a
capacidade de crer em Cristo e segui-lo. A regeneração é realizada inteiramente
pelo Deus Espírito Santo - não há nada que possamos fazer para obtê-la. Somente
Deus ressuscita os seus eleitos da morte espiritual para a vida nova em Cristo
(Ef 2.1 -10). A regeneração é uma obra miraculosa de Deus que nos leva à fé
consciente, intencional e ativa em Cristo.
A Deus toda glória! p/ pr. Daniel Deusdete.
[1]Texto
originário da Bíblia de Estudo de Genebra – referente a João 3.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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As mensagens do JAMAIS DESISTA do caminho do Senhor são diárias, inéditas, baseadas na Bíblia e buscando sua conformação máxima à teologia reformada e representam o pensamento do autor na sua contínua busca das coisas pertencentes ao reino de Deus e a sua justiça.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita - com gráficos, tabelas, imagens e textos - e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
-
É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
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A doutrina Calvinista é a mais bela expressão do ensino bíblico
transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...