segunda-feira, 5 de outubro de 2015
segunda-feira, outubro 05, 2015
Jamais Desista
Lucas 18.1-43- QUEM SE EXALTA, SERÁ HUMILHADO.
Como já dissemos o evangelho de Lucas foi
escrito com o propósito principal de apresentar um relato fiel e organizado
visando estabelecer os fatos a respeito do ministério de Jesus e sua
importância para a história da salvação, além de fornecer parâmetros para a
igreja em sua pregação de arrependimento e perdão em nome de Jesus para todas
as nações. Estamos no capítulo 18, parte IV.
IV. O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS: DA GALILEIA À JERUSALÉM (9.51-19.27)
- continuação.
Como já dissemos, até o capítulo 19,
veremos o ministério público de Jesus: da Galileia para Jerusalém. O Evangelho
de Lucas registra a jornada de Jesus em direção a Jerusalém. Não há um paralelo
mais extenso nos outros Evangelhos (embora haja paralelos de algumas seções
individuais). O Evangelho de Lucas apresenta uma caminhada solene até a capital,
onde Jesus morreria pelos pecadores, de acordo com a vontade de Deus.
Assim, nós dividimos essa quarta parte
conforme a BEG em 18 subpartes: A. Ensino sobre discipulado (9.51-10.42) – já vimos; B. Ensino sobre oração
(11.1-13) – já vimos; C. Jesus e os
espíritos maus (11.14-26) – já vimos;
D. Bênção e julgamento (11.27-13.9) – já
vimos; E. A cura de uma mulher no sábado (13.10-17) – já vimos; F O reino de Deus (13.18-14.24) – já vimos; G. Ensino sobre discipulado (14.25-35) – já vimos; H. Três parábolas sobre os
perdidos (15.1-32) – já vimos; I.
Sobre dinheiro e serviço (16.1-17.10) – já
vimos; J. Os dez leprosos (17.11-19) –
já vimos; K. A vinda do reino (17.20-37) – já vimos; L. Parábolas sobre oração (18.1-14) – veremos agora; M. Jesus e as crianças
(18.15-17) – veremos agora; N. O
jovem rico (18.18-30) – veremos agora;
O. Profecia da Paixão (18.31-34) – veremos
agora; P. Devolvendo a visão ao cego (18.35-43) – veremos agora; Q. Um cobrador de impostos chamado Zaqueu (19.1-10);
R. A parábola das minas (19.11-27).
Breve síntese do capítulo 18.
Jesus nos orientou e nos deu exemplos do
dever de orar sempre sem nunca esmorecer. Para isso ilustrou com uma história
de um juiz iniquo que não temia a Deus, nem homem algum, mas que, contudo
atendeu a viúva pobre por causa da importunação.
O raciocínio de Jesus foi que se o homem
mal pode fazer justiça a uma viúva insignificante que lhe importunava, quanto
mais não fará justiça o nosso Pai quando a ele recorrermos em oração dia e
noite sobre algo que nos perturba?
Contou-lhes ainda mais uma parábola sobre
duas pessoas que se apresentavam diante de Deus em oração. Uma delas, um
fariseu, cheio de justificativas e de obras; a outra, um publicano, pecador e
cheio de defeitos.
Não são as obras do fariseu boas? Não
devemos praticá-las? Não havia nada de errado com suas obras, mas havia com a
sua exaltação, com seu orgulho e com seu coração desviado de Deus e voltado
para si mesmo. O publicano desceu justificado porque não depositou em si mesmo
qualquer valor, mas em Deus.
Jesus abençoa as crianças dizendo que
devemos ser como elas para recebermos o reino de Deus e depois se defronta com
um jovem interessante, mas que era apegado às riquezas. Deus não divide sua
glória com ninguém! Ou servimos a Deus ou à riqueza. Então não podemos ser
ricos? Eu não disse isso. Quem lê, entenda!
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
L. Parábolas sobre oração (18.1-14).
Até o vs. 14, Jesus falou sobre duas
atitudes na oração.
O contexto da narrativa anterior (17.20-37)
e a referência à segunda vinda (18.8) sugerem que aqui está em evidência a
persistência e a humildade na oração, para que Cristo venha e prevaleça sobre o
mal (1Co 16.22; Ap 22.20), ainda que essa vinda pareça estar atrasada.
Aqui, há também um princípio geral quanto à
importância da oração persistente e humilde em todas as circunstâncias.
