Estamos vendo o evangelho de Marcos que foi
escrito para apresentar as boas-novas de Jesus a um público essencialmente
gentio por meio da narração do testemunho dos discípulos a respeito dos fatos
notáveis sobre a vida, a morte e a ressurreição de Cristo. Estamos na parte II,
no capítulo 2.
II. O MINISTÉRIO DE JESUS NA GALILEIA (1.14 - 9.50) – continuação.
Como já dissemos, até ao cap. 9, estaremos
vendo o ministério de Jesus na Caldeia, onde Marcos o divide, conforme a BEG,
em dois estágios. Antes de passar ao relato da atividade de Jesus na Judeia e
em Jerusalém, Marcos descreveu como Jesus fez grande parte da sua obra na
Galileia, uma região ao norte conhecida como gentia, pois muitos gentios
moravam ali. Ao focalizar a atenção do ministério de Jesus aos gentios, Marcos
procurava despertar o interesse dos seus leitores gentios que seguiam a Cristo.
Esta parte II, foi dividida em 17
subpartes, conforme a BEG: A. O chamado dos primeiros discípulos (1.14-20) – já vimos; B. O ministério em
Cafarnaum (1.21-34) – já vimos; C. O
ministério ao redor da Caldeia (1.35-45) –
já vimos; D. Curando em Cafarnaum (2.1-12) - veremos agora; E. O chamado de Levi (2.13-17) - veremos agora; F Controvérsias com as
autoridades (2.18 - 3.12) – começaremos a
ver agora; G. O chamado dos doze (3.13-19); H. Acusações em Cafarnaum
(3.20-35); I. As parábolas do reino (4.1-34); J. A viagem para Decápolis (4.35
- 5.20); K. A continuidade do ministério na Galileia (5.21 - 6.6); L. A missão
dos doze na Galileia (6.7-30); M. A alimentação dos cinco mil (6.31-44); N. A
visita a Genesaré (6.45 - 7.23); O. Tiro, Sidom e Decápolis (7.24 - 8.9); P. A
região de Cesareia de Filipe (8.10 - 9.32); e, Q. O retorno a Cafarnaum
(9.33-50).
D. Curando em Cafarnaum (2.1-12).
Marcos, ao relatar a cura do paralítico de
Cafarnaum, demonstrou que o pronunciamento de perdão emitido por Jesus era
verdadeiro.
Jesus se encontrava na casa de Pedro e
muita gente ia ali para ouvi-lo e serem curadas. Haja vista que a casa de Jesus
ficava em Nazaré (distante cerca de 32 km), a casa de Simão Pedro (1.29) pode
ter servido como alojamento temporário para Jesus em Cafarnaum, uma vila mais
bem localizada geograficamente e com acesso para o mar da Galileia.
Não tinha mais como entrar na casa por
causa da multidão que estava à porta impedindo, então resolveram entrar pelo
telhado, forçando assim uma porta até chegar a Jesus. Isso foi possível porque
o telhado das casas nessa época era achatado e feito com barro misturado com
gravetos, suportado por vigas transversais de madeira.
Aquilo surpreendeu a Jesus! Que viu neles
grande fé. O homem doente no leito provavelmente não foi levado à força e,
assim, foi a fé coletiva deles que Jesus reconheceu.
Todos estamos enfrentando problemas
principalmente por causa de nossos pecados e precisamos do perdão de Deus.
Jesus aproveita aquele momento para ministrar àquele jovem o perdão de Deus e
também para provocar os escribas ali presentes, mais como curiosos.
Jesus disse a ele que os seus pecados estavam
perdoados. Foi uma resposta extraordinária, pois Jesus assumiu para si o
encargo de perdoar pecados, uma prerrogativa que a Bíblia inteira atribui
somente a Deus (Êx 34.7; Is 1.18; Os 11.8-9).
Os escribas presentes na casa chegaram
imediatamente à mesma conclusão (que teria sido correta caso Jesus fosse apenas
um homem comum): "blasfêmia!" (vs. 7; 3.29). Por que não raciocinaram
um pouco mais e creram em Jesus?
Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico que
os seus pecados estão perdoados ou dizer a ele que ele estava curado doravante?
Jesus pediu aos escribas que reconsiderassem o julgamento sobre as palavras que
ele pronunciou à luz do seu poder para curar (cf. Jo 5.36; 10.25,38), que era,
em última análise, um ato de Deus (SI 41.1; Jr 3.22; Os 14.4).
Com sua fala demonstrada pela execução de
um grande milagre ele estava claramente dizendo que o Filho do homem tem na
terra autoridade e poder. O título “Filho do homem” que Jesus mais usava para
si mesmo constituía uma afirmação implícita de que ele cumpriu em seu
ministério o papel do "Filho do Homem" celestial de Dn 7.13-14. Veja
os vs. 28; 8.31; 9.31; 10.33,45; 13.26.
E. O chamado de Levi (2.13-17).
“... e ele os ensinava.” Agora, já estamos
no verso 13, deste capítulo e Jesus prossegue com seu ministério de ensino,
pregação e cura. Não é nosso foco, creio, nem o pecador, nem o realizar algo
tão maravilhoso como uma cura, mas o pregar, ensinar e curar conforme ele nos
tem ensinado. Quem irá alcançar o pecador e realizar nele a cura e a libertação
não é o pregador, mas o Espírito Santo, por meio da palavra de Deus pregada,
por nós!.
Assim, não é esse o nosso foco, mas a
consequência, o resultado esperado por estarmos sendo instrumentos de Deus.
Minha palavra será pregada com fé de que Deus irá cumprir o seu papel e não eu.
Por isso que a missão é a missão de Deus. Somos meros instrumentos que ele quer
usar para a sua própria glória.
Jesus mesmo disse que não veio chamar
justos, mas pecadores. Ele mesmo vem chamar aqueles que ele está querendo
realizar a sua obra em suas vidas. Todos os que ele chama, são por ele
capacitados.
Novamente Jesus saiu para a beira-mar. Dos
versos de 13 a 17, veremos o chamado de Levi. Marcos descreveu o chamado de
Levi (Mateus), o coletor de impostos, visando mostrar aos seus leitores gentios
o comprometimento de Jesus em servir àqueles que eram desprezados pela
hipocrisia das autoridades religiosas judaicas.
