Em nosso pequeno e humilde trabalho, estaremos
agora entrando, no quinto livro (Daniel), dos últimos 17 livros da Bíblia (AT) que,
justamente são os livros proféticos. A fonte principal
de nossas pesquisas, pela qual seguiremos sua divisão proposta, com ligeiras
alterações/adaptações, é a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG.
Autor:
Daniel (9.2; 10.2).
Não entraremos no mérito de discussões relativas à autoria do livro de Daniel. Partiremos,
portanto, desse pressuposto de ser a autoria do livro do próprio Daniel.
Propósito:
Uma das principais razões para a composição do livro de
Daniel foi preparar o povo de Deus para o período de Antíoco Epífanes, e
fornecer encorajamento para os que viveriam durante aquele período de perseguição.
O livro
também olha para além do período de Antíoco Epífanes, para a vinda de
Cristo. É Cristo quem destruirá todos os
reinos humanos e estabelecerá o seu reino eterno de justiça e paz. Todos
esses acontecimentos estão na perspectiva das profecias de Daniel.
O livro tem
constituído um grande alento para o povo de Deus em tempos de perseguição e
continua a inspirar aqueles que sofrem perseguições em nossos dias.
Concordamos com a
BEG que nos diz que seria seu propósito dar aos exilados e aos primeiros dentre
eles que voltaram para a Terra Prometida a certeza de que Deus estava no
controle da História e que o seu profeta, Daniel, havia falado a verdade a
respeito dos prolongados sofrimentos antes do estágio final do reino de Deus.
Data:
Imediatamente após
539 a.C.
Verdades Fundamentais (conforme a BEG):
• Daniel e seus
amigos foram fiéis a Deus durante o tempo que passaram no exílio. • Podia-se
confiar no fato de que Daniel era verdadeiro em suas palavras porque ele nunca
fez concessões aos seus captores. • Deus tem o controle absoluto de toda a
História. • O exílio prolongou-se por todo o período em que quatro reinos
governaram o povo de Deus por causa de seu contínuo pecado. • No futuro,
sofrimentos continuariam a sobrevir a Israel, mas o Ungido, o Cristo viria e
traria salvação.
Contextualização:
Daniel viveu cerca
de duzentos a trezentos anos antes dos acontecimentos descritos pelas suas
profecias. Ele é contemporâneo a Jeremias, Ezequiel e xxx. Jerusalém estava destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes iníquos
pareciam ser triunfantes e a esperança do povo
parecia ter se desvanecido com a nação.
Características do livro:
·Há seis narrativas
históricas que aparecem nos caps. 1-6. Aquela
constante do capítulo 2, também é profética. O foco das narrativas:
üSão narrativas independentes que
foram unidas conforme um propósito específico não histórico (a ênfase não era
um registro histórico dos eventos) nem biográfico de Daniel.
üAs histórias enfatizam mais o modo como a
absoluta soberania de Deus opera nos acontecimentos de todas as nações (2.47;
3.17-18; 4.28-37; 5.18-31; 6.25-28). À época, Jerusalém estava
destruída, o templo em ruínas, o povo estava no exílio, governantes
iníquos pareciam ser triunfantes, mas Deus permanecia supremo.
üDe acordo com a sua vontade soberana, ele interviria
entre os reinos deste mundo para estabelecer o reino universal que duraria para
sempre.
üEssas narrativas apresentavam Daniel e seus amigos
como proeminentes na
terra de seus dominadores não porque houvessem transigido com respeito à sua lealdade a Deus, mas porque
foram exaltados pela bênção de Deus derramada sobre eles. De certa
forma, esse tema é central
porque acaba
conferindo credibilidade às
profecias de Daniel, especialmente àquelas relacionadas
com o prolongado sofrimento de Israel.
·Há quatro visões,
praticamente proféticas, nos caps. 7-12.
üAs visões (caps. 7-12) contêm previsões de tempos no
futuro durante os quais as verdades apresentadas nas narrativas se provariam
ser de particular importância para o povo de Deus.
üImpressiona-nos a riqueza de
detalhes a respeito de eventos futuros, principalmente relacionadas aos
detalhes de Dn 11.2 a 12.3. Para quem crê no caráter sobrenatural da profecia e
das práticas ocasionais de outros profetas (p ex., 1Rs 13 2; Is 44.28; 45.1),
isso não se constitui em problema.
üEmbora os judeus tivessem sido perseguidos durante o
tempo de sua sujeição aos governos babilônios e persas, não houve nenhuma
tentativa sistemática ou muito difundida de abolir a sua fé.
üIsso não aconteceu até o período de Antíoco IV
Epífanes, um governante do Império Selêucida entre 175-164 a.C. Ele tentou
erradicar a religião judaica e forçar os judeus a aceitar as
práticas religiosas gregas. Muitos judeus o seguiram, mas outros se recusaram e
sofreram severa perseguição.
Cristo em Daniel.
Na época, a
semente messiânica estava sendo preservada e guardada para ser manifesta algum
tempo depois.
A BEG nos dia que
a profunda atenção dada por Daniel à restauração de Israel após o exílio chama
a atenção diretamente para Jesus. Como outros profetas do Antigo Testamento, Daniel
predisse um futuro glorioso para o povo de Deus que o Novo Testamento apresenta
como cumprido na primeira e na segunda vindas de Cristo assim como na
totalidade da história da igreja.
üCristo cumpre as esperanças do
profeta Daniel.
üJesus se identificou como o
"Filho do Homem" (p. ex., Mt 9.6; 10.23; 12.8). No uso feito por
Daniel desse termo, o "Filho do Homem" era o grande rei davídico
exaltado por Deus que representava Deus na terra. Jesus, sendo o Messias, era o
rei davídico definitivo; apenas ele cumpre as predições feitas em relação ao
filho do homem nas visões de Daniel (7.13-14; a BEG recomenda nesse momento a
leitura de seu artigo teológico "O reino de Deus", em Mt 4, para
melhor compreensão).
üNo cap. 9, Daniel compreendeu que a previsão de
Jeremias sobre os setenta anos de exílio do povo de Israel na Babilônia, seria
estendida até "setenta semanas" de anos (9.24), ou cerca de
quatrocentos e noventa anos. Em termos gerais, essa predição atinge um
cumprimento inicial com a primeira vinda de Cristo.
üO prolongamento do exílio corresponde à série de quatro impérios
estrangeiros que oprimiram o povo de Deus (2.1-49) e ao aparecimento da
"pedra que... se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra"
(2.35), a qual Daniel mais tarde chamou de "um reino que não será jamais
destruído" (2.44).