A viúva era uma mulher desamparada e com
uma causa justa (ela queria justiça, e não vingança). Ela não tinha outro jeito
a não ser importunar quem poderia resolver o seu caso. Importunar é uma
expressão pitoresca que no original lê-se literalmente "me causa olho
roxo".
Se até mesmo um juiz iníquo às vezes faz o
que é correto, quanto mais não fará o Deus justo? Deus escolhe pessoas que oram
a ele continuamente, e não irá abandoná-las.
Toda demora tem uma razão; por exemplo,
fortalecer aquele que ora ou oferecer oportunidade de arrependimento para
aqueles pelos quais oram os cristãos.
De acordo com o tempo de Deus (2Pe 3.8), e
não de acordo com a nossa percepção, Deus irá nos atender. Para nós isso pode
se chamar de demora, mas no prisma de Deus, não.
Toda oração também entendo ser um
privilégio que Deus concede às suas criaturas dando-lhes a oportunidade de
junto com ele regerem soberanamente o universo.
A conclusão de Jesus é que o juiz mal se
apressaria em atender a viúva pobre por causa da importunação, mas e na volta
do Filho do homem, acharia este fé na terra – vs. 8? Não significa que não
haverá cristãos, mas sim que nem todas as pessoas serão cristãs.
A seguir lhes conta uma parábola comparando
dois homens que oravam diante de Deus, sendo um deles um fariseu, zeloso de
boas obras e um publicano descuidado com tudo.
A oração individual podia ser feita no
templo a qualquer momento do dia, e não apenas durante o culto formal. Ambos
oraram de pé, na posição tradicional para orar.
O fariseu gastava seu tempo dando
justificativas para Deus como o fato de que jejuava duas vezes por semana. O
único jejum prescrito na lei de Moisés era aquele estipulado para o Dia da
Expiação (Lv 16.29-31; 23.27), embora o jejum voluntário pudesse acompanhar as
orações (SI 35.13), a penitência (1Rs 21.27) e o lamento (2Sm 1.12).
No período intertestamentário, a tradição
oral judaica acrescentou uma série de jejuns que as pessoas piedosas deveriam
observar.
O jejum pode ser útil no exercício
religioso (5.33-35; At 13.2-3), porém Jesus condenou-o veementemente como
maneira de obter favores de Deus (vs. 11-12) ou fazer ostentação de piedade (Mt
6.16-18; cf. Is 58.1-6).
Quem jejua com a intenção de estar forçando
a divindade a funcionar a seu favor, não conhece o Deus que é soberano.
O publicano se sentia tão indigno que nem
ousava levantar os olhos ao céu. Era comum olhar para cima durante a oração,
porém esse homem estava muito consciente de sua indignidade para fazê-lo; ele
apenas pediu misericórdia e admitiu o seu pecado.
O resultado positivo foi que o publicano
desceu justificado para sua casa. Foi o penitente, e não o orgulhoso, que foi
para casa justificado (isto é, considerado justo).
O fariseu confiou em seus próprios méritos,
porém isso não era suficiente; ele ainda não havia compreendido que nenhuma boa
ação é suficiente para um Deus que exige perfeição (Mt 5.48).
O publicano confiou apenas na misericórdia
de Deus, e a encontrou.
M. Jesus e as crianças (18.15-17).
Enquanto isso, eram trazidas até Jesus
muitas crianças – vs. 15-17. Lucas colocou aqui essa pequena ilustração visando
demonstrar a necessidade da humildade no reino.
Jesus apresentou as crianças como modelo
para aqueles que desejam herdar o reino. A fé que os seus seguidores devem ter
em Deus deve lembrar a fé que a criança pequena tem em seus pais.
N. O jovem rico (18.18-30).
Dos versos 18 ao 30, iremos ver o caso de
um jovem rico que queria herdar a vida eterna e fez questionamentos a Jesus.
Aqui, Lucas trata do problema do orgulho e da riqueza, e como essas coisas
podem impedir uma pessoa de herdar o reino.
O jovem rico contrasta com a fé inocente da
criança, mencionada na passagem anterior.
Ele era homem de posição. Apenas Lucas
registra que esse homem tinha uma posição importante. O termo é de uso geral,
mas deixa claro que o homem pertencia à elite. Bom Mestre. Não era um
tratamento usado no judaísmo, mas um tipo de bajulação. Esse homem presumiu que
seus méritos poderiam conquistar a vida eterna.
Por que me chamas bom? Jesus convidou o
jovem a considerar o que significa a saudação que lhe dirigiu. Cristo não disse
que era errado chamá-lo de bom, mas queria que o rico percebesse que estava
fazendo uma afirmação importante a respeito de Jesus.
