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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Amós 7 1-14 - AS VISÕES DE AMÓS.

Como já dissemos, o livro de Amós é um livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois da destruição e do exílio que estava se aproximando. Agora, estaremos vendo o capítulo 7.
IV. VISÕES CONTRA ISRAEL (7.1 - 9.10).
Nessa quarta parte, veremos que Amós relatará visões que indicarão que o julgamento de Deus contra Israel era justo, porém severo. Essas visões estão em dois grupos principais: julgamentos dos quais Deus se arrependeu (7.1 - 6) e julgamentos dos quais ele não se arrependeu (7.7 - 9.10).
Nossa proposta de divisão, então ficará desta forma: A. Julgamentos abrandados (7 1-6) - veremos agora - e B. Julgamentos não abrandados (7. 7 9.10) – começaremos a ver agora.
A. Julgamentos abrandados (7 1-6).
Amós viu Deus preparando duas maldições para o seu povo – os gafanhotos e o fogo -, e o profeta intercedeu por eles por medo de que as maldições destruíssem todos em Israel.
1. A visão dos gafanhotos (7.1-3).
Amós visualizou Deus preparando uma praga de gafanhotos para amaldiçoar Israel. O profeta intercedeu e Deus se arrependeu.
A palavra hebraica relacionada a “gafanhotos”, que aparece somente aqui e em Na 3.17, indica uma horda de gafanhotos que haviam acabado de nascer.
Essa horda de gafanhotos surgia no princípio do rebento da erva serôdia, literalmente, "a colheita posterior", ou seja, a erva que começa a crescer depois das chuvas "atrasadas" da primavera de março e abril (4.7-8). E elas surgiam depois de findas as ceifas do rei, ou seja, a ceifa que ocorre antes que o povo faça a colheita.
Esses gafanhotos comeram completamente de toda a erva da terra. A palavra para "erva" aqui é a mesma utilizada em Gn 1.11; consequentemente a referência é a toda erva, não apenas às plantações.
Em hebraico a frase toda reflete Êx 10.12,15 quase palavra por palavra ("devoraram toda a erva da terra"). A repetição deliberada indica que, ironicamente, o Senhor puniria Israel assim como havia punido o Egito antes do êxodo.
O profeta, então, angustiado com o resultado dessa destruição, clamou ao Senhor Deus, rogando que houvesse perdão, pois como subsistiria Jacó, sendo ele pequeno?
A preocupação de Amós era que ninguém em Israel sobrevivesse. Isso violaria a promessa de Deus de sempre manter algum remanescente para construir gerações futuras (cf. Is 10.22; JI 2.32; Mq 2.12; 4.7; 5.7-8, 7.18; Sf 2.7; 3.13; Ag 1.12,14, Zc 8.6).
No verso 3, atendendo a intercessão de Amós, o Senhor se arrependeu do mal que iria dar ocasião em juízo ao seu povo. Movido pela intercessão, o Senhor estava disposto a redirecionar a História ou "se arrepender" das punições pretendidas (cf. Êx 32.12,14; Jr 18.8; JI 2.13; Jn 3.10).
Aqui, como em outro lugar, a perspectiva é da interação de Deus com as criaturas, não de seus decretos imutáveis e eternos.
2. A visão do fogo (7.4-6).
Outra visão semelhante à primeira teve Amós, dessa vez a visão do fogo. Amós viu Deus chamando o fogo. Ele intercedeu novamente e Deus, também novamente, se arrependeu.
O fogo que Deus clamava era tão terrível que consumiu o grande abismo e parte da terra. O "grande abismo" pode se referir ao mar Mediterrâneo, embora a mesma frase seja usada para o oceano (Gn 7.11) e para o mar Vermelho durante a passagem de Israel (Is 51.10).
A perspectiva de um julgamento por fogo que devoraria o mar e a terra reflete a advertência do julgamento da aliança em Dt 32.22 – “Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes.”.
Amós intercede e Deus o atende novamente, dizendo Deus a Amós que isso não aconteceria.
B. Julgamentos não abrandados (7.7 - 9.10).
Até aqui, Deus havia se arrependido do mal (quando eu falo Deus fazendo o mal não significa executando algo moralmente errado ou maligno em essência, mas, sim, seu juízo que é justo, verdadeiro e não contradiz sua natureza de amor) que iria fazer, mas doravante a história seria diferente.
Em relação aos julgamentos não abrandados – 7.7 a 9.10 - Amós relatou três visões da ira de Deus que estava por vir que não o motivaram a interceder para que Deus se arrependesse. As visões do prumo (7.7-9), do cesto de frutos (8.1-3) e do altar (9.1-4) são seguidas por elaborações (7.10-17; 8.4-14; 9.5-10).
Elas geraram as seguintes divisões que estaremos seguindo, conforme a BEG: 1. A visão do prumo (7.7-9) – veremos agora; 2. Elaboração (7.10-17) – veremos agora; 3. A visão do cesto de frutos (8.1-3); 4. Elaboração (8.4-14); 5. A visão do altar (9.1-4); e, 6. Elaboração (9.5-10).
1. A visão do prumo (7.7-9).
Era sempre em visão que Deus mostrava a Amós o que iria fazer e ele mostrou-lhe agora a visão do prumo.
Amós teve uma visão de Deus medindo Israel com um prumo; com ele, media a inclinação de cada muro, para ver se eles deveriam ser derrubados ou deixados de pé.
Conforme a BEG, o muro que havia sido originalmente levantado a prumo era Israel, em sua antiga e relativa inocência e tinha um prumo na mão.
Muitos interpretam essa frase como referência à palavra da aliança de Deus (lei) como o seu modo de julgar se Israel era ou não "levantada a prumo".
No antigo Oriente Próximo, era necessário avaliar regularmente se os muros eram levantados a prumo. Aqueles que não eram, tinham que ser derrubados e reconstruídos, mas aqueles que se sustentavam adequadamente eram mantidos.
Depois dessa visão de julgamento, Amós não intercedeu, pois a salvação de um remanescente era certa (cf. vs. 2,5).
Deus pergunta para Amós o que ele tinha visto e ele disse que via um prumo. Deus então disse que poria o prumo no meio do povo e nunca mais passaria por ele. A expressão completa é "passar sobre a transgressão [de alguém]” (veja Mq 7.18; cf. Pv 19.11).
