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sábado, 13 de junho de 2015

Joel 1 1-20 - OS GAFANHOTOS E A SECA - JUÍZOS DE DEUS.

SOBRE O LIVRO DE JOEL
Autor:
O profeta Joel, filho de Petuel.
Propósito:
Chamar o povo de Deus ao arrependimento para que pudessem escapar do juízo e desfrutar das bênçãos trazidas com a chegada do Dia do Senhor.
Data:
Desconhecida, mas o profeta deve ter vivido em Jerusalém num período de grandes atividades no templo de Deus. A Bíblia em Ordem Cronológica o coloca como tendo sido escrito no século 9 a.C., durante o reinado de Joás – próximo a 835a.C.
Verdades fundamentais – palavra chave: arrependimento.
           Os juízos de Deus temporários e históricos chamavam o povo ao arrependimento.
           Os juízos de Deus temporários indicavam a importância do arrependimento para o grande Dia do Senhor.
           Ao povo arrependido Deus havia a promessa de livramento do juízo e infindáveis bênçãos no futuro.
Propósito e características[1]
           É um livro que apresenta unidade em sua forma e construção.
           Um tema teológico central no livro de Joel é o conceito do "Dia do SENHOR" que está associado a um dia de julgamento contra o próprio povo de Deus.
ü  O Dia do Senhor era como um dia "terrível" (2.11).
ü  "Dia de escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão" (2.2).
ü  Um dia em que o Senhor liderará o seu exército contra Israel.
Contudo, na segunda parte do livro, Joel concentra-se no Dia do Senhor como um dia de julgamento dos inimigos do povo de Deus, enquanto o povo de Deus será protegido e abençoado (Is 13; Jr 46-51; Ez 25-32).
ü  No Dia do Senhor, as nações serão responsabilizadas pelos seus crimes contra o povo da aliança do Senhor e serão julgadas de acordo (3.2-16,19). Mas o povo da herança de Deus será protegido, bem como abençoado espiritual e fisicamente (2.28-32; 3.16-18,20-21).
           Outro tema central presente no livro é o arrependimento.
ü   Essa chamada ao arrependimento era feita a todo o povo de Deus que foi chamado a voltar-se para ele.
ü  Também era para todos os jovens e velhos, homens e mulheres, líderes e seguidores e até mesmo aqueles que pudessem ser considerados dispensados das responsabilidades comunitárias (p. ex., as mães que amamentam e os recém-casados [1.13-14; 2.15-17]).
ü  Joel conclama ainda o povo a voltar-se para Deus com todo o seu ser. Esse arrependimento deveria ser manifestado externamente por meio de ações como lamento, choro, clamor ao Senhor e jejum.
ü  Ele chamou ao arrependimento diante da praga do gafanhoto (1.13-14) e do ainda futuro dia do Juízo (2.15-17). Contudo, as manifestações de arrependimento puramente exteriores ou rituais eram inadequadas, e o Senhor convoca o seu povo a demonstrar a sinceridade do seu arrependimento voltando-se para ele de todo o coração (2.12-13).
ü  Joel também lembra o povo de Deus que a correta motivação para o arrependimento reside firmemente na natureza de Deus: "Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade" (2.13).
ü  Ao mesmo tempo, Joel enfatiza que a possibilidade de arrependimento está não com o povo, mas com Deus, que é livre para exercer a sua soberana liberdade e graça em conceder perdão ao seu povo.
Cristo no livro de Joel.
           O livro de Joel tem ocupado um lugar importante na vida da igreja.
           O Novo Testamento deixa claro que Jesus e seus seguidores estavam familiarizados com os escritos de Joel, e sua influência está mais evidente nas passagens do Novo Testamento que falam dos últimos dias (A BEG recomenda neste momento ver seu artigo teológico "O Plano das eras", em Hb 7).
           Essas passagens baseiam-se nas imagens vívidas usadas por Joel para descrever o Dia do Senhor e a praga dos gafanhotos (p. ex., Mc 13.24; Lc 21.25; Ap 6.9; 9.2).
           De igual importância são as promessas encontradas em 2.28-32, citadas por Pedro e consideradas como cumpridas durante o acontecimento do Pentecostes (At 2.16-21).
           Paulo também fez referência a essa profecia em Rm 10.13, onde usou JI 2.32 para embasar seu argumento de que "não há distinção entre judeu e grego" (Rm 10.12).
ü  A salvação é para todos, como declarou o profeta Joel: "E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo" (2.32).
           A igreja continua a considerar o ensinamento de Joel sobre o Dia do Senhor como uma importante fonte de esperança e conforto, por um lado, e uma palavra de advertência, por outro.
ü  Em momentos de aflição e desespero, os cristãos têm considerado consoladoras e inspiradoras as promessas em relação à bênção, à proteção e à defesa da comunidade da aliança do Senhor.
           Ao mesmo tempo, a vívida descrição que Joel faz dos terríveis aspectos do Dia do Senhor tem servido como um lembrete da santidade e do julgamento de Deus como um chamado contínuo ao arrependimento pleno e à santidade de vida.
           Por fim, o grande Dia do Senhor é o dia da volta de Cristo, o dia em que ele julgará o mundo inteiro, lançando seus inimigos no lago de fogo e enxofre e abençoando os crentes com uma herança eterna nos novos céus e na nova terra. Sabemos que em breve o senhor estará de volta. Maranata!
Esboço do livro de Joel para estarmos seguindo.
Conforme a BEG, estaremos dividindo o livro em três partes principais.  
1. APRESENTAÇÃO (1.1) – veremos agora.
II. CRISES QUE EXIGEM ARREPENDIMENTO (1.2-2.17) – iniciaremos agora.
III. RESPOSTAS DIVINAS AO ARREPENDIMENTO (2.18 3.21).
1. APRESENTAÇÃO (1.1)
A mensagem de Joel veio do Senhor e deveria ser recebida como sua palavra de autoridade.
O livro começa com uma identificação do profeta Joel e as primeiras palavras são – vs. 1.1 “Palavra do SENHOR”. Conforme a BEG, esse título breve e simples anuncia que o que se segue é a palavra do Senhor. Compara-se a Jn 1.1 (cf. os títulos mais extensos em Jr 1.2; Ez 1.3; Os 1.1; Mq 1.1; Sf 1.1; Ag 1.1; Zc 1.1; MI 1.1).
Essa palavra do Senhor foi dirigida a um homem, Joel. Seu nome significa "o SENHOR é Deus". O qual era filho de Petuel. O nome do pai de Joel não é encontrado em nenhum outro lugar das Escrituras.