Os ricos são tentados a confiar nas coisas
terrenas (do mesmo modo que fazem aqueles cuja riqueza são as realizações
intelectuais, artísticas, etc.). Os grandes empreendedores têm muita
dificuldade em confiar inteiramente na misericórdia de Deus.
Seria de fato mais fácil passar um camelo
no buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus - Mc 10.25.
Se o rico, com todas as suas vantagens, não
pode ser salvo facilmente, então quem pode? A resposta é que a salvação, quer
do pobre ou do rico, é sempre um dom de Deus.
A reposta que Jesus deu a Pedro significa
que os dons de Deus sempre sobrepujarão qualquer coisa de que Pedro vier a se
desfazer.
Jesus falou sobre recompensas espirituais e
familiares que eram muito melhores do que as físicas. O sacrifício de uma
pessoa em favor do reino não obriga Deus a conceder recompensas materiais ou
familiares durante esta vida.
O. Profecia da Paixão (18.31-34).
Nessa hora, Jesus chamou os doze e lhes
falou que sua hora se aproximava veloz. Jesus profetizou o seu sofrimento e a
sua morte (cf. 5.35; 9.22,43-45; 12.50; 13.32-33; 17.25), sendo essa a primeira
vez que falou sobre ser "entregue aos gentios" (isto é, os romanos),
que eram um assunto especial para Lucas.
P. Devolvendo a visão ao cego (18.35-43).
Jesus estava próximo de Jericó e no seu
caminho havia um cego mendigando. Ele parecia estar de propósito ali, esperando
aquele dia em que o Messias haveria de passar por ali. Então ele se certifica
de que era mesmo Jesus.
Lucas registra – vs. 35 ao 43 - um
acontecimento no qual um cego demonstrou fé em Jesus, mesmo em face da oposição
de terceiros.
Também veremos essa mesma história em Mt
20.29; Mc 10.46. Mt 20.30 relata que dois cegos foram ao encontro de Jesus
enquanto ele saía de Jericó; Mc 10.46 relata o encontro com o cego Bartimeu, a
quem Jesus encontrou (novamente) quando saía da cidade. Um dos homens pode ter
sido o porta-voz do outro.
Ele clamava a plenos pulmões a Jesus como o
Filho de Davi – vs. 38. Um título real dado ao Messias, o maior dos filhos de
Davi.
Jesus não resiste, para e manda chamá-lo. A
fé foi a maneira pela qual a graça foi recebida, e não o poder que a produziu. Foi
ela a fé dele que o salvou. Também pode ser traduzido como "te
curou", porém aqui "salvou" se encaixa melhor, tendo em vista
que o homem passou a seguir Jesus e louvar a Deus.
Lc 18:1 Disse-lhes Jesus uma parábola
sobre o dever
de orar sempre e nunca esmorecer:
Lc
18:2 Havia em certa cidade um juiz
que
não temia a Deus,
nem
respeitava homem algum.
Lc 18:3 Havia
também, naquela mesma cidade,
uma
viúva que vinha ter com ele, dizendo:
Julga a minha
causa contra o meu adversário.
Lc
18:4 Ele, por algum tempo, não a quis atender;
mas,
depois, disse consigo:
Bem
que eu não temo a Deus,
nem
respeito a homem algum;
Lc
18:5 todavia, como esta viúva me importuna,
julgarei
a sua causa,
para
não suceder que, por fim,
venha
a molestar-me.
Lc
18:6 Então, disse o Senhor:
Considerai
no que diz este juiz iníquo.
Lc 18:7 Não
fará Deus justiça aos seus escolhidos,
que
a ele clamam dia e noite,
embora
pareça demorado em defendê-los?
Lc
18:8 Digo-vos que,
depressa,
lhes
fará justiça.
Contudo,
quando vier o Filho do Homem,
achará,
porventura,
fé
na terra?
Lc 18:9 Propôs também esta parábola a
alguns que confiavam em si mesmos,
por se
considerarem justos, e desprezavam os outros:
Lc 18:10 Dois
homens subiram ao templo com o propósito de orar:
um,
fariseu,
e
o outro, publicano.
Lc 18:11 O
fariseu,
posto
em pé,
orava
de si para si mesmo, desta forma:
Ó
Deus, graças te dou porque não sou
como
os demais homens,
roubadores,
injustos e adúlteros,
nem
ainda como este publicano;
Lc
18:12 jejuo duas vezes por semana
e
dou o dízimo de tudo quanto ganho.