üEsse grande reino não é outro senão o reino de Cristo
que teve início na sua primeira vinda, continua hoje e alcançará a consumação
na gloriosa volta de Cristo (a BEG propõe aqui a leitura de
dois de seus excelentes artigos teológicos "O reino de Deus", em Mt
4
– já mencionado acima -, e "O plano das eras", em Hb 7). Para
melhor compreensão e aperfeiçoamento de nossos estudos e reflexões, iremos
reproduzi-los também, provavelmente junto com o capítulo 2 que faremos em
seguida.
üOutros acontecimentos mais específicos preditos por
Daniel também aparecem em primeiro plano no Novo Testamento. Por exemplo, o
próprio Jesus se refere à predição de
Daniel sobre a "o abominável da desolação" (9.27; 11.31;
12.11), que originalmente se referia à profanação do templo pelo
grego Antíoco IV Epífanes, como precursor da profanação causada pelo general
romano Tito em 70 d.C. (Mt 24.15; Mc 13.14).
De um modo ou de outro, a
maioria dos intérpretes cristãos associa intimamente essa tipologia com o
anticristo, cujo espírito já está trabalhando no mundo (1Jo 2.18) e atingirá
seu total desenvolvimento, talvez como uma pessoa real, perto do retorno de
Cristo (2Ts 2.3).
Esboço do livro proposto pela BEG (estamos
seguindo sua proposta integralmente):
I. AS NARRATIVAS (1.1 6.28)
A. A
defesa de Daniel e seus amigos (1.1-21)
B. O
primeiro sonho de Nabucodonosor (2.1 -49)
C.
Livramento da fornalha (3.1-30)
D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37)
E. O
julgamento de Belsazar (5.1-31)
F.
Livramento da cova dos leões (6.1-28)
II AS VISÕES (7.1-12.13)
A. A
visão dos quatro animais (7.1-28)
B. A
visão de um carneiro e um bode (8.1-27)
C. A
visão das setenta semanas (9.1-27)
D. A
visão sobre o futuro do povo de Deus (10.1-12.13)
1. A
mensagem do anjo para Daniel (10.1 11.1)
2. De
Daniel até Antíoco IV Epífanes (11.2-20)
3. O
governo de Antíoco IV Epífanes (11.21-12.3)
4. A
mensagem final a Daniel (12.4-13)
Daniel 1:1-21 Segmentação e Reflexões
Iremos, doravante,
estudar o livro de Daniel que basicamente se divide um duas partes principais,
as suas narrativas, até o capítulo 6 e as suas visões, do 7 ao 12. Começaremos
vendo suas narrativas.
As histórias
de Daniel e de seus amigos ilustram a fidelidade
deles a Deus e a supremacia de Deus sobre todas as nações.
Informamos que
estaremos nos guiando e seguindo as divisões propostas pela Bíblia de Estudo de
Genebra – BEG, principalmente seus riquíssimos comentários.
Essa primeira parte
do livro salienta tanto o absoluto controle de Deus sobre os reinos deste mundo
como a sincera consagração a Deus de Daniel e seus amigos.
Daniel queria que
os seus leitores compreendessem que, embora o povo de Deus seja, algumas vezes
perseguido, reis e reinos se levantam e caem de acordo com o propósito de Deus.
Também ensinou que
Deus abençoaria grandemente aqueles que prestassem atenção às suas palavras
como um fiel intérprete de Deus.
A nossa divisão
proposta para esta primeira parte, seguindo a BEG, é: A. A defesa de Daniel e
de seus amigos (1.1-21) – veremos agora;
B. O sonho de Nabucodonosor (2.1-49); C. Livramento da fornalha (3.1-30); D. O
segundo sonho de Nabucodonosor (4.1-37); E. O julgamento de Belsazar (5.1-31);
e, F. O livramento de Daniel da cova dos leões (6.1-28).
A. A defesa de Daniel
e de seus amigos (1.1-21).
O profeta
estabelece o contexto de seu livro narrando a sua (e de seus amigos) história
pessoal de cativeiro, treinamento, fidelidade e serviço ao rei Nabucodonosor.
No ano terceiro do
reinado de Jeoaquim, ou seja, em 605 a.C., o mesmo ano em que Nabucodonosor
venceu uma coalizão assírio-egípcia em Carquemis e deu início à ascensão da
Babilônia como um poder internacional.
Imediatamente após
a vitória sobre Carquemis, Nabucodonosor avançou contra Jeoaquim (2Rs 24.1-2;
2Cr 36.5-7) e levou cativos Daniel e vários outros judeus.
Essa foi a
primeira de três invasões de Judá por Nabucodonosor. A segunda aconteceu em 597
a.C. (2Rs 24.10-14) e a terceira em 587 a.C. (2Rs 25.1-24). Entre essas
invasões temos um intervalo de 12 e 10 anos. Provavelmente, Daniel fora
contemporâneo de todas elas, uma vez que viveu mais de 90 anos.
A aparente discrepância
entre Dn 1.1 e Jr 25.1, onde Jeremias data o ataque de Nabucodonosor contra
Jeoaquim durante o quarto ano de Jeoaquim e não no terceiro ano, pode ser
explicada pelas diferenças do sistema cronológico usado pelos babilônios e
pelos judeus.
Conforme nos
ensina a BEG, no sistema babilônio, que aparentemente foi utilizado por Daniel,
o primeiro ano de governo de um rei era visto como o "ano da
ascensão" e o reinado, propriamente dito, era contado a partir do início
do primeiro mês de nisã do ano seguinte.
Nabucodonosor, rei
da Babilônia. Como príncipe herdeiro e comandante do exército, Nabucodonosor
conduziu os babilônios à vitória em Carquemis em 605 a.C. Logo depois de sua
vitória ele assumiu o trono da Babilônia após a morte de seu pai, Nabopolassar
(626-605 a.C.). O reinado de Nabucodonosor (605-562 a.C.) estabelece o ambiente
histórico para grande parte dos livros de Jeremias, Ezequiel e Daniel.
A derrota de
Israel não pode ser explicada simplesmente pela análise das condições políticas
e militares da época. Deus estava agindo soberanamente nos negócios das nações.
Ele usou os
babilônios para julgar o seu próprio povo pela quebra das obrigações da aliança
(2Rs 17.15,18-20; 21.12-15; 24.3-4). Em sua invasão, ele, aproveitando-se, fez
uma pilhagem dos utensílios do templo para a casa do seu deus Marduque que era
o deus principal do panteão babilônico (cf. Jr 5.20).
