Como já dissemos, o livro de Amós é um
livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade
pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois
da destruição e do exílio que estava se aproximando. Agora, estaremos vendo o
capítulo 7.
IV. VISÕES CONTRA ISRAEL (7.1 - 9.10).
Nessa quarta parte, veremos que Amós
relatará visões que indicarão que o julgamento de Deus contra Israel era justo,
porém severo. Essas visões estão em dois grupos principais: julgamentos dos
quais Deus se arrependeu (7.1 - 6) e julgamentos dos quais ele não se
arrependeu (7.7 - 9.10).
Nossa proposta de divisão, então ficará
desta forma: A. Julgamentos abrandados (7 1-6) - veremos agora - e B. Julgamentos não abrandados (7. 7 9.10) – começaremos a ver agora.
A. Julgamentos abrandados (7 1-6).
Amós viu Deus preparando duas maldições
para o seu povo – os gafanhotos e o fogo -, e o profeta intercedeu por eles por
medo de que as maldições destruíssem todos em Israel.
1. A visão dos gafanhotos (7.1-3).
Amós visualizou Deus preparando uma praga
de gafanhotos para amaldiçoar Israel. O profeta intercedeu e Deus se
arrependeu.
A palavra hebraica relacionada a “gafanhotos”,
que aparece somente aqui e em Na 3.17, indica uma horda de gafanhotos que
haviam acabado de nascer.
Essa horda de gafanhotos surgia no
princípio do rebento da erva serôdia, literalmente, "a colheita
posterior", ou seja, a erva que começa a crescer depois das chuvas
"atrasadas" da primavera de março e abril (4.7-8). E elas surgiam
depois de findas as ceifas do rei, ou seja, a ceifa que ocorre antes que o povo
faça a colheita.
Esses gafanhotos comeram completamente de
toda a erva da terra. A palavra para "erva" aqui é a mesma utilizada
em Gn 1.11; consequentemente a referência é a toda erva, não apenas às
plantações.
Em hebraico a frase toda reflete Êx
10.12,15 quase palavra por palavra ("devoraram toda a erva da
terra"). A repetição deliberada indica que, ironicamente, o Senhor puniria
Israel assim como havia punido o Egito antes do êxodo.
O profeta, então, angustiado com o
resultado dessa destruição, clamou ao Senhor Deus, rogando que houvesse perdão,
pois como subsistiria Jacó, sendo ele pequeno?
A preocupação de Amós era que ninguém em
Israel sobrevivesse. Isso violaria a promessa de Deus de sempre manter algum
remanescente para construir gerações futuras (cf. Is 10.22; JI 2.32; Mq 2.12;
4.7; 5.7-8, 7.18; Sf 2.7; 3.13; Ag 1.12,14, Zc 8.6).
No verso 3, atendendo a intercessão de
Amós, o Senhor se arrependeu do mal que iria dar ocasião em juízo ao seu povo.
Movido pela intercessão, o Senhor estava disposto a redirecionar a História ou
"se arrepender" das punições pretendidas (cf. Êx 32.12,14; Jr 18.8;
JI 2.13; Jn 3.10).
Aqui, como em outro lugar, a perspectiva é
da interação de Deus com as criaturas, não de seus decretos imutáveis e
eternos.
2. A visão do fogo (7.4-6).
Outra visão semelhante à primeira teve
Amós, dessa vez a visão do fogo. Amós viu Deus chamando o fogo. Ele intercedeu novamente
e Deus, também novamente, se arrependeu.
O fogo que Deus clamava era tão terrível
que consumiu o grande abismo e parte da terra. O "grande abismo" pode
se referir ao mar Mediterrâneo, embora a mesma frase seja usada para o oceano
(Gn 7.11) e para o mar Vermelho durante a passagem de Israel (Is 51.10).
A perspectiva de um julgamento por fogo que
devoraria o mar e a terra reflete a advertência do julgamento da aliança em Dt
32.22 – “Porque um fogo se acendeu na
minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a
sua colheita, e abrasará os fundamentos dos montes.”.
Amós intercede e Deus o atende novamente,
dizendo Deus a Amós que isso não aconteceria.
B. Julgamentos não abrandados (7.7 - 9.10).
Até aqui, Deus havia se arrependido do mal (quando
eu falo Deus fazendo o mal não significa executando algo moralmente errado ou
maligno em essência, mas, sim, seu juízo que é justo, verdadeiro e não
contradiz sua natureza de amor) que iria fazer, mas doravante a história seria
diferente.
Em relação aos julgamentos não abrandados –
7.7 a 9.10 - Amós relatou três visões da ira de Deus que estava por vir que não
o motivaram a interceder para que Deus se arrependesse. As visões do prumo
(7.7-9), do cesto de frutos (8.1-3) e do altar (9.1-4) são seguidas por
elaborações (7.10-17; 8.4-14; 9.5-10).
Elas geraram as seguintes divisões que
estaremos seguindo, conforme a BEG: 1. A visão do prumo (7.7-9) – veremos agora; 2. Elaboração (7.10-17) – veremos agora; 3. A visão do cesto de
frutos (8.1-3); 4. Elaboração (8.4-14); 5. A visão do altar (9.1-4); e, 6.
Elaboração (9.5-10).
1. A visão do prumo (7.7-9).
Era sempre em visão que Deus mostrava a
Amós o que iria fazer e ele mostrou-lhe agora a visão do prumo.
Amós teve uma visão de Deus medindo Israel
com um prumo; com ele, media a inclinação de cada muro, para ver se eles
deveriam ser derrubados ou deixados de pé.
Conforme a BEG, o muro que havia sido
originalmente levantado a prumo era Israel, em sua antiga e relativa inocência
e tinha um prumo na mão.
Muitos interpretam essa frase como
referência à palavra da aliança de Deus (lei) como o seu modo de julgar se
Israel era ou não "levantada a prumo".
No antigo Oriente Próximo, era necessário
avaliar regularmente se os muros eram levantados a prumo. Aqueles que não eram,
tinham que ser derrubados e reconstruídos, mas aqueles que se sustentavam
adequadamente eram mantidos.
Depois dessa visão de julgamento, Amós não
intercedeu, pois a salvação de um remanescente era certa (cf. vs. 2,5).
Deus pergunta para Amós o que ele tinha visto
e ele disse que via um prumo. Deus então disse que poria o prumo no meio do
povo e nunca mais passaria por ele. A expressão completa é "passar sobre a
transgressão [de alguém]” (veja Mq 7.18; cf. Pv 19.11).
