Como já dissemos, o livro de Joel é um
livro que possui dois temas teológicos centrais: o conceito do "Dia do
SENHOR" que está associado a um dia de julgamento contra o próprio povo de
Deus e o arrependimento.
III. RESPOSTAS DIVINAS AO ARREPENDIMENTO (2.18 3.21) - continuação.
Como já falamos, nessa parte III, que é a
última deste livro, estamos vendo que Deus respondeu ao arrependimento do seu
povo com promessas de julgamento final de seus inimigos e com bênçãos para o
seu povo arrependido. São as respostas divinas ao arrependimento.
O Senhor, o Deus da aliança, prometeu
renovar a terra e seu povo à medida que este respondesse em arrependimento às
crises de 1.2-2.17.
A renovação redentora do povo de Deus
culminará um dia na devastação final dos inimigos de Sião e na derradeira exaltação
da própria Sião.
Esses capítulos foram divididos em duas
seções: A. A promessa de Deus de renovação (2.18-32) – já vimos - e B. Julgamento e bênção finais (3.1-21) – concluiremos agora.
B. Julgamento e bênção finais (3.1-21).
Os vinte um versículos deste capítulo
tratarão de bênçãos e julgamento finais. A resposta de Deus às crises do seu
povo terá o seu clímax no Dia do Senhor, um dia no qual Deus julgará todos os
seus inimigos (vs. 1-17) e abençoará o seu povo para sempre (vs. 18-21). Assim,
nossa divisão será a seguinte: 1. O julgamento das nações (3.1-16) e 2. Bênçãos
para o povo de Deus (3.17-21).
1. O julgamento das nações (3.1-16).
O iminente Dia do Senhor incluirá julgamento
contra as nações que se rebelaram contra Deus e perturbaram o seu povo.
Começa-se o capítulo com a expressão naqueles
dias e naquele tempo. Sinônimo de "naquele momento", essa frase marca
o início de mais uma série de promessas para o povo de Deus (Jr 33.15; 50.4,20),
onde o Senhor mudará a sorte deles que também pode ser interpretado como
"trarei de volta do cativeiro" (veja Jr 29.14).
A restauração também incluiria o julgamento
dos inimigos de Israel ("todas as nações") por todas as injustiças
contra o povo de Deus e contra a terra.
As nações seriam ajuntadas e Deus as faria
descer ao vale de Josafá, também conhecido como o "vale da Decisão"
mencionado no vs. 14. O nome significa "o SENHOR julga" e é um
símbolo do que estava para acontecer no Dia do Senhor. Não se trata de menção a
um vale específico, mas seria ali que o Senhor entraria em juízo contra elas.
Isso porque o seu povo e a sua herança
havia disso espalhado e repartido entre eles e também, depois de os prisioneiros
terem lançado sortes (Ob 11; Na 3.10), as crianças indefesas foram negociadas e
vendidas para propósitos de libertinagem (Am 2.6).
Logo depois da deportação do povo, a terra
foi redistribuída entre os conquistadores. A referência histórica não é clara –
nos diz a BEG -, podendo referir-se até mesmo a pequenas deportações envolvendo
guerras de fronteira (p. ex., Am 1.9-10).
A acusação legal contra Tiro e Sidom (isto
é, a parte costeira da Fenícia) e as regiões da Filistia (isto é, a parte
costeira da Palestina; Js 13.2,3) refere-se ao seu envolvimento na captura e no
tráfico de israelitas como prisioneiros de guerra. As duas regiões venderam
israelitas como escravos para os gregos (vs. 6) e para Edom (Am 1.6,9).
A prata e o ouro da Terra Prometida, assim
como seus habitantes, pertenciam ao Senhor (Ag 2.8) e Tiro e Sidom haviam se
enriquecido desse comércio ilegal.
Os judaitas vendidos aos gregos estavam tão
longe de casa que era praticamente impossível localizá-los ou fazer a viagem
para comprar a liberdade deles e mandá-los de volta para a Terra Prometida.