No entanto, continua Deus dizendo, que os altos de Isaque e os santuários de Israel seriam assolados e destruídos. Os altos eram montes naturais ou feitos pelo homem, locais de adoração idólatra (cf. Dt 12.2; 2Rs 17.10-12). Os santuários podem ter sido pretendidos para adoração idólatra ou, mais provavelmente, para adoração do Senhor misturado com práticas de adoração de outros deuses (Mq 1.3-5).
Além disso, que levantaria com a espada contra a casa de Jeroboão. A família de Jeroboão (6.11; cf. Is 31.2). Isso deixa aberta a perspectiva de que, embora Jeroboão não fosse morrer pela espada, a sua família seria afetada.
Jeroboão aparentemente morreu de morte natural (2Rs 14.29), mas o seu filho Zacarias, no entanto, foi assassinado (2Rs 15.10).
2. Elaboração (7.10-17).
Do versículo 10 ao 17, estaremos vendo essa seção chamada de elaboração, onde Amós será acusado de conspirador pelo sacerdote Amazias, de Betel.
Essa seção, autobiográfica, relata como o sacerdote Amazias reagiu à visão de Amós da destruição dos altos de Israel e da casa do seu protetor Jeroboão. Ela também mostra como Amós serviu fielmente a Deus apesar dessa oposição.
Amazias era o sacerdote de Betel, provavelmente o sumo sacerdote, e ele tinha uma acusação contra Amós de conspiração. Do mesmo modo, Jeremias foi injustamente acusado de ser um traidor, devido às suas profecias contra Judá (Jr 26.7-11; 37.11-13; 38.1-4).
Ele estava inquieto porque Amós tinha dito que Jeroboão morreria à espada. Uma alusão ao vs. 9, onde o Senhor declarou, "levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão".
Amazias citou Amós incorretamente, de modo a fazer Jeroboão se sentir mais pessoalmente ameaçado do que a profecia de Amós justificava.
Também lhe falou que Amós tinha dito que Israel seria levado em cativeiro. Essa é uma citação exata de 5.5, exceto que "Israel" é substituído por "Gilgal" (a qual representa todo o Israel na citação anterior).
No verso 12, o comer ali o seu pão e ali profetizar, possivelmente – conforme a BEG -, é uma hendíade (uma ideia expressa por duas palavras ou frases independentes ligadas por e). Aqui as duas frases se unem para significar "Ganhe o seu sustento profetizando ali [em Judá]".
Embora fosse adequado que um profeta fosse pago pelo seu trabalho (1Sm 9.7-8; cf., porém, Mq 3.5,11), Amazias acusou Amós de ser meramente um profeta de aluguel.
A ordem de Amazias aqui e no versículo seguinte é um exemplo do pecado anteriormente citado por Amós: "Mas vós... ordenastes, dizendo: Não profetizeis" (2.12).
Amazias estava como tentando despachar Amós dali para não ficar profetizando em Betel porque era o santuário do rei e a casa real.
Quando Jeroboão 1 estabeleceu a idolatria em Betel (3.14), os reis de Israel exerciam enorme influência sobre a adoração no Reino do Norte. Amazias estava preocupado com o santuário do seu rei terreno, e não com o santuário do grande Rei, o Senhor.
Ironicamente, Amazias era o oficial religioso que, sendo pago pelo seu trabalho, estava preocupado em proteger interesses terrenos - a mesma acusação que ele havia feito a Amós (vs. 12).
Uma futura geração de sacerdotes também entregaria Jesus, o maior de todos os profetas, à morte, com base numa preocupação errada de protegerem seus próprios reinos e templos (Jo 11.48).
Como nosso coração é enganoso e falho, por causa de nossa velha natureza adâmica morta – eu, particularmente alcunhei isso de VENAM. Os sacerdotes, aqueles que deveriam estar mais próximos a Deus e ao povo de Deus acabavam se pervertendo em seus zelos ao valorizarem mais as aparências e os objetos e ritos do que as pessoas de Deus e dos seus semelhantes.
Amós responde ao sacerdote dizendo que não era profeta, nem discípulo de profeta. Amós não era originalmente um profeta, nem era discípulo de profetas (1 Rs 20.35; 2Rs 7,15).
Ele não era um profeta profissional pago, ele era um boieiro (1.1), colhedor de sicômoros. Isso descreve alguém que cuida das frutas ao colhê-las de maneira apropriada para garantir maior doçura uma vez que a fruta amadureça.
O fato de Amós mencionar essas duas profissões, que são diferentes da do pastor em 1.1, demonstra que ele era possuidor de diversas habilidades.
Ele continua a explicar para Amazias dizendo que apesar de ser boieiro e colhedor de sicômoros, o SENHOR o tirou de após o gado para ir e profetizar ao povo de Israel. Amós rejeita de maneira direta a acusação de Amazias (7.12) e deixa claro que o Senhor soberanamente o chamou para profetizar.
Ele não havia ido ao Reino do Norte para ganhar dinheiro, nem desejava mal algum a Israel. Havia ido somente porque foi chamado.
Fraseologia idêntica é usada para relatar a escolha do Senhor de coroar Davi: "Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel" (2Sm 7.8).
O uso das mesmas palavras implica que o Senhor tinha o direito soberano de escolher reis e profetas — e, implicitamente, que um profeta escolhido dessa maneira tinha todo o direito de profetizar no "santuário do rei" (v. 13).
»AMÓS [7]
Am 7:1 O Senhor Deus assim me fez ver:
e eis que ele formava gafanhotos no princípio do rebentar
da erva serôdia, e eis que era a erva serôdia
depois da segada do rei.
Am 7:2 E quando eles tinham comido completamente a erva da terra,
eu disse:
Senhor Deus, perdoa, peço-te; como subsistirá Jacó?
pois ele é pequeno.
Am 7:3 Então o Senhor se arrependeu disso.
Não acontecerá, disse o Senhor.
Am 7:4 Assim me mostrou o Senhor Deus:
eis que o Senhor Deus ordenava que por meio do fogo
se decidisse o pleito;
o fogo, pois, consumiu o grande abismo,
e também queria consumir a terra.
Am 7:5 Então eu disse:
Senhor Deus, cessa agora; como subsistirá Jacó?
pois ele é pequeno.
Am 7:6 Também disso se arrependeu o Senhor.
Nem isso acontecerá, disse o Senhor Deus.