Lc 18:13 O
publicano,
estando
em pé,
longe,
não
ousava nem ainda levantar os olhos ao céu,
mas
batia no peito, dizendo:
Ó Deus,
sê
propício a mim, pecador!
Lc
18:14 Digo-vos
que
este desceu justificado para sua casa,
e
não aquele;
porque todo o
que se exalta
será
humilhado;
mas o que se
humilha
será
exaltado.
Lc 18:15 Traziam-lhe também as crianças,
para que as
tocasse;
e os discípulos,
vendo,
os
repreendiam.
Lc 18:16 Jesus, porém, chamando-as para
junto de si, ordenou:
Deixai vir a
mim os pequeninos
e não os
embaraceis,
porque
dos tais é o reino de Deus.
Lc 18:17 Em
verdade vos digo:
Quem
não receber o reino de Deus
como
uma criança
de
maneira alguma entrará nele.
Lc 18:18 Certo homem de posição
perguntou-lhe:
Bom Mestre,
que farei para herdar a vida eterna?
Lc 18:19 Respondeu-lhe Jesus:
Por que me
chamas bom?
Ninguém
é bom, senão um, que é Deus.
Lc 18:20
Sabes os mandamentos:
Não
adulterarás, não matarás, não furtarás,
não
dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
Lc 18:21
Replicou ele:
Tudo
isso tenho observado desde a minha juventude.
Lc 18:22
Ouvindo-o Jesus, disse-lhe:
Uma
coisa ainda te falta:
vende
tudo o que tens,
dá-o
aos pobres
e
terás um tesouro nos céus;
depois,
vem
e
segue-me.
Lc 18:23 Mas,
ouvindo ele estas palavras,
ficou
muito triste,
porque
era riquíssimo.
Lc 18:24 E
Jesus, vendo-o assim triste, disse:
Quão
dificilmente entrarão no reino de Deus
os
que têm riquezas!
Lc 18:25
Porque
é
mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha
do
que entrar um rico no reino de Deus.
Lc 18:26 E os
que ouviram disseram:
Sendo
assim, quem pode ser salvo?
Lc 18:27 Mas
ele respondeu:
Os
impossíveis dos homens
são
possíveis para Deus.
Lc 18:28 E
disse Pedro:
Eis
que nós deixamos nossa casa e te seguimos.
Lc 18:29
Respondeu-lhes Jesus:
Em
verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado
casa,
ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos,
por
causa do reino de Deus,
Lc 18:30 que
não receba, no presente,
muitas
vezes mais
e, no mundo
por vir, a vida eterna.
Lc 18:31 Tomando consigo os doze,
disse-lhes Jesus:
Eis que
subimos para Jerusalém,
e vai
cumprir-se ali tudo quanto está escrito
por
intermédio dos profetas,
no
tocante ao Filho do Homem;
Lc 18:32 pois
será ele
entregue
aos gentios,
escarnecido,
ultrajado
e
cuspido;
Lc
18:33 e, depois de o açoitarem,
tirar-lhe-ão
a vida;
mas,
ao terceiro dia,
ressuscitará.
Lc 18:34
Eles, porém, nada compreenderam acerca destas coisas;
e o sentido
destas palavras era-lhes encoberto,
de
sorte que não percebiam o que ele dizia.
Lc 18:35 Aconteceu que,
ao
aproximar-se ele de Jericó,
estava
um cego assentado à beira do caminho,
pedindo
esmolas.
Lc 18:36 E,
ouvindo o tropel da multidão que passava,
perguntou
o que era aquilo.
Lc 18:37
Anunciaram-lhe
que
passava Jesus, o Nazareno.
Lc 18:38
Então, ele clamou:
Jesus,
Filho de Davi,
tem
compaixão de mim!
Lc 18:39 E os
que iam na frente
o
repreendiam para que se calasse;
ele, porém,
cada
vez gritava mais:
Filho
de Davi, tem misericórdia de mim!
Lc 18:40
Então,
parou
Jesus
e
mandou que lho trouxessem.
E,
tendo
ele chegado,
perguntou-lhe:
Lc
18:41 Que queres que eu te faça?
Respondeu
ele:
Senhor,
que eu torne a ver.
Lc 18:42
Então, Jesus lhe disse:
Recupera
a tua vista;
a
tua fé te salvou.
Lc 18:43
Imediatamente,
tornou
a ver
e
seguia-o
glorificando
a Deus.