O rei da Babilônia
ficou curioso com sua conquista e pediu a Aspenaz, chefe dos eunucos, que lhe
trouxesse dos israelitas alguns jovens para ele ver. No entanto, ele não queria
qualquer um deles, mas os que não tivessem defeitos e fossem dotados de
sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem
no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
A literatura
babilônia era escrita em caracteres cuneiformes e basicamente sobre tabletes de
argila. Foram descobertos milhares desses tabletes. O estudo dessa literatura
provavelmente fez com que Daniel e seus amigos tomassem conhecimento da visão
de mundo politeísta dos babilônios, a qual destacava de modo proeminente a
magia, a feitiçaria e a astrologia.
Até a porção
diária da comida desses jovens foi determinada pelo rei antes de se
apresentarem a ele. Eles deveriam seguir aquela dieta – porção diária das
iguarias do rei - por três anos. Curiosamente, essa mesa real, posteriormente,
foi dada a Joaquim que recebeu a mesma atenção durante o reinado do rei
babilônio Evil-Merodaque (2Rs 25.27-30).
Dentre esses
jovens selecionados pelo rei foram encontrados quatro que se destacaram Daniel,
Hananias, Misael e Azarias. Com relação aos seus nomes, todos eles contendo
características hebraicas. Dois deles contêm o componente hebraico el, que
significa "Deus" e os outros dois apresentam o componente ia, unia
forma abreviada de "Javé" ("o SENHOR"). Daniel significa
"Meu juiz é Deus"; Hananias "Javé é gracioso"; Misael,
"Quem é como Deus?"; Azarias "Javé ajudou".
O chefe dos
eunucos então tratou de mudar os nomes deles para Beltessazar, Sadraque, Mesaque
e Abede-Nego. O significado desses nomes é controvertido. Sugestões para
Beltessazar: "Bel [outro nome para Marduque, o deus principal da
Babilônia], protege a sua vida" ou "Senhora, protege o rei”.
Sadraque: "Estou com medo de Deus” ou "O comando de Aku (o deus lua
dos sumérios)". Mesaque: "Sou de pouca valia" ou "Quem é
como AL?" Abede-Nego: "Servo daquele que brilha”.
No entanto, Daniel
resolveu não contaminar-se com essas iguarias do rei, ou com sua dieta. A razão
para Daniel concluir que o alimento servido pelo rei o contaminaria e também
aos seus amigos não é apresentada.
Talvez comê-lo
envolvesse uma violação das leis dietéticas da legislação mosaica (Lv11. 1-47),
que proibia comer carne de porco ou carne da qual o sangue não tivesse sido
drenado (Lv 17.10-14). Talvez envolvesse também comer um alimento que houvesse
sido oferecido aos ídolos babilónicos.
O fato era que
Daniel e seus amigos tiveram atitude, oraram a Deus, apresentaram sua posição
firme à autoridade e dela conseguiu consentimento à sua estratégia.
Tudo vinha de
Deus! Ele fez com o coração do rei o mesmo que ele faz com seus ribeiros, ou
seja, ele os inclina para onde quiser – Pv 21.1. Assim, achou graça Daniel e
seus amigos diante de Aspenaz e Daniel pode apresentar seu plano de alimentação
e uma proposta de observação de apenas dez dias.
Em apenas dez dias
sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei. Deus abençoou Daniel e seus amigos pela
obediência deles ao Senhor e pela recusa de transigir quanto à sua fé num
ambiente gentio (Dt 5. Mt 4.4).
Em consequência, o
despenseiro tirou as iguarias e o vinho que deveriam beber e substituiu pelos
legumes.
Tudo vem de Deus
que tem os seus propósitos em tudo. Foi com propósitos que Deus levantou Daniel
e seus companheiros os fazendo mais sábios e inteligentes que todos na
Babilônia. Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria. A bênção de Deus não se limitou ao bem-estar físico, mas incluiu um
importante sucesso no desenvolvimento intelectual durante os três anos de sua
instrução babilônica.
À partir dos
relatos que se seguem no livro (caps. 2; 4-5), Daniel se distinguia de seus companheiros
pela capacidade de interpretar sonhos e visões. Assim como José havia sido
considerado como especial pela mesma razão na corte de Faraó (Gn 40.8: 41.16).
Vencido o tempo
determinado pelo rei, ou seja, após os três anos mencionados no vs. 5, o chefe
dos eunucos os apresentou diante do rei. Ele conversou com eles e os examinou
achando-os muito superiores – dez vezes mais – que os magos e encantadores de
seu reino.
Obviamente que os
que se esforçam, estudam, se dedicam, trabalham e são focados são aqueles que
se destacarão em qualquer lugar onde estiverem inseridos, no entanto, mesmo
assim, tudo vem de Deus e, portanto toda a glória lhe pertence.
Eu gosto de fazer
uma análise reversa das coisas. Por exemplo, vamos pegar o contexto deste
capítulo que destaca 4 hebreus da tribo de Judá entre todos os jovens da
Babilônia e dos exilados. Depois de intensos preparativos e estudos quem foram
os que chegaram à frente com destaque? Justamente os quatro jovens hebreus.
Todos correram? Todos
se esforçaram? Todos estudaram? Todos seguiram as recomendações de Asquenaz? Sim,
todos, mas somente quatro se destacaram notavelmente.
De quem é a
vitória então? Dos que correram? Sim, também, pois todos estavam na mesma
condição, no entanto a graça de Deus fez um destaque especial na vida daqueles
jovens hebreus.
O termo traduzido
aqui como "mágicos" também é usado em Gn 41.8,24; Êx 7.11. O termo
traduzido corno "encantadores" ocorre apenas aqui e em 2.2 e é
algumas vezes traduzido como "feiticeiro" ou "adivinho".
Daniel e seus amigos demonstraram uma percepção superior sobre as questões a
respeito das quais foram interrogados.
Pensando mais
profundamente, tudo vem do Senhor. A vitória, a inteligência, a saúde, a
capacidade de interpretar sonhos e visões, a inclinação do coração do rei, a
paz, a ausência dela. O que fazer então para sermos vitoriosos sempre? Ser sábio
estando sempre do lado da correnteza do rio que o Senhor estiver controlando.
Dn 1:1 No ano terceiro do reinado de
Jeoiaquim, rei de Judá,
veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia,
a
Jerusalém, e a sitiou.
Dn 1:2 E o
Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim,
rei
de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus;
e
ele os levou para a terra de Sinar,
para
a casa do seu deus;
e
os pôs na casa do tesouro do seu deus.