No entanto, Deus agiria de forma
espetacular realizando o grande milagre de trazê-los de volta à terra e o povo
de Deus restaurado haveria de agir como mediador da punição de Tiro, Sidom e da
Filístia.
Em retribuição ao que fizeram, cairiam nas
mãos dos judeus que não teriam piedade deles e semelhantemente venderiam seus
filhos e filhas aos sabeus, mercadores da distante terra de Sabá (1 Rs 10.1-13;
Jr 6.20). Isso viria do Senhor e quem poderia mudar? – vs. 8.
De modo amargamente irônico – nos ensina a
BEG -, Joel convidou à batalha aquelas nações que seriam derrotadas pelo
Senhor.
Eles deveriam forjar dos seus arados, espadas;
e de suas foices, fazerem lanças. Depois dizerem ao fraco: "Sou um
guerreiro!" – é interessante observar o contraste com Is 2.4; Mq 4.3 que
fala justamente o contrário.
O lugar da grande batalha seria o vale de
Josafá que é explicado no vs. 12, o verso seguinte, que diz que as nações
deveriam se despertar e avançar para o vale de Josafá, pois ali Deus se sentará
para julgar todas as nações vizinhas.
Conforme a BEG, tal como o grão pronto para
ser segado (Is 17.5) e como as uvas a serem prensadas (Is 63.3), as nações
extremamente pecadoras estavam prontas para serem colhidas (cf. Ap
14.15,18,20).
O lagar estava cheio e os seus
compartimentos transbordavam. O lagar cheio e os compartimentos transbordantes
enfatizam o tamanho da impiedade das nações reunidas no vale para serem
julgadas.
Eram multidões e multidões no vale da
Decisão, pois estava perto o Dia do Senhor. A iminência do grande Dia do
Senhor, um dia quando ele trará vingança sobre as nações, é mais uma vez
enfatizada (1.15; 2.1). O vale de Josafá é agora identificado como o vale da
Decisão, o lugar onde o julgamento do Senhor será exercido sobre as multidões.
A natureza responderá ao aparecimento do
Senhor no dia do julgamento (2.10,31; Am 5.18). A linguagem cósmica normalmente
figurada representa acontecimentos de importância nacional; porém, no dia final
do Senhor, o próprio universo será realmente destruído e recriado (2Pe 3.7-12;
Ap 21.1).
·O
sol e a lua escurecerão.
·As
estrelas já não brilharão.
·O
Senhor rugirá de Sião.
·De
Jerusalém, levantará a sua voz.
·A
terra e o céu tremerão. A terra e o céu tremem diante da poderosa voz do Senhor
(SI 29.3-9; Jr 25.30; Am 1.2).
·Mas
o Senhor será um refúgio para o seu povo.
·E
também uma fortaleza para Israel.
Compare com os textos em Mateus 24.29; Marcos
13.24; Lucas 21.25,26. Vejamos, por exemplo, Mateus 24:29 que diz que imediatamente
após a tribulação daqueles dias:
·O
sol escurecerá.
·A
lua não dará a sua luz.
·As
estrelas cairão do céu.
·Os
poderes celestes serão abalados.
No meio das extraordinárias manifestações
da ira do Senhor contra as nações, Deus protegerá o povo da aliança (SI 46.1;
Is 25.4), sendo para eles um refúgio e uma fortaleza – vs. 16.
2. Bênçãos para o povo de Deus (3.17-21).
Até o final do livro, agora veremos as bênçãos
para o povo de Deus. Embora as nações sejam julgadas, o povo de Deus,
arrependido, será abençoado para sempre no Dia do Senhor. E quanto aos que não
se arrependerem? Somente restará para eles o mesmo juízo das nações.
Por isso que o escritor de Hebreus exorta o
povo a entrar e a se esforçar por entrar no descanso de Deus para não serem
achados no engano da incredulidade. “Procuremos,
pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de
desobediência.” – Hb 4.11.