Também
todo
o povo,
vendo
isto,
dava
louvores a Deus.
Jesus fala aos
discípulos das coisas que em breve irão acontecer com ele e os adverte, mas
eles ainda não entendiam. Em seguida, ele cura o cego de Jericó; no entanto, se
aquele cego continuasse ali calado e quieto sabendo quem era o que passava por
ali, certamente, estaria cego até o dia de hoje.
Ele, o cego de
Jericó, sabia quem era Jesus e que ali passaria ou estava passando. Ele
enfrentou dificuldades ao tentar se aproximar de Jesus, mas foi perseverante.
Ele chamou a atenção de Jesus para ele e Jesus o atendeu: o que queres que eu
te faça? Ele foi claro: eu quero ver! Jesus pronuncia a palavra de cura: seja
feito! Em seguida, elogia a sua fé: a tua fé te salvou!
...
domingo, 4 de outubro de 2015
domingo, outubro 04, 2015
Jamais Desista
Lucas 17.1-37 - JESUS ESTÁ VOLTANDO E SERÁ COMO NOS DIAS DE NOÉ E DE LÓ.
IV. O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS: DA GALILEIA À JERUSALÉM (9.51-19.27)
- continuação.
Como já dissemos, até o capítulo 19,
veremos o ministério público de Jesus: da Galileia para Jerusalém. O Evangelho
de Lucas registra a jornada de Jesus em direção a Jerusalém. Não há um paralelo
mais extenso nos outros Evangelhos (embora haja paralelos de algumas seções
individuais). O Evangelho de Lucas apresenta uma caminhada solene até a
capital, onde Jesus morreria pelos pecadores, de acordo com a vontade de Deus.
Assim, nós dividimos essa quarta parte
conforme a BEG em 18 subpartes: A. Ensino sobre discipulado (9.51-10.42) – já vimos; B. Ensino sobre oração
(11.1-13) – já vimos; C. Jesus e os
espíritos maus (11.14-26) – já vimos;
D. Bênção e julgamento (11.27-13.9) – já
vimos; E. A cura de uma mulher no sábado (13.10-17) – já vimos; F O reino de Deus (13.18-14.24) – já vimos; G. Ensino sobre discipulado (14.25-35) – já vimos; H. Três parábolas sobre os
perdidos (15.1-32) – já vimos; I.
Sobre dinheiro e serviço (16.1-17.10) – concluiremos
agora; J. Os dez leprosos (17.11-19) –
veremos agora; K. A vinda do reino (17.20-37) – veremos agora; L. Parábolas sobre oração (18.1-14); M. Jesus e as
crianças (18.15-17); N. O jovem rico (18.18-30); O. Profecia da Paixão
(18.31-34); P. Devolvendo a visão ao cego (18.35-43); Q. Um cobrador de
impostos chamado Zaqueu (19.1-10); R. A parábola das minas (19.11-27).
Breve síntese do capítulo 17.
Foi no momento em que Jesus falava aos
discípulos sobre o dever de perdoar sempre o nosso irmão que arrependido viesse
nos pedir perdão 7 vezes ao dia que os discípulos lhe pediram para que ele,
Jesus, que aumentasse a fé deles.
Não foi por que queriam realizar grandes
obras, nem grandes feitos, nem grandes conquistas, mas no momento em que se
sentiram incapazes de perdoar. A resposta de Jesus ao pedido deles fala de
grande poder e de um grande feito.
Primeiro, se tiverdes fé, mas não precisa
ser aquela fé que parece que a gente faz força, não! É a fé simples, por isso
foi comparada a um grão de mostarda.
Segundo, é necessário verbalizar, falar.
Terceiro, ela nos obedecerá. É a certeza de
que se fará aquilo que declaramos.
No entanto, o assunto era perdão e, creio,
dificuldade em ter uma mente predisposta ao perdão. A conclusão é que ainda que
pareça impossível perdoar e, melhor ainda, perdoar sempre, transportar a
amoreira pela fé também é impossível, mas devemos ter fé – não importa o
tamanho dela – declarar o perdão e crer que perdoamos e fomos perdoados.
Logo em seguida, fala do servo que após
fazer o que tinha de fazer, reconhece que é servo inútil e que nada fez se não
obedecer. E quanto a nós, somos melhores servos? De modo algum.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. Sobre dinheiro e serviço (16.1-17.10) - continuação.