II. CRISES QUE EXIGEM ARREPENDIMENTO (1.2-2.17)
Nesta segunda parte, veremos que uma praga de gafanhotos e a seca prenunciavam a necessidade de arrependimento para o iminente dia de um julgamento ainda maior.
Seguindo a estruturação proposta pela BEG, dividiremos essa parte em duas seções. A. A recente devastação provocada por gafanhotos e a seca (1.2-20) – veremos agora; B. A futura devastação no Dia do Senhor (2.1-17).
A. A recente devastação provocada por gafanhotos e a seca (1.2-20).
Até o segundo capítulo, estaremos vendo as crises que exigiam arrependimento.
Duas crises levaram os judeus a se confrontar com as consequências de seus pecados: (1) a recente devastação da Terra Prometida (1.2-20) por gafanhotos (1.4-8) e a pela seca (1.10-12,16-20) – veremos agora; e (2) a iminente invasão da terra por parte do exército do Senhor (2.1-17).
Se o povo se arrependesse do seu pecado e se voltasse para o Senhor, eles poderiam ser libertos. A condicional presente indicava claramente que algo deveria ser feito por parte dos responsáveis de acordo com que o Senhor desejava. O problema era o de sempre, corações obstinados e rebeldes.
(1) A recente devastação da Terra Prometida (1.2-20).
Até ao verso 20, estaremos vendo a recente devastação provocada pelos gafanhotos e pela seca.
Com intuito de fazer com que o povo ponderasse sobre as implicações da recente praga dos gafanhotos e da seca e se arrependessem, Joel apelou:
·         Aos velhos (vs. 2).
·         Aos ébrios (vs. 5).
·         Aos lavradores (vs. 11).
·         Aos sacerdotes (vs. 13).
A palavra estava sendo dirigida aos anciãos (os líderes religiosos e comunitários - o mesmo termo é usado em 2.28, mas ali ele parece referir-se mais especificamente à idade cronológica) e a todos os moradores da terra (isto é, toda a população de Judá e Jerusalém é chamada a ouvir) e falava no imperativo para ouvirem e escutarem.
Essa série de imperativos chama o povo a reconhecer as ramificações pessoais e espirituais da invasão dos gafanhotos.
Conforme a BEG, o paralelismo de pensamento no primeiro e no segundo versos, repetido no terceiro e no quarto versos, é típico da poesia hebraica.
O fato deveria ser contado aos filhos, e eles aos seus netos, e os seus netos, à geração seguinte. Os juízos de Deus, assim como suas misericórdias, devem ser passados às futuras gerações (cf. Dt 4.9; 6.7; 32.7; SI 78.1-8).
O vs. 4 fala dos gafanhotos e os seus tipos.
·         Gafanhoto cortador.
·         Gafanhoto migrador.
·         Gafanhoto devorador.
·         Gafanhoto destruidor.
Tudo parece começar com o cortador que deixa um resto que é consumido pelo migrador, que deixa outro resto que é consumido pelo devorador, que deixa ainda mais um outro resto para, finalmente, ser devorado ou destruído pelo destruidor.
Repetições poéticas enfatizam a minuciosidade da destruição promovida pelos gafanhotos.
As quatro diferentes designações dos gafanhotos podem ser uma referência aos diferentes estágios de desenvolvimento desse inseto (como sugere a tradução de Almeida), embora diferenças nas cores ou no tipo e região de origem possam estar refletidas tanto aqui quanto em 2.25.
Também é possível que as descrições tenham o único propósito de indicar a presença de diferentes enxames. De qualquer modo, quando os gafanhotos são entendidos como um instrumento divino de punição, era de arrependimento que se tratava (Dt 28.38; Am 7.1; Is 33.4).
Os imperativos agora falam com os bêbados para despertarem e chorarem. O primeiro chamado ao arrependimento foi dado aos ébrios (bêbados), que representam a atitude de muitos que não estão atentos às coisas de importância espiritual ao seu redor.
Somente aqueles que estão despertos são capazes de responder ao juízo de Deus.
Os gafanhotos agora são comparados a uma nação invasora que possui o mesmo ímpeto de um leão (cf. 2.4-9; Ap 9.7-9). Nos tempos antigos, os gafanhotos eram muitas vezes comparados aos exércitos.
A literatura mítica ugarítica (século 15 a.C.) equipara um exército a um enxame de gafanhotos em termos de tamanho (veja Jz 6.5; 7.12; Pv 30.27; Jr 51.14,27; Na 3.15-17).
Os bêbados, os ébrios, os que bebiam vinho são convocados ao despertamento e a tirarem da sua boca o álcool porque estaria vindo sobre a terra do Senhor “minha terra” uma nação poderosa e inumerável, como os gafanhotos.
Pronomes pessoais como “minha terra” são usados ao longo de todo o livro, apontando para o relacionamento pactual que liga o Senhor não apenas à Terra Prometida e aos seus vinhedos e figueiras, mas também ao seu povo (1.7; 2.13-14,17-18,23,26-27 3.2-3,17).
Tanto a vide, como a figueira foram afetadas. As presas dos gafanhotos efetivamente destruíram essas valiosas plantas da terra do Senhor. Jesus se comparou a uma videira – eu sou a videira verdadeira (Jo 14.1) e Israel era comparado à figueira.
A vide: [2]
·         É um arbusto bem conhecido pela produção de uvas, cultivada desde os tempos antigos e mencionada muitas vezes nas Escrituras.
·         Noé plantou uma vinha (Gn 9.20).
·         Existia no Egito (Gn 40.9) e em Canaã (Dt 8.8).
·         O tempo da vindima inspirava regozijo e festas (Jz 9.27; Jr 25.30).
·         A mesma figura de Israel às vezes é expressa pela videira, outras vezes pela vinha.
·         Em linguagem figurada, é a nação de Israel mencionada como parábola em Salmo 80.8-16.
ü Deus trouxe uma vinha do Egito e plantou numa terra, cujas nações foram lançadas fora (vs. 8). Sob a direção de Moisés o povo foi liberto da escravidão do Egito e, comandado por Josué, venceu os povos de Canaã.
ü Fez com que suas raízes se aprofundassem, seus ramos se tornassem como cedros e chegassem até o mar (vs. 9-11).
ü Tornou-se um reino próspero com a sabedoria e a grandeza de Salomão.
·         Aparece também a parábola da videira em Isaías 5.1-7, apelando para o concerto que Deus fez com os pais quando os tirou do Egito. "...julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha”.