Levi era filho de Alfeu. No relato paralelo
em Mt 9.9-13, essa pessoa é chamada de Mateus. Uma vez que Mateus aparece na
lista de apóstolos em Mc (3.18) e nela não há menção de Levi, muitos estudiosos
assumem que Levi, tal qual Simão, trocou de nome ou preferiu ser chamado por
outro nome quando se tornou um discípulo/apóstolo de Jesus.
Levi estava também trabalhando quando Jesus
o chamou. Ele estava na coletoria. Eram postos fiscais estabelecidos nas
estradas, pontes e canais, visando coletar taxas e pedágios, e também havia
alguns nas margens dos lagos para coletar, impostos da indústria da pesca.
Além da antipatia comum que as pessoas
tinham pelos fiscais do imposto, Levi e seus colegas judeus eram odiados por
serem considerados colaboradores das forças pagãs de ocupação, e também pela
desonestidade ao extorquirem muito além daquilo que era exigido pelas
autoridades.
Por essas razões, eles eram excluídos da
vida religiosa da sinagoga e do templo. Essa ação de Mateus de se levantar e
abandonar o seu ofício de coletor de impostos faz um paralelo com o paralítico
levantando-se, pegando seu leito e indo embora.
A reação de Mateus foi uma demonstração
miraculosa do poder salvador de Jesus.
Já era a hora do almoço e todos estavam
sentados à mesa – vs. 15. Fazer refeições com pecadores colocava Jesus nessa
mesma categoria, pois as regulamentações rabínicas proibiam especificamente todos
os mestres da lei (escribas) de fazer isso.
Por outro lado, os "pecadores"
veriam isso como um gesto de amizade e aceitação dos pecadores. Esse termo é
bastante usado no Novo Testamento como uma designação farisaica para todos
aqueles que não cumpriam rigorosamente as tradições judaicas.
Os fariseus - partidários de uma forte
tradição judaica que descendia dos hasidim
do século 2 a.C - buscavam meticulosamente manter fidelidade à lei contra a
influência greco-romana da Palestina.
No tempo de Jesus, a prática cuidadosa da
lei, especialmente o ritual de purificação, se tornou possível graças à
observância da "tradição dos anciãos" (7.3), um conjunto de
interpretações elaborado por mestres anteriores (rabinos). A dificuldade em se
familiarizar com as intermináveis interpretações da lei criou uma divisão entre
a elite religiosa intelectual ("os justos") e a população em geral
("os pecadores").
Quando Jesus ouviu as perguntas dos
fariseus ele responde que não veio chamar justos, mas pecadores. Observe a
clara afirmação que Jesus faz com relação à prioridade de sua missão (cf 1.38).
Há tanto verdade como ironia nas palavras de Jesus: os coletores de impostos,
as prostitutas e pessoas dessa categoria estavam de fato "doentes",
mas na realidade os fariseus eram também "doentes".
Jesus adotou o ponto de vista de que eles
eram "saudáveis" visando refutar a hipocrisia destes. Como ensina o
Antigo Testamento, todos são pecadores (1 Rs 8.46; SI 14.1-3), e a justiça é,
em primeiro lugar e acima de tudo, um dom de Deus para os pecadores arrependidos
(SI 51.1-18; cf. Lc 18.9-14; 19.9; Rm 3.22).
F. Controvérsias com as autoridades (2.18 3.12).
Veremos doravante, até o vs. 12, do
capítulo 13, algumas controvérsias com as autoridades. Visando desenvolver em
seus leitores uma apreciação pelos ensinamentos de Jesus, Marcos registra várias
ocasiões em que Jesus esteve envolvido em controvérsias teológicas com
autoridades religiosas judaicas.
Agora surge uma questão relacionada ao
jejum e isso intrigava os que viam Jesus e os discípulos comento e bebendo.
O Antigo Testamento exigia somente um jejum
anual coletivo, que deveria acontecer no dia da Expiação (Lv 16.29-31).
Todavia, como sinal de uma necessidade
extrema, contrição e penitência, quando associado à oração, o jejum tem sido
parte da espiritualidade do Antigo Testamento desde o tempo dos juízes (Jz
20.26; cf. 1 Rs 21.27).
Não é de admirar (veja Mt 6.16) que os
fariseus e seus partidários jejuassem, aparentemente, duas vezes por semana (Lc
18.12).
Como a mensagem de João Batista era
centralizada no arrependimento (Mt 3.11), o jejum certamente era algo
apropriado para os seus discípulos. O que é incomum é que Jesus, cuja mensagem
incluía o arrependimento, não insistiu o jejum durante o seu ministério
terreno.
Jesus responde à questão do jejum. A
resposta de Jesus o diferenciou de tudo o que existiu antes dele, pois o
"noivo" (v. 20) havia chegado e o "novo" (vs. 21-22) estava
presente.
Ao usar a ilustração de si mesmo como o
noivo, Jesus afirmou a presença da alegria no reino. Esse era o momento de
celebração, como num casamento. Desse modo, Jesus comeu e bebeu com os
pecadores, trazendo alegria e salvação para a casa (Lc 19.6,9).
Essa celebração (vs. 19) era temporária,
pois Jesus ainda deveria sofrer e morrer. Além do mais, seus seguidores também
passariam por um período de sofrimento e tribulação no futuro (13.13; 14.27).
Por essa razão, seria bastante apropriado que os discípulos de Jesus jejuassem
mais tarde (At 13.2; 14.23, 2Co 6.5; 11.27).
Conforme a BEG, essas imagens de novo
enfatizam a nova situação que surgiu com a vinda do reino e seu rei (a BEG
recomenda, nesse momento, ver o seu ótimo artigo teológico "O reino de
Deus", em Mt 4). Essas imagens demonstram a impropriedade de jejuar nessa
nova situação.
Depois disso, num sábado, os discípulos
estavam colhendo espigas. Nesse relato, fica bastante destacada a extensão do
legalismo entre os fariseus. Na realidade, a concepção deles contradizia a lei
de Moisés.
Os discípulos não estavam roubando, pois a
ação deles era permitida pela lei (Dt 23.25); nem estavam trabalhando (fazendo
colheita), pois não ceifaram os grãos, o que poderia ser considerado tanto
roubo como (tecnicamente) colheita que Êx 34.21 proibia.
Logo, pelos padrões do Antigo Testamento,
era indevida a acusação dos fariseus de que os discípulos de Jesus transgrediam
o sábado. Eles estavam seguindo suas próprias tradições e não a lei de Deus.