Dn 1:3 Então
disse o rei a Aspenaz,
chefe
dos seus eunucos que trouxesse alguns
dos
filhos de Israel,
dentre
a linhagem real e dos nobres,
Dn 1:4 jovens
em quem não houvesse defeito algum,
de
bela aparência, dotados
de
sabedoria, inteligência e instrução,
e que
tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei;
e que lhes
ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
Dn 1:5 E o
rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei,
e
do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados
por
três anos; para que no fim destes
pudessem
estar diante do rei.
Dn 1:6 Ora,
entre eles se achavam, dos filhos de Judá,
Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
Dn 1:7 Mas o
chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes,
a
saber: a Daniel, o de Beltessazar;
a
Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque;
e
a Azarias, o de Abednego.
Dn 1:8
Daniel, porém, propôs no seu coração
não
se contaminar com a porção das iguarias do rei,
nem
com o vinho que ele bebia;
portanto
pediu ao chefe dos eunucos
que
lhe concedesse não se contaminar.
Dn 1:9 Ora,
Deus fez com que Daniel
achasse
graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
Dn 1:10 E
disse o chefe dos eunucos a Daniel:
Tenho
medo do meu senhor, o rei,
que
determinou a vossa comida e a vossa bebida;
pois
veria ele os vossos rostos
mais
abatidos do que os dos outros jovens
da
vossa idade?
Assim
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
Dn 1:11 Então
disse Daniel ao despenseiro
a
quem o chefe dos eunucos havia posto sobre Daniel,
Hananias,
Misael e Azarias:
Dn 1:12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias;
e
que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
Dn 1:13 Então
se examine na tua presença o nosso semblante
e
o dos jovens que comem das iguarias reais;
e
conforme vires procederás para com os teus servos.
Dn 1:14 Assim
ele lhes atendeu o pedido,
e
os experimentou dez dias.
Dn 1:15 E, ao
fim dos dez dias,
apareceram
os seus semblantes melhores,
e
eles estavam mais gordos do que todos os jovens
que
comiam das iguarias reais.
Dn 1:16 Pelo
que o despenseiro lhes tirou as iguarias
e
o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.
Dn 1:17 Ora,
quanto a estes quatro jovens,
Deus
lhes deu o conhecimento e a inteligência
em
todas as letras e em toda a sabedoria;
e Daniel era
entendido
em
todas as visões e todos os sonhos.
Dn 1:18 E ao
fim dos dias,
depois
dos quais o rei tinha ordenado
que
fossem apresentados,
o chefe dos
eunucos os apresentou diante de Nabucodonosor.
Dn 1:19 Então
o rei conversou com eles;
e
entre todos eles não foram achados outros tais
como
Daniel, Hananias, Misael e Azarias;
por
isso ficaram assistindo diante do rei.
Dn 1:20 E em
toda matéria de sabedoria e discernimento,
a
respeito da qual lhes perguntou o rei,
este
os achou dez vezes mais doutos
do
que todos os magos e encantadores
que
havia em todo o seu reino.
Dn 1:21 Assim
Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.
O verso 21 dá a
impressão que Daniel viveu somente até o primeiro ano do rei Ciro – vs. 21 -,
no entanto, ele viveu muito mais. A Babilônia caiu diante de Ciro em 539 a.C.,
sessenta e seis anos após Daniel ter sido levado cativo para a Babilônia.
Daniel viveu durante todo o período do cativeiro babilônico.
Ciro proclamou um
decreto no primeiro ano do seu reinado permitindo aos israelitas retornarem do
cativeiro e levarem consigo os utensílios do templo que haviam sido confiscados
por Nabucodonosor (Ed 1.7-11). A afirmação não significa que Daniel tenha
morrido no primeiro ano do reinado de Ciro (10.1), como teremos a oportunidade
de vermos mais adiante.
Chegamos ao final de nossas
reflexões em Ezequiel. Em nossa leitura, nos encontramos aqui, na terceira e
última parte “III”, na seção “B” – a última -, na subseção “5”, também a última
seção, no último capítulo, 48. O livro de Ezequiel é composto de 48 capítulos.
Ressaltamos que já vimos:
·Os
oráculos de advertência sobre a destruição de Jerusalém (caps. 1-24) – preocupação
do profeta com o passado e com o presente de Jerusalém.
·Uma
seção de oráculos contra outras nações (caps. 25-32) – com foco na destruição
de outras nações.
E agora, estamos vendo a terceira e última parte
de nossa divisão proposta para o livro de Ezequiel (com foco nas futuras
bênçãos de restauração que Judá gozaria após o exílio).
5. O rio, a terra e a cidade (47.1-48.35) - continuação.
O guia angélico de Ezequiel o fez voltar –
cap. 47 - à entrada do templo e o profeta viu um rio se formando a partir de um
fio de água que fluía do templo (47.1-12). Depois ele começou a falar das
fronteiras da terra de Israel e agora, concluindo o livro, ele falará dos
limites: das sete tribos, dos sacerdotes e dos levitas, da cidade, do príncipe,
das outras cinco tribos e, por fim, falará das portas da cidade.
Conforme a BEG, na geografia visionaria de
Ezequiel, a divisão da Terra Prometida entre as tribos seria totalmente diferente
do que havia sido historicamente.
A cada tribo seria designada uma faixa de
terra que se ligava as fronteiras leste e oeste. A posição das esposas de Jacó
e das tribos individuais parece ter sido o fator determinante no arranjo da distribuição;
compare com Nm 2-3.
As tribos mais ao norte (Dã, Aser e
Naftali) eram tradicionalmente localizadas no norte; a tribo mais ao sul (Gade;
vs. 27) era historicamente uma tribo do norte.
Essas quatro tribos eram os descendentes de
Zilpa, serva de Lia, e da serva de Raquel, Bila (Gn 30.3-7,10-12); sendo tribos
descendentes de servas, elas seriam de acordo com a visão de Ezequiel,
localizadas nas extremidades mais remotas dos territórios tribais.
Olhando para as outras tribos ao norte da
"região sagrada", que estava no centro da Terra Prometida (vs. 8-22;
45.1-8), Judá seria a mais próxima da região sagrada.
Judá historicamente era uma tribo sulista;
ao colocar a tribo de Davi com as tribos do norte, Ezequiel pode ter indicado
que o norte "teria uma porção em Davi" (2Sm 20.1; 1 Rs 12.16; 2Cr
10.16).
Conforme continua a nos esclarecer a BEG, Judá
recebeu o lugar de honra que ordinariamente teria pertencido ao primogênito, Rúben;
o território de Rúben estaria imediatamente ao norte de Judá. Ao norte de Rubén
estariam as tribos de Jose: Efraim e Manassés, eles eram descendentes de Jacó
pela sua esposa favorita, Raquel.