ü Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que dessem uvas, veio a produzir uvas bravas?" - (Is 5.3b,4).
ü Israel foi escolhido por Deus para tornar conhecida a lei de Deus aos outros povos.
ü Sua missão era servir de exemplo, de testemunho às nações que não conheciam a vontade do Senhor.” E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus" (Lv 20.26).
ü A responsabilidade de Israel era ser fiel a Deus, conservar o testemunho da santidade de Deus, do poder, da justiça e da misericórdia, para que os pagãos incrédulos conhecessem a palavra de Deus, que lhe foi confiada primeiro (Rm 3.1,2).
ü Os judeus falharam nesta missão, "produziram uvas bravas" (Is 5.4b); em vez de justiça, praticaram opressões, caíram na idolatria, indo a uma condição de que Deus disse: “... andaram após deuses estranhos para servi-los". "Segundo o número das tuas cidades, foram os teus deuses, ó Judá" (Jr 11.10b,13a).
ü Como resultado, veio o castigo, cumprindo-se as predições de Deuteronômio 28 e dos profetas, especialmente Jeremias.
ü Vieram também os exércitos da Assíria contra Samaria e de Babilônia contra Jerusalém, destruíram as cidades, os muros e o Templo e levaram para suas terras o restante do povo como cativo.
ü Acabou-se, portanto, a glória do povo de Israel. É o que significa a expressão: "O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram "(SI 80.13). Deus mesmo declarou: "...tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto..." (Is 5.5b)e "...já não há uvas na vide..." (Jr 8.13b).
·         Jesus Cristo pronunciou uma parábola para os judeus nos mesmos termos daquelas do Salmo 80 e Isaías 5.
ü Um homem plantou uma vinha, tomou todas as providências de proteção e segurança e arrendou-a a uns lavradores.
ü Estes, no tempo de dar conta dos frutos, espancaram uns servos, mataram outros e por fim mataram o próprio filho do proprietário (Mt 21.33-39). Os judeus espancaram e mataram os profetas e crucificaram o Filho de Deus. Então Jesus perguntou "...o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?"
E eles responderam:''...
Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os frutos... Portanto eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos'' (Mt21.40b,41b,43).
·         "... Como a videira entre as árvores do bosque, que tenho entregado ao fogo para que seja consumida, assim entregarei os habitantes de Jerusalém" (Ez 15.6b).
·         Cumpriu-se de um modo mais detalhado, espiritualmente, em Atos 13.46b "...Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios".
·         Todavia a promessa feita a Abraão de abençoar sua descendência permanece no plano de Deus. Na mesma figura da videira (Ez 17.1-10,22-24), referindo-se a Israel, Deus acrescenta a figura do cedro, que representa majestade, prometendo fazer reverdecer a árvore seca
A Figueira:[3]
·         Árvore originária do Oriente, é muito abundante na Ásia e na Europa.
·         Adão e Eva fizeram roupas de folhas de figueira - Gn 3.7,  para esconder sua nudez, mas quando ouviram a voz de Deus, se esconderam. Aquela roupa não satisfazia.
·         Era costume oriental descansar debaixo da figueira, ato que significava paz e prosperidade, "... habitavam seguros, cada um debaixo de sua videira, e debaixo de sua figueira..." -1 Reis 4.25; Miqueias  4.4; Zacarias  3.10.
·         O fruto da figueira é comido fresco e pode ser conservado em forma de passas - 1Samuel  25.18.
·         Há no Velho Testamento muitas referências ao uso da Figueira e seus frutos. Servia o figo ainda de remédio, como no exemplo da doença do rei Ezequias, quando foi colocada na chaga uma pasta de figos e sarou - 2 Reis 20.7.
·         Foi usada também massa de figos para animar um moço desfalecido pela fome de três dias - 1 Samuel 30.11,12.
·         O vento derruba grande parte dos figos verdes "...como quando a figueira lançade si os seus figos verdes, abalada por um vento forte" - Apocalipses 6.13b.
·         Os que amadurecem são chamados temporãos - Miquias 7.1 e Na 3.12).
·         Um quadro bem rico de imagens está em Cantares usando a figueira: "A figueira já deu os seus figuinhos" (Promessa de abundância) "as vides em flor exalam o seu aroma" (deleite, acompanhando a esperança de boa colheita), "levanta-te, amiga minha, e vem" (convite para um despertamento dirigido a quem espiritualmente está dormindo) - (Ver Mq 2.10 e Ef 5.14).
·         Jeremias teve uma visão de dois cestos de figos. Um cesto tinha figos bons; e o outro, figos tão ruins que não se podiam comer.
ü Os figos bons representavam os judeus fiéis, que iam para o cativeiro, mas Deus havia de trazê-los de volta para Jerusalém.
ü Os figos maus eram os que acompanhavam o rei Zedequias na maldade e na desobediênciaa Deus, que seriam castigados, levados para Babilônia e destruídos por lá. (Ver Jr 24.1-10).
·         Jesus avistou uma figueira perto do caminho por onde passava, dirigiu-se a ela procurando fruto e não achou senão folhas, então disse à figueira: ”Nunca mais nasça fruto em ti". E a figueira secou imediatamente (Mt 21.19 e Mc 11.12-14). Foi como aquela geração dos judeus de seu tempo, que não produziram os frutos que Deus queria, e foi destruída.
·         Quando os discípulos pediram um sinal da vinda de Jesus e do fim do mundo, Ele disse: "Aprendei pois esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornamtenros e brotam folhas, sabeis que está perto o verão'' (Mt 24.3 e 32).
·         A figueira foi castigada com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. pelo exército romano. Os judeus foram dispersos e ficaram sem Pátria durante quase dois mil anos.
·         Ultimamente a figueira está reverdecendo. Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel, e na guerra dos seis dias, em junho de 1967, o povo judeu reconquistou o território que formava a Palestina nos dias de Jesus Cristo. Dali para cá o progresso vai avançando a passos largos. Segundo a profecia de Jesus, "o verão está próximo"(Mt24.32b).
O lamento do vs 8 deveria ser como o da jovem que perdeu o seu amado antes do casamento, por isso que estaria cingida de pano de saco. Esse material, tecido de modo rude, normalmente era feito de pelo de cabra e era usado tipicamente nos períodos de luto (veja o vs. 13; Gn 37.34; 2Sm 3.31; 1Rs 21.27; Is 32.11-12).