A resposta de Jesus – vs. 25 - colocou a
questão num nível que os fariseus com certeza não esperavam, especialmente
porque a frase "Nunca lestes" sugere uma crítica irônica ao
conhecimento superficial que os fariseus tinham das Escrituras (veja Jo 3.10;
5.39,47).
Jesus não se justificou tentando
desconsiderar o Antigo Testamento; pelo contrário, demonstrou a profundidade do
seu entendimento.
Quando em uma missão divina (1 Sm 21.5), como
o ungido do Senhor (mashiach, no
hebraico), Davi comeu dos "pães da proposição" (Êx 25.30), que era
reservado para os sacerdotes.
Portanto, o mais importante filho de Davi
(Jesus), bem como os seus discípulos, estavam perfeitamente justificados quanto
ao que estavam fazendo.
O texto de 1 Sm 21.1-6 declara que foi o
pai de Abiatar, Aimeleque, quem deu a Davi o pão da proposição. Fica evidente
no registro de Samuel que Abiatar estava vivo, e talvez até mesmo presente
quando esse incidente ocorreu.
Logo, a frase "no tempo do sumo sacerdote
Abiatar" está tecnicamente correta. Jesus provavelmente estava se
referindo a Abiatar como uma referência temporal geral, pois Abiatar era
bastante conhecido como um dos principais defensores de Davi.
E
então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem
por causa do sábado. Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado"
(Marcos 2:27,28). Novamente (cf. 2.10) Jesus declara a sua autoridade como
Filho do Homem que traz bênçãos, dessa vez como intérprete soberano do ensino
salutar do Antigo Testamento sobre o sábado (vs. 25). Essa afirmação foi feita
contra as tradições farisaicas (vs. 16), que transformaram o princípio que
promove a vida do quarto mandamento (Êx 20.8-11) num fardo opressivo e
insuportável (3.1-5). Jesus também se identificou como o Senhor a quem pertencia
o sábado (Êx 20.10).
Mc 2:1 Dias depois,
entrou Jesus
de novo em Cafarnaum,
e logo correu
que ele estava em casa.
Mc
2:2 Muitos afluíram para ali,
tantos que
nem mesmo junto à porta eles achavam lugar;
e
anunciava-lhes a palavra.
Mc 2:3 Alguns foram ter com ele,
conduzindo um
paralítico,
levado por
quatro homens.
Mc 2:4 E, não
podendo aproximar-se dele,
por causa da
multidão, descobriram o eirado
no
ponto correspondente ao em que ele estava
e,
fazendo uma abertura,
baixaram
o leito em que jazia o doente.
Mc 2:5
Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico:
Filho,
os teus pecados estão perdoados.
Mc 2:6 Mas
alguns dos escribas
estavam
assentados ali e arrazoavam em seu coração:
Mc
2:7 Por que fala ele deste modo?
Isto
é blasfêmia!
Quem
pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?
Mc 2:8 E
Jesus,
percebendo
logo por seu espírito
que
eles assim arrazoavam, disse-lhes:
Por
que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
Mc 2:9 Qual é
mais fácil? Dizer ao paralítico:
Estão
perdoados os teus pecados, ou dizer:
Levanta-te,
toma o teu leito e anda?
Mc
2:10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem
tem
sobre a terra
autoridade
para perdoar pecados
-
disse ao paralítico:
Mc
2:11 Eu te mando:
Levanta-te,
toma
o teu leito
e
vai para tua casa.
Mc 2:12
Então,
ele
se levantou
e,
no mesmo instante,
tomando
o leito,
retirou-se à
vista de todos,
a
ponto de se admirarem todos
e
darem glória a Deus, dizendo:
Jamais
vimos coisa assim!
Mc 2:13 De novo,
saiu Jesus
para junto do mar,
e toda a
multidão vinha ao seu encontro,
e
ele os ensinava.
Mc 2:14 Quando ia passando,
viu a Levi,
filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe:
Segue-me!
Ele
se levantou
e
o seguiu.
Mc 2:15
Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi,
estavam
juntamente com ele e com seus discípulos
muitos
publicanos e pecadores;
porque
estes eram em grande número
e
também o seguiam.
Mc 2:16 Os
escribas dos fariseus,
vendo-o
comer
em
companhia dos pecadores e publicanos,
perguntavam
aos discípulos dele:
Por
que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores?
Mc 2:17 Tendo
Jesus ouvido isto, respondeu-lhes:
Os
sãos não precisam de médico,
e
sim os doentes;
não
vim chamar justos,
e
sim pecadores.
Mc 2:18 Ora,
os discípulos
de João e os fariseus estavam jejuando.
Vieram
alguns e lhe perguntaram:
Por que
motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus,
mas
os teus discípulos não jejuam?
Mc 2:19
Respondeu-lhes Jesus:
Podem,
porventura, jejuar os convidados para o casamento,
enquanto
o noivo está com eles?
Durante
o tempo em que estiver presente o noivo,
não
podem jejuar.
Mc
2:20 Dias virão, contudo,
em
que lhes será tirado o noivo;
e,
nesse tempo, jejuarão.
Mc
2:21 Ninguém costura remendo
de
pano novo em veste velha;
porque
o remendo novo tira parte da veste velha,
e
fica maior a rotura.
Mc
2:22 Ninguém põe vinho novo
em
odres velhos;
do
contrário, o vinho romperá os odres;
e
tanto se perde o vinho como os odres.
Mas
põe-se vinho novo
em
odres novos.
Mc 2:23 Ora,
aconteceu
atravessar Jesus,
em
dia de sábado, as searas,
e
os discípulos, ao passarem,
colhiam
espigas.
Mc 2:24
Advertiram-no os fariseus:
Vê!
Por
que fazem o que não é lícito aos sábados?
Mc 2:25 Mas
ele lhes respondeu:
Nunca
lestes o que fez Davi,
quando
se viu em necessidade e teve fome,
ele e os seus companheiros?
Mc 2:26 Como
entrou na Casa de Deus,
no
tempo do sumo sacerdote Abiatar,
e
comeu os pães da proposição,
os quais não
é lícito comer,
senão aos
sacerdotes,
e deu também
aos que estavam com ele?
Mc 2:27 E
acrescentou:
O
sábado
foi
estabelecido por causa do homem,
e
não o homem
por
causa do sábado;
Mc
2:28 de sorte que
o
Filho do Homem
é
senhor também do sábado.