Am 7:7 Mostrou-me também assim:
eis que o senhor estava junto a um muro levantado a prumo,
e tinha um prumo na mão.
Am 7:8 Perguntou-me o Senhor:
Que vês tu, Amós?
Respondi:
Um prumo.
Então disse o Senhor:
Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel;
nunca mais passarei por ele.
Am 7:9 Mas os altos de Isaque serão assolados,
e destruídos os santuários de Israel;
e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.
Am 7:10 Então Amazias, o sacerdote de Betel,
mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel:
Amós tem conspirado contra ti no meio da casa de Israel;
a terra não poderá suportar todas as suas palavras.
Am 7:11 Pois assim diz Amós:
Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado
cativo para fora da sua terra.
Am 7:12 Depois Amazias disse a Amós:
Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá,
e ali come o pão, e ali profetiza;
Am 7:13 mas em Betel daqui por diante não profetizarás mais,
porque é o santuário do rei, e é templo do reino.
Am 7:14 E respondeu Amós, e disse a Amazias:
Eu não sou profeta, nem filho de profeta,
mas boieiro, e cultivador de sicômoros.
Am 7:15 Mas o Senhor me tirou de após o gado,
e o Senhor me disse:
Vai, profetiza ao meu povo Israel.
Am 7:16 Agora, pois, ouve a palavra do Senhor:
Tu dizes:
Não profetizes contra Israel,
nem fales contra a casa de Isaque.
Am 7:17 Portanto assim diz o Senhor:
Tua mulher se prostituirá na cidade,
e teus filhos e tuas filhas cairão à espada,
e a tua terra será repartida a cordel;
e tu morrerás numa terra imunda,
e Israel certamente será levado cativo
para fora da sua terra.
Depois dessa explicação a Amazias, Amós profetiza contra ele porque ele dizia – vs. 16 - “Não profetizarás.” (2.12; 7.12; 7.13) contra Israel, nem falará contra a casa de Isaque.
Amós, em nome do Senhor diz para ele– vs. 17:
·         Tua mulher se prostituirá na cidade. Ela desceria a esse nível de desespero para prover algum dinheiro uma vez que a riqueza do seu marido lhe seria tirada e seus filhos seriam mortos.
·         Teus filhos e tuas filhas cairão à espada. Compare com Ez 24.21. Os filhos e as filhas eram geralmente punidos juntamente com seus pais por transgressões da aliança (Dt 28.32,53; Jr 5.17); "cairão à espada" era uma punição pactual típica (Is 3.25; Jr 39.18).
·         Tua terra será repartida a cordel.
·         Tu morrerás na terra imunda. O exílio seria especialmente desagradável para Amazias, um sacerdote, pois numa terra pagã ele seria forçado a ações que o tornariam ritualmente imundo (cf. Lv 11).
Para outros julgamentos proféticos contra sacerdotes desobedientes, veja 1Sm 2.34 (filhos de Eli) e Jr 20.1-6 (Pasur).
·         Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra. Amós citou, com terrível ironia, o resumo de Amazias de sua profecia (v. 11) de volta para ele.
Não era para ser assim com Amazias, mas seu coração enganoso o enganou e o matou.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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domingo, 21 de junho de 2015

Amós 6 1-14 - ELES TRANSFORMAVAM O DIREITO EM VENENO E O FRUTO DA JUSTIÇA EM AMARGURA.

Como já dissemos, o livro de Amós é um livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois da destruição e do exílio que estava se aproximando.
Estamos vendo agora a ver a parte III - ORÁCULOS CONTRA ISRAEL (3.1 6.14). Encontramos-nos na seção “B”, no capítulo 6.
B. A severidade do julgamento (5.1 6.7) - continuação.
Estamos vendo até ao verso 7, a severidade do julgamento. Num oráculo de lamentação (5.1-17) e em dois oráculos de angústia (5.18-27; 6.1-7), Amós expressou o quanto seriam terríveis os julgamentos que estavam por vir. Assim, também dividiremos essa seção “B”, em três partes: 1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17) – já vimos; 2. Ai daqueles que desejam (5.18-27) – já vimos; e, 3. Ai dos complacentes (6.1-7) – veremos agora.
3. Ai dos complacentes (6.1-7).
Até o verso 7, estaremos vendo como é este ai dos complacentes. Em acréscimo ao "ai" pronunciado sobre aqueles que oravam e aguardavam pelo dia do Senhor, o profeta também declarou um "ai" sobre os habitantes complacentes da Samaria e de Sião, que se imaginavam salvos de qualquer mal. Era este o terceiro ai.
O ai era sobre aqueles que viviam sossegados em Sião e daqueles que estavam seguros no monte de Samaria. Eles se julgavam homens notáveis da primeira entre as nações (a frase também ocorre em Nm 24.20 - sobre Amaleque. Israel se tornou poderosa e próspera sob Jeroboão II e pode ter imaginado a si mesma como a primeira entre as nações), aos quais o povo de Israel recorria.
Como seus contemporâneos (veja, p. ex., Is 9.8-21; Os 6.11; Mq 1.3-5), Amós recebeu uma profecia que falava sobre ambos os reinos (cf. 2.4-5).
A palavra dizia para esses irem a Calné e olharem para ela. A identidade dessa cidade é incerta, mas pode ser a Calno que é mencionada em Is 10.9, a qual foi conquistada por Sargão II da Assíria em 710 a.C.
Depois deveriam prosseguir até a grande Hamate a qual era localizada ao norte de Dã no rio Orontes na Síria e teve o seu controle recuperado pelos israelitas por Jeroboão II (2Rs 14.23-28).
Em seguida até Gate. Uma das cinco maiores cidades da Filístia (1.8). Uzias a recuperou do controle sírio (2Rs 12.17; 2Cr 26.6).
Seriam esses territórios melhores ou maiores? Significa "sois melhores que estes reinos?" O paralelismo indica a resposta para ambas as perguntas. Os territórios dessas cidades não eram maiores do que Israel; então, a resposta para a segunda pergunta deve ser negativa.
A resposta implícita para a primeira pergunta retórica também deve ser negativa. Isso era trágico, pois com a revelação especial de Deus, Israel e Judá deveriam ser muitos melhores que esses outros reinos. Porém, se esses pagãos, não escapariam da conquista, Israel e Judá também não escapariam.