A consequência dessa destruição era que estaria cortada da casa do Senhor a oferta de manjares e a libação que deixaram os sacerdotes entristecidos. Essas ofertas, que deveriam ser feitas duas vezes por dia (Êx 29.38-42; Lv 2.1-2; 23.13), não estavam sendo feitas por causa da devastação das lavouras.
Com a devastação do campo por causa dos gafanhotos, a terra estava arrazada e agora a seca acompanhava a invasão dos gafanhotos trazendo ainda mais destruição que aquela provocada pelo destruidor.
Os campos estavam arruinados e a terra estava seca:
·         O trigo estava destruído.
·         O vinho novo tinha acabado.
·         O azeite estava em falta.
O cereal, a vide e as olivas, nas Escrituras, esses ingredientes necessários para as ofertas diárias tradicionalmente apareciam nessa ordem (2.19; Os 2.8).
O momento era difícil e era para desespero dos agricultores, dos produtores de vinho porque a colheita estava toda destruída. Cinco tipos de árvores são mencionados, o que leva à enfática declaração de que todas as árvores do campo estavam secas. A alegria secou-se juntamente com a vegetação.
·         A vide secou.
·         A figueira murchou.
·         A romeira secou.
·         A palmeira secou.
·         A macieira secou.
Os sacerdotes receberam instruções precisas – vs. 13 e 14 - sobre como deveriam reagir pessoalmente ao juízo de Deus. As precisas instruções dadas aos sacerdotes aqui e em 2.15-17 sugerem que o livro de Joel foi planejado para servir de orientação ao arrependimento nacional em qualquer que fosse a situação.
Os sacerdotes, os ministros do altar, deveriam:
·         Colocarem vestes de luto.
·         Prantearem, chorarem alto.
·         Passarem a noite vestidos de luto.
·         Decretarem um jejum santo. Os sacerdotes também deveriam exercer a liderança da comunidade ao promulgar um jejum público de modo que toda a nação pudesse interromper todas as atividades comuns por algum tempo (provavelmente por um dia, como em Jz 20.26; 1 Sm 14.24; Jr 36.6-9) para reconhecer o juízo de Deus e se arrepender.
·         Convocarem uma assembléia sagrada.
·         Reunirem as autoridades e todos os habitantes do país no templo do Senhor, do seu Deus.
·         Todos juntos para clamarem ao Senhor.
A magnitude da devastação que já experimentavam apontava para um dia ainda mais agourento, o dia do julgamento que estava para chegar – vs. 15.
Essa expressão "Dia do SENHOR", conforme a BEG, aparece cinco vezes em Joel (1.15; 2.1,11,31; 3.14) e outras onze vezes no Antigo Testamento (Is 13.6,9; Ez 13 5; Am 5.18a,18b,20; Ob 15; Sf 1.7,14a,14b; MI 4.5). Aqui (e em 2.1,11) é uma referência ao dia da ira do Senhor contra os seus inimigos e de bênçãos para o povo fiel de Deus (2.31; 3.14).
A maioria dos judeus acreditava que a sua identidade étnica garantia que todos eles seriam abençoados quando o Senhor viesse para julgar, mas os profetas deixavam claro que o infiel no meio do povo de Israel seria julgado juntamente com os gentios não arrependidos.
O profeta não via o Dia do Senhor como uma ocorrência distante. Em vez disso, o via como um acontecimento iminente – vs. 15; 2.1; 3.14).
O dia do Senhor estava perto na mente do profeta e seria um dia de assolação do Todo-Poderoso. Essa frase pode ser traduzida como o dia do "poder do Todo-Poderoso", uma tradução que capta o sentido do jogo de palavras no hebraico shod ("destruição") do Shaddai, "o Todo-Poderoso" (Is 13.6).
Do vs. 16 ao vs. 18, Joel reforçou sua posição sobre o Dia do Senhor lembrando mais uma vez o seu público quanto ao juízo de Deus, os sinais dele que podiam ser vistos na seca que os cercava.
A verdade era que a comida tendo sido eliminada, a alegria e a satisfação tinham se ido embora também do templo de Deus. Até as sementes estavam murchas, os celeiros em ruínas e os depósitos derrubados, pois a colheita tinha mesmo sido perdida.
Tudo estava afetado pela destruição dos gafanhotos e pela seca. O gado está mugindo, as manadas agitadas sem pasto e os rebanhos de ovelhas em castigo.
»JOEL [1]
1 Palavra do Senhor,
que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.
2 Ouvi isto, vós anciãos,
e escutai, todos os moradores da terra:
Aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos,
e vossos filhos a transmitam a seus filhos,
e os filhos destes à geração seguinte.
4 O que a locusta cortadora deixou,
a voadora o comeu;
e o que a voadora deixou,
a devoradora o comeu;
e o que a devoradora deixou,
a destruidora o comeu.
5 Despertai, bêbedos, e chorai;
gemei, todos os que bebeis vinho,
por causa do mosto;
porque tirado é da vossa boca.
6 Porque sobre a minha terra
é vinda uma nação poderosa
e inumerável. os seus dentes são dentes de leão,
e têm queixadas de uma leoa.
7 Fez da minha vide uma assolação,
 e tirou a casca à minha figueira;
despiu-a toda, e a lançou por terra;
os seus sarmentos se embranqueceram.
8 Lamenta como a virgem que está cingida de saco,
pelo marido da sua mocidade.
9 Está cortada da casa do Senhor a oferta de cereais e a libação;
os sacerdotes, ministros do Senhor, estão entristecidos.
10 O campo está assolado, e a terra chora;
porque o trigo está destruído,
o mosto se secou,
o azeite falta.
11 Envergonhai-vos, lavradores,
uivai, vinhateiros, sobre o trigo e a cevada;
porque a colheita do campo pereceu.
12 A vide se secou,
a figueira se murchou;
a romeira também,
e a palmeira e a macieira, sim,
todas as árvores do campo se secaram;
e a alegria esmoreceu entre os filhos dos homens.
13 Cingi-vos de saco e lamentai-vos, sacerdotes;
uivai, ministros do altar;
entrai e passai a noite vestidos de saco,
ministros do meu Deus;
porque foi cortada da casa do vosso Deus
a oferta de cereais e a libação.
14 Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene,
congregai os anciãos, e todos os moradores da terra,
na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.
15 Ai do dia! pois o dia do senhor está perto,
e vem como assolação da parte do Todo-Poderoso.
16 Porventura não está cortado o mantimento
de diante de nossos olhos?
a alegria e o regozijo da casa do nosso Deus?