No entanto, continua Deus dizendo, que os
altos de Isaque e os santuários de Israel seriam assolados e destruídos. Os
altos eram montes naturais ou feitos pelo homem, locais de adoração idólatra
(cf. Dt 12.2; 2Rs 17.10-12). Os santuários podem ter sido pretendidos para
adoração idólatra ou, mais provavelmente, para adoração do Senhor misturado com
práticas de adoração de outros deuses (Mq 1.3-5).
Além disso, que levantaria com a espada
contra a casa de Jeroboão. A família de Jeroboão (6.11; cf. Is 31.2). Isso
deixa aberta a perspectiva de que, embora Jeroboão não fosse morrer pela
espada, a sua família seria afetada.
Jeroboão aparentemente morreu de morte
natural (2Rs 14.29), mas o seu filho Zacarias, no entanto, foi assassinado (2Rs
15.10).
2. Elaboração (7.10-17).
Do versículo 10 ao 17, estaremos vendo essa
seção chamada de elaboração, onde Amós será acusado de conspirador pelo
sacerdote Amazias, de Betel.
Essa seção, autobiográfica, relata como o
sacerdote Amazias reagiu à visão de Amós da destruição dos altos de Israel e da
casa do seu protetor Jeroboão. Ela também mostra como Amós serviu fielmente a
Deus apesar dessa oposição.
Amazias era o sacerdote de Betel, provavelmente
o sumo sacerdote, e ele tinha uma acusação contra Amós de conspiração. Do mesmo
modo, Jeremias foi injustamente acusado de ser um traidor, devido às suas
profecias contra Judá (Jr 26.7-11; 37.11-13; 38.1-4).
Ele estava inquieto porque Amós tinha dito
que Jeroboão morreria à espada. Uma alusão ao vs. 9, onde o Senhor declarou,
"levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão".
Amazias citou Amós incorretamente, de modo a
fazer Jeroboão se sentir mais pessoalmente ameaçado do que a profecia de Amós
justificava.
Também lhe falou que Amós tinha dito que
Israel seria levado em cativeiro. Essa é uma citação exata de 5.5, exceto que
"Israel" é substituído por "Gilgal" (a qual representa todo
o Israel na citação anterior).
No verso 12, o comer ali o seu pão e ali
profetizar, possivelmente – conforme a BEG -, é uma hendíade (uma ideia
expressa por duas palavras ou frases independentes ligadas por e). Aqui as duas
frases se unem para significar "Ganhe o seu sustento profetizando ali [em
Judá]".
Embora fosse adequado que um profeta fosse
pago pelo seu trabalho (1Sm 9.7-8; cf., porém, Mq 3.5,11), Amazias acusou Amós
de ser meramente um profeta de aluguel.
A ordem de Amazias aqui e no versículo
seguinte é um exemplo do pecado anteriormente citado por Amós: "Mas vós...
ordenastes, dizendo: Não profetizeis" (2.12).
Amazias estava como tentando despachar Amós
dali para não ficar profetizando em Betel porque era o santuário do rei e a
casa real.
Quando Jeroboão 1 estabeleceu a idolatria
em Betel (3.14), os reis de Israel exerciam enorme influência sobre a adoração
no Reino do Norte. Amazias estava preocupado com o santuário do seu rei
terreno, e não com o santuário do grande Rei, o Senhor.
Ironicamente, Amazias era o oficial
religioso que, sendo pago pelo seu trabalho, estava preocupado em proteger
interesses terrenos - a mesma acusação que ele havia feito a Amós (vs. 12).
Uma futura geração de sacerdotes também
entregaria Jesus, o maior de todos os profetas, à morte, com base numa preocupação
errada de protegerem seus próprios reinos e templos (Jo 11.48).
Como nosso coração é enganoso e falho, por
causa de nossa velha natureza adâmica morta – eu, particularmente alcunhei isso
de VENAM. Os sacerdotes, aqueles que deveriam estar mais próximos a Deus e ao
povo de Deus acabavam se pervertendo em seus zelos ao valorizarem mais as
aparências e os objetos e ritos do que as pessoas de Deus e dos seus
semelhantes.
Amós responde ao sacerdote dizendo que não
era profeta, nem discípulo de profeta. Amós não era originalmente um profeta,
nem era discípulo de profetas (1 Rs 20.35; 2Rs 7,15).
Ele não era um profeta profissional pago,
ele era um boieiro (1.1), colhedor de sicômoros. Isso descreve alguém que cuida
das frutas ao colhê-las de maneira apropriada para garantir maior doçura uma
vez que a fruta amadureça.
O fato de Amós mencionar essas duas
profissões, que são diferentes da do pastor em 1.1, demonstra que ele era
possuidor de diversas habilidades.
Ele continua a explicar para Amazias
dizendo que apesar de ser boieiro e colhedor de sicômoros, o SENHOR o tirou de
após o gado para ir e profetizar ao povo de Israel. Amós rejeita de maneira
direta a acusação de Amazias (7.12) e deixa claro que o Senhor soberanamente o
chamou para profetizar.
Ele não havia ido ao Reino do Norte para
ganhar dinheiro, nem desejava mal algum a Israel. Havia ido somente porque foi
chamado.
Fraseologia idêntica é usada para relatar a
escolha do Senhor de coroar Davi: "Tomei-te da malhada, de detrás das
ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel" (2Sm
7.8).
O uso das mesmas palavras implica que o
Senhor tinha o direito soberano de escolher reis e profetas — e,
implicitamente, que um profeta escolhido dessa maneira tinha todo o direito de
profetizar no "santuário do rei" (v. 13).
»AMÓS [7]
Am 7:1 O
Senhor Deus assim me fez ver:
e eis que ele formava gafanhotos no princípio do
rebentar
da erva serôdia, e eis que era a erva serôdia
depois da segada do rei.
Am 7:2 E quando eles tinham comido completamente a
erva da terra,
eu disse:
Senhor Deus, perdoa, peço-te; como subsistirá Jacó?
pois ele é pequeno.
Am 7:3 Então
o Senhor se arrependeu disso.
Não acontecerá, disse o Senhor.
Am 7:4 Assim
me mostrou o Senhor Deus:
eis que o Senhor Deus ordenava que por meio do fogo
se decidisse o pleito;
o fogo, pois, consumiu o grande abismo,
e também queria consumir a terra.
Am 7:5 Então
eu disse:
Senhor Deus, cessa agora; como subsistirá Jacó?
pois ele é pequeno.
Am 7:6 Também disso se arrependeu o Senhor.
Nem isso acontecerá, disse o Senhor Deus.