Uma das expressões favoritas de Ezequiel
aparece aqui também “saberão que eu sou o Senhor”. Em Ezequiel há cerca de 96
expressões dessas e sempre associadas ao juízo de Deus quando este não tinha
mais jeito de se evitar.
Aqui a expressão vem acompanhada com a explicação
de que o Senhor habita em Sião. A experiência de Judá quanto à proteção de Deus
– ele habitando conosco -, mesmo enquanto ele está irado, aprofundará a sua
noção da realidade da presença de Deus em seu meio, ou seja, em Sião, o santo
monte do Senhor (SI 46.4; Isa 8.18; 52.1-2; Zc 2.10; 8.3). O Novo Testamento
explica que essa promessa será finalmente cumprida nos novos céus e na nova
terra (Ap 21.3).
A cena final do drama – vs. 18 - é de
prosperidade e de bênçãos paradisíacas (cf. 2.19-26), como uma fonte da Casa do
SENHOR, como a nascente de um rio que dá vida (SI 46.4; Ez 47.1-12) e que rega
até mesmo o vale seco e estéril onde crescem as acácias. O Novo Testamento
prevê o cumprimento dessa profecia na volta de Cristo (Ap 22.1-2).
»JOEL [3]
Pois eis que naqueles dias, e naquele tempo,
em que eu restaurar os exilados de Judá e de
Jerusalém,
2 congregarei todas as nações,
e as farei descer ao vale de Jeosafá;
e ali com elas entrarei em juízo,
por causa do
meu povo, e da minha herança, Israel,
a quem elas espalharam por entre as nações;
repartiram a minha terra,
3 e lançaram sortes sobre o meu povo;
deram um menino por uma meretriz,
e venderam uma menina por vinho, para beberem.
4 E também que tendes vós comigo,
Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia?
Acaso quereis vingar-vos de mim?
Se assim vos quereis vingar,
bem depressa retribuirei o vosso feito
sobre a vossa cabeça.
5 Visto como levastes a minha prata e o meu ouro,
e os meus ricos tesouros metestes nos vossos templos;
6 também vendestes os filhos de Judá e os filhos de
Jerusalém
aos filhos dos gregos, para os apartar para longe
dos seus termos;
7 eis que eu os suscitarei do lugar para onde os
vendestes,
e retribuirei o vosso feito sobre a vossa cabeça;
8 pois venderei vossos filhos e vossas filhas
na mão dos filhos de Judá,
e estes os venderão aos sabeus, a uma nação remota,
porque o Senhor o disse.
9 Proclamai isto entre as nações:
Preparai a guerra, suscitai os valentes.
Cheguem-se todos os homens de guerra,
subam eles todos.
10 Forjai espadas das relhas dos vossos arados,
e lanças das vossas podadeiras; diga o fraco:
Eu sou forte.
11 Apressai-vos, e vinde,
todos os povos em redor, e ajuntai-vos; para ali, ó
Senhor,
faze descer os teus valentes.
12 Suscitem-se as nações, e subam ao vale de Jeosafá;
pois ali me assentarei, para julgar todas as nações em
redor.
13 Lançai a foice, porque já está madura a seara;
vinde, descei, porque o lagar está cheio,
os vasos dos lagares trasbordam,
porquanto a sua malícia é grande.
14 Multidões, multidões no vale da decisão!
porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão.
15 O sol e a lua escurecem,
e as estrelas retiram o seu resplendor.
16 E o Senhor brama de Sião, e de Jerusalém faz ouvir
a sua voz;
os céus e a terra tremem,
mas o Senhor é o refúgio do seu povo,
e a fortaleza dos filhos de Israel.
17 Assim vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus,
que habito em Sião, o meu santo monte;
Jerusalém será santa, e estranhos não mais passarão
por ela.
18 E naquele dia os montes destilarão mosto,
e os outeiros manarão leite,
e todos os ribeiros de Judá estarão cheios de águas;
e sairá uma fonte da casa do Senhor,
e regará o vale de Sitim.