Ainda tentaram
achar defeitos em Jesus com relação ao jejum e ao dia do sábado, mas nada
conseguiram uma vez que a motivação de seus corações era outra e não a glória de
Deus.
Agora, iniciaremos um novo livro da Bíblia:
O Evangelho de Marcos para o segmentar. Que bom e que gostoso poder ler,
estudar, meditar e dissecar este livro.
I. O INÍCIO DO MINISTÉRIO DE JESUS (1.1-13)
Vários acontecimentos próximos ao início do
ministério de Jesus demonstraram que ele era o aguardado Messias de Israel.
Tem-se início o ministério de Jesus,
conforme Marcos. Ele inicia o seu Evangelho com relatos breves de
acontecimentos extraordinários que ocorreram no começo do ministério de Jesus.
Esses três acontecimentos incluíram (1) o
testemunho profético de João Batista (1.1-8), (2) o testemunho do Pai e do
Espírito no batismo de Jesus (1 9-11) e (3) o testemunho do Espírito e dos
anjos no deserto durante o período da tentação de Jesus por Satanás (1.12-13). Isso
fez com que, seguindo a BEG, dividíssemos essa primeira parte em três
subpartes: A. O testemunho da profecia (1.1-8) – veremos agora; B. O testemunho do batismo (1.9-11) – veremos agora; e, C. O testemunho no
deserto (1.12-13) – veremos agora.
A. O testemunho da profecia (1.1-8)
Marcos ressalta que João Batista cumpriu a
profecia de Isaías de que um mensageiro precederia o retorno da graça do Senhor
ao seu povo. Marcos também observou que João Batista anunciaria que o retorno
da graça do Senhor viria por meio de Jesus.
Ao contrário dos Evangelhos de Mateus e de
Lucas, Marcos não contém um relato do nascimento de Jesus.
O "princípio" (Gn 1.1; Jo 1.1) é
identificado com o ministério de João Batista (cf. At 1.22) e com as profecias
do Antigo Testamento que anunciavam a vinda de João.
Conforme a BEG, o evangelho é um termo que
pertence à área de relatos históricos, que significa "boas-novas"
(2Sm 4.10; 1 Rs 1.42) ou simplesmente "novas" (1 Sm 4.17; Jr 20.15).
Os gregos usavam essa palavra para
acontecimentos importantes, como o nascimento de um imperador ou uma vitória
militar importante.
O evangelho de Jesus é o anúncio da
salvação de Deus consumada em Cristo.
Algumas traduções trazem "a respeito
de Jesus Cristo", mas no original lê-se 'de Jesus Cristo", uma forma
(intencionalmente) ambígua. Conquanto o conteúdo do Evangelho de Marcos seja
"a respeito" de Jesus Cristo, também se refere ao evangelho
"de" Cristo, pois procede dele (Rm 1.9; 1Co 9.12; 2Co 10.14).
Assim, o Evangelho de Marcos afirma possuir
autoridade divina e exige implicitamente ser recebido pela igreja como a
Palavra de Cristo por intermédio de seus apóstolos (cf. Ap 1.1).
Jesus é a forma grega do hebraico Yeshua,
que significa "Javé salva" ou "salvador" (Mt 1.21). Já Cristo
está baseado na palavra grega para “ungido” que corresponde a palavra hebraica
“mashiach”, ou “Messias” ou “Ungido”. (Veja Mt 1.1.).
Embora “Filho de Deus” possa ser
considerado simplesmente como mais um título messiânico (como o SI 2.7 aplicado
à dinastia de Davi), Marcos com certeza estava apresentando Jesus no início do
seu Evangelho como o Filho divino e eterno (12.37; 13.32; 14.36; 15.39).
Desta forma começou Marcos: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o
Filho de Deus” – vs. 1.
Marcos trata logo de ligar sua afirmação ás
Escrituras, dizendo estar escrito. O tempo verbal no grego sugere um
significado semelhante à "permanece escrito", expressando o caráter
inalterável da Escritura inspirada por Deus.
Ao citar Is 40.3 e MI 3.1, Marcos mostrou o
desenvolvimento uniforme da revelação sob o controle divino do Senhor da
História.
Que isso fique bem claro: o Antigo
Testamento é o início e a origem do evangelho, sendo este a interpretação
inspirada da mensagem do Antigo Testamento à luz da pessoa e obra de Jesus
Cristo.
A citação referenciada de Isaías consiste
num encadeamento de passagens referentes aos mensageiros que Deus enviou para
preparar o seu povo (Êx 23.20; Is 40.3; MI 3.1).
As citações do Antigo Testamento nos
ensinam a colocar João no centro do plano de Deus para tratar com o seu povo, e
não numa posição sectária insignificante como alguns sugerem.
João estava no deserto. Ele pregava no
deserto visando fazer distinção entre ele e os líderes religiosos corruptos de
Jerusalém, bem como para simbolicamente relembrar Israel do êxodo (cf. Jr
2.2ss.) e da promessa de retorno do exílio (Is 40.1ss.). João, no deserto,
fazia o batismo de arrependimento.
A comunidade de Qumran, com a qual João
pode ter tido contato quando jovem, praticava rituais de purificação/batismos.
Gentios convertidos ao judaísmo também eram batizados.
Para João, o batismo era não apenas um
sinal de arrependimento radical e de um abandono do pecado para voltar-se para
Deus, mas também uma identificação com o remanescente fiel de Israel,
preparados para o reino do Messias.
Ele pregava o batismo de arrependimento para
remissão de pecados. João não concedia perdão de pecados. Aqui, a preposição
grega "para" significa "em preparação para" ou "com
vistas a". O perdão definitivo de pecados pertence à nova aliança (Jr
31.34) que o Messias traria.
Até João, conforme Marcos, vinha toda a
região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Marcos usou uma hipérbole para
indicar que o povo da aliança ia até João em grande número, sem dúvida famílias
inteiras.
A aparência e jeito de João lembrava os
profetas antigos que já fazia uns 400 anos que a terra tinha se silenciado
deles. João se vestia de pelos de camelo. As roupas e o alimento de João o
identificavam com a prática dos profetas do Antigo Testamento (2Rs 1.8; Zc
13.4).
João pregava insistentemente e com grande
clareza. Quem é aquele a quem João anunciava e diante de quem ele não se sentia
digno nem mesmo de curvar-se? As profecias do Antigo Testamento são claras:
"virá ao seu templo o Senhor... o Anjo da Aliança" (Ml 3.1). Um pouco
antes de MI 3.1 o Senhor havia identificado esse mensageiro como "meu
mensageiro".