Ao sul, e mais perto da região sagrada,
estaria Benjamim. Benjamim estava historicamente ao norte da cidade santa. Sua posição
favorecida reflete a posição favorecida de Raquel e contrabalançava a posição
favorecida das tribos de Jose no norte.
As demais três tribos do sul (Simeão,
Issacar e Zebulom) eram descendentes de Lia; Issacar e Zebulom historicamente possuíram
territórios no norte.
Dos versos 8 ao 22, ele fala de uma região
sagrada que deveria ser separada, limitando-se com Judá, desde o lado oriental
até ao ocidental e de 25 mil côvados (12,5 km) de largura e comprimento. Equivaleria
a uma das porções tribais, pra os sacerdotes – vs. 10 - e o santuário estaria
no centro dela.
Trata-se isso de uma elaboração de 45.1-8,
em particular a faixa de terra ao sul, dentro da porção sagrada que seria
reservada para a cidade (45.6). Essa herança também deveria ser inalienável - 46.16-18.
A partir do verso 30 até ao final ele fala
das portas da cidade. A cidade teria doze portas, cada uma levando a nome de
uma das doze tribos (compare com Ap 21.12-14).
·As
portas ao norte receberiam os nomes de Rúben
(o primogênito), Judá (a tribo de
Davi e a linhagem real) e Levi (a
tribo dos ministros do templo).
·As
portas ao leste seriam dos descendentes de Raquel - José (as tribos de Efraim e Manassés foram combinadas com “José”, a
fim de manter o número doze, por causa da agora relacionada tribo de Levi) e Benjamim - e de um filho de Bila, a
serva de Raquel - Dã.
·As
portas ao sul seriam das tribos colocadas ao norte nos vs. 24-26 - a de Simeão, a de Issacar e a de Zebulom.
·As
do oeste seriam os outros filhos de Zilpa e Bila - a porta de Gade, a porta de Aser e a porta de Naftali.
Compare o acampamento das tribos no deserto, conforme Nm 2.
Ez 48:1 São estes os nomes das tribos:
desde o
extremo norte, ao longo do caminho de Hetlom,
até
a entrada de Hamate, até Hazar-Enom,
junto
ao termo setentrional de Damasco,
defronte
de Hamate,
com
as suas fronteiras estendendo-se do oriente ao ocidente,
Dã
terá uma porção.
Ez 48:2 Junto
ao termo de Dã,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Aser
terá uma porção.
Ez 48:3 Junto
ao termo de Aser,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Naftali
terá uma porção.
Ez 48:4 Junto
ao termo de Naftali,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Manasses
terá uma porção.
Ez 48:5 Junto
ao termo de Manassés,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Efraim
terá uma porção.
Ez 48:6 Junto
ao termo de Efraim,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Rúben
terá uma porção.
Ez 48:7 Junto
ao termo de Rúben
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Judá
terá uma porção.
Ez 48:8 Junto
ao termo de Judá,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
será
a oferta que haveis de fazer
de
vinte e cinco mil canas de largura,
e
do comprimento de cada uma das porções,
desde a
fronteira oriental até a fronteira ocidental.
O
santuário estará no meio dela.
Ez 48:9 A
oferta que haveis de fazer ao Senhor
será
do comprimento de vinte e cinco mil canas,
e
da largura de dez mil.
Ez 48:10 Será
para os sacerdotes uma porção desta santa oferta,
medindo
para o norte vinte e cinco mil
canas
de comprimento,
para o
ocidente dez mil de largura,
para o
oriente dez mil de largura,
e para o sul
vinte e cinco mil de comprimento;
e
o santuário do Senhor estará no meio dela.
Ez 48:11 Sim,
será para os sacerdotes consagrados
dentre
os filhos de Zadoque,
que
guardaram a minha ordenança,
e
não se desviaram quando os filhos de Israel
se
extraviaram,
como se
extraviaram os outros levitas.
Ez 48:12 E o
oferecido ser-lhes-á repartido da santa oferta da terra,
coisa
santíssima, junto ao termo dos levitas.
Ez 48:13
Também os levitas terão, consoante o termo dos sacerdotes,
vinte
e cinco mil canas de comprimento, e de largura dez mil;
todo
o comprimento será vinte e cinco mil,
e
a largura dez mil.
Ez 48:14 E
não venderão nada disto nem o trocarão,
nem
transferirão as primícias da terra,
porque
é santo ao Senhor.
Ez 48:15 Mas
as cinco mil, as que restam da largura,
defronte
das vinte e cinco mil, ficarão para uso comum,
para
a cidade, para habitação e para arrabaldes;
e
a cidade estará no meio.
Ez 48:16 E
estas serão as suas medidas:
a
fronteira setentrional terá quatro mil e quinhentas canas,
e
a fronteira do sul quatro mil e quinhentas,
e
a fronteira oriental quatro mil e quinhentas,
e
a fronteira ocidental quatro mil e quinhentas.
Ez 48:17 Os
arrabaldes, que a cidade terá,
serão
para o norte de duzentas e cinqüenta canas,
e
para o sul de duzentas e cinqüenta,
e
para o oriente de duzentas e cinqüenta,
e
para o ocidente de duzentas e cinqüenta.
Ez 48:18 E,
quanto ao que ficou do resto no comprimento,
de
conformidade com a santa oferta,
será
de dez mil para o oriente
e
dez mil para o ocidente;
e
corresponderá à santa oferta;
e
a sua novidade será para sustento
daqueles
que servem a cidade.
Ez 48:19 E os
que servem a cidade,
dentre
todas as tribos de Israel, cultivá-lo-ão.
Ez 48:20 A
oferta inteira será de vinte e cinco mil canas
por
vinte e cinco mil;
em
quadrado a oferecereis como porção santa,
incluindo
o que possui a cidade.
Ez 48:21 O
que restar será para o príncipe;
desta
e da outra banda da santa oferta,
e
da possessão da cidade;
defronte das
vinte e cinco mil canas da oferta,
na
direção do termo oriental,
e
para o ocidente, defronte das vinte e cinco mil,
na
direção do termo ocidental,
correspondente
às porções,
isso
será a parte do príncipe;
e
a oferta santa e o santuário do templo
estarão
no meio.
Ez 48:22 A
possessão dos levitas, e a possessão da cidade
estarão
no meio do que pertencer ao príncipe.
Entre
o termo de Judá e o termo de Benjamim
será
a porção do príncipe.
Ez 48:23 Ora
quanto ao resto das tribos:
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Benjamim
terá uma porção.
Ez 48:24
Junto ao termo de Benjamim,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Simeão
terá uma porção.