Am 7:7
Mostrou-me também assim:
eis que o senhor estava junto a um muro levantado a
prumo,
e tinha um prumo na mão.
Am 7:8
Perguntou-me o Senhor:
Que vês tu, Amós?
Respondi:
Um prumo.
Então disse o
Senhor:
Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel;
nunca mais passarei por ele.
Am 7:9 Mas os altos de Isaque serão assolados,
e destruídos os santuários de Israel;
e levantar-me-ei com a espada contra a casa de
Jeroboão.
Am 7:10 Então Amazias, o sacerdote de Betel,
mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel:
Amós tem conspirado contra ti no meio da casa de
Israel;
a terra não poderá suportar todas as suas palavras.
Am 7:11 Pois assim diz Amós:
Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será
levado
cativo para fora da sua terra.
Am 7:12 Depois Amazias disse a Amós:
Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá,
e ali come o pão, e ali profetiza;
Am 7:13 mas em Betel daqui por diante não profetizarás
mais,
porque é o santuário do rei, e é templo do reino.
Am 7:14 E respondeu Amós, e disse a Amazias:
Eu não sou profeta, nem filho de profeta,
mas boieiro, e cultivador de sicômoros.
Am 7:15 Mas o Senhor me tirou de após o gado,
e o Senhor me disse:
Vai, profetiza ao meu povo Israel.
Am 7:16 Agora, pois, ouve a palavra do Senhor:
Tu dizes:
Não profetizes contra Israel,
nem fales contra a casa de Isaque.
Am 7:17 Portanto assim diz o Senhor:
Tua mulher se prostituirá na cidade,
e teus filhos e tuas filhas cairão à espada,
e a tua terra será repartida a cordel;
e tu morrerás numa terra imunda,
e Israel certamente será levado cativo
para fora da sua terra.
Depois dessa explicação a Amazias, Amós
profetiza contra ele porque ele dizia – vs. 16 - “Não profetizarás.” (2.12; 7.12;
7.13) contra Israel, nem falará contra a casa de Isaque.
Amós, em nome do Senhor diz para ele– vs.
17:
·Tua
mulher se prostituirá na cidade. Ela desceria a esse nível de desespero para
prover algum dinheiro uma vez que a riqueza do seu marido lhe seria tirada e
seus filhos seriam mortos.
·Teus
filhos e tuas filhas cairão à espada. Compare com Ez 24.21. Os filhos e as filhas
eram geralmente punidos juntamente com seus pais por transgressões da aliança
(Dt 28.32,53; Jr 5.17); "cairão à espada" era uma punição pactual
típica (Is 3.25; Jr 39.18).
·Tua
terra será repartida a cordel.
·Tu
morrerás na terra imunda. O exílio seria especialmente desagradável para
Amazias, um sacerdote, pois numa terra pagã ele seria forçado a ações que o
tornariam ritualmente imundo (cf. Lv 11).
Para
outros julgamentos proféticos contra sacerdotes desobedientes, veja 1Sm 2.34
(filhos de Eli) e Jr 20.1-6 (Pasur).
·Israel
certamente será levado cativo para fora da sua terra. Amós citou, com terrível
ironia, o resumo de Amazias de sua profecia (v. 11) de volta para ele.
Não era para ser assim com Amazias, mas seu
coração enganoso o enganou e o matou.
Como já dissemos, o livro de Amós é um
livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade
pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois
da destruição e do exílio que estava se aproximando.
Estamos vendo agora a ver a parte III - ORÁCULOS
CONTRA ISRAEL (3.1 6.14). Encontramos-nos na seção “B”, no capítulo 6.
B. A severidade do julgamento (5.1 6.7) - continuação.
Estamos vendo até ao verso 7, a severidade do
julgamento. Num oráculo de lamentação (5.1-17) e em dois oráculos de angústia
(5.18-27; 6.1-7), Amós expressou o quanto seriam terríveis os julgamentos que
estavam por vir. Assim, também dividiremos essa seção “B”, em três partes: 1.
Lamento pela virgem Israel (5.1-17) – já
vimos; 2. Ai daqueles que desejam (5.18-27) – já vimos; e, 3. Ai dos complacentes (6.1-7) – veremos agora.
3. Ai dos complacentes (6.1-7).
Até o verso 7, estaremos vendo como é este
ai dos complacentes. Em acréscimo ao "ai" pronunciado sobre aqueles
que oravam e aguardavam pelo dia do Senhor, o profeta também declarou um
"ai" sobre os habitantes complacentes da Samaria e de Sião, que se
imaginavam salvos de qualquer mal. Era este o terceiro ai.
O ai era sobre aqueles que viviam
sossegados em Sião e daqueles que estavam seguros no monte de Samaria. Eles se
julgavam homens notáveis da primeira entre as nações (a frase também ocorre em
Nm 24.20 - sobre Amaleque. Israel se tornou poderosa e próspera sob Jeroboão II
e pode ter imaginado a si mesma como a primeira entre as nações), aos quais o
povo de Israel recorria.
Como seus contemporâneos (veja, p. ex., Is
9.8-21; Os 6.11; Mq 1.3-5), Amós recebeu uma profecia que falava sobre ambos os
reinos (cf. 2.4-5).
A palavra dizia para esses irem a Calné e
olharem para ela. A identidade dessa cidade é incerta, mas pode ser a Calno que
é mencionada em Is 10.9, a qual foi conquistada por Sargão II da Assíria em 710
a.C.
Depois deveriam prosseguir até a grande
Hamate a qual era localizada ao norte de Dã no rio Orontes na Síria e teve o
seu controle recuperado pelos israelitas por Jeroboão II (2Rs 14.23-28).
Em seguida até Gate. Uma das cinco maiores
cidades da Filístia (1.8). Uzias a recuperou do controle sírio (2Rs 12.17; 2Cr
26.6).
Seriam esses territórios melhores ou
maiores? Significa "sois melhores que estes reinos?" O paralelismo
indica a resposta para ambas as perguntas. Os territórios dessas cidades não
eram maiores do que Israel; então, a resposta para a segunda pergunta deve ser
negativa.
A resposta implícita para a primeira
pergunta retórica também deve ser negativa. Isso era trágico, pois com a
revelação especial de Deus, Israel e Judá deveriam ser muitos melhores que
esses outros reinos. Porém, se esses pagãos, não escapariam da conquista,
Israel e Judá também não escapariam.
Israel havia entronizado a violência (p.
ex., extorsão e abuso dos pobres) como estilo de vida, enquanto simultaneamente
negava que o dia do mal, o dia do julgamento (cf. 5.13), estava por vir.