O Filho possuía o Espírito Santo em medida
plena (Is 42.1; 61.1). A nova aliança também trouxe um maior derramamento do Espírito
Santo ao povo de Deus do que aquele dado no Antigo Testamento (Ez 37.14; cf. Jr
31.33-34; JI 2.28-29; a BEG recomenda, neste ponto ver seu artigo excelente
teológico "O Espírito Santo", em At 2).
B. O testemunho do batismo (1.9-11).
É neste ponto que, depois da introdução de
Marcos, surge Jesus, a partir do vs. 9. Quando João batizou Jesus, o Pai
revelou a posição exclusiva de Jesus como o Filho de Deus ao enviar seu
Espírito Santo, que desceu sobre ele como uma pomba.
De acordo com Jo 2.20, um dos primeiros
atos do ministério público de Jesus, depois do seu batismo, aconteceu quando do
quadragésimo sexto aniversário da reconstrução do templo. Uma vez que Herodes
começou a construção do templo em 19 a.C., podemos concluir que Jesus foi
batizado em 26 ou 27 d.C. Nazaré.
Esse grande fato aconteceu em uma vila
minúscula que ficava na Galileia, uma região desprezada (Jo 7.41,52) por ser
"dos gentios" (Mt 4.15), por causa de sua miscigenação étnica.
Jesus sabia que isso era parte do plano
divino ("toda a justiça", Mt 3.15) pelo qual ele se identificou
totalmente com a condição humana e começou a sua obra de salvação.
Do grego euthus, essa palavra “logo” é uma
característica desse Evangelho (doze vezes no restante no NT, mas quarenta e
duas vezes em Marcos), que geralmente significa "logo após" ou
"imediatamente" (1.12,18,20,23, 29,42,43), embora aqui não se refira
a apressar-se, mas talvez à certeza e inevitabilidade do plano soberano de
Deus, nos relembrando que foi Deus quem estabeleceu o ministério de Jesus e que
Cristo seguiu esse plano divino sem hesitação.
Esse símbolo visível da unção do Espírito –
o Espírito Santo descendo, vs. 10 - é um sinal do messianidade de Jesus (vs.
8). No batismo de Jesus, assim como posteriormente no batismo cristão (Mt 28.19),
todas as três pessoas da Trindade estão envolvidas: observamos a iniciativa do
Pai, o sacrifício vicário do Filho e o poder capacitador e glorificador do
Espirito.
Agora era o Pai que se manifestava e do
Filho testemunhava dos céus: Tu és o meu filho. O mistério da pessoa de Jesus é
expresso nessa declaração divina.
Ele é a segunda pessoa da divindade, o
representante dos que creem e o Filho fiel e verdadeiro de Israel. Ele agrada
ao Pai, e o Pai o reconhece como Filho tanto em sentido pessoal como oficial,
real (SI 2.7; Is 42.1; Mc 1.1).
O Pai acrescenta ao Filho a expressão amado.
Ou "aquele que eu amo". Essa expressão descreve o relacionamento
único que existe entre Pai e Filho (veja Gn 22.2,12,16, onde a mesma frase é
utilizada no AT em grego). Esse relacionamento fica evidente pela repetição, no
original, do artigo definido "o", o qual reproduzido literalmente
seria "o meu filho, o amado".
C. O testemunho no deserto (1.12-13).
Logo, em seguida, foi Jesus para o deserto,
conduzido pelo Espírito Santo. O caráter singular de Jesus foi demonstrado logo
a seguir pelo estímulo do Espírito Sinto ao conduzi-lo para o deserto, onde
Cristo não apenas enfrentou Satanás como também recebeu a ajuda de anjos.
Foi o Espírito que o impeliu.
"impelir" é a tradução literal do original, e podemos perceber a
ideia da exigência divina na escolha desse termo.
Depois que Jesus foi batizado, o Espírito o
conduziu para o deserto. Da mesma maneira, todos os que pertenciam a Israel, o
"filho" de Deus (Ex 4.23), foram "batizados, assim na nuvem
como no mar, com respeito a Moisés" (1Co 10.2; veja também Êx 14.13-31),
foram depois conduzidos para o deserto (Ex 15.22) e provados não apenas ali (Ex
15.25) como também durante os quarenta anos seguintes (p. ex., Êx 16.4; 20.20).
Em muitos pontos, a vida de Jesus recapitulou acontecimentos importantes da
história de Israel.
Admitidos os paralelos acima quanto à
história de Israel, certamente encontramos aqui o análogo aos quarenta anos da peregrinação
de Israel pelo deserto (Dt 1.3).
Ele foi tentado, ou o verbo grego pode
significar "provar" (uma experiência benéfica à qual Deus expõe o seu
povo) ou "tentar" (um artifício malicioso do demônio visando desviar
os servos de Deus para longe do Senhor). O poder soberano de Deus transforma a
"tentação" em "provação".
Ele estava com as feras, com os animais
selvagens no deserto. Desde a queda, os animais selvagens ameaçam a vida humana
(Lv 26.22) Esse detalhe salienta o fato de que o deserto simboliza um lugar de
maldição, que fica muito longe do paraíso.
No entanto, depois de sua prova, os anjos o
serviam. Os anjos também acompanharam Israel durante o primeiro êxodo (Ex
14.19; 23.20 [citado em Mc 1.2]; 32.34; 33.2). A presença de anjos nos faz
lembrar que Deus sempre cuida do seu povo nos momentos de tentação e provação.
II. O MINISTÉRIO DE JESUS NA GALILEIA (1.14 - 9.50)
Jesus revelou a sua preocupação em estender
a salvação aos gentios ao dedicar grande parte do seu ministério público às
regiões ao norte, onde viviam muitos gentios. Ele envolveu-se em controvérsias
com líderes religiosos, realizou muitos milagres e ensinou às multidões. Jesus
recusou ser aclamado publicamente e empregou a maior parte do seu tempo
preparando os doze discípulos para sua morte e ressurreição, bem como para o
futuro ministério deles.