19 O Egito se tornará uma desolação,
e Edom se fará um deserto assolado,
por causa da violência que fizeram
aos filhos de Judá,
em cuja terra derramaram sangue inocente.
20 Mas Judá será habitada para sempre,
e Jerusalém de geração em geração.
21 E purificarei o sangue que eu não tinha purificado;
porque o Senhor habita em Sião.
O Egito (1 Rs 14.25-26; 2Rs 23.29) e Edom
(Ob 9-14), inimigos históricos de Israel e, aqui, representação de todos os
inimigos de Israel, ficariam em ruínas após o julgamento.
Ao contrário de seus inimigos, Judá e Jerusalém
serão abençoadas e possuirão perpetuamente a Terra Prometida (Jr 17.25; Zc
12.6). A continuidade desse bendito arranjo corresponde ao ensino do Novo
Testamento sobre a vida eterna nos novos céus e na nova terra (Ap 21).
Joel deixa transparecer uma nota de
promessa e certeza ao relembrar a todos os ouvintes e leitores a soberania
eterna de Deus. Portanto, o povo da aliança de Deus deve prosseguir confiando
na sua fidelidade (SI 9.11-12).
O livro de Joel é um livro que possui dois temas
teológicos centrais: o conceito do "Dia do SENHOR" que está associado
a um dia de julgamento contra o próprio povo de Deus e o arrependimento. II.
CRISES QUE EXIGEM ARREPENDIMENTO (1.2-2.17) – continuação.
Como já dissemos, nesta segunda parte,
estamos vendo que uma praga de gafanhotos e a seca prenunciavam a necessidade
de arrependimento para o iminente dia de um julgamento ainda maior.
Seguindo a estruturação proposta pela BEG,
dividiremos essa parte em duas seções que representam as duas crises que
levaram os judeus a se confrontarem com as consequências de seus pecados. A. A
recente devastação provocada por gafanhotos e a seca (1.2-20) – já vimos; B. A futura devastação no Dia
do Senhor (2.1-17) – veremos e
concluiremos agora.
B. A futura devastação no Dia do Senhor (2.1-17).
Até o vs. 17, deste segundo capítulo, estaremos
vendo as crises que exigiam arrependimento. O profeta muda o foco, deixando os
gafanhotos e a seca e voltando-se agora para o assunto mais importante, o Dia
do Senhor, que estava prestes a chegar.
Joel pede que "todos os moradores da
terra" (vs. 1) se preparem para um ataque do exército do Senhor, o
guerreiro divino. Um coração contrito entre o povo talvez trouxesse compaixão e
deixasse "após si uma bênção" (vs. 14). Se o povo se arrependesse do
seu pecado e se voltasse para o Senhor, eles poderiam ser libertos.
O capítulo se inicia com um imperativo para
se tocar a trombeta em Sião. Esse instrumento, feito de chifre de carneiro,
indicava perigo - aqui, a chegada do Dia do Senhor.
O alarme deveria ser dado em Sião, o santo
monte do Senhor, e em Jerusalém. Todos deveriam tremer diante do toque da
trombeta (Am 3.6; Sf 1.14-16) que já estava próximo. Mais uma vez o Dia do
Senhor é descrito como iminente (veja 1.15; 3.14).
A linguagem usada para descrever a chegada
do Dia do Senhor que envolviam as palavras dia de escuridade e densas trevas,
nuvens e negridão (cf. Am 5.18,20; Sf 1.15) correspondia à usada para descrever
os aparecimentos do Senhor no passado (Dt 4.11; 5.22-23; SI 97.2).
O exército do Senhor, que estava vindo para
julgar Israel, era semelhante ao exército de gafanhotos de 1.6, mas também era
como um exército invasor (vs. 4-11) que como a alva envolvia os montes, assim
estaria envolvida Jerusalém.