Em seguida, o profeta elenca uma série de
características negativas deles pelos quais não haveriam de escapar e ainda
serem os primeiros a irem ao cativeiro – vs. 4-6:
·Deitavam-se
em camas de marfim.
·Espreguiçavam-se
em seus sofás.
·Comiam
os melhores cordeiros e os novilhos mais gordos - esses bezerros eram mantidos
no cevadouro onde eram engordados para ocasiões especiais. Esse era o alimento
normal dos ricos da Samaria.
·Dedilhavam
em suas liras como Davi, ou cantavam à toa. O significado é incerto, mas (a
julgar pelo cognato árabe – conforme a BEG) pode significar algo como
"cantar canções fúteis". Essa comparação com Davi é intensamente
irônica. As canções de Davi nunca foram fúteis, mas ele compôs muitos salmos para
a glória do Senhor (cf. 2Sm 23.1).
·Improvisavam
instrumentos musicais.
·Bebiam
vinho em grandes taças (literalmente, "em bacias". A palavra hebraica
faz referência a grandes bacias, como aquelas utilizadas para aspergir sangue
sobre o altar - Lv 1.5,11. Elas eram aparentemente pesadas, feitas de metal valioso.
Naassom ofereceu "uma bacia de prata, [do peso] de setenta siclos" - Nm
7.13 - para a consagração do altar do tabernáculo mosaico) e ungiam-se com os
mais finos óleos, mas não se entristecem com a ruína de José.
A consequência disso é que iriam para o
cativeiro e ainda na fileira da frente! Em hebraico, essa frase é um trocadilho
com a expressão anterior "principal das nações" (6.1).
Os líderes da Samaria e de Jerusalém se imaginavam
como os primeiros em importância, mas na verdade eles seriam os primeiros
entres os prisioneiros.
C. A certeza do juramento divino (6.8-14).
Doravante, até o versículo 14, estaremos
vendo a certeza do juramento divino.
Esse juramento é posicionado ao fim desses
oráculos (3.1-6.14) porque ele representa a conclusão final do Senhor. Ele
jurou que a cidade da Samaria seria destruída, fazendo com que esse resultado
fosse inevitável. Os assírios realizaram isso em 722 a.C.
Diz a palavra que o Senhor soberano jurou por
si mesmo. Para, essencialmente, a mesma frase, do juramento, veja 4.2; Gn
22.16; Êx 32.13; Is 45.23. Esse juramento declarava que a questão era
irreversível (Hb 6.13-14), embora alguns detalhes (como? quando? quanto?
precisamente para quem? etc.) pudessem variar.
Ele começa falando, em seu juramento, de
sua ojeriza pela soberba de Jacó. Isso pode se referir ao orgulho dele, às
coisas das quais ele tinha orgulho ou (mais provavelmente) a ambos. Também que
ele odiava os seus palácios ou castelos. Logo, a cidade e tudo o que nela havia
seria entregue aos invasores.
Ainda que se numa casa ficarem dez homens,
também eles haveriam de morrer. O significado aqui não é claro. As
possibilidades – conforme a BEG – são:
(1)Apenas
dez homens deixados numa casa grande e rica.
(2)Apenas
dez membros restantes de uma casa.
(3)Apenas
dez soldados (sendo as unidades de dez homens as menores do exército) deixados
na única casa que restou.
Mais ainda que se um parente que tiver de
queimar os corpos vier para tirá-los da casa e perguntar a alguém que ainda
estiver escondido ali se haveria mais alguém com ele e a resposta fosse que
não, ele diria “Calado! Não devemos sequer mencionar o nome do SENHOR”.
A BEG comentando este versículo nos diz que
provavelmente a referência seja a uma mesma pessoa. Ele não veio para
"queimar corpos", mas para fazer uma fogueira em honra dos mortos
(cf. Jr 34.5).
Já o fato de não mencionar o nome do
SENHOR, essa tradução dá a entender que seria perigoso mencionar o Senhor.
Também pode ser traduzido "não invoques o nome do SENHOR" (veja Is
48.1).
Se essa ultima tradução está correta,
significa que podemos invocar o nome do Senhor em circunstâncias normais, mas
no dia do julgamento não devemos fazê-lo, pois o Deus da aliança viria para
julgar o seu próprio povo. Particularmente, entendo que devamos invocar o
Senhor em todo o tempo, quer seja estando em juízo ou não.
Salmos 145: 18 diz: “Perto está o SENHOR,
de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade.” Em
Lamentações 3:55-57 lemos: “Invoquei o teu nome, SENHOR, desde a mais profunda masmorra
(cova, situação de morte, perigo, tristeza etc...). Ouviste a minha voz; não
escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste no dia
em que te invoquei; e me disseste: Não temas.” e Salmos 116:3- 6 diz: “Os
cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim;
encontrei aperto e tristeza. Então invoquei o nome do SENHOR, dizendo: Ó
SENHOR, livra a minha alma. Piedoso é o SENHOR e justo; o nosso Deus tem
misericórdia. O SENHOR guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou.”.
A ordem é do Senhor – vs. 11 –
para ser destroçada, feita em pedaços, em ruínas, a casa grande e a pequena.
As referências não são à "casa de
verão" e "casa de inverno" de 3.15, uma vez que ambas estas
casas pertenciam aos ricos e imaginava-se que fossem "grandes". Na
verdade, tanto as casas grandes dos ricos quanto as casas pequenas dos pobres
seriam destroçadas pelo julgamento por vir. Aqui, como frequentemente no
hebraico, a palavra "casa" pode ter a conotação secundária de
"família".
O Senhor estava incitando a Assíria, o seu
instrumento de julgamento, a se levantar contra Israel.
»AMÓS [6]
Am 6:1 Ai dos
que vivem sossegados em Sião,
e dos que estão seguros no monte de Samária,
dos homens notáveis da principal das nações,
e aos quais vem a casa de Israel!
Am 6:2 Passai a Calné, e vede; e dali ide à grande
Hamate;
depois descei a Gate dos filisteus;
porventura são melhores que estes reinos?
ou são maiores os seus termos do que os vossos termos?
Am 6:3 ó vós que afastais o dia mau
e fazeis que se aproxime o assento da violência.
Am 6:4 Ai dos que dormem em camas de marfim,
e se estendem sobre os seus leitos,
e comem os cordeiros tirados do rebanho,
e os bezerros do meio do curral;
Am 6:5 que garganteiam ao som da lira,
e inventam para si instrumentos músicos, assim como
Davi; Am 6:6 que bebem vinho em taças,
e se ungem com o mais excelente óleo;
mas não se afligem por causa da ruína de José!