17 A semente mirrou debaixo dos seus torrões;
os celeiros estão desolados,
os armazéns arruinados;
porque falharam os cereais.
18 Como geme o gado!
As manadas de vacas estão confusas,
porque não têm pasto;
também os rebanhos de ovelhas estão desolados.
19 A ti clamo, ó Senhor;
porque o fogo consumiu os pastos do deserto,
e a chama abrasou todas as árvores do campo.
20 Até os animais do campo suspiram por ti;
porque as correntes d'água se secaram,
e o fogo consumiu os pastos do deserto.
Nos versos 19 e 20, encerrando o capítulo, um forte clamor do profeta e até dos animais. O próprio profeta dá início à lamentação. A devastação vinha do Senhor, aquele que também era a única fonte de restauração. Até mesmo os animais se juntaram a Joel em seu pranto Jó 38.41; Sl 104.21; 147.9) por causa do fogo devorador.
A metáfora do fogo descreve os efeitos da seca, embora em 2.3 ela se aplique à devastação promovida pelos gafanhotos. O fogo é frequentemente associado ao juízo de Deus (Dt 32.22; SI 50.3; 97.3).
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br



[1] Para maiores detalhes e aprofundamentos, recomendamos primeiramente conhecerem o inteiro teor da introdução do livro, na BEG.
[3] Adapatado do mesmo site 
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sexta-feira, 12 de junho de 2015

SERMÃO - O BRASIL PRECISA DE HOMENS COMO DANIEL.

Sermão ministrado em 11 de junho de 2015.
“O mundo com tudo o que nele há – a criação de Deus que envolve a concepção, o planejamento, a orquestração e a realização de todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades - foi criado nele – em Jesus Cristo, a Segunda pessoa da Trindade -, por ele e para ele de forma proposital – com propósitos - em função da família a qual Deus quis colocar a sua imagem e a sua semelhança para que recebendo-a e transmitindo-a pela graça e benção da geração de filhos cumprissem a sua aliança com eles por meio dos mandados de Deus, quais sejam os mandados espiritual, social e cultural.” – Pr. Daniel Deusdete.
A DEUS POIS SEJA TODA A GLÓRIA!
Os amados irmãos e amigos fiquem à vontade para baixarem e usarem o texto deste sermão (citando a fonte, óbvio - tudo registrado na BN). Críticas construtivas e ajudas, serão muito bem-vindas. Obrigado pela paciência e amor dos irmãos.
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Oseias 14_1-9 - CHAMADO FINAL AO ARREPENDIMENTO - AS NOSSAS ESCOLHAS...

Estamos fazendo nossa devocional de hoje no capítulo 14, o último capítulo desse livro fantástico de Oseias. Estamos na última parte, a parte III – A MENSAGEM PROFÉTICA DE OSEIAS – 4.1 a 14.9. Como já dissemos, a palavra do Senhor foi pregada por ele nos tempos dos reis de Judá Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; e, nos tempos do rei do norte, Jeroboão II (cerca de 786-746 a.C.), filho de Joás.
C. O chamado final para o arrependimento – (14.1-9).
Oseias encerrou o seu livro com uma exortação para que os israelitas confessassem os seus pecados e se arrependessem deles a fim de que pudessem novamente ser abençoados por Deus.
O profeta falou ao povo – vs. 1 ao 3 - recomendando o tipo de arrependimento que o Senhor promete abençoar (vs. 4-8).
Primeiro, ele pede a Israel para voltar para ele. Essa exortação temática para voltar/tornar (2 7; 3.5; 6.1; 7.10,16; 12.6; Dt 30.1-10) estava agora endereçada a aqueles que já haviam caído por causa de seus pecados.
Obviamente que nem todos estavam voltando, pois que muitos ficaram pelo caminho ao caírem sob o juízo de Deus. Somente estariam voltando e recebendo esse convite os remanescentes.
Terrível coisa é também nos aventurarmos por ai depois de termos conhecido ao Senhor e agora estarmos precisando de voltar para ele, mas sempre haverá da parte do Senhor seu amor estendido para nós. Da mesma forma, também devemos ter essa disposição, o mesmo proceder com relação aos que conosco cometerem alguma falta.
Depois – vs. 2 -, orienta até o que dizer e sugere o texto. Uma redação precisa da confissão é dada nos vs. 2b-3:
·         Perdoa todos os nossos pecados.
·         Por misericórdia, recebe-nos, para que te ofereçamos o fruto dos nossos lábios - Pv 12.14; 13.2; Hb 13.15.
·         A Assíria não nos pode salvar; não montaremos cavalos de guerra. Israel deveria deixar de confiar:
ü Na força da política externa (p. ex., 5.13; 7.11; 12.1).
ü No seu próprio poderio militar (p. ex., 10.13; cf. SI 33.16-17).
ü Na religião não ortodoxa e sincretista (p. ex., 2.8,13; 3.1; 4.12; 8.5-6; 10.5-6; 13.2).
·         Nunca mais diremos: ‘Nossos deuses’ àquilo que as nossas próprias mãos fizeram, porque tu amas o órfão, ou em ti, o órfão acha a misericórdia. Uma alusão ao tema anterior da perda e restauração do amor, ilustradas pelo casamento de Oseias (3.1) e pelo nome de sua filha, Desfavorecida (1.6-8; 2.1,23).
·         Tira toda a iniquidade.
·         Aceita o que é bom.
São essas palavras genuínas de confissão, acompanhadas pela obediência que era requerida a um povo genuinamente arrependido, não sacrifícios indiferentes (5.6; 6.6; 8.13).
No vs. 4, o Senhor diz e promete que sarará a apostasia deles.
·         A promessa da cura começou a ser cumprida quando Israel retornou do exílio.
·         Continua a se cumprir em Jesus Cristo e em sua igreja – nós somos essa geração que já dura mais de 2000 anos e estamos aguardando para breve, sempre assim, a volta prometida de nosso Mestre e Senhor. Maranata!
·         Será consumada por ocasião de sua segunda vinda.
Essa apostasia ou infidelidade, literalmente, "desvio", eram os caminhos tortuosos de Israel que seriam corrigidos (p. ex., 4.10-12, 5.4; 7.4; 11.5) quando a ira de Deus fosse satisfeita.
Uma vez curados da infidelidade, ele voluntariamente os amaria, ou seja, nessa canção de amor, novamente ouvimos os verdadeiros sentimentos de Deus pelos seus eleitos. Essa promessa do imerecido amor de Deus exemplifica o que o Novo Testamento chama de graça (p. ex., Rm 5.15; Ef 2.5,8). A graça afasta a ira de Deus e nos dá uma nova chance diante do Senhor.