Os invasores que têm a aparência de cavalos
e que como cavalaria, atacam galopando, arrasariam a terra. O enorme contraste
entre "o jardim do Éden" e um "deserto assolado" (veja Gn
13.10; Is 51.3; Ez 28.13-19; 31.8-9,16-18; 36.35) enfatiza o horror da
inevitável invasão.
A destruição era por todos os lados e sem
saídas, pois na sua frente um fogo tudo consumia e na sua retaguarda, chamas
abrasadoras que deixavam tudo devastado.
No vs. 5, mais uma vez o exército é
comparado à invasão dos gafanhotos (Ap 9.1-11). Porém, tal como a descrição da
chegada do Senhor em Mq 1.3-4, a linguagem é de natureza simbólica. Dos vs. 6
ao 8, notamos o terror sendo espalhado e a firmeza do exército invasor, sempre
avançando, marchando e destruindo.
O exército era disciplinado, implacável e
bem-sucedido. A "cidade" (vs. 9) foi finalmente conquistada (cf. a praga
dos gafanhotos em Êx 10.6).
As visitações do Senhor estão associadas a
inversões naturais e retorno do caos. Dependendo da severidade da intervenção
divina, todo o cosmos pode ser afetado (vs. 31; Jr 4.23-26; Ez 32.7-8; Na 1.5;
Hc 3.6,10). Por isso que diante deles a terra tremia, o céu estremecia, o sol e
a lua escureciam, e as estrelas paravam de brilhar – vs. 10.
O implacável exército era do Senhor. Ele
ordenou e suas forças obedeceram. Em várias ocasiões, o Dia do Senhor é
descrito:
·Como
grande (2.31; Sf 1.14).
·Terrível
(MI 4.5).
·Insuportável
(Na 1.6; MI 3.2).
No vs. 12, um apelo final. O Senhor convida
a que se escape do juízo por meio de um retorno a ele de todo o coração - uma
reorientação total da vida de uma pessoa na direção de Deus, com jejuns, com
choro e com pranto, ou seja, com sinais visíveis de arrependimento (Ed 10.1-6; Et
4.3; Jn 3.5-9).
Como, pois, deveríamos voltar ao Senhor,
sendo nós convocados ao arrependimento sabendo que ele é misericordioso e
compassivo, muito paciente, cheio de amor e que se arrepende do mal?
·De
todo o coração.
·Com
jejum.
·Com
lamento.
·Com
pranto.
·Rasgando
o coração e não as vestes.
A chamada para voltar-se para o Senhor
estava baseada numa declaração confessional sobre a natureza do Senhor,
encontrada em Êx 34.6-7 e frequentemente repetida por todo o Antigo Testamento
(p. ex., Nm 14.18; Ne 9.17; SI 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2). Ele é nosso Deus
misericordioso e compassivo – vs. 13.
A caracterização de Deus no vs. 13 não
limita a sua soberania e nem a sua liberdade (cf. Êx 33.19; 2Sm 12.22; Lm 3.29;
Jn 3.9; Sf 2.3). A reação de Deus ao arrependimento não é mecânica, mas é de
misericórdia. Ele pode levar a cabo sua ameaça de julgamento ou pode
revertê-la, retardá-la, amenizá-la ou poupar dela as pessoas arrependidas.
Uma coisa é certa, Deus é a própria justiça
e jamais cometerá injustiças, pois como poderia a justiça ser injusta? O amor
de Deus é muito interessante e nós devemos amar a ele e ao nosso próximo como
ele nos ama.
O fim de todo mandamento, interpretado pelo
próprio Senhor, é amar a Deus acima de todas as coisas e ao seu próximo como a
si mesmo. Nisso se resume toda a lei e os profetas e os escritos. (Mt
22.37-40).
Outras instruções sobre a volta ao Senhor
envolviam um santo jejum e uma assembleia (vs. 15), assim como a reunião e
consagração de todo o povo, incluindo anciãos, filhos, crianças que mamam e até
mesmo aqueles que estão prestes a se casar (vs. 16). A característica de staccato[1]
da poesia hebraica presente nesses versículos enfatiza a urgência da situação.