Ez 48:25
Junto ao termo de Simeão,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Issacar
terá uma porção.
Ez 48:26
Junto ao termo de Issacar,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Zebulom terá uma porção.
Ez 48:27
Junto ao termo de Zebulom,
desde
a fronteira oriental até a fronteira ocidental,
Gade
terá uma porção.
Ez 48:28
Junto ao termo de Gade,
na
fronteira sul, para o sul, o termo será desde Tamar
até
as águas de Meribate-Cades,
até
o Ribeiro do Egito, e até o Mar Grande.
Ez 48:29 Esta é a terra que sorteareis
em herança para as tribos de Israel,
e são estas
as suas respectivas porções, diz o Senhor Deus.
Ez 48:30 E estas são as saídas da
cidade:
da banda do
norte quatro mil e quinhentos côvados por medida;
Ez
48:31 e as portas da cidade serão conforme os nomes
das
tribos de Israel;
três
portas para o norte;
a porta de
Rúben a porta de Judá, e a porta de Levi.
Ez 48:32 Da
banda do oriente quatro mil e quinhentos côvados,
e
três portas, a saber:
a
porta de José, a porta de Benjamim, e a porta de Dã.
Ez 48:33 Da
banda do sul quatro mil e quinhentos côvados,
e
três portas:
a
porta de Simeão, a porta de Issacar, e a porta de Zebulom.
Ez 48:34 Da
banda do ocidente quatro mil e quinhentos côvados,
e
as suas três portas:
a
porta de Gade, a porta de Aser, e a porta de Naftali.
Ez 48:35
Dezoito mil côvados terá ao redor;
e
o nome da cidade desde aquele dia será Jeová-Samá.
A visão de Ezequiel da cidade gloriosa
seria cumprida no fato de a morte e a ressurreição de Cristo ter ocorrido perto
de Jerusalém celestial, onde Cristo está agora (At 2.33; I Pe 3.22) e na
descida da nova Jerusalém, quando Cristo retornar em glória – Ap 21.1-2.
Desde o início do AT, Deus revelou a sua
intenção de estar com o seu povo. Ele andou e falou com esse povo no jardim do
Éden e habitou em santuários construídos no meio de Israel. É adequado que a esperança
do NT em Cristo atinja o clímax com a descrição da cidade de Deus e de um tempo
quando a habitação de Deus seria na terra – Ap. 21.3. Inclusive o nome da cidade deixa isso bem
claro: O SENHOR ESTÁ ALI!
A esperança de Ezequiel permanece sendo a
mesma da igreja ao longo dos séculos.
Estamos satisfeitos com o resultado
alcançado se bem que, com certeza, ainda há muito a melhorar.
De fato é muito bom terminarmos
algo que começamos! Como é bom termos propósitos e levarmos a sério nossa
missão! Como é bom termos fé neste Deus maravilhoso cuja graça é maior do que a
nossa vida! Como é bom saber que Deus nos fez promessas incríveis e ele
cumprirá todas elas!
A palavra de Deus foi anunciada em
cada um dos 48 capítulos da história de vida desse profeta de Deus que nos
ensinou grandes lições.
Em cada um dos homens de Deus temos
visto uma grande devoção e temor a Deus que os faziam buscar ao Senhor e se
humilharem diante dele com a fé e a certeza de que os seus clamores não seriam
em vão.
Em Ezequiel vimos um profeta que
teve que enfrentar situações difíceis para entregar o recado profético, mas que
não recuou em sua missão.
Por cerca de mais de 46 vezes,
quase que uma vez por capítulo, o livro fala afirmando que haverão de saber que
o Senhor é Deus. Tanto povos como animais e a própria natureza haverão de saber
que o Senhor é Deus. O triste é notarmos que esse saber está vinculado
geralmente a um grande juízo com as consequências advindas de forma
irreparável.
Também aprendemos que os reis nada
haveriam de fazer sem que a Providência divina agisse derretendo os seus
corações para serem conformes às necessidades do povo de Deus.
Não são os líderes que são
colocados diante do povo de Deus para serem estrelas, brilharem e serem destaques,
antes é a graça de Deus que levanta líderes para cuidarem do povo de Deus pelo
qual o Senhor se animou a morrer e a dar a sua vida.
O destaque não é, nem deve ser o líder,
mas Deus e a sua glória que está abençoando o seu povo. Os maiores líderes de
Deus em todos os tempos se ofereceram à morte para que o povo fosse poupado, ou
mesmo enfrentaram grandes desafios a favor do povo de Deus.
Não há como não percebermos que do
início ao fim, seja qual for o livro que estivermos estudando da Bíblia, é Deus
orientando, esclarecendo, falando, instruindo, mostrando o quê, como, de que
forma, quando, quanto, por quanto tempo. Percebe-se assim o Deus imanente na
história de Israel e que se utiliza de líderes e profetas por ele escolhidos
para realizarem as suas obras, no caso aqui, ele se utilizou de Ezequiel.
Do Senhor sempre veio a ordem e a
organização; os líderes e os mandamentos; os símbolos e suas representações; os
artífices e ourives que tudo fizeram de acordo com o modelo que lhes fora
mostrado; a vitória e as guerras; a força e a coragem para lutar e vencer e
sair vencedor; a paz e a prosperidade; a proteção e o abrigo contra as
intempéries do mundo; o caminho, a verdade e a vida para que seguissem; o filho
de Deus, o Messias esperado que ali estava sendo preservado com os descendentes
messiânicos.
Para finalizarmos, busquemos a face
de Deus e nos convertamos de nossos maus caminhos, pois assim, e somente assim,
abriremos caminho para derramar as numerosas bênçãos resultantes do poder e dos
milagres de que precisamos para nossa vida! Aleluia!
Não é hora de desanimar, embora tantas
não foram as vezes que pensamos nisso, principalmente ao tirar os olhos do
Senhor para colocá-los em alvos terrestres, mas o Senhor teve misericórdias de nós.
Que sejamos testemunhas do poder
que existe somente no Senhor. Em nome do Teu amado Filho, Jesus, nosso Senhor e
Salvador. Amém e amém!
Em nossa leitura, nos encontramos
aqui, na terceira e última parte “III”, na seção “B” – a última -, na subseção
“5”, também a última seção, no capítulo 47. O livro de Ezequiel é composto de
48 capítulos.
Ressaltamos que já vimos:
·Os
oráculos de advertência sobre a destruição de Jerusalém (caps. 1-24) – preocupação
do profeta com o passado e com o presente de Jerusalém.
·Uma
seção de oráculos contra outras nações (caps. 25-32) – com foco na destruição
de outras nações.