Am 6:7 Portanto agora irão em cativeiro
entre os primeiros que forem cativos;
e cessarão os festins dos banqueteadores.
Am 6:8 Jurou o Senhor Deus por si mesmo,
diz o Senhor Deus dos exércitos:
Abomino a soberba de Jacó,
e odeio os seus palácios;
por isso entregarei a cidade e tudo o que nela há.
Am 6:9 E se ficarem de resto dez homens numa casa, morrerão.
Am 6:10 Quando o parente de alguém, aquele que o
queima,
o tomar para levar-lhe os ossos para fora da casa,
e disser ao que estiver no mais interior da casa:
Está ainda alguém contigo?
e este responder:
Ninguém; então lhe dirá ele:
Cala-te, porque não devemos f
azer menção do nome do Senhor.
Am 6:11 Pois eis que o Senhor ordena,
e a casa grande será despedaçada,
e a casa pequena reduzida a fragmentos.
Am 6:12 Acaso correrão cavalos pelos rochedos?
Lavrar-se-á ali com bois?
Mas vós haveis tornado o juízo em fel,
e o fruto da justiça em alosna;
Am 6:13 vós que vos alegrais de nada, vós que dizeis:
Não nos temos nós tornado poderosos
por nossa própria força?
Am 6:14 Pois eis que eu levantarei contra vós,
ó casa de Israel, uma nação, diz o Senhor Deus dos
exércitos,
e ela vos oprimirá,
desde a entrada de Hamate até o ribeiro da Arabá.
O Senhor pergunta se acaso corriam os
cavalos sobre os rochedos? E se poderia
alguém ará-los com bois? Obviamente, a resposta esperada é um enfático
"Não!" É possível lavrar o solo fértil, não rochas; nem os cavalos poderiam
correr em lugar tão perigoso.
Ainda sim:
·Eles
transformavam o direito em veneno.
·Eles
transformavam o fruto da justiça em amargura.
·Eles
se regozijam pela conquista de Lo-Debar (fazia fronteira com Gileade) e diziam:
“Acaso não conquistamos Carnaim (uma cidade na planície de Basã, no caminho
para Damasco) com a nossa própria força?”.
Mas
aparentemente ambas foram retomadas das mãos de Hazael por Jeoás (2Rs 10.32-33;
13.25), porém mais tarde foram conquistadas pela Assíria (2Rs 15.29).
Os
nomes significam, respectivamente, "nada" e "um par de
chifres". Um trocadilho é pretendido, pelo qual Amós declarou que Israel
se alegrou pela conquista de nada (pois a conquista de Lo-Debar, que logo seria
tomada pela Assíria, foi efêmera) e disse, "Tomamos um par de chifres
[símbolo de força militar no antigo Oriente Próximo; cf. 1 Rs 22.11] com nossas
próprias forcas".
As
conquistas israelitas não dariam em nada e suas forças desapareceriam antes do
julgamento do Senhor.
A Assíria seria a nação que Deus
levantaria contra a casa de Israel – vs. 14 – que os oprimiria desde a entrada
de Hamate até o ribeiro da Arabá. Estas eram as fronteiras ao norte e ao sul do
reino, como restauradas por Jeroboão II (2Rs 14.25).
Como já dissemos, o livro de Amós é um
livro que revela a severidade do julgamento divino por causa da infidelidade
pactual em Israel e em Judá e declara a esperança de grande restauração depois
da destruição e do exílio que estava se aproximando.
Estamos vendo agora a ver a parte III - ORÁCULOS
CONTRA ISRAEL (3.1 6.14). Encontramos-nos na seção “B”, no capítulo 5.
B. A severidade do julgamento (5.1 6.7).
Até o versículo 7, do próximo capítulo, 6,
estaremos vendo a severidade do julgamento. Num oráculo de lamentação (5.1-17)
e em dois oráculos de angústia (5.18-27; 6.1-7), Amós expressou o quanto seriam
terríveis os julgamentos que estavam por vir. Assim, também dividiremos essa
seção “B”, em três partes: 1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17) – veremos agora; 2. Ai daqueles que
desejam (5.18-27) – veremos agora; e,
3. Ai dos complacentes (6.1-7).
1. Lamento pela virgem Israel (5.1-17).
Até ao verso 17, deste, estaremos vendo o lamento
pela virgem Israel. Amós lamentou o destino de Samaria sob o domínio assírio,
como ele descreveu na seção anterior.
Amós lamentou Israel como se ela já
estivesse morta. Esse artifício literário é típico de profecias do Antigo
Testamento, especialmente em Ezequiel (p. ex., Ez 19.1; 26.17; 27.2; 32.2).
Essa lamentação consiste em quatro partes:
1.A
descrição da tragédia (vs. 2-3).
2.Um
chamado à reação (vs. 4-6).
3.Um
discurso direto aos caídos (vs. 7-13).
4.Uma
convocação para o lamento (5.16-17).
1.A descrição da tragédia (vs.
2-3).
Esse versículo dá início à lamentação com a
descrição da tragédia. A declaração é de que a virgem caiu. Esse termo é usado
em outras lamentações (p. ex., 2Sm 1.19,25,27; 3.34; Lm 2.21).
Essa personificação da virgem de Israel imperfeitamente
compreendida de Israel (cf. 2Rs 19.21; Jr 18.13) é aplicada também a outras nações;
por exemplo, a Babilônia ("virgem filha da Babilônia"; Is 47.1) e o
Egito ("virgem filha do Egito", Jr 46.11).
A julgar pela mitologia ugarítica, a frase
pode ter a conotação de que a nação em questão era a esposa de um deus, como
Israel era a noiva de Jeová e a igreja era a noiva de Cristo (Ap 19.7; 21.2,9;
22.17).
As drásticas derrotas militares descritas –
90% morrem - aqui ecoam a profecia de tais desastres na aliança (Dt 32.28-30).
O Senhor alertou que essas calamidades viriam devido à idolatria (Dt 32.1518).
2.
Um chamado à reação (vs. 4-6).
O versículo 4 dá início ao chamado à
reação. Buscai-me e vivei era o apelo do Senhor para eles. Compare com os vs. 6,14.
O Senhor havia prometido estar disponível para aqueles que o procurassem, mesmo
quando no exílio (Dt 4.29; cf. Lm 3.25), tragicamente, o povo do Senhor
normalmente não o procurava (Is 9.13; Jr 10.21).