No vs. 17, instruções específicas também
foram dadas aos sacerdotes, os quais deveriam chorar e fazer orações de
intercessão (1.13) entre o pórtico e o altar, ou seja, no lugar usual da
intercessão sacerdotal (1 Rs 8.22; Ez 8.16). Esse lamento sacerdotal apelava
para o senso de propriedade e orgulho do Senhor presente no povo de sua aliança
(Dt 9.26,29; SI 44.11-14; 74.2; 79.10, 115.2; Mq 7.10).
III. RESPOSTAS DIVINAS AO ARREPENDIMENTO (2.18 3.21).
Nessa parte III que é a última deste livro,
veremos que Deus respondeu ao arrependimento do seu povo com promessas de
julgamento final de seus inimigos e com bênçãos para o seu povo arrependido.
São as respostas divinas ao arrependimento.
O Senhor, o Deus da aliança, prometeu
renovar a terra e seu povo à medida que este respondesse em arrependimento às
crises de 1.2-2.17.
A renovação redentora do povo de Deus
culminará um dia na devastação final dos inimigos de Sião e na derradeira
exaltação da própria Sião.
Esses capítulos dividem-se em duas seções:
A. A promessa de Deus de renovação (2.18-32) – veremos agora - e B. Julgamento e bênção finais (3.1-21).
A. A promessa de Deus de renovação (2.18-32).
O arrependimento trará renovação das
bênçãos de Deus. Ele abençoará a terra (vs. 18-27) e renovará o seu povo com o
seu Espírito (vs. 28-32). Logo, dividiremos essa seção “A” em duas divisões: 1.
A renovação da terra (2.18-27) e 2. A renovação do povo de Deus (2.28-32).
1. A renovação da terra (2.18-27).
Veremos nestes versículos até o 27, essa
renovação da terra. A terra que sofrera debaixo do juízo de Deus será abençoada.
Nesse ponto em que o Senhor promete a
restauração, há uma mudança de assunto de clima e de tempo. As orações do povo
de Deus serão respondidas.
Deus enviaria a eles de modo que seriam
fartos, com a promessa também de que não mais os entregariam ao opróbrio entre
os gentios:
·O
trigo.
·O
mosto (vinho).
·O
azeite.
Alguns comentaristas entendem que essa
expressão relativa a um exército que vem do Norte - vs. 20 - é uma referência
aos gafanhotos do cap. 1, embora seja mais provável que se trate de uma
referência aos invasores estrangeiros do grande e poderoso exército do Senhor
do cap. 2.
Diferentemente das invasões mais literais
de gafanhotos que vinham do leste ou do sul, as invasões estrangeiras muitas
vezes vinham do norte (veja, p. ex., Jr 1.14-15; 4.6; 6.1,22; Ez 38.6,15; 39.2).
Dos vs. 21 ao 24, vemos Deus fazendo
grandes e maravilhosas promessas, por isso que a terra e os animais do campo
não deveriam temer; então, juntamente com o povo de Sião, eles foram exortados
a se alegrar e regozijar com a abundância agrícola que vinha do Senhor.
·As
eiras se encherão de trigo.
·Os
lagares trasbordarão de mosto
·Os
lagares transbordarão de azeite.
No vs. 25, a restauração – ver 1.4 – dos anos
que foram consumidos pelo grande exército que Deus tinha enviado contra eles:
·Gafanhoto
cortador.
·Gafanhoto
migrador.
·Gafanhoto
devorador.
·Gafanhoto
destruidor.
A benção seria muito grande, as bênçãos da
natureza levariam ao louvor (cf. Dt 8.10; Os 13.5-6), de forma que comeriam
abundantemente e se fartariam. A restauração resultaria numa nova percepção de
que o Senhor estava em Israel, que ele era o Deus da aliança e que não havia
outro além dele.