Jesus mesmo disse aos seus discípulos que
seria impossível que não viessem escândalos. Do grego skandalon, um termo que se refere à isca que fica presa no gatilho
de uma armadilha; mais tarde, essa palavra veio a significar qualquer coisa que
faz alguém tropeçar e cair numa cilada. No entanto, aqueles que fazem as
pessoas tropeçarem e pecarem serão condenados.
Jesus chega a dizer que melhor seria se lhe
pusessem ao pescoço deste uma mó de atafona e fosse lançado ao mar, do que
fazer tropeçar um desses pequeninos - podem ser as crianças ou cristãos (cf.
10.21) que não têm recursos em si mesmos e só podem contar com a ajuda de Deus.
Uma pedra de moinho era uma pedra pesada que era usada na moagem de grãos.
O segredo seria estar vigilante e atento,
sempre predisposto a perdoar. Ainda que viesse a pecar sete vezes no dia e nas
sete vezes viesse pedir perdão, era para perdoar. Não significa que na oitava
vez a ofensa não devesse ser perdoada, mas sim que o perdão deve ser uma
prática constante. Isso é porque Deus nos conhece e sabe o bem que isso traz
para o relacionamento.
Foi nesse momento que os discípulos se
sentindo impotentes quanto ao desafio do perdão que pediram ao Senhor para a fé
deles ser aumentada – vs. 5-6.
Aparentemente, os discípulos presumiam que,
segundo o ensino de Jesus, somente uma fé muito grande seria capaz de perdoar.
No entanto, Jesus disse que até mesmo uma fé minúscula poderia fazê-lo; além
disso, mais importante do que a quantidade de fé que alguém possui é o objeto
desta fé - o Deus Todo-Poderoso.
Em seguida, lhes ensina algo importante
sobre o papel do servo – vs. 7 ao 10. Aqui, o termo significa
"escravo". Depois de cumprir o que havia sido instruído a fazer, o
escravo não fez nada que mereça agradecimento. O seu senhor não permite que ele
coma antes que lhe prepare a sua refeição (contudo, observe o comportamento do
senhor em 12.37; 22.27). Ou seja, servir a seu senhor é obrigação do escravo.
Do mesmo modo, o nosso dever é servir a Deus e nunca poderemos fazer mais do
que a nossa obrigação, uma vez que somos chamados por um Deus perfeitamente
justo e bom para sermos perfeitos também (Mt 5.48).
J. Os dez leprosos (17.11-19).
Lucas registra até o vs. 19 que Jesus curou
dez leprosos, porém apenas um voltou para agradecer a ele. Em Israel, muitos
foram abençoados por Jesus, mas poucos abandonaram o pecado e voltaram para
louvá-lo. Aqueles que fizeram isso foram muito abençoados.
A viagem de Jesus em direção à Jerusalém e
à cruz continuava (13.22). Como os samaritanos não viam com bons olhos um grupo
de judeus viajando através do seu território (9.51-53), Jesus e seus discípulos
caminhavam pela fronteira.
A lei exigia que as pessoas com lepra
ficassem longe dos sadios (Lv 13.46). Esses leprosos ousaram se aproximar tanto
quanto puderam e gritaram para que Jesus tivesse misericórdia deles.
Quando alguém afirmava ter sido curado de
qualquer doença de pele classificada sob o termo lepra, essa pessoa deveria se
apresentar ao sacerdote para que este confirmasse a cura e, após o ritual de
sacrifício, declarar que ela estava apta para retornar ao convívio da sociedade
(Lv 14.1-32).
A ordem de Jesus, quando nada ainda havia
acontecido aos homens, foi um teste de fé. Eles foram curados enquanto
obedeciam a Jesus, pois em resposta ao pedido de cura deles, foi que Jesus deu
a ordem para irem se mostrarem aos sacerdotes.
Compelido pela gratidão, um dos que foram
curados retornou a Jesus louvando a Deus pelo milagre. O que mais chama a atenção
é o fato de que esse homem era samaritano, pois não era esperado que fosse
demonstrar gratidão a um judeu. Somente a este foi que Jesus disse: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
K. A vinda do reino (17.20-37).
A temática agora até o vs. 37 é a vinda do
reino. Jesus falou sobre a ocasião e a urgência da vinda do reino de Deus em
resposta à provocação dos fariseus – vs. 20.
Jesus disse que o reino de Deus não viria
com aparência exterior – vs. 20 – mas estaria entre eles. Pode significar que o
reino está presente como uma realidade interior, como algo escondido dentro do
coração (cf. Rm 14.17). Uma tradução alternativa seria "o Reino de Deus
está entre vocês", que pode ser entendida como apontando para a presença
do reino entre eles na pessoa de Jesus.