Israel havia entronizado a violência (p. ex., extorsão e abuso dos pobres) como estilo de vida, enquanto simultaneamente negava que o dia do mal, o dia do julgamento (cf. 5.13), estava por vir.
Em seguida, o profeta elenca uma série de características negativas deles pelos quais não haveriam de escapar e ainda serem os primeiros a irem ao cativeiro – vs. 4-6:
·         Deitavam-se em camas de marfim.
·         Espreguiçavam-se em seus sofás.
·         Comiam os melhores cordeiros e os novilhos mais gordos - esses bezerros eram mantidos no cevadouro onde eram engordados para ocasiões especiais. Esse era o alimento normal dos ricos da Samaria.
·         Dedilhavam em suas liras como Davi, ou cantavam à toa. O significado é incerto, mas (a julgar pelo cognato árabe – conforme a BEG) pode significar algo como "cantar canções fúteis". Essa comparação com Davi é intensamente irônica. As canções de Davi nunca foram fúteis, mas ele compôs muitos salmos para a glória do Senhor (cf. 2Sm 23.1).
·         Improvisavam instrumentos musicais.
·         Bebiam vinho em grandes taças (literalmente, "em bacias". A palavra hebraica faz referência a grandes bacias, como aquelas utilizadas para aspergir sangue sobre o altar - Lv 1.5,11. Elas eram aparentemente pesadas, feitas de metal valioso. Naassom ofereceu "uma bacia de prata, [do peso] de setenta siclos" - Nm 7.13 - para a consagração do altar do tabernáculo mosaico) e ungiam-se com os mais finos óleos, mas não se entristecem com a ruína de José.
A consequência disso é que iriam para o cativeiro e ainda na fileira da frente! Em hebraico, essa frase é um trocadilho com a expressão anterior "principal das nações" (6.1).
Os líderes da Samaria e de Jerusalém se imaginavam como os primeiros em importância, mas na verdade eles seriam os primeiros entres os prisioneiros.
C. A certeza do juramento divino (6.8-14).
Doravante, até o versículo 14, estaremos vendo a certeza do juramento divino.
Esse juramento é posicionado ao fim desses oráculos (3.1-6.14) porque ele representa a conclusão final do Senhor. Ele jurou que a cidade da Samaria seria destruída, fazendo com que esse resultado fosse inevitável. Os assírios realizaram isso em 722 a.C.
Diz a palavra que o Senhor soberano jurou por si mesmo. Para, essencialmente, a mesma frase, do juramento, veja 4.2; Gn 22.16; Êx 32.13; Is 45.23. Esse juramento declarava que a questão era irreversível (Hb 6.13-14), embora alguns detalhes (como? quando? quanto? precisamente para quem? etc.) pudessem variar.
Ele começa falando, em seu juramento, de sua ojeriza pela soberba de Jacó. Isso pode se referir ao orgulho dele, às coisas das quais ele tinha orgulho ou (mais provavelmente) a ambos. Também que ele odiava os seus palácios ou castelos. Logo, a cidade e tudo o que nela havia seria entregue aos invasores.
Ainda que se numa casa ficarem dez homens, também eles haveriam de morrer. O significado aqui não é claro. As possibilidades – conforme a BEG – são:
(1)   Apenas dez homens deixados numa casa grande e rica.
(2)   Apenas dez membros restantes de uma casa.
(3)   Apenas dez soldados (sendo as unidades de dez homens as menores do exército) deixados na única casa que restou.
Mais ainda que se um parente que tiver de queimar os corpos vier para tirá-los da casa e perguntar a alguém que ainda estiver escondido ali se haveria mais alguém com ele e a resposta fosse que não, ele diria “Calado! Não devemos sequer mencionar o nome do SENHOR”.
A BEG comentando este versículo nos diz que provavelmente a referência seja a uma mesma pessoa. Ele não veio para "queimar corpos", mas para fazer uma fogueira em honra dos mortos (cf. Jr 34.5).
Já o fato de não mencionar o nome do SENHOR, essa tradução dá a entender que seria perigoso mencionar o Senhor. Também pode ser traduzido "não invoques o nome do SENHOR" (veja Is 48.1).
Se essa ultima tradução está correta, significa que podemos invocar o nome do Senhor em circunstâncias normais, mas no dia do julgamento não devemos fazê-lo, pois o Deus da aliança viria para julgar o seu próprio povo. Particularmente, entendo que devamos invocar o Senhor em todo o tempo, quer seja estando em juízo ou não.
Salmos 145: 18 diz: “Perto está o SENHOR, de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade.” Em Lamentações 3:55-57 lemos: “Invoquei o teu nome, SENHOR, desde a mais profunda masmorra (cova, situação de morte, perigo, tristeza etc...). Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; e me disseste: Não temas.” e Salmos 116:3- 6 diz: “Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza. Então invoquei o nome do SENHOR, dizendo: Ó SENHOR, livra a minha alma. Piedoso é o SENHOR e justo; o nosso Deus tem misericórdia. O SENHOR guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou.”.
A ordem é do Senhor – vs. 11 – para ser destroçada, feita em pedaços, em ruínas, a casa grande e a pequena.
As referências não são à "casa de verão" e "casa de inverno" de 3.15, uma vez que ambas estas casas pertenciam aos ricos e imaginava-se que fossem "grandes". Na verdade, tanto as casas grandes dos ricos quanto as casas pequenas dos pobres seriam destroçadas pelo julgamento por vir. Aqui, como frequentemente no hebraico, a palavra "casa" pode ter a conotação secundária de "família".
O Senhor estava incitando a Assíria, o seu instrumento de julgamento, a se levantar contra Israel.
»AMÓS [6]
Am 6:1 Ai dos que vivem sossegados em Sião,
e dos que estão seguros no monte de Samária,
dos homens notáveis da principal das nações,
e aos quais vem a casa de Israel!
Am 6:2 Passai a Calné, e vede; e dali ide à grande Hamate;
depois descei a Gate dos filisteus;
porventura são melhores que estes reinos?
ou são maiores os seus termos do que os vossos termos?
Am 6:3 ó vós que afastais o dia mau
e fazeis que se aproxime o assento da violência.
Am 6:4 Ai dos que dormem em camas de marfim,
e se estendem sobre os seus leitos,
e comem os cordeiros tirados do rebanho,
e os bezerros do meio do curral;
Am 6:5 que garganteiam ao som da lira,
e inventam para si instrumentos músicos, assim como Davi; Am 6:6 que bebem vinho em taças,
e se ungem com o mais excelente óleo;
mas não se afligem por causa da ruína de José!