2. A renovação do povo de Deus (2.28-32).
Doravante, até ao final do capítulo, vs.
32, veremos a renovação do povo de Deus. Já perto do grande Dia do Senhor,
acontecerá um derramamento sem precedentes do Espírito de Deus, trazendo
salvação a seu povo.
Conforme a BEG, assim como Moisés orou
pelos israelitas para que servissem como profetas de Deus (Nm 11.29), Joel
predisse que esse desejo seria vivenciado na glória futura de Israel.
Pedro proclamou que o cumprimento dessa
visão iniciou-se no Pentecostes com o advento do Espírito Santo (At 2.16-21),
com a capacitação dos crentes a darem testemunho de Jesus Cristo (At 1.8).
Ao fazer a introdução dessa profecia usando
as palavras "nos últimos dias" (At 2.17), Pedro a interligou com
outras profecias sobre o futuro messiânico de Israel e, assim, ensinou que o
Pentecostes foi fundamental para a inauguração da prometida nova era.
Embora a palavra aqui “derramarei” faça
referência basicamente ao derramamento de líquidos (Gn 9.6; Ex 4.9), também é
usada para descrever o derramamento do Espírito (Ez 39.29; Zc 12.10) que ocorreria
durante a restauração depois do exílio.
A promessa envolvia toda a carne – filhos e
filhas, anciãos, mancebos, servos e servas – recebendo do Espírito do Senhor.
Sendo assim, passariam a profetizar, sonhar, ter visões - Nm 12.6; Jr 31.31-34;
Ez 36.26-29.
A estrutura dos versículos 30 e 31 enfatiza
a natureza cósmica dos acontecimentos que prenunciarão a chegada do grande e
terrível dia.
·Prodígios
no céu e na terra.
·Sangue
e fogo, e colunas de fumaça.
·O
sol se convertendo em trevas.
·A
lua se convertendo em sangue.
Quanto mais devastadora a intervenção
divina, maior a sublevação cósmica (veja Is 13.10; Ez 32.7-8; Am 8.9; Sf
1.14-17).
»JOEL [2]
1 Tocai a
trombeta em Sião,
e dai o alarma no meu santo monte.
Tremam todos os moradores da terra,
porque vem vindo o dia do Senhor;
já está perto;
2 dia de trevas e de escuridão,
dia de nuvens
e de negrume!
Como a alva, está espalhado sobre os montes
um povo grande e poderoso,
qual nunca houve, nem depois dele haverá
pelos anos adiante, de geração em geração:
3 Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama
abrasa;
a terra diante dele é como o jardim do Édem
mas atrás dele um desolado deserto;
sim, nada lhe escapa.
4 A sua aparência é como a de cavalos;
e como cavaleiros, assim correm.
5 Como o estrondo de carros sobre os cumes dos montes
vão eles saltando, como o ruído da chama de fogo
que consome o restelho, como um povo poderoso,
posto em ordem de batalha.
6 Diante dele estão angustiados os povos;
todos os semblantes empalidecem.
7 Correm como valentes, como homens de guerra sobem os
muros;
e marcham cada um nos seus caminhos
e não se desviam da sua fileira.
8 Não empurram uns aos outros;
marcham cada um pelo seu carreiro;
abrem caminho por entre as armas, e não se detêm.
9 Pulam sobre a cidade,
correm pelos muros;
sobem nas casas;
entram pelas janelas como o ladrão.
10 Diante deles a terra se abala;
tremem os céus;
o sol e a lua escurecem,
e as estrelas retiram o seu resplendor.
11 E o Senhor levanta a sua voz diante do seu
exército,
porque muito grande é o seu arraial;
e poderoso é quem executa a sua ordem;
pois o dia do Senhor é grande e muito terrível,
e quem o poderá suportar?
12 Todavia
ainda agora diz o Senhor:
Convertei-vos a mim de todo o vosso coração;
e isso com jejuns,
e com choro,
e com pranto.