Até ao cap. 9, estaremos vendo o ministério
de Jesus na Caldeia. Marcos divide, conforme a BEG, o ministério de Jesus em
dois estágios. Antes de passar ao relato da atividade de Jesus na Judeia e em
Jerusalém, Marcos descreveu como Jesus fez grande parte da sua obra na
Galileia, uma região ao norte conhecida como gentia, pois muitos gentios
moravam ali. Ao focalizar a atenção do ministério de Jesus aos gentios, Marcos
procurava despertar o interesse dos seus leitores gentios que seguiam a Cristo.
Dividiremos esta parte II em 17 subpartes,
conforme a BEG: A. O chamado dos primeiros discípulos (1.14-20) - veremos agora; B. O ministério em
Cafarnaum (1.21-34) - veremos agora; C.
O ministério ao redor da Caldeia (1.35-45)
- veremos agora; D. Curando em Cafarnaum (2.1-12); E. O chamado de Levi
(2.13-17); F Controvérsias com as autoridades (2.18 - 3.12); G. O chamado dos
doze (3.13-19); H. Acusações em Cafarnaum (3.20-35); I. As parábolas do reino
(4.1-34); J. A viagem para Decápolis (4.35 - 5.20); K. A continuidade do ministério
na Galileia (5.21 - 6.6); L. A missão dos doze na Galileia (6.7-30); M. A alimentação
dos cinco mil (6.31-44); N. A visita a Genesaré (6.45 - 7.23); O. Tiro, Sidom e
Decápolis (7.24 - 8.9); P. A região de Cesareia de Filipe (8.10 - 9.32); e, Q.
O retorno a Cafarnaum (9.33-50).
A. O chamado dos primeiros discípulos (1.14-20).
Passada a tentação ou provação, onde Jesus
saiu-se vitorioso e fora servido por anjos, João foi preso e Jesus foi para a Galileia,
sempre proclamando as boas novas.
Agora ele irá chamar os seus discípulos.
Marcos relata, em primeiro lugar, como Jesus deu início ao seu ministério
chamando discípulos na Galileia. Marcos enfatizou isso porque estava bastante
interessado no papel que esses discípulos desempenhariam como testemunhas de
Jesus.
A mensagem de Jesus era que o tempo havia
chegado e que o Reino de Deus estava próximo, portanto deveriam se arrepender e
crerem nas boas novas. Também pode ser traduzido como "o tempo é
chegado".
Os acontecimentos do passado, especialmente
os atos de salvação de Deus em relação a Israel, alcançam o clímax nesse
momento de salvação por meio de Jesus.
O reino de Deus é aquele estágio final no
qual Deus reina sem oposição num universo transformado e no qual o seu povo
redimido é glorificado.
O reino está próximo no sentido de que a
vinda de Jesus começou a pôr em movimento a sua realização. Deus exige
arrependimento e fé de todos aqueles que esperam desfrutar desse reino. Aqui
também a BEG recomenda uma leitura muito interessante sobre o reino de Deus,
trata-se de seu artigo teológico "O reino de Deus" em Mt 4.
Estava Jesus andando à beira mar do mar da
Galileia. Um lago com cerca de 19 km de extensão por 10 km de largura, também
conhecido no Novo Testamento como lago de Genesaré ou mar de Tiberíades.
Ele logo avista Simão e a seu irmão André
lançando redes ao mar, ou seja, trabalhando e provendo o sustento para os seus.
Foi nesse instante que Jesus interrompeu aquela jornada deles e fez seu convite
para virem após ele, que doravante ele os faria pescadores de homens.
Marcos chama atenção para o fato de que
Jesus chamou seus discípulos para que estes convidassem a outros. Buscar os
perdidos tornou-se o objetivo principal da igreja embrionária.
Outra coisa que chama a atenção foi a prontidão
da resposta de ambos, pois imediatamente deixaram tudo e passaram a segui-lo.
Um pouco mais adiante dali, viu Jesus num
barco a Tiago, filho de Zebedeu e João, seu irmão, preparando as redes, ou
seja, ambos estavam ali trabalhando também.
Deus nunca chama desocupados, mas sempre os
que estão trabalhando. O fato de que Tiago e João eram pescadores salienta a
prioridade de Jesus em "pescar homens". Sob esse aspecto, é
interessante observar que Jesus não recrutou pessoas com instrução religiosa;
antes, chamou aqueles dentre a plebe.
Esses também, prontamente, deixaram tudo e
o seguiram. Parece até que já esperavam por isso. Tudo indica, pelo fato de
terem empregados e barcos, que o negócio deles era próspero. Essa prontidão em
servir ao Senhor deve estar em nosso sangue, principalmente agora que o tempo
está mais abreviado.
B. O ministério em Cafarnaum (1.21-34).
Veremos, até o vs. 34, o ministério em
Cafarnaum. Marcos relata como Jesus surpreendeu a muitos com os seus ensinos e
milagres em Cafarnaum.
Assim que chegou o sábado foi que Jesus
resolveu entrar na sinagoga deles e passar a ensiná-los. Sábado vem do hebraico
Shabbat, que significa
"descanso". Assim, o sábado é o dia para descansar, um dia consagrado
a Deus (Gn 2.2-3).
O plano de Deus para a vinda do seu reino
não contradiz revelações anteriores quanto à exigência da consagração do sábado
(Dt 5.15) e da congregação habitual do seu povo (Ex 23.14-17; SI 68.26).
Em última análise, ele as cumpre. Jesus
ensinou e curou com frequência nas sinagogas no dia de sábado (3.1-5; 6.2; Lc
13.10-16) e participou do culto de adoração (Lc 4.1516). Ensinar na sinagoga
era um costume reservado aos rabinos respeitados.
O ensino de Jesus era diferente e bem mais
profundo e esclarecedor, pois que também falava como quem tem autoridade. Ao
contrário dos Evangelhos de Mateus e de Lucas, o relato de Marcos não
especifica quais são esses ensinos, apenas indica o estilo de Jesus em
contraste com o dos escribas.
Os ensinamentos de Jesus não eram meras
opiniões humanas, mas o ensino autoritativo do Filho de Deus. Seu ensino
contrastava com o ensino dos mestres da lei.
Foi exatamente quando Jesus ensinava que
surgiu ali um homem possesso que o questionava. Ele querendo roubar a atenção
dizia que sabia de onde Jesus viera e ainda pergunta o que ele, o Senhor,
queria com eles.
O que queres conosco é uma expressão
idiomática que implica aborrecimento, rejeição ou vontade de separar-se. A
única outra ocorrência dessa expressão no Novo Testamento aparece quando Jesus
repreende Maria (Jo 2.4). Na Septuaginta (a tradução grega do AT hebraico),
essa frase ocorre em passagens como Jz 11.12; 2Sm 16.1; 1Rs 17.18; 2Rs 3.13; Os
14.8.