Nessa seção, conforme a BEG, transbordando com a linguagem do amor, metáforas coloridas são tiradas da vida das plantas e descrevem um Israel próspero, estável, renovado e vigorosamente sadio sob a direção de Deus, que estava ligado ao orvalho doador da vida (Dt 33.13).
Deus diz que seria para Israel como esse orvalho de vida. Vejam as metáforas descrevendo o Israel amado e próspero. Ele seria:
·         Como um lírio florescendo (cf. 1Rs 7.26; Ct 2.1,16).
·         Como um cedro do Líbano profundamente enraizado, brotando e exalando a sua fragrância (cf. SI 92.12; 104.16).
·         Como uma oliveira esplendorosa (cf. SI 52.8; Jr 11.16).
·         Como uma árvore frondosa (cf. Ct 2.3; Ez 17 22-23).
·         Como um cereal viçoso.
·         Como uma vide luxuriante (10.1; Is 5.1-7) celebrando o fruto da vide.
O que tenho eu com os ídolos, ou "O que mais tem Efraim", diz o Senhor a Efraim, o frutífero.  Uma exclamação (6.4; 11.8) ou uma pergunta retórica declarando novamente a total incompatibilidade entre Deus e os ídolos.
Os ídolos nos tornam cegos e anulam em nós a legítima adoração a Deus.
Deus então diz que é como o cipreste verde ou o pinheiro verde, ou seja, como uma árvore reconhecida como o símbolo da vida (cf. Gn 3.22; Ap 22.2), Deus daria o fruto ao frutífero Efraim (9.16; cf. Gn 41.52).
Livro de Oseias – capítulo 14:
1 Volta, ó Israel, para o Senhor teu Deus;
porque pela tua iniqüidade tens caído.
2 Tomai convosco palavras,
e voltai para o Senhor; dizei-lhe:
Tira toda a iniqüidade,
e aceita o que é bom;
e ofereceremos como novilhos
os sacrifícios dos nossos lábios.
3 Não nos salvará a Assíria,
não iremos montados em cavalos;
e à obra das nossas mãos já não diremos:
Tu és o nosso Deus;
porque em ti o órfão acha a misericórdia.
4 Eu sararei a sua apostasia,
eu voluntariamente os amarei;
porque a minha ira se apartou deles.
5 Eu serei para Israel como o orvalho;
ele florescerá como o lírio,
e lançará as suas raízes como o Líbano.
6 Estender-se-ão as suas vergônteas,
e a sua formosura será como a da oliveira,
a sua fragrância como a do Líbano.
7 Voltarão os que habitam à sua sombra;
reverdecerão como o trigo, e florescerão como a vide;
o seu renome será como o do vinho do Líbano.
8 Ó Efraim, que tenho eu com os ídolos?
Sou eu que respondo, e cuido de ti.
Eu sou como a faia verde;
de mim é achado o teu fruto.
9 Quem é sábio,
para que entenda estas coisas?
prudente,
para que as saiba?
porque os caminhos do Senhor são retos,
e os justos andarão neles;
mas os transgressores
neles cairão.
Encerrando o capítulo e o livro uma pergunta. Esse epílogo desafiou cada geração de leitores da profecia de Oseias a considerar cuidadosamente os caminhos do Senhor (SI 1; 18.21; Pv 10.24,29,30; 11.3; 12.3,5,7) apresentados no livro.
As escolhas[1] repetidamente apresentadas a Israel, também são apresentadas ao leitor que deve também escolher:
·         Entre a sabedoria e a insensatez.
·         Entre o discipulado e a rebelião.
·         Entre o caminhar e o cambalear.
·         Entre o obedecer e o desobedecer.
·         Entre a vida e a morte.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br


[1] Adaptado dos comentários da BEG.
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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Oseias 13.1-16 - DEUS INSISTIA, ISRAEL PERSISTIA EM OBSTINAR-SE

Estamos fazendo nossa devocional de hoje no capítulo 13, de Oseias. Estamos na parte III. Como já dissemos, a palavra do Senhor foi pregada por ele nos tempos dos reis de Judá Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; e, nos tempos do rei do norte, Jeroboão II (cerca de 786-746 a.C.), filho de Joás.
Em nossa leitura e reflexão, nos encontramos aqui:
Parte III - A MENSAGEM PROFÉTICA DE OSEIAS (4.1-14.9); A. O processo, a guerra e o lamento (4.1-9.9) – já vista.
1. Duas ações judiciais contra Israel (4.1-5.7) – já vimos.
2. A iminente derrota na guerra (5.8-8.14) – já vimos.
3. O lamento pela derrota (9.1-9) – já vimos.
B. Reflexões históricas e o futuro de Israel (9.10-13.16) – concluiremos agora.
Como já dissemos, esses capítulos da seção “B” contêm uma variedade de profecias em torno de reflexões metafóricas sobre o passado e o futuro de Israel. As profecias falam do julgamento pelos assírios e da restauração após o exílio.
Conforme a BEG, cinco metáforas organizam esse material em quatro grupos: 1. Uvas e figos (9.10-17) – já vimos; 2. Uma vide luxuriante (10.1-10) – já vimos; 3. Uma bezerra domada (10.11-15) – já vimos; 4. Uma criança em desenvolvimento (11.1-13.16) – estamos concluindo.
4. Uma criança em desenvolvimento (11.1-13.16) - continuação.
Conforme BEG, Oseias associou Israel a uma criança que, quando em desenvolvimento, era amada e gentilmente cuidada por seu pai, todavia, a criança cresceu e se rebelou contra o pai.
Nos próximos dezesseis versículos, estaremos vendo que o Senhor julgará o Israel idólatra, que estava pronto para a destruição.
O capítulo começa com o anúncio do julgamento, no qual pecados do passado (vs. 1) e do presente (vs. 2) precedem a declaração da pena (vs. 3).
Efraim é o segundo filho de José. Significa “frutífero”, “fértil” ou “aquele que multiplica”. Tem origem no nome hebraico Ephráyim, que deriva de parah que significa “terra fértil”, do aramaico perá, que significa “frutificar”. Por extensão ao significado relacionado com "fertilidade", pode ser traduzido também por "aquele que multiplica".[1]
É irônico que o Reino do Norte carregasse o nome da tribo de Efraim, cujo passado era notável (Gn 48.10-20; Jz 8.1-3) e de onde surgiram grandes líderes como Josué (Os 24.30) e Jeroboão I (1 Rs 11.26; 12.20).