Os israelitas estavam acostumados a irem
aos locais de cultos sincréticos para buscar ajuda em tempos de dificuldades,
ao invés de buscar o livramento do Senhor.
Eles não deveriam entrar nem em Betel, nem
em Gilgal – sobre Betel e Gilgal veja 4.4 -, nem em Berseba - esse antigo lugar
sagrado (Gn 21.31-33; 26.23-25; 46.1-5) estava localizado cerca de 75 km ao sudeste
de Jerusalém.
Evidentemente, o povo do norte viajava em
peregrinação a esse santuário do sul (cf. 8.14). Em sua reforma, Josias havia desconsagrado
os lugares altos "de Geba até Berseba" (2Rs 23.8). Deus ameaçou
retirar o povo e devastar esses lugares caso não houvesse arrependimento.
A orientação de Deus era clara de que
deveriam buscá-lo e viverem. Considerando que essa série de oráculos aparece em
ordem cronológica, Deus já havia prometido punir as mulheres de Samaria (4.2) e
estava a ponto de prometer destruir Samaria (6.8).
Aqui ele ameaçou fazer o mesmo com outras
partes do Reino do Norte, a menos que o povo se arrependesse e o procurasse
(veja o vs. 15).
Eles deveriam buscar a Deus de todo o seu
coração para evitar que o Senhor irrompesse contra a casa de José, ou seja, o
termo indica as tribos de Efraim e Manassés e assim cobre as áreas tribais que
continham Betel (Efraim) e Gilgal (Manassés).
Conforme a BEG, esses santuários ao norte
seriam destruídos; Berseba, no sul, não seria destruída pelo fogo do julgamento
que varreria o Reino do Norte. O fogo do julgamento do Senhor não pode ser
extinto (cf. Is 1.31; ir 4.4; Mt 3.12).
3.
Um discurso direto aos caídos (vs. 7-13).
Aqui, agora, se tem início ao discurso
direto aos caídos. Eles estavam convertendo o juízo em alosna e deitando por
terra toda a justiça. Esse epíteto segue o costume do epíteto divino ou real.
Assim como em 4.1, ele é novamente irônico
- veja 4.13. A mesma frase ocorre em 6.12, e isso pesa contra a alteração feita
por alguns, "Vocês que colocam a justiça de cabeça para baixo".
Juízo e justiça geralmente estão juntos no
Antigo Testamento como qualidades da vida que o Senhor deseja (cf. 5.24; Is
5.7). Aqui o profeta repreendeu os líderes de Israel pela sua falha em
estabelecer o juízo e a justiça.
Essa série majestosa de títulos – vs. 8 e 9
- para o Senhor contrasta fortemente com o versículo anterior, o qual descreve
um povo pecador. O Senhor é aquele que é:
·O
que fez as Plêiades e o Oriom.
Esse é um grupo de estrelas
(conhecido como M45) na constelação de touro que inclui sete estrelas proeminentes
visíveis a olho nu. Já Órion é o nome hebraico que possivelmente significa
"o Tolo", embora na literatura clássica fale-se em "o
Caçador". Sete-estrelo e Órion ocorrem juntos em outro lugar no contexto
do poder e sabedoria incomparáveis de Deus (Jó 9.9; 38.31).
·O
que torna a sombra da noite em manhã, e transforma o dia em noite.
·O
que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra.
·Deus
e o Senhor é o seu nome.
·O
que faz vir súbita destruição sobre o forte, de sorte que vem a ruína sobre a
fortaleza.
No verso 10, literalmente, "eles
odeiam... e desprezam". Esse versículo contrasta com os versículos
seguintes (vs. 11-12), que estão na segunda pessoa.
No entanto, nenhuma diferença significativa
de tom parece ser pretendida com essa mudança, e tais mudanças de pessoa são
comuns em documentos do antigo Oriente-Próximo, incluindo cartas, tratados e
dedicatórias.
Muitos dos assuntos legais de uma cidade
eram realizados em sua porta, uma larga passagem com salas adjacentes. E eram
nas portas que havia repreensão e o falar sincero, pois essas pessoas
repreendiam a falsidade e davam testemunho verdadeiro num tribunal da lei.
Israel odiava esses indivíduos, pois eles ameaçavam impedir a corrupção e o
ganho desonesto (cf. 2.6-7).
Eles pisavam os pobres e ainda exigiam
tributos de trigo, embora vivessem em casas de pedras. Literalmente, "casas
de pedras lavradas". Essas estruturas eram caras, em contraste às casas de
tijolo de barro nas quais a maioria do povo morava – seria interessante comparar
essa situação com Is 9.10.
Por isso, não haveriam de desfrutarem nem
de suas casas nem de suas plantações.
As maldições de futilidades (p. ex.,
maldições que tornariam fútil qualquer esforço construtivo), que o Senhor já
havia anteriormente infligido aos cananeus, seriam agora dirigidas ao seu
próprio povo (Dt 6.10-12; veja também os vs. 16-17). A maldição aos vinhedos é
extraída da aliança, como estipulada em Dt 28.30,39.
Eram graves e muitas as transgressões
deles. Era importante que os israelitas percebessem que o Senhor tinha
conhecimento do que eles imaginavam que ele não sabia (cf. Jó 22.13-14; SI
73.11; Lc 16.15). A aflição do justo e o aceite de suborno - refere-se ao
pagamento de resgate pela vida de um assassino, o que era contra a lei (Nm
35.31) – os tornavam ainda mais dignos de juízo.
Portanto, o que for prudente guardará
silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau, ou seja, pode ser traduzido –
conforme a BEG - esse “guardar silêncio” como "cessará", uma vez que
a palavra hebraica é usada em outro lugar como correspondendo à morte:
"Portanto, cairão os seus jovens nas suas praças; todos os homens de
guerra serão reduzidos a silencio naquele diz" (Jr 49.26; 50.30).
O Senhor retirou os homens sábios ou prudentes
das posições de liderança como parte de seu julgamento de uma nação; por
exemplo, Judá (Is 3.1-4,12) e Edom (Jr 49.7; Ob 8).
4.
Uma convocação para o lamento (5.16-17).
Novamente o apelo para a busca do bem e não
do mal. Para esse pensamento, veja Is 1.16-17. Compare com 5.4, em que Deus
ordenou que o seu povo o procurasse e vivesse.
Conquanto seja verdade que a obediência ao
Senhor traz segurança e prosperidade (Dt 28.1-14), esse versículo aponta para
uma verdade ainda mais profunda: conhecer Deus é a essência da vida (cf. Jo
17.3).