E agora, estamos vendo a terceira e última
parte de nossa divisão proposta para o livro de Ezequiel (com foco nas futuras
bênçãos de restauração que Judá gozaria após o exílio).
5. O rio, a terra e a cidade (47.1-48.35).
O guia angélico de Ezequiel o fez voltar à
entrada do templo e o profeta viu um rio se formando a partir de um fio de água
que fluía do templo (47.1-12).
Essa seção é seguida de um sumário sobre a
distribuição da terra e uma descrição das porções da cidade (47.13 – 48.35).
Em sua visão, Ezequiel retratou a centralidade
do templo, os seus ministros e as suas cerimônias como um rio de águas vivas
que fluía do templo.
Essa última seção foi dividida em três
partes: a. Um rio de águas que dão vida (47.1-12) – veremos agora; b. A restauração da Terra Prometida (47.13-48.29) – começaremos agora; c. A restauração da
cidade (48.30-35);
a. Um rio de águas que dão vida (47.1-12).
Ezequiel estava na entrada do templo, lugar
onde o seu guia angelical o tinha levado e águas começavam a sair por debaixo
do limiar do templo, para o oriente uma vez que a frente do templo também dava
para o oriente e elas desciam do lado meridional do templo ao sul do altar.
Aquele ser o levou para fora pela porta
norte, e conduziu-o pelo lado de fora até a porta externa que dá para o leste,
e a água fluía do lado sul.
A BEG nos diz que no átrio do tabernáculo
havia uma grande bacia ou lavatório onde os sacerdotes se lavavam (Ex 30.17-21).
No templo de Salomão, essa bacia foi substituiria por um mar muito maior (IRs
7.23-26).
Esse mar era usado pelos sacerdotes para as
purificações rituais (2Cr 4.6), mas, como o nome sugere, ele simbolizava
também, por sua abundância de água fresca, plenitude de vida na presença de
Deus.
Na visão do templo em Ezequiel, essas
bacias anteriores foram substituídas por um rio de águas vivas (cf. Ap 21.1;
22.1-2).
O lavatório do tabernáculo e o mar do
templo ficavam ao sul do altar no átrio do santuário; o rio também se originava
do sul do altar.
Essa passagem deve ser comparada com outras
que falam de um rio na cidade de Deus (Sl 46.6) ou descrevem a erupção de uma
fonte de dentro da cidade (Jl 3.18; Zc 14.3-8).
Uma vez que o templo, em parte, simbolizava
o Paraíso, esse rio relembra os rios que partiam do jardim do Éden (Gn
2.10-14).
Ezequiel estava sendo conduzido pelo seu
guia angelical que ia medindo a cada 100 côvados e guiando Ezequiel que
avançava nas águas.
A cada 500 metros (1000 côvados para ser
mais exato) as águas se tornavam mais fundas. Os primeiros 500 metros as águas
batiam em seu tornozelo, depois em seu joelho, depois em sua cintura e, por fim, o cobriam de tal maneira que somente
poderia atravessar nadando.
O rio traria vida para todos os lugares por
onde passasse e transformaria Israel num jardim paradisíaco. Ele também
entraria no mar dando vida por onde passasse.
As águas eram tantas que o guia perguntou
para Ezequiel, retoricamente, se ele tinha visto isso e ele o levou de volta à
margem do rio onde Ezequiel notou muitas árvores em cada lado do rio.
No mar Morto, Jerusalém situa-se sobre uma
cadeia de montanhas, numa linha divisória de águas; as chuvas que caem na
cidade também fluem para o vale de Cedrom e seguem para o mar Morto.
Jesus apelou para as imagens usadas nessa
passagem para descrever-se a si mesmo. Ele disse à mulher samaritana que ele
era uma fonte de água viva (Jo 4.10-14).
A BEG continua a falar que quando os
discípulos se admiraram pelo fato de Jesus ter-se dignado a falar com ela, o
mestre falou-lhes sobre uma colheita interminável que já havia começado (Jo
4.27-38), baseando-se na ilustração das árvores de Ezequiel produzindo doze
colheitas por ano.
João também relata a pregação de Jesus
afirmando que ele era fonte de rios de água viva, acrescentado o comentário de
que Jesus estava falando sobre o Espírito de Deus (Jo 7.37-39).
As águas do rio geravam vida e a
sustentavam ao longo por onde passavam. Animais, peixes, pescadores ao longo do
litoral, desde En-Gedi, localizado a meia distância ao longo da costa oeste do
mar Morto - Gn 14.7; Is 15.62; I Sm 23.29; 2Cr 20.2 – até En-Egiatm, próximo ao
ângulo nordeste do mar Morto.
O mar era saneado pela água que ali
desaguava, mas não ocorria o mesmo com os charcos e os pântanos, deixados para
o sal – vs. 11.
Essa afirmação do verso 11 de que charcos e
pântanos seriam deixados para o sal poderia indicar uma familiaridade com a
tradição de que as porções rasas ao sul do mar Morto representavam local das antigas
cidades Sodoma e Gomorra (Gn 19.27-29).
Árvores frutíferas de toda espécie cresceriam
em ambas as margens do rio. Suas folhas não murchariam e os seus frutos não
cairiam. Todo mês também produziriam, porque a água vinda do santuário chegava
a elas gerando e mantendo a vida. Além do mais, seus frutos serviriam de
comida, e suas folhas de remédio, conforme está também em Ap 22:1-4:
1 Então o anjo me mostrou o rio da água da
vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro,
2 no meio da rua principal da cidade. De
cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá doze colheitas, dando fruto
todos os meses. As folhas da árvore servem para a cura das nações.
3 Já não haverá maldição nenhuma. O trono de
Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão.
4 Eles verão a sua face, e o seu nome estará
em suas testas. (NVI)
Essa é sem dúvidas uma ilustração da
abundância de alimento, uma bênção da restauração completa do povo de Deus após
o exilio. Para os cristãos, essa promessa é cumprida em parte pela vinda do
Espirito Santo, o qual é associado à restauração da natureza (Gn 1.2; Sl
104.30) e com a herança de novos céus e nova terra - 28.25,26: 34.25-26.
b. A restauração da Terra Prometida (47.13-48.29).
Dos versos 13 ao final deste, veremos as
fronteiras da terra de Israel, a restauração da terra. A visão de Ezequiel
sobre a futura restauração incluía a restauração da terra à sua ordem criada
por Deus.
A palavra é do Senhor que assim dizia em
sua soberania que estas seriam as fronteiras pelas quais eles deveriam dividir
a terra como herança entre as doze tribos de Israel, com duas porções para
José.