Eles sabiam que ele era Nazareno. Ou,
"de Nazaré". Nazaré, que estava localizada a oeste do mar da
Galileia, era a cidade natal de Jesus.
E também sabiam que ele era o Santo de
Deus. Um termo aplicado a Arão (SI 106.16) e a Sansão 13.7; 16.17) no sentido
de "especialmente consagrado ao Senhor".
Nos Evangelhos, essa descrição de Jesus só
ocorre nesse incidente (veja também Lc 4.34), porém os apóstolos o descrevem
desse modo em At 2.27; 13.35 (citando o SI 16.10) e em At 3.14. Os demônios
tremem diante da presença da santidade divina.
No entanto, Jesus o repreendeu e pediu que
se calasse. No judaísmo dos dias de Jesus, essa era uma expressão técnica que
indicava a presença do poder de Deus para estabelecer o seu reino diante do
mal.
Em obediência ao comando de Jesus, aquele
espírito teve de sair e aproveitou para sacudir o homem violentamente. O povo
ficou estupefato e as notícias dele começaram a se espalhar.
Saindo dali foram com Tiago e João à casa
de Simão e André, onde a sogra de Pedro estava enferma. O fato de que Pedro era
casado indica que o matrimônio, e não o celibato (que é, não obstante, uma
possibilidade legítima; veja Mt 19.12; 1 Co 7.7 8,32), é o normal para os
líderes cristãos (cf. 1Co 9.5).
Os discípulos falam dela a Jesus e este a
tocando liberou cura para ela de forma que a febre a deixou e pode servi-los.
Ao anoitecer, depois do pôr-do-sol, o povo
sabendo que Jesus estava ali, levou a ele doentes e endemoninhados. Jesus,
então cura muita gente, mas sempre as advertindo que disso não falassem por ai.
Ao cair do sol, Jesus já vinha curando no
dia de sábado (vs. 21ss.), embora não publicamente (cf. 3.1-6). Como não
ousavam quebrar o ritual tradicional do sábado judaico, o povo esperava até o
pôr do sol para levarem seus doentes a Jesus.
A grande quantidade de possessões
demoníacas na Galileia (v. 32) pode ter relação com a influência gentia/pagã
nessa região, especialmente a fascinação pelo ocultismo (a BEG recomenda aqui a
leitura de seu artigo teológico "Demônios", em 1Co 10).
Essa é a primeira vez que Jesus adverte
outras pessoas a não anunciarem a sua messianidade (veja v. 43; 3.12; 4.10-11;
5.19; 9.9; veja também a nota sobre 5.19). Jesus não tinha dúvida a respeito da
sua missão; pelo contrário, mantinha segredo para evitar que um fervor popular
prematuro comprometesse o plano de Deus quanto ao sofrimento e morte do seu
Filho.
C. O ministério ao redor da Caldeia (1.35-45).
Doravante, até ao final deste capítulo,
veremos o ministério de Jesus ao redor da Galileia. Jesus viajou pela Caldeia,
pregando e realizando muitos milagres. As multidões entusiasmadas o seguiam a
todo lugar, mas Jesus as evitava para que pudesse completar a tarefa que Deus
havia lhe designado.
Jesus tinha por hábito levantar-se de
madrugada para ir orar. Veja o vs. 35. Ele foi a um lugar deserto para orar, ou,
''um lugar solitário", onde Jesus travava suas lutas espirituais (vs. 12;
cf. vs. 3). Também é um símbolo, como na antiga Israel, da caminhada dos
cristãos atuais (1 Co 10.1-11; Hb 13.12-13). Precisamos resgatar isso também em
nossas vidas!
Nisso, Simão foi procurar por Jesus e ao encontrá-lo
eles diziam que todos estavam à sua procura. No entanto, Jesus disse para eles
para saírem dali em direção aos povoados vizinhos para que lá também pregasse,
pois para isso tinha vindo. Jesus declarou o seu projeto de pregação
evangelística com muita clareza (vs. 14; Lc 19.10).
Então, ele sai por ai a percorrer e a
pregar nas sinagogas e a expulsar demônios.
Em sua jornada, se aproxima dele um leproso
e o provoca. Esse termo “leproso” era usado para se referir a várias doenças da
pele.
No Antigo Testamento, a lepra tornava as
pessoas não apenas fisicamente, mas também espiritualmente impuras, cuja
consequência era a exclusão da vida comunitária (Lv 13.46).
Jesus respeitou a lei mosaica ("servir
de testemunho" vs. 44), mas demonstrou que, como sumo sacerdote
pertencente à outra linhagem (Hb 7.11-8.13), seu ministério aos leprosos
ultrapassava as restrições do Antigo Testamento.
Assim, ele tocou o homem doente e lhe deu a
cura que havia sido prometida para o estágio final do reino de Deus.
O verso 41 diz que Jesus foi movido por
grande compaixão por aquela alma que sofria. O verbo original expressa emoção
profunda, como a que Jesus demonstrou diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.33,38).
Ele o curou completamente, mas o advertiu severamente para que não contasse
isso a ninguém, antes fosse mostrar-se ao sacerdote e oferecer pela sua
purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para assim servir de testemunho.
As recomendações de Jesus não foram
atendidas, pois aquele homem não conseguira se conter. Literalmente, passou a "proclamar
muito". Ainda não era o momento para proclamar livremente (veja o vs. 34),
embora depois da sua ressurreição a pregação quanto a Jesus ser o Messias
estaria na ordem do dia (Mt 10.27; Lc 12.2-3; cf. At 2.29ss.; 4.13; 28.31).
O resultado disso foi que Jesus não podia
mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas ficava do lado de fora, em
lugares ermos, ou, "lugares solitários". Ainda assim, vinham a ele
gente de todas as partes.
Mc 1:1 Princípio
do evangelho
de Jesus Cristo,
Filho
de Deus.
Mc 1:2
Conforme está escrito na profecia de Isaías:
Eis
aí envio diante da tua face o meu mensageiro,
o
qual preparará o teu caminho;
Mc
1:3 voz do que clama no deserto:
Preparai
o caminho do Senhor,
endireitai
as suas veredas;
Mc
1:4 apareceu João Batista no deserto,
pregando
batismo de arrependimento
para
remissão de pecados.