Os homens tremiam quando Efraim falava e ele era exaltado em Israel. Mas tornou-se culpado da adoração de Baal (2.7-8,17; 9.10; 11.2) e começou a morrer. Escravizado pelo pecado (idolatria), Israel estava sujeito à morte e, de fato, morreu para Deus: O Reino do Norte já estava morto em seus delitos e pecados (cf. Ef 2.1).
O fim da idolatria é a morte porque ela rouba a fonte de vida que é Deus e o idólatra se torna semelhante ao que adora: o nada! Por isso, morre!
Com sua prata se dão ao trabalho de confeccionarem imagens, ídolos, bezerros - 8.5-6; 11.2. Imagens significam, literalmente, "imagens fundidas" (cf. Êx 32.4,8; 34.17; Lv 19.4; Dt 9.16). A imagem geral era de estátuas de bezerros feitas de bronze revestido de prata.
Apesar de ser cananeu e de estar ligado a Baal, o bezerro, provavelmente, estava associado ao Senhor na mente dos idólatras (Êx 32.4).
Eles ofereciam sacrifícios humanos e depois beijavam os ídolos feitos em forma de bezerro. Era mesmo um terrível ato de devoção, adoração ou conciliação (1Rs 19.18; SI 2.12).
Por essas coisas eles seriam como a nuvem e como o orvalho - compare com 6.4 – que logo se dissipam e nunca mais são encontrados novamente.
A punição de dissipamento (vs. 3) era por conta da terrível situação de idolatria e de pecados do passado (vs. 1) e do presente (vs. 2).
Nesse momento, Deus relembra do Egito. Relembrou a metáfora de uma criança em desenvolvimento (11.1-13.16).  Eles não tinham conhecido um outro deus além do Senhor. Em contraste com a idolatria do vs. 2, a declaração, relembrando Israel da exclusividade da aliança, foi feita na linguagem do primeiro dos Dez Mandamentos (cf. Êx 20.2-3; Dt 5.6-7; JI 2.27), mas com o acréscimo da noção de saber a respeito ou, literalmente, de "conhecer" a Deus.
Esse verbo conhecer está muito presente neste livro de Oseias que parece nos sugerir que o povo de Deus conhecia o seu Deus, mas que eram teimosos e adoravam outros deuses.
Ainda que outros deuses pudessem ser adorados, somente o Deus verdadeiro poderia ser "conhecido". Há uma forte ligação entre 13.1-3 e Êx 20.4-6; Dt 5.8-10.
Não havia nenhum salvador como o Senhor, nenhum deus como o Deus de Israel, um socorro no tempo da angústia. A fonte de ajuda de Israel não poderia ser outra a não ser o Deus da História.
Contrastando com ao confiança que deveria estar em Deus, essa confiança de Israel estava posta:
·         Em reis, em 13.10.
·         No exército, em 14.3.
·         Em ídolos, em 13.2.
Foi no deserto (uma referência positiva ao período que Israel passou no deserto; compare com 2.14-15.) que o Senhor conheceu ao seu povo, ou seja, refere-se a Israel como um todo corporativo onde a aliança havia estabelecido um relacionamento mútuo - e genuíno (vs. 4, onde Israel "conheceu" a Deus).
Ali no deserto, em terra árida, o Senhor os alimentava e eles se fartavam. Essa grande façanha (cf. vs. 5), infelizmente foi um triste passo para Israel no processo de esquecimento de Deus (cf. Dt 32.10-18; Jr 2).
Eles se ensoberbeceram - veja Dt 8.10-18 - e se esqueceram de seu Deus, seu provedor e sustentador. Este era um lamentável clímax para o fecho dos vs. 4-6. Esse fato marca um grande contraste com os antigos dias em que conheciam ao Senhor e desfrutavam de sua intimidade (vs. 4,5). Os pecados dos israelitas, quanto à sua origem, refletiam a profundidade e a gravidade de sua decadência moral (Os 2.1 Dt 11-20).
Dos versos de 7 a 9, o Senhor, descrito em outros lugares como um pastor (4.16), atacaria como os animais selvagens que devoravam os rebanhos. Apesar de equilibrado por passagens como 11.8-11; 14.1-9, o tom desses versículos é grave.
As figuras dos animais selvagens desses versículos descreveram a brutalidade do ataque. O Senhor seria para eles:
·         Como um leão - compare com 5.14;
·         Como um leopardo - veja Jr 5.6;
·         Como uma ursa, roubada de seus filhos - veja Pv 17.12.
Israel, Israel, destruída porque se houvera contra o Senhor, seu ajudador, seu auxiliador, sustentador e socorro. O fato de o socorro se tornar o destruidor foi explicado nos termos da rebelião de Israel contra o socorro. Para melhor entendimento do papel de Deus, como socorro, veja 11.8-11 e compare com Êx 18.4; Dt 33.26-29; SI 10.14; 54.4; 115.9-11; 121; 146.5.
Deus declarou a essência de sua acusação: estar contrário a ele significava incorrer em destruição.
E agora? Era a pergunta geral que precisava de uma resposta. Precisavam de um rei para salvá-los, de líderes que o conduzissem. Conforme a BEG, de que rei se trata não está especificado; poderia ser:
·         Uma referência aos assassinatos reais dos dias de Oseias (3.4; 7.7; 8.4; 10.3; cf. 2Rs 15.8-31; 17.1-6).
·         Um rei anterior, de notoriedade semelhante à de Saul (que foi. coroado como uma resposta direta à exigência do povo).
·         Ou até mesmo a todos os reis do Reino do Norte (todos os vinte que "fizeram o que era mau perante o Senhor").
Os reis deram a Israel um falso senso de segurança; somente o Senhor (seu rei verdadeiro) era o socorro deles.
Sobre o pedido de Israel por um monarca, ou líderes, veja 1Sm 8.5,19. Sobre o pedido feito mais tarde pelo Reino do Norte por uma monarquia não davídica, veja, principalmente, 1 Rs 12.16-20.
Em minha visão, o problema não era a monarquia, reis e líderes, mas o fato de que o desejo deles era por reis e líderes como as outras nações. Eles queriam ser como elas e não modelo para elas a partir do Senhor.
Assim foi que Deus lhes deu um rei na sua ira, em sua expressão de indignação. Terrível coisa é ser atendido pela nossa teimosia em pedir algo não considerando o reino de Deus e a sua justiça.