Am 6:7 Portanto agora irão em cativeiro
entre os primeiros que forem cativos;
e cessarão os festins dos banqueteadores.
Am 6:8 Jurou o Senhor Deus por si mesmo,
diz o Senhor Deus dos exércitos:
Abomino a soberba de Jacó,
e odeio os seus palácios;
por isso entregarei a cidade e tudo o que nela há.
Am 6:9 E se ficarem de resto dez homens numa casa, morrerão.
Am 6:10 Quando o parente de alguém, aquele que o queima,
o tomar para levar-lhe os ossos para fora da casa,
e disser ao que estiver no mais interior da casa:
Está ainda alguém contigo?
e este responder:
Ninguém; então lhe dirá ele:
Cala-te, porque não devemos f
azer menção do nome do Senhor.
Am 6:11 Pois eis que o Senhor ordena,
e a casa grande será despedaçada,
e a casa pequena reduzida a fragmentos.
Am 6:12 Acaso correrão cavalos pelos rochedos?
Lavrar-se-á ali com bois?
Mas vós haveis tornado o juízo em fel,
e o fruto da justiça em alosna;
Am 6:13 vós que vos alegrais de nada, vós que dizeis:
Não nos temos nós tornado poderosos
por nossa própria força?
Am 6:14 Pois eis que eu levantarei contra vós,
ó casa de Israel, uma nação, diz o Senhor Deus dos exércitos,
e ela vos oprimirá,
desde a entrada de Hamate até o ribeiro da Arabá.
O Senhor pergunta se acaso corriam os cavalos sobre os rochedos?  E se poderia alguém ará-los com bois? Obviamente, a resposta esperada é um enfático "Não!" É possível lavrar o solo fértil, não rochas; nem os cavalos poderiam correr em lugar tão perigoso.
Ainda sim:
·         Eles transformavam o direito em veneno.
·         Eles transformavam o fruto da justiça em amargura.
·         Eles se regozijam pela conquista de Lo-Debar (fazia fronteira com Gileade) e diziam: “Acaso não conquistamos Carnaim (uma cidade na planície de Basã, no caminho para Damasco) com a nossa própria força?”.
Mas aparentemente ambas foram retomadas das mãos de Hazael por Jeoás (2Rs 10.32-33; 13.25), porém mais tarde foram conquistadas pela Assíria (2Rs 15.29).
Os nomes significam, respectivamente, "nada" e "um par de chifres". Um trocadilho é pretendido, pelo qual Amós declarou que Israel se alegrou pela conquista de nada (pois a conquista de Lo-Debar, que logo seria tomada pela Assíria, foi efêmera) e disse, "Tomamos um par de chifres [símbolo de força militar no antigo Oriente Próximo; cf. 1 Rs 22.11] com nossas próprias forcas".
As conquistas israelitas não dariam em nada e suas forças desapareceriam antes do julgamento do Senhor.
A Assíria seria a nação que Deus levantaria contra a casa de Israel – vs. 14 – que os oprimiria desde a entrada de Hamate até o ribeiro da Arabá. Estas eram as fronteiras ao norte e ao sul do reino, como restauradas por Jeroboão II (2Rs 14.25).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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sábado, 20 de junho de 2015

Amós 5 1-27 - BUSCAI A DEUS E VIVEI - DEUS EXIGE JUSTIÇA E NÃO SACRIFÍCIOS.

Como já dissemos, o livro de Amós é um livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois da destruição e do exílio que estava se aproximando.
Estamos vendo agora a ver a parte III - ORÁCULOS CONTRA ISRAEL (3.1 6.14). Encontramos-nos na seção “B”, no capítulo 5.
B. A severidade do julgamento (5.1 6.7).
Até o versículo 7, do próximo capítulo, 6, estaremos vendo a severidade do julgamento. Num oráculo de lamentação (5.1-17) e em dois oráculos de angústia (5.18-27; 6.1-7), Amós expressou o quanto seriam terríveis os julgamentos que estavam por vir. Assim, também dividiremos essa seção “B”, em três partes: 1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17) – veremos agora; 2. Ai daqueles que desejam (5.18-27) – veremos agora; e, 3. Ai dos complacentes (6.1-7).
1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17).
Até ao verso 17, deste, estaremos vendo o lamento pela virgem Israel. Amós lamentou o destino de Samaria sob o domínio assírio, como ele descreveu na seção anterior.
Amós lamentou Israel como se ela já estivesse morta. Esse artifício literário é típico de profecias do Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel (p. ex., Ez 19.1; 26.17; 27.2; 32.2).
Essa lamentação consiste em quatro partes:
1.      A descrição da tragédia (vs. 2-3).
2.      Um chamado à reação (vs. 4-6).
3.      Um discurso direto aos caídos (vs. 7-13).
4.      Uma convocação para o lamento (5.16-17).
1.      A descrição da tragédia (vs. 2-3).
Esse versículo dá início à lamentação com a descrição da tragédia. A declaração é de que a virgem caiu. Esse termo é usado em outras lamentações (p. ex., 2Sm 1.19,25,27; 3.34; Lm 2.21).
Essa personificação da virgem de Israel imperfeitamente compreendida de Israel (cf. 2Rs 19.21; Jr 18.13) é aplicada também a outras nações; por exemplo, a Babilônia ("virgem filha da Babilônia"; Is 47.1) e o Egito ("virgem filha do Egito", Jr 46.11).
A julgar pela mitologia ugarítica, a frase pode ter a conotação de que a nação em questão era a esposa de um deus, como Israel era a noiva de Jeová e a igreja era a noiva de Cristo (Ap 19.7; 21.2,9; 22.17).
As drásticas derrotas militares descritas – 90% morrem - aqui ecoam a profecia de tais desastres na aliança (Dt 32.28-30). O Senhor alertou que essas calamidades viriam devido à idolatria (Dt 32.1518).
2. Um chamado à reação (vs. 4-6).
O versículo 4 dá início ao chamado à reação. Buscai-me e vivei era o apelo do Senhor para eles. Compare com os vs. 6,14. O Senhor havia prometido estar disponível para aqueles que o procurassem, mesmo quando no exílio (Dt 4.29; cf. Lm 3.25), tragicamente, o povo do Senhor normalmente não o procurava (Is 9.13; Jr 10.21).