Em assim procedendo, buscando ao Senhor,
fugindo do mal, o Senhor, o Deus dos Exércitos, seria com eles. Isso expressa a
mais profunda necessidade do povo de Deus, a qual também é antecipada (mas com
palavras hebraicas diferentes) em Is 7.14 - "Emanuel" significa
"Deus conosco" (Mt 1.231).
Os israelitas, com confiança enganosa,
afirmavam que o Senhor estava com eles, apesar de sua rebeldia, simplesmente
porque ele havia feito uma aliança com eles. Para um exemplo semelhante de confiança
sem fundamento, veja Mt 3.9.
Odiando o mal, amando o bem, estabelecendo
o juízo na porta, sim, fazendo tudo isso, talvez o Senhor tivesse piedade do
remanescente de José.
No tempo de Amós, Israel era relativamente
próspero e forte. A frase antecipa o tempo futuro após a vinda do julgamento de
Deus. Se o povo corrigisse seus hábitos, era possível que Deus fosse mais
brando com relação ao julgamento de toda a nação.
Considerando que os oráculos estão em ordem
cronológica, Deus já havia prometido enviar as mulheres ricas de Samaria para o
exílio (4.2), mas aqui o profeta ofereceu esperança, embora isso não fosse uma
garantia ("talvez") de que o restante do povo fosse poupado caso se
arrependesse. Essa série termina com Deus prometendo destruir Samaria (6.8).
Os versículos 16 e 17, conforme a BEG, compreendem
a intimação ao luto que conclui o lamento.
Em todas as ruas – vs. 17 – e em todas as vinhas
– vs. 18 – haveria pranto, porque o Senhor passaria pelo meio do povo.
Os lamentos sobre Israel continuariam em
toda parte da Terra Prometida, pois todas as partes seriam punidas. Em todas as
ruas dirão: Ai! Ai! Para outros usos proféticos dessa exclamação, veja o vs.
18; 6.1; Is 1.4; Jr 22.18. A mesma frase aparece em Êx 12.12, onde o Senhor
falou sobre o iminente julgamento do Egito, "Porque, naquela noite,
passarei pela terra do Egito".
Ironicamente, pelo fato de seu povo ter-se
tornado tão pagão quanto o povo do Egito, ele agora iria passar por Israel em
julgamento, como uma vez havia passado pela terra de seus opressores.
2. Ai daqueles que desejam o dia do Senhor (5.18-27).
O profeta pronunciou um "ai"
sobre o Reino do Norte, em vista do seu futuro desanimador – vs. 18 ao 27.
O "dia do SENHOR" faz referência
ao tempo em que Deus virá como Rei para julgar os seus inimigos e abençoar o
seu povo fiel (veja Is 2.12; 13.6-13; Ob 15; Sf 1.7,14).
Todo período importante de julgamento no
Antigo Testamento pode ser chamado de "dia do SENHOR", assim como o
Novo Testamento associa o termo com o Pentecostes (At 2.20), mas primeiramente
com a ainda futura vinda de Cristo (1Co 1.8; 5.5; 2Co 1 14; 1Ts 5.2; 2Ts 2.1;
2Pe 3.10).
Para que desejais vós o Dia do SENHOR? Pode
ser traduzido também como, "O que lhe trará de bom o Dia do SENHOR?"
Os israelitas estavam tão confiantes de sua boa reputação com Deus que
acreditavam que o dia do Senhor seria benéfico para eles.
Eles não compreendiam que suas violações
notórias da aliança na verdade os tornavam inimigos de Deus, objetos da ira
dele.
O dia do Senhor seria um dia de trevas e
não de luz. Talvez isso seja uma repercussão do vs. 8. No julgamento, o Senhor
tem poder para transformar o dia em noite, tanto de modo literal quando
figurado.
O mal nos sobrevém por causa de nossas
práticas erradas ou por causa de nossa boca? Adianta eu ficar declarando
palavras boas e repreendendo o mal se minha conduta continua errada? Assim,
eles precisavam de ter atitude, mas confiavam tanto em sua “fé” que se tornaram
ainda mais nojentos.
Amós retratou a futilidade da tentativa de
escapar do julgamento do Senhor - veja Is 24.17-18. Em hebraico, a pergunta “não
será...” espera uma resposta positiva, ou seja, aqui seria de trevas e não luz,
completa escuridade e não claridade. Figurativamente, isso representa bem-estar
e motivo de alegria. Mas a claridade também é associada ao Senhor (SI 18.12; Is
4.5) e aos justos (Pv 4.18, Is 60.3; 62.1). A implicação aqui é de que não
haveria luz da justiça na terra e nem claridade no semblante (favorável) do
Senhor.
O julgamento seria sinistro e total, e
tragaria toda a terra.
Agora o Senhor desabafa e diz não estar
satisfeito com as práticas deles em festas e ajuntamentos solenes – vs. 21-23.
Essa é uma breve crítica às práticas religiosas de Israel.
O ponto não é que as práticas eram erradas,
pois o Senhor as havia ordenado. No entanto, elas estavam sendo praticadas de
maneira não espiritual, tendo a forma religiosa, mas negando o seu poder (1Tm
3.5), ou seja, era tudo de fachada, como para enganar.
No verso 21, ele diz que aborrecia e desprezava
aquelas festas e assembleias. Duas palavras combinadas para expressar mais
fortemente um conceito que nenhuma das duas poderia transmitir sozinha.
Poderia ser traduzido, "Eu rejeito com
absoluto ódio". Deus não tinha nenhum prazer, literalmente, "não
aspirarei". A expressão vem do contexto dos sacrifícios. De modo
semelhante, na aliança original o Senhor havia declarado "não aspirarei o
vosso aroma agradável" (Lv 26.31), caso o seu povo se tornasse
desobediente.
Há bênçãos nos cultos a Deus, nas festas, assembleias
solenes, mas juntas com falsidade, hipocrisia e engano, o Senhor detestava,
odiava. Uma visão deturpada de Deus os levavam a agir assim, como querendo fazer
de Deus um gênio da lâmpada, poderoso, mas escravo do adorador.
Por isso que ainda que lhe oferecessem
sacrifícios, holocaustos e ofertas, ainda assim não se agradaria deles. O
Senhor sempre esteve mais interessado na nossa atitude espiritual em relação a
ele (e aos outros criados à sua imagem) do que nos sacrifícios (cf. Mt 5.23-24;
1Co 13.3).