13 E rasgai o vosso coração,
e não as vossas vestes;
e convertei-vos ao Senhor vosso Deus;
porque ele é misericordioso e compassivo,
tardio em irar-se
e grande em benignidade,
e se arrepende do mal.
14 Quem sabe se não se voltará e se arrependerá,
e deixará após si uma bênção,
em oferta de cereais e libação
para o Senhor vosso Deus?
15 Tocai a trombeta em Sião,
santificai um jejum,
convocai uma assembléia solene;
16 congregai o povo,
santificai a congregação,
ajuntai os anciãos,
congregai os meninos, e as crianças de peito;
saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor,
entre o alpendre e o altar, e digam:
Poupa a teu povo, ó Senhor,
e não entregues a tua herança ao opróbrio,
para que as nações façam escárnio dele.
Por que diriam entre os povos:
Onde está o seu Deus?
18 Então o Senhor teve zelo da sua terra,
e se compadeceu do seu povo.
19 E o Senhor, respondendo, disse ao seu povo:
Eis que vos envio
o trigo,
o vinho
e o azeite,
e deles sereis fartos;
e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações;
20 e removerei para longe de vós o exército do Norte,
e o lançarei para uma terra seca e deserta,
a sua frente para o mar oriental,
e a sua retaguarda para o mar ocidental;
subirá o seu mau cheiro, e subirá o seu fedor,
porque ele tem feito grandes coisas.
21 Não temas, ó terra;
regozija-te e alegra-te,
porque o Senhor tem feito grandes coisas.
22 Não temais, animais do campo;
porque os pastos do deserto já reverdecem,
porque a árvore dá o seu fruto,
e a vide e a figueira dão a sua força.
23 Alegrai-vos, pois, filhos de Sião,
e regozijai-vos no Senhor vosso Deus;
porque ele vos dá em justa medida a chuva temporã,
e faz descer abundante chuva, a temporã e a serôdia,
como dantes.
24 E as eiras se encherão de trigo,
e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite.
25 Assim vos restituirei os anos que foram consumidos
pela locusta voadora,
a devoradora,
a destruidora
e a cortadora,
o meu grande exército que enviei contra vós.
26 Comereis abundantemente e vos fartareis,
e louvareis o nome do Senhor vosso Deus,
que procedeu para convosco maravilhosamente;
e o meu povo nunca será envergonhado.
27 Vós, pois, sabereis que eu estou no meio de Israel,
e que eu sou o Senhor vosso Deus,
e que não há outro;
e o meu povo nunca mais será envergonhado.
28 Acontecerá
depois
que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
os vossos anciãos terão sonhos,
os vossos mancebos terão visões;
29 e também sobre os servos e sobre as servas naqueles
dias
derramarei o meu Espírito.
30 E mostrarei prodígios no céu e na terra,
sangue e fogo, e colunas de fumaça.
31 O sol se converterá em trevas,
e a lua em sangue,
antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.
32 E há de ser que todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo;
pois no monte
Sião e em Jerusalém estarão
os que escaparem,
como disse o Senhor,
e entre os sobreviventes
aqueles que o Senhor chamar.
Todo aquele que invocar o Senhor será
salvo! Isso nos remete a Romanos 10. Somente serão salvos os que invocarem, mas
somente invocarão os que crerem, mas somente crerão os que ouvirem, mas somente
ouvirão se houver alguém que pregue, mas somente pregarão se forem enviados.
A BEG fala dessa frase “invocar o nome do
Senhor” que se refere a adorar o Senhor (Gn 12.8), especialmente para fazer o
seu nome conhecido por aqueles que não o conhecem ou que se opõem a ele (1 Rs
18.24; SI 105.1; Is 12.4; Jr 10.25; Zc 13.9).
No monte Sião e em Jerusalém, somente
estarão os que forem salvos, como o Senhor prometeu. Entre os sobreviventes,
somente aqueles que o Senhor os chamar, conforme a BEG, os chamados pelo Senhor
que responderão com fé.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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