Os israelitas estavam acostumados a irem aos locais de cultos sincréticos para buscar ajuda em tempos de dificuldades, ao invés de buscar o livramento do Senhor.
Eles não deveriam entrar nem em Betel, nem em Gilgal – sobre Betel e Gilgal veja 4.4 -, nem em Berseba - esse antigo lugar sagrado (Gn 21.31-33; 26.23-25; 46.1-5) estava localizado cerca de 75 km ao sudeste de Jerusalém.
Evidentemente, o povo do norte viajava em peregrinação a esse santuário do sul (cf. 8.14). Em sua reforma, Josias havia desconsagrado os lugares altos "de Geba até Berseba" (2Rs 23.8). Deus ameaçou retirar o povo e devastar esses lugares caso não houvesse arrependimento.
A orientação de Deus era clara de que deveriam buscá-lo e viverem. Considerando que essa série de oráculos aparece em ordem cronológica, Deus já havia prometido punir as mulheres de Samaria (4.2) e estava a ponto de prometer destruir Samaria (6.8).
Aqui ele ameaçou fazer o mesmo com outras partes do Reino do Norte, a menos que o povo se arrependesse e o procurasse (veja o vs. 15).
Eles deveriam buscar a Deus de todo o seu coração para evitar que o Senhor irrompesse contra a casa de José, ou seja, o termo indica as tribos de Efraim e Manassés e assim cobre as áreas tribais que continham Betel (Efraim) e Gilgal (Manassés).
Conforme a BEG, esses santuários ao norte seriam destruídos; Berseba, no sul, não seria destruída pelo fogo do julgamento que varreria o Reino do Norte. O fogo do julgamento do Senhor não pode ser extinto (cf. Is 1.31; ir 4.4; Mt 3.12).
3. Um discurso direto aos caídos (vs. 7-13).
Aqui, agora, se tem início ao discurso direto aos caídos. Eles estavam convertendo o juízo em alosna e deitando por terra toda a justiça. Esse epíteto segue o costume do epíteto divino ou real.
Assim como em 4.1, ele é novamente irônico - veja 4.13. A mesma frase ocorre em 6.12, e isso pesa contra a alteração feita por alguns, "Vocês que colocam a justiça de cabeça para baixo".
Juízo e justiça geralmente estão juntos no Antigo Testamento como qualidades da vida que o Senhor deseja (cf. 5.24; Is 5.7). Aqui o profeta repreendeu os líderes de Israel pela sua falha em estabelecer o juízo e a justiça.
Essa série majestosa de títulos – vs. 8 e 9 - para o Senhor contrasta fortemente com o versículo anterior, o qual descreve um povo pecador. O Senhor é aquele que é:
·         O que fez as Plêiades e o Oriom.
Esse é um grupo de estrelas (conhecido como M45) na constelação de touro que inclui sete estrelas proeminentes visíveis a olho nu. Já Órion é o nome hebraico que possivelmente significa "o Tolo", embora na literatura clássica fale-se em "o Caçador". Sete-estrelo e Órion ocorrem juntos em outro lugar no contexto do poder e sabedoria incomparáveis de Deus (Jó 9.9; 38.31).
·         O que torna a sombra da noite em manhã, e transforma o dia em noite.
·         O que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra.
·         Deus e o Senhor é o seu nome.
·         O que faz vir súbita destruição sobre o forte, de sorte que vem a ruína sobre a fortaleza.
No verso 10, literalmente, "eles odeiam... e desprezam". Esse versículo contrasta com os versículos seguintes (vs. 11-12), que estão na segunda pessoa.
No entanto, nenhuma diferença significativa de tom parece ser pretendida com essa mudança, e tais mudanças de pessoa são comuns em documentos do antigo Oriente-Próximo, incluindo cartas, tratados e dedicatórias.
Muitos dos assuntos legais de uma cidade eram realizados em sua porta, uma larga passagem com salas adjacentes. E eram nas portas que havia repreensão e o falar sincero, pois essas pessoas repreendiam a falsidade e davam testemunho verdadeiro num tribunal da lei. Israel odiava esses indivíduos, pois eles ameaçavam impedir a corrupção e o ganho desonesto (cf. 2.6-7).
Eles pisavam os pobres e ainda exigiam tributos de trigo, embora vivessem em casas de pedras. Literalmente, "casas de pedras lavradas". Essas estruturas eram caras, em contraste às casas de tijolo de barro nas quais a maioria do povo morava – seria interessante comparar essa situação com Is 9.10.
Por isso, não haveriam de desfrutarem nem de suas casas nem de suas plantações.
As maldições de futilidades (p. ex., maldições que tornariam fútil qualquer esforço construtivo), que o Senhor já havia anteriormente infligido aos cananeus, seriam agora dirigidas ao seu próprio povo (Dt 6.10-12; veja também os vs. 16-17). A maldição aos vinhedos é extraída da aliança, como estipulada em Dt 28.30,39.
Eram graves e muitas as transgressões deles. Era importante que os israelitas percebessem que o Senhor tinha conhecimento do que eles imaginavam que ele não sabia (cf. Jó 22.13-14; SI 73.11; Lc 16.15). A aflição do justo e o aceite de suborno - refere-se ao pagamento de resgate pela vida de um assassino, o que era contra a lei (Nm 35.31) – os tornavam ainda mais dignos de juízo.
Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau, ou seja, pode ser traduzido – conforme a BEG - esse “guardar silêncio” como "cessará", uma vez que a palavra hebraica é usada em outro lugar como correspondendo à morte: "Portanto, cairão os seus jovens nas suas praças; todos os homens de guerra serão reduzidos a silencio naquele diz" (Jr 49.26; 50.30).
O Senhor retirou os homens sábios ou prudentes das posições de liderança como parte de seu julgamento de uma nação; por exemplo, Judá (Is 3.1-4,12) e Edom (Jr 49.7; Ob 8).
4. Uma convocação para o lamento (5.16-17).
Novamente o apelo para a busca do bem e não do mal. Para esse pensamento, veja Is 1.16-17. Compare com 5.4, em que Deus ordenou que o seu povo o procurasse e vivesse.
Conquanto seja verdade que a obediência ao Senhor traz segurança e prosperidade (Dt 28.1-14), esse versículo aponta para uma verdade ainda mais profunda: conhecer Deus é a essência da vida (cf. Jo 17.3).