Depois, Jesus disse as seus discípulos que
dias viriam em que haveria o desejo de ver um dos dias do Filho do Homem. É
provável que seja uma referência à manifestação completa do reino quando da
segunda vinda de Cristo (vs. 26,30). Os cristãos irão almejar pela paz e
justiça que a segunda de vinda de Cristo trará.
Embora alguns irão afirmar que a segunda
vinda do Messias já aconteu (21.8-9), na verdade essa vinda será tão notória que
todas as pessoas perceberão assim como se percebe um relâmpago que cruza os
céus de um para outro lado.
No entanto, antes de tudo isso seria
necessário que acontecesse muitas coisas. A palavra "importa" é muito
expressiva, pois indica o propósito soberano de Deus (At 4.27-28).
A geração de Noé serve de exemplo de como
as pessoas conduzem a própria vida normalmente e negligenciam o arrependimento
enquanto há oportunidade para isso. Jesus confirma o pecado da geração de Noé
(Gn 6.5-6) e focaliza o repentino julgamento que lhes sobreveio.
Da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló.
A época de Ló fornece outro exemplo semelhante, pois tal como a geração de Noé,
a iniquidade de Sodoma era muito conhecida (cf. Mt 10.15; 11.23-24; Lc 10.12).
Confirmando a gravidade do pecado deles, Jesus se concentra nos fatos
ordinários da vida nos quais as pessoas estão tão absorvidas que perdem a
oportunidade de se arrependerem. Noé e Ló eram pecadores, porém deram atenção
às advertências e foram salvos, pois não estavam totalmente concentrados nas questões
desta vida.
E o que dizer dos dias atuais? Estamos no
século XXI, ano 2015 e o Brasil e o mundo parecem mergulhados em tanta
podridão. Seus sábios estão se tornando inflamados pelo inferno que os está
cegando no entendimento e na razoabilidade.
O fato é que antes do grande dia, estarão vivendo
suas vidas normais e assim será no dia que o Filho do homem se há de se
manifestar. Refere-se, esse dia, à segunda vinda de Cristo. As pessoas não
devem colocar primariamente a sua atenção nas coisas desta vida.
Em sua pregação, Jesus nos fala para lembrarmos-nos
da mulher de Ló! A advertência é muito válida nessa hora, pois a esposa de Ló
chegou muito perto de ser salva, mas ao olhar para trás perdeu tudo (Gn 19.26).
Jesus repete o ensino (veja 9.24) de que o
egoísmo e a autoafirmação conduzem à morte espiritual. A proximidade ou o
relacionamento com uma pessoa salva não ajudará em nada no dia da vinda de
Cristo.
Finalizando – vs. 37 - aparentemente, Jesus
usou um provérbio popular para ensinar que, assim como os cadáveres atraem os
abutres, do mesmo modo a morte espiritual atrai o julgamento.
É inevitável
que venham escândalos,
mas
ai do homem pelo qual eles vêm!
Lc 17:2
Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço
uma
pedra de moinho,
e fosse
atirado no mar,
do que fazer
tropeçar a um destes pequeninos.
Lc
17:3 Acautelai-vos.
Se teu irmão
pecar contra ti,
repreende-o;
se ele se
arrepender,
perdoa-lhe.
Lc 17:4 Se,
por
sete vezes no dia,
pecar
contra ti
e, sete
vezes, vier ter contigo, dizendo:
Estou
arrependido,
perdoa-lhe.
Lc 17:5 Então,
disseram os
apóstolos ao Senhor:
Aumenta-nos
a fé.
Lc 17:6
Respondeu-lhes o Senhor:
Se
tiverdes fé como um grão de mostarda,
direis
a esta amoreira:
Arranca-te
e
transplanta-te no mar;
e
ela vos obedecerá.
Lc
17:7 Qual de vós,
tendo um
servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado,
lhe
dirá quando ele voltar do campo:
Vem
já e põe-te à mesa?
Lc
17:8 E que, antes, não lhe diga:
Prepara-me
a ceia,
cinge-te
e
serve-me,
enquanto
eu como e bebo;
depois,
comerás tu e beberás?
Lc
17:9 Porventura,
terá
de agradecer ao servo
porque este
fez o que lhe havia ordenado?
Lc
17:10 Assim também vós,
depois
de haverdes feito quanto vos foi ordenado,
dizei:
Somos
servos inúteis,
porque
fizemos apenas o que devíamos fazer.