Até os cantos oferecidos a Deus eram, não
melodias, nem músicas, mas sovam com um estrépito – vs. 23 - literalmente,
"estrondo" e não como canções de adoração. A mesma palavra é usada
para descrever o tumulto de águas no céu quando o Senhor ribomba o trovão (Jr
10 13), assim como o barulho das rodas dos carros do exército (Jr 47.3).
Em lugar daquilo tudo o que Deus queria e
gostaria de ver neles era o juízo e a justiça, fluírem como um rio perene.
No Oriente Médio – nos ensina a BEG -,
ribeiros são vales estreitos através dos quais a água flui na época de chuvas,
mas que podem estar completamente secos em outras épocas. Simbolicamente, o
Senhor, aquele que dá as chuvas, providenciaria chuva perpétua alegremente para
suprir os ribeiros do juízo e da justiça, mas Israel, o ribeiro seco, não a
receberia.
»AMÓS [5]
Am 5:1 Ouvi
esta palavra que levanto como lamentação sobre vós,
ó casa de Israel.
Am 5:2 A virgem de Israel caiu;
nunca mais tornará a levantar-se;
desamparada jaz na sua terra;
não há quem a levante.
Am 5:3 Porque
assim diz o Senhor Deus:
A cidade da qual saem mil terá de resto cem,
e aquela da qual saem cem terá dez para a casa de
Israel.
Am 5:4 Pois
assim diz o Senhor à casa de Israel:
Buscai-me, e vivei.
Am 5:5 Mas não busqueis a Betel,
nem entreis em Gilgal,
nem passeis a Berseba;
porque Gilgal certamente irá ao cativeiro,
e Betel será desfeita em nada.
Am 5:6 Buscai ao Senhor, e vivei;
para que ele não irrompa na casa de José como fogo
e a consuma, e não haja em Betel quem o apague.
Am 5:7 Vós que converteis o juízo em alosna,
e deitais por terra a justiça,
Am 5:8 procurai aquele que fez as Plêiades e o Oriom,
e torna a sombra da noite em manhã,
e transforma o dia em noite;
o que chama as águas do mar,
e as derrama sobre a terra;
o Senhor é o seu nome.
Am 5:9 O que faz vir súbita destruição sobre o forte,
de sorte que vem a ruína sobre a fortaleza.
Am 5:10 Eles odeiam ao que na porta os repreende,
e abominam ao que fala a verdade.
Am 5:11 Portanto, visto que pisais o pobre,
e dele exigis tributo de trigo,
embora tenhais edificado casas de pedras lavradas,
não habitareis nelas;
e embora tenhais plantado vinhas desejáveis,
não bebereis do seu vinho.
Am 5:12 Pois sei que são muitas as vossas
transgressões,
e graves os vossos pecados;
afligis o justo, aceitais peitas,
e na porta negais o direito aos necessitados.
Am 5:13 Portanto, o que for prudente
guardará silêncio naquele tempo,
porque o tempo será mau.
Am 5:14 Buscai o bem, e não o mal,
para que vivais; e assim o Senhor,
o Deus dos exércitos, estará convosco, como dizeis.
Am 5:15 Aborrecei o mal, e amai o bem,
e estabelecei o juízo na porta.
Talvez o Senhor, o Deus dos exércitos,
tenha piedade do resto de José.
Am 5:16
Portanto, assim diz o Senhor Deus dos exércitos, o Senhor:
Em todas as praças haverá pranto, e em todas as ruas
dirão: Ai! ai!
E ao lavrador chamarão para choro,
e para pranto os que souberem prantear.
Am 5:17 E em todas as vinhas haverá pranto;
porque passarei pelo meio de ti, diz o Senhor.
Am 5:18 Ai de vós que desejais o dia do Senhor!
Para que quereis vós este dia do Senhor?
Ele é trevas e não luz.
Am 5:19 E como se um homem fugisse de diante do leão,
e se encontrasse com ele o urso;
ou como se, entrando em casa,
encostasse a mão à parede, e o mordesse uma cobra.
Am 5:20 Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não
luz?
não será completa escuridade, sem nenhum resplendor?
21 Aborreço, desprezo as vossas festas,
e não me deleito nas vossas assembléias solenes.
Am 5:22 Ainda que me ofereçais holocaustos,
juntamente com as vossas ofertas de cereais,
não me agradarei deles;
nem atentarei para as ofertas pacíficas
de vossos animais cevados.
Am 5:23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos,
porque não ouvirei as melodias das tuas liras.
Am 5:24 Corra, porém, a justiça como as águas,
e a retidão como o ribeiro perene.
Am 5:25 Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações
no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
Am 5:26 Sim, levastes Sicute, vosso rei,
e Quium, vosso deus-estrela,
imagens que fizestes para vos mesmos.
Am 5:27 Portanto vos levarei cativos para além de
Damasco,
diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos.
No vs. 25, uma pergunta retórica
relacionada à oferta de sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos. Tais
ofertas haviam sido, de fato, apresentadas ao Senhor (cf. Ex 18.12; Lv 9.8-24).
Mas o ponto da pergunta retórica era enfatizar que tais sacrifícios não eram de
importância primordial para Deus. Antes, ele queria (e ainda quer) adoração
oferecida em espírito e em verdade.
Ao invés da adoração em espírito e em
verdade, levaram a tenda de Moloque e a estátua das suas imagens, a estrela do
deus deles que fizeram para eles mesmos.
De fato, a consoante hebraica indica essa
interpretação. A BEG nos diz que Sicute era um deus assírio da guerra e da
caça, e o nome significa "rei da decisão" (ou seja, o "rei"
divino que decidia a vitória ou a derrota na guerra).
Os tradutores da Septuaginta (a tradução
grega do AT) não sabiam disso e então traduziram como
"tenda/tabernáculo". Eles também traduziram "vosso rei"
como "Moloque" (cf. At 7.42-43).
O deus-estrela deles ou a estrela do deus
deles (NVI), também pode ser traduzido como "Kais,van", um nome atestado
em outras línguas semíticas (acadiana, siríaca e árabe) para o planeta Saturno,
que é a seguir citado como "a estrela do seu deus".
Polêmicas do Antigo Testamento contra a
idolatria geralmente enfatizavam que essas produções eram feitas por seres
humanos (cf. Is 44.9-20; Jr 10.1-16; Mq 5.10-16).
O fato era que por causa disso seriam
levados cativos para além de Damasco. Exílio para além de Damasco implicaria
deportação para a Assíria, como o público de Amós teria compreendido muito bem ser
expulso para longe de casa era uma das maldições da aliança original (Dt
28.36,49,64-68).
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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