Em assim procedendo, buscando ao Senhor, fugindo do mal, o Senhor, o Deus dos Exércitos, seria com eles. Isso expressa a mais profunda necessidade do povo de Deus, a qual também é antecipada (mas com palavras hebraicas diferentes) em Is 7.14 - "Emanuel" significa "Deus conosco" (Mt 1.231).
Os israelitas, com confiança enganosa, afirmavam que o Senhor estava com eles, apesar de sua rebeldia, simplesmente porque ele havia feito uma aliança com eles. Para um exemplo semelhante de confiança sem fundamento, veja Mt 3.9.
Odiando o mal, amando o bem, estabelecendo o juízo na porta, sim, fazendo tudo isso, talvez o Senhor tivesse piedade do remanescente de José.
No tempo de Amós, Israel era relativamente próspero e forte. A frase antecipa o tempo futuro após a vinda do julgamento de Deus. Se o povo corrigisse seus hábitos, era possível que Deus fosse mais brando com relação ao julgamento de toda a nação.
Considerando que os oráculos estão em ordem cronológica, Deus já havia prometido enviar as mulheres ricas de Samaria para o exílio (4.2), mas aqui o profeta ofereceu esperança, embora isso não fosse uma garantia ("talvez") de que o restante do povo fosse poupado caso se arrependesse. Essa série termina com Deus prometendo destruir Samaria (6.8).
Os versículos 16 e 17, conforme a BEG, compreendem a intimação ao luto que conclui o lamento.
Em todas as ruas – vs. 17 – e em todas as vinhas – vs. 18 – haveria pranto, porque o Senhor passaria pelo meio do povo.
Os lamentos sobre Israel continuariam em toda parte da Terra Prometida, pois todas as partes seriam punidas. Em todas as ruas dirão: Ai! Ai! Para outros usos proféticos dessa exclamação, veja o vs. 18; 6.1; Is 1.4; Jr 22.18. A mesma frase aparece em Êx 12.12, onde o Senhor falou sobre o iminente julgamento do Egito, "Porque, naquela noite, passarei pela terra do Egito".
Ironicamente, pelo fato de seu povo ter-se tornado tão pagão quanto o povo do Egito, ele agora iria passar por Israel em julgamento, como uma vez havia passado pela terra de seus opressores.
2. Ai daqueles que desejam o dia do Senhor (5.18-27).
O profeta pronunciou um "ai" sobre o Reino do Norte, em vista do seu futuro desanimador – vs. 18 ao 27.
O "dia do SENHOR" faz referência ao tempo em que Deus virá como Rei para julgar os seus inimigos e abençoar o seu povo fiel (veja Is 2.12; 13.6-13; Ob 15; Sf 1.7,14).
Todo período importante de julgamento no Antigo Testamento pode ser chamado de "dia do SENHOR", assim como o Novo Testamento associa o termo com o Pentecostes (At 2.20), mas primeiramente com a ainda futura vinda de Cristo (1Co 1.8; 5.5; 2Co 1 14; 1Ts 5.2; 2Ts 2.1; 2Pe 3.10).
Para que desejais vós o Dia do SENHOR? Pode ser traduzido também como, "O que lhe trará de bom o Dia do SENHOR?" Os israelitas estavam tão confiantes de sua boa reputação com Deus que acreditavam que o dia do Senhor seria benéfico para eles.
Eles não compreendiam que suas violações notórias da aliança na verdade os tornavam inimigos de Deus, objetos da ira dele.
O dia do Senhor seria um dia de trevas e não de luz. Talvez isso seja uma repercussão do vs. 8. No julgamento, o Senhor tem poder para transformar o dia em noite, tanto de modo literal quando figurado.
O mal nos sobrevém por causa de nossas práticas erradas ou por causa de nossa boca? Adianta eu ficar declarando palavras boas e repreendendo o mal se minha conduta continua errada? Assim, eles precisavam de ter atitude, mas confiavam tanto em sua “fé” que se tornaram ainda mais nojentos.
Amós retratou a futilidade da tentativa de escapar do julgamento do Senhor - veja Is 24.17-18. Em hebraico, a pergunta “não será...” espera uma resposta positiva, ou seja, aqui seria de trevas e não luz, completa escuridade e não claridade. Figurativamente, isso representa bem-estar e motivo de alegria. Mas a claridade também é associada ao Senhor (SI 18.12; Is 4.5) e aos justos (Pv 4.18, Is 60.3; 62.1). A implicação aqui é de que não haveria luz da justiça na terra e nem claridade no semblante (favorável) do Senhor.
O julgamento seria sinistro e total, e tragaria toda a terra.
Agora o Senhor desabafa e diz não estar satisfeito com as práticas deles em festas e ajuntamentos solenes – vs. 21-23. Essa é uma breve crítica às práticas religiosas de Israel.
O ponto não é que as práticas eram erradas, pois o Senhor as havia ordenado. No entanto, elas estavam sendo praticadas de maneira não espiritual, tendo a forma religiosa, mas negando o seu poder (1Tm 3.5), ou seja, era tudo de fachada, como para enganar.
No verso 21, ele diz que aborrecia e desprezava aquelas festas e assembleias. Duas palavras combinadas para expressar mais fortemente um conceito que nenhuma das duas poderia transmitir sozinha.
Poderia ser traduzido, "Eu rejeito com absoluto ódio". Deus não tinha nenhum prazer, literalmente, "não aspirarei". A expressão vem do contexto dos sacrifícios. De modo semelhante, na aliança original o Senhor havia declarado "não aspirarei o vosso aroma agradável" (Lv 26.31), caso o seu povo se tornasse desobediente.
Há bênçãos nos cultos a Deus, nas festas, assembleias solenes, mas juntas com falsidade, hipocrisia e engano, o Senhor detestava, odiava. Uma visão deturpada de Deus os levavam a agir assim, como querendo fazer de Deus um gênio da lâmpada, poderoso, mas escravo do adorador.
Por isso que ainda que lhe oferecessem sacrifícios, holocaustos e ofertas, ainda assim não se agradaria deles. O Senhor sempre esteve mais interessado na nossa atitude espiritual em relação a ele (e aos outros criados à sua imagem) do que nos sacrifícios (cf. Mt 5.23-24; 1Co 13.3).