Apesar de descrever uma ação passada, a forma do verbo hebraico sugere um processo contínuo de dar e tirar. Deus sempre planejou que Israel tivesse um rei humano, mas a motivação do coração do povo era continuamente má. Eles não somente desejavam ser como as outras nações como fortemente rejeitavam a Deus como Rei (1Sm 8.1-22).
O Senhor deu a eles reis em sua ira e em sua mesma ira, os tirou – vs. 11. Muitos dos reis do norte caíram por traição.
O vs. 12 fala que a culpa de Efraim - o Reino do Norte, Israel - foi anotada e que os seus pecados foram mantidos em registro (1Sm 25.29; Jó 14.17; Is 8.16). Para que não fossem diminuídas ou esquecidas, as transgressões foram registradas (como num documento legal), atadas e armazenadas num local seguro (para a futura retribuição); compare com 7.2; 9.9; Dt 32.34-35.
Diz-nos a BEG que o hebraico é difícil, mas a analogia e o seu objetivo são claros no vs. 13: Esse verso relaciona-se ao tema da falha em conhecer a Deus, porque já é tempo, e não sai à luz, ao abrir-se da madre, ou seja, como uma criança morre se algo sai errado no momento de seu nascimento (cf. 2Rs 19.3), assim Israel morreria por falhar em responder ao castigo que tinha como objetivo o arrependimento e a nova vida.
Essa analogia se une à metáfora inicial da criança em desenvolvimento (11.1-13.16) e sinaliza o final dessa figura.
O verso 14 deve ser lido com os olhos em Cristo, no Novo Testamento, com as epístolas de Paulo em mãos. Está escrito – vs. 14 – que ele os redimirá do poder da sepultura; e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas ou os seus aguilhões? Onde está, ó sepultura, a sua destruição?  
Para alguns intérpretes, conforme a BEG, o contexto do julgamento, nos vs. 12,15, sugere que essas duas frases deveriam ser traduzidas como perguntas para as quais a resposta esperada seria não. Nesse caso, as duas frases a seguir que começam com "onde" simplesmente convocam as armas da morte para destruir Israel.
Todavia, é provável que o versículo antecipe o espírito positivo de 14.4-7 e seja uma das grandes confirmações do poder de Deus sobre o último inimigo: a morte. Paulo aplicou esse versículo, em 1Co 15.55, às promessas da restauração.
Uma vez que o povo de Deus se recusou a confiar no poder divino sobre a morte, nos dias de Oseias, Cristo e os crentes de sua igreja têm experimentado e experimentarão desse poder.
O triunfo final sobre o último inimigo de Deus está assegurado pela morte de Cristo pelo pecado e pela sua ressurreição da morte (no hebraico, Sheol). Infelizmente, o incrédulo Efraim/Israel não seria poupado uma vez que os seus olhos não viam nele oportunidade alguma de arrependimento.
No verso 15, um trocadilho com a palavra Efraim, ou "frutífero". Pois ainda que desse muito fruto, um vento leste viria, da parte do Senhor sobre ele para:
·         Secar-se-á a sua nascente.
·         Estancar-se a sua fonte.
·         Saquear todo o tesouro de todos os seus vasos desejáveis - veja 2Rs 17.20 e compare com Is 17.14 e Na 2.9.
Essa força destrutiva representava a Assíria, que invadiu Israel, em 734 a.C., e então conquistou e exilou o seu povo em 722-721 a.C. do SENHOR. Sobre a Assíria, como um instrumento do Senhor, veja, também, Is 10.5-19.  
Livro de Oseias – capítulo 13:
1 Quando Efraim falava, tremia-se;
foi exaltado em Israel;
mas quando ele se fez culpado no tocante a Baal, morreu.
2 E agora pecam mais e mais,
e da sua prata fazem imagens fundidas,
ídolos segundo o seu entendimento,
todos eles obra de artífices, e dizem:
Oferecei sacrifícios a estes.
Homens beijam aos bezerros!
3 Por isso serão como a nuvem de manhã,
e como o orvalho que cedo passa;
como a palha que se lança fora da eira,
e como a fumaça que sai pela janela.
4 Todavia, eu sou o Senhor teu Deus desde a terra do Egito;
portanto não conhecerás outro deus além de mim,
porque não há salvador senão eu.
5 Eu te conheci no deserto, em terra muito seca.
6 Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto;
e estando fartos, ensoberbeceu-se-lhes o coração,
por isso esqueceram de mim.
7 Portanto serei para eles como leão;
como leopardo espreitarei junto ao caminho;
8 Como ursa roubada dos seus cachorros
lhes sairei ao encontro,
e lhes romperei as teias do coração;
e ali os devorarei como leoa;
as feras do campo os despedaçarão.
9 Destruir-te-ei, ó Israel; quem te pode socorrer?
10 Onde está agora o teu rei, para que te salve
em todas as tuas cidades?
e os teus juízes, dos quais disseste:
Dá-me rei e príncipes?
11 Dei-te um rei na minha ira,
e tirei-o no meu furor.
12 A iniqüidade de Efraim está atada,
o seu pecado está armazenado.
13 Dores de mulher de parto lhe sobrevirão;
ele é filho insensato;
porque é tempo e não está no lugar
em que deve vir à luz.
14 Eu os remirei do poder do Seol,
e os resgatarei da morte.
Onde estão, ó morte, as tuas pragas?
Onde está, ó Seol, a tua destruição?
A compaixão está escondida de meus olhos.
15 Ainda que ele dê fruto entre os seus irmãos,
virá o vento oriental,
vento do Senhor, subindo do deserto,
e secar-se-á a sua nascente,
e se estancará a sua fonte;
ele saqueará o tesouro de todos os vasos desejáveis.
16 Samária levará sobre si a sua culpa,
porque se rebelou contra o seu Deus;
cairá à espada;
seus filhinhos serão despedaçados,
e as suas mulheres grávidas serão fendidas. 
O povo de Samaria carregaria sua culpa, porque se rebelara contra o seu Deus. Eles seriam mortos à espada (“cair”) e os seus pequeninos seriam pisados e despedaçados (“despedaçar”), suas mulheres grávidas teriam os seus ventres rasgados (“abrir”).
Samaria era a capital e a força motriz por trás da rebelião ou obstinação do Reino do Norte. Percebe-se no texto uma linguagem metafórica forte para a destruição (vs. 3 “cair”, 8 “despedaçar”, 15 “abrir”) que deu lugar à expressão fria e concreta com relação aos seus filhos e mulheres.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br


[1] http://www.dicionariodenomesproprios.com.br/efraim/
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