Mc
1:5 Saíam a ter com ele
toda
a província da Judéia
e
todos os habitantes de Jerusalém;
e,
confessando os seus pecados,
eram
batizados por ele no rio Jordão.
Mc
1:6 As vestes de João eram feitas de pêlos de camelo;
ele
trazia um cinto de couro
e
se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
Mc 1:7 E
pregava, dizendo:
Após
mim vem aquele
que
é mais poderoso do que eu,
do
qual não sou digno de, curvando-me,
desatar-lhe
as correias das sandálias.
Mc 1:8 Eu vos
tenho batizado com água;
ele,
porém, vos batizará
com
o Espírito Santo.
Mc 1:9 Naqueles dias,
veio Jesus de
Nazaré da Galiléia
e
por João foi batizado no rio Jordão.
Mc 1:10 Logo
ao sair da água,
viu
os céus rasgarem-se
e
o Espírito descendo como pomba sobre ele.
Mc 1:11 Então,
foi ouvida
uma voz dos céus:
Tu
és o meu Filho amado,
em
ti me comprazo.
Mc 1:12 E
logo
o
Espírito o impeliu para o deserto,
Mc
1:13 onde permaneceu quarenta dias,
sendo
tentado por Satanás;
estava com as
feras,
mas
os anjos o serviam.
Mc 1:14 Depois de João ter sido preso,
foi Jesus
para a Galiléia,
pregando
o evangelho de Deus, Mc 1:15 dizendo:
O
tempo está cumprido,
e
o reino de Deus está próximo;
arrependei-vos
e
crede no evangelho.
Mc 1:16 Caminhando junto ao mar da
Galiléia,
viu os irmãos
Simão e André,
que
lançavam a rede ao mar,
porque
eram pescadores.
Mc 1:17 Disse-lhes Jesus:
Vinde após
mim,
e eu vos
farei pescadores de homens.
Mc 1:18 Então,
eles deixaram
imediatamente as redes
e
o seguiram.
Mc 1:19 Pouco mais adiante,
viu Tiago,
filho de Zebedeu,
e João, seu
irmão,
que
estavam no barco consertando as redes.
Mc
1:20 E logo os chamou.
Deixando
eles no barco
a seu pai
Zebedeu com os empregados,
seguiram
após Jesus.
Mc 1:21 Depois, entraram em Cafarnaum,
e, logo no
sábado,
foi
ele ensinar na sinagoga.
Mc 1:22
Maravilhavam-se da sua doutrina,
porque
os ensinava
como
quem tem autoridade
e
não como os escribas.
Mc 1:23 Não
tardou que aparecesse na sinagoga
um
homem possesso de espírito imundo, o qual bradou:
Mc
1:24 Que temos nós contigo, Jesus Nazareno?
Vieste
para perder-nos?
Bem
sei quem és:
o
Santo de Deus!
Mc 1:25 Mas
Jesus o repreendeu, dizendo:
Cala-te
e
sai desse homem.
Mc 1:26
Então, o espírito imundo,
agitando-o
violentamente
e
bradando em alta voz,
saiu
dele.
Mc 1:27 Todos
se admiraram,
a
ponto de perguntarem entre si:
Que
vem a ser isto?
Uma
nova doutrina!
Com
autoridade ele ordena aos espíritos imundos,
e
eles lhe obedecem!
Mc 1:28
Então,
correu
célere a fama de Jesus em todas as direções,
por
toda a circunvizinhança da Galiléia.
Mc 1:29 E, saindo eles da sinagoga,
foram, com
Tiago e João,
diretamente
para a casa de Simão e André.
Mc 1:30 A
sogra de Simão
achava-se
acamada, com febre;
e
logo lhe falaram a respeito dela.
Mc 1:31
Então, aproximando-se,
tomou-a
pela mão;
e
a febre a deixou,
passando
ela a servi-los.
Mc 1:32 À tarde,
ao cair do
sol,
trouxeram
a Jesus
todos
os enfermos e endemoninhados.
Mc 1:33 Toda
a cidade estava reunida à porta.
Mc
1:34 E ele curou
muitos
doentes de toda sorte de enfermidades;
também
expeliu muitos demônios,
não
lhes permitindo que falassem,
porque
sabiam quem ele era.
Mc 1:35 Tendo-se levantado alta
madrugada,
saiu,
foi
para um lugar deserto
e
ali orava.
Mc 1:36 Procuravam-no diligentemente
Simão e os
que com ele estavam.
Mc
1:37 Tendo-o encontrado, lhe disseram:
Todos
te buscam.
Mc 1:38
Jesus, porém, lhes disse:
Vamos
a outros lugares,
às
povoações vizinhas, a fim
de
que eu pregue também ali,
pois para
isso é que eu vim.
Mc 1:39 Então,
foi por toda
a Galiléia,
pregando
nas sinagogas deles
e
expelindo os demônios.
Mc 1:40
Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos:
Se
quiseres, podes purificar-me.
Mc 1:41
Jesus, profundamente compadecido,
estendeu
a mão,
tocou-o
e disse-lhe:
Quero,
fica
limpo!
Mc
1:42 No mesmo instante,
lhe
desapareceu a lepra,
e
ficou limpo.
Mc
1:43 Fazendo-lhe, então,
veemente
advertência,
logo o
despediu Mc 1:44 e lhe disse:
Olha, não
digas nada a ninguém;
mas
vai, mostra-te ao sacerdote
e
oferece pela tua purificação
o
que Moisés determinou,
para
servir de testemunho o povo.
Mc 1:45 Mas,
tendo
ele saído,
entrou
a propalar muitas coisas
e
a divulgar a notícia,
a
ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente
em qualquer
cidade,
mas
permanecia fora,
em
lugares ermos;
e
de toda parte
vinham
ter com ele.
Marcos começa
com a frase de que este é o princípio do Evangelho de Jesus Cristo e em seguida
mostra João Batista, depois o Pai dando testemunho acerca do Filho e o Espírito
Santo vindo sobre ele e o conduzindo ao deserto para ser tentado/provado.
Podemos ver
aqui, já no primeiro capítulo, Jesus se levantando de madrugada e indo a um
lugar para orar; vemos ainda ele saindo a pregar, a ensinar e a curar e, no início
de seu ministério, a chamar os seus discípulos. Essa é a obra que ainda não
cessou e que devemos dar continuidade!
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
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É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
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