Até os cantos oferecidos a Deus eram, não melodias, nem músicas, mas sovam com um estrépito – vs. 23 - literalmente, "estrondo" e não como canções de adoração. A mesma palavra é usada para descrever o tumulto de águas no céu quando o Senhor ribomba o trovão (Jr 10 13), assim como o barulho das rodas dos carros do exército (Jr 47.3).
Em lugar daquilo tudo o que Deus queria e gostaria de ver neles era o juízo e a justiça, fluírem como um rio perene.
No Oriente Médio – nos ensina a BEG -, ribeiros são vales estreitos através dos quais a água flui na época de chuvas, mas que podem estar completamente secos em outras épocas. Simbolicamente, o Senhor, aquele que dá as chuvas, providenciaria chuva perpétua alegremente para suprir os ribeiros do juízo e da justiça, mas Israel, o ribeiro seco, não a receberia.
»AMÓS [5]
Am 5:1 Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sobre vós,
ó casa de Israel.
Am 5:2 A virgem de Israel caiu;
nunca mais tornará a levantar-se;
desamparada jaz na sua terra;
não há quem a levante.
Am 5:3 Porque assim diz o Senhor Deus:
A cidade da qual saem mil terá de resto cem,
e aquela da qual saem cem terá dez para a casa de Israel.
Am 5:4 Pois assim diz o Senhor à casa de Israel:
Buscai-me, e vivei.
Am 5:5 Mas não busqueis a Betel,
nem entreis em Gilgal,
nem passeis a Berseba;
porque Gilgal certamente irá ao cativeiro,
e Betel será desfeita em nada.
Am 5:6 Buscai ao Senhor, e vivei;
para que ele não irrompa na casa de José como fogo
e a consuma, e não haja em Betel quem o apague.
Am 5:7 Vós que converteis o juízo em alosna,
e deitais por terra a justiça,
Am 5:8 procurai aquele que fez as Plêiades e o Oriom,
e torna a sombra da noite em manhã,
e transforma o dia em noite;
o que chama as águas do mar,
e as derrama sobre a terra;
o Senhor é o seu nome.
Am 5:9 O que faz vir súbita destruição sobre o forte,
de sorte que vem a ruína sobre a fortaleza.
Am 5:10 Eles odeiam ao que na porta os repreende,
e abominam ao que fala a verdade.
Am 5:11 Portanto, visto que pisais o pobre,
e dele exigis tributo de trigo,
embora tenhais edificado casas de pedras lavradas,
não habitareis nelas;
e embora tenhais plantado vinhas desejáveis,
não bebereis do seu vinho.
Am 5:12 Pois sei que são muitas as vossas transgressões,
e graves os vossos pecados;
afligis o justo, aceitais peitas,
e na porta negais o direito aos necessitados.
Am 5:13 Portanto, o que for prudente
guardará silêncio naquele tempo,
porque o tempo será mau.
Am 5:14 Buscai o bem, e não o mal,
para que vivais; e assim o Senhor,
o Deus dos exércitos, estará convosco, como dizeis.
Am 5:15 Aborrecei o mal, e amai o bem,
e estabelecei o juízo na porta.
Talvez o Senhor, o Deus dos exércitos,
tenha piedade do resto de José.
Am 5:16 Portanto, assim diz o Senhor Deus dos exércitos, o Senhor:
Em todas as praças haverá pranto, e em todas as ruas dirão: Ai! ai!
E ao lavrador chamarão para choro,
e para pranto os que souberem prantear.
Am 5:17 E em todas as vinhas haverá pranto;
porque passarei pelo meio de ti, diz o Senhor.
Am 5:18 Ai de vós que desejais o dia do Senhor!
Para que quereis vós este dia do Senhor?
Ele é trevas e não luz.
Am 5:19 E como se um homem fugisse de diante do leão,
e se encontrasse com ele o urso;
ou como se, entrando em casa,
encostasse a mão à parede, e o mordesse uma cobra.
Am 5:20 Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz?
não será completa escuridade, sem nenhum resplendor?
21 Aborreço, desprezo as vossas festas,
e não me deleito nas vossas assembléias solenes.
Am 5:22 Ainda que me ofereçais holocaustos,
juntamente com as vossas ofertas de cereais,
não me agradarei deles;
nem atentarei para as ofertas pacíficas
de vossos animais cevados.
Am 5:23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos,
porque não ouvirei as melodias das tuas liras.
Am 5:24 Corra, porém, a justiça como as águas,
e a retidão como o ribeiro perene.
Am 5:25 Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações
no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
Am 5:26 Sim, levastes Sicute, vosso rei,
e Quium, vosso deus-estrela,
imagens que fizestes para vos mesmos.
Am 5:27 Portanto vos levarei cativos para além de Damasco,
diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos.
No vs. 25, uma pergunta retórica relacionada à oferta de sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos. Tais ofertas haviam sido, de fato, apresentadas ao Senhor (cf. Ex 18.12; Lv 9.8-24). Mas o ponto da pergunta retórica era enfatizar que tais sacrifícios não eram de importância primordial para Deus. Antes, ele queria (e ainda quer) adoração oferecida em espírito e em verdade.
Ao invés da adoração em espírito e em verdade, levaram a tenda de Moloque e a estátua das suas imagens, a estrela do deus deles que fizeram para eles mesmos.
De fato, a consoante hebraica indica essa interpretação. A BEG nos diz que Sicute era um deus assírio da guerra e da caça, e o nome significa "rei da decisão" (ou seja, o "rei" divino que decidia a vitória ou a derrota na guerra).
Os tradutores da Septuaginta (a tradução grega do AT) não sabiam disso e então traduziram como "tenda/tabernáculo". Eles também traduziram "vosso rei" como "Moloque" (cf. At 7.42-43).
O deus-estrela deles ou a estrela do deus deles (NVI), também pode ser traduzido como "Kais,van", um nome atestado em outras línguas semíticas (acadiana, siríaca e árabe) para o planeta Saturno, que é a seguir citado como "a estrela do seu deus".
Polêmicas do Antigo Testamento contra a idolatria geralmente enfatizavam que essas produções eram feitas por seres humanos (cf. Is 44.9-20; Jr 10.1-16; Mq 5.10-16).
O fato era que por causa disso seriam levados cativos para além de Damasco. Exílio para além de Damasco implicaria deportação para a Assíria, como o público de Amós teria compreendido muito bem ser expulso para longe de casa era uma das maldições da aliança original (Dt 28.36,49,64-68).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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