Lc 17:11 De caminho para Jerusalém,
passava Jesus
pelo
meio de Samaria e da Galiléia.
Lc 17:12 Ao
entrar numa aldeia,
saíram-lhe
ao encontro dez leprosos,
Lc
17:13 que ficaram de longe
e
lhe gritaram, dizendo:
Jesus,
Mestre, compadece-te de nós!
Lc 17:14 Ao
vê-los, disse-lhes Jesus:
Ide
e
mostrai-vos aos sacerdotes.
Aconteceu
que,
indo
eles,
foram
purificados.
Lc
17:15 Um dos dez,
vendo
que fora curado,
voltou,
dando
glória a Deus em alta voz,
Lc 17:16 e
prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus,
agradecendo-lhe;
e
este era samaritano.
Lc
17:17 Então, Jesus lhe perguntou:
Não
eram dez os que foram curados?
Onde
estão os nove?
Lc 17:18 Não
houve, porventura,
quem voltasse
para dar glória a Deus,
senão
este estrangeiro?
Lc
17:19 E disse-lhe:
Levanta-te
e
vai;
a
tua fé te salvou.
Lc 17:20 Interrogado pelos fariseus
sobre quando
viria o reino de Deus,
Jesus
lhes respondeu:
Não
vem o reino de Deus com visível aparência.
Lc
17:21 Nem dirão:
Ei-lo
aqui!
Ou:
Lá
está!
Porque o
reino de Deus está dentro de vós.
Lc 17:22 A seguir, dirigiu-se aos
discípulos:
Virá o tempo
em que desejareis ver um dos dias do Filho do Homem
e
não o vereis.
Lc 17:23 E
vos dirão:
Ei-lo
aqui!
Ou:
Lá
está!
Não
vades
nem
os sigais;
Lc
17:24 porque assim como o relâmpago, fuzilando,
brilha
de uma à outra extremidade do céu,
assim
será,
no
seu dia, o Filho do Homem.
Lc
17:25 Mas importa que primeiro ele padeça muitas coisas
e
seja rejeitado por esta geração.
Lc
17:26 Assim como foi nos dias de Noé,
será
também nos dias do Filho do Homem:
Lc 17:27
comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento,
até
ao dia em que Noé entrou na arca,
e
veio o dilúvio
e
destruiu a todos.
Lc
17:28 O mesmo aconteceu nos dias de Ló:
comiam,
bebiam,
compravam,
vendiam,
plantavam
e
edificavam;
Lc 17:29 mas,
no dia em que Ló saiu de Sodoma,
choveu
do céu fogo e enxofre
e
destruiu a todos.
Lc 17:30
Assim será
no
dia em que o Filho do Homem se manifestar.
Lc 17:31
Naquele dia,
quem
estiver no eirado e tiver os seus bens em casa
não
desça para tirá-los;
e de igual
modo quem estiver no campo
não
volte para trás.
Lc
17:32 Lembrai-vos da mulher de Ló.
Lc 17:33 Quem
quiser preservar a sua vida
perdê-la-á;
e quem a
perder
de
fato a salvará.
Lc 17:34
Digo-vos que,
naquela
noite,
dois
estarão numa cama;
um
será tomado,
e
deixado o outro;
Lc
17:35 duas mulheres estarão juntas moendo;
uma
será tomada,
e
deixada a outra.
Lc
17:36 [Dois estarão no campo;
um
será tomado,
e o outro,
deixado.]
Lc 17:37
Então, lhe perguntaram:
Onde
será isso, Senhor?
Respondeu-lhes:
Onde
estiver o corpo,
aí
se ajuntarão também os abutres.
Jesus cura dez
leprosos, mas somente um que era estrangeiro voltou para dar glórias a Deus e
agradecer. Ao que deu glórias a Deus e agradeceu, Jesus o abençoou a sua fé.
Os fariseus
interrogam Jesus sobre a vinda do reino de Deus e Jesus, depois de explicar que
o reino de Deus está dentro de nós, fala aos discípulos e lhes explica sobre a
sua vinda que será como nos dias de Noé e como nos dias de Ló.
Curiosidades
sobre os dias de Noé e de Ló: a destruição somente veio sobre os demais depois
que eles (Noé e Ló) foram retirados do mundo em que viviam. Outra: ele fala:
“naquele dia” – vs. 31 - e depois fala “naquela noite” – vs. 34.
p.s.: link da imagem original: http://www.iluminalma.com/img/ia_lucas17_24.jpg
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