A missão deles seria uma divisão justa uma
vez que o Senhor jurou de mão erguida que a daria aos seus antepassados, esta
terra, então, se tornaria herança deles.
Na visão de Ezequiel, a Terra Prometida
seria dividida igualmente entre as doze tribos. Uma vez que a tribo de Levi não
tinha herança territorial, mas vivia da sua porção das ofertas do povo, o
número doze era mantido pela divisão da tribo de José em duas tribos que tinham
o nome de seus dois filhos: Efraim e Manasses (Gn 48.1-6).
A Terra Prometida seria a que Deus havia
prometido aos patriarcas (Gn 12.7; 15.18-21; 22.17; 28.4) e que havia sido
possuída durante os reinados de Davi e Salomão (1 Rs 8.65; 1Cr 10.11; 13.5; 2Cr
9.26).
Os limites aqui detalhados (vs. 15-20)
mencionam algumas localidades que não são conhecidas, mas que correspondem
aproximadamente a outras listas (Nm 34.1-12; 1Rs 8.65).
Entretanto, a distribuição da terra (cap.
48) é totalmente diferente dos limites históricos das tribos.
Os limites ocidentais e orientais são
fáceis de identificar. A leste o limite começava na nascente do Jordão ao sul
de Damasco descendo pelo rio Jordão e ao longo da costa oeste do mar Morto; na
fronteira oeste estava o mar Mediterrâneo. As fronteiras norte e sul são mais
difíceis de estabelecer.
No norte, a fronteira começava perto de
Tiro e seguia para o leste até um ponto ao norte do mar da Galileia; no sul ela
corria de um ponto abaixo do mar Morto até um ribeiro do Egito (uádi el-Arish),
na costa do Mediterrâneo.
Ez 47:1 Depois disso me fez voltar à
entrada do templo;
e eis que
saíam umas águas por debaixo do limiar do templo,
para
o oriente; pois a frente do templo dava para o oriente;
e
as águas desciam pelo lado meridional
do
templo ao sul do altar.
Ez 47:2 Então
me levou para fora pelo caminho da porta do norte,
e
me fez dar uma volta pelo caminho de fora
até
a porta exterior, pelo caminho da porta oriental;
e eis que
corriam umas águas pelo lado meridional.
Ez 47:3
Saindo o homem para o oriente,
tendo
na mão um cordel de medir,
mediu
mil côvados,
e
me fez passar pelas águas,
águas que me
davam pelos artelhos.
Ez 47:4 De
novo mediu mil,
e
me fez passar pelas águas,
águas
que me davam pelos joelhos;
outra vez
mediu mil,
e
me fez passar pelas águas,
águas
que me davam pelos lombos.
Ez 47:5 Ainda
mediu mais mil,
e
era um rio, que eu não podia atravessar;
pois
as águas tinham crescido,
águas
para nelas nadar,
um rio pelo
qual não se podia passar a vau.
Ez 47:6 E me perguntou:
Viste, filho
do homem?
Então
me levou, e me fez voltar à margem do rio.
Ez 47:7 Tendo
eu voltado, eis que à margem do rio
havia
árvores em grande número,
de
uma e de outra banda.
Ez 47:8 Então me disse:
Estas águas
saem para a região oriental e, descendo pela Arabá,
entrarão
no Mar Morto,
e ao entrarem
nas águas salgadas,
estas
se tornarão saudáveis.
Ez 47:9 E por
onde quer que entrar o rio
viverá
todo ser vivente que vive em enxames,
e
haverá muitíssimo peixe;
porque lá
chegarão estas águas,
para
que as águas do mar se tornem doces,
e
viverá tudo por onde quer que entrar este rio.
Ez 47:10 Os
pescadores estarão junto dele;
desde
En-Gedi até En-Eglaim,
haverá
lugar para estender as redes;
o seu peixe
será, segundo a sua espécie,
como
o peixe do Mar Grande,
em
multidão excessiva.
Ez 47:11 Mas
os seus charcos e os seus pântanos não sararão;
serão
deixados para sal.
Ez 47:12 E
junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda,
nascerá
toda sorte de árvore que dá fruto para se comer.
Não
murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto.
Nos seus
meses produzirá novos frutos,
porque
as suas águas saem do santuário.
O seu fruto
servirá de alimento e a sua folha de remédio.
Ez 47:13 Assim diz o Senhor Deus:
Este será o
termo conforme o qual repartireis a terra em herança,
segundo
as doze tribos de Israel.
José
terá duas partes.
Ez 47:14 E
vós a herdareis, tanto um como o outro;
pois
sobre ela levantei a minha mão,
jurando
que a daria a vossos pais;
assim
esta terra vos cairá a vós em herança.
Ez 47:15 E
este será o termo da terra:
da
banda do norte, desde o Mar Grande,
pelo
caminho de Hetlom,
até
a entrada de Zedade;
Ez 47:16
Hamate, Berota, Sibraim,
que
está entre o termo de Damasco e o termo de Hamate;
Hazer-Haticom,
que está junto ao termo de Haurã.
Ez 47:17 O
termo irá do mar até Hazar-Enom,
junto
ao termo setentrional de Damasco, tendo ao norte
o
termo de Hamate.
Essa será a
fronteira do norte.
Ez 47:18 E a
fronteira do oriente, entre Haurã, e Damasco,
e
Gileade, e a terra de Israel, será o Jordão;
desde
o termo do norte até o mar
do
oriente medireis.
Essa será a
fronteira do oriente.
Ez 47:19 E a
fronteira meridional será desde Tamar
até
as águas de Meribote-Cades,
ao
longo do Ribeiro do Egito até o Mar Grande.
Essa
será a fronteira meridional.
Ez 47:20 E a
fronteira do ocidente será o Mar Grande,
desde
o termo do sul até a entrada de Hamate.
Essa
será a fronteira do ocidente.
Ez 47:21
Repartireis, pois, esta terra entre vós,
segundo
as tribos de Israel.
Ez 47:22
Reparti-la-eis em herança por sortes entre vós
e
entre os estrangeiros que habitam no meio de vós
e
que têm gerado filhos no meio de vós;
e vós os
tereis como naturais entre os filhos de Israel;
convosco
terão herança,
no
meio das tribos de Israel.
Ez 47:23 E
será que na tribo em que peregrinar o estrangeiro,
ali
lhe dareis a sua herança,
diz
o Senhor Deus.
Eles, seguindo as instruções de Deus,
deveriam distribuir como herança para eles mesmos e para os estrangeiros
residentes no meio deles e que tinham filhos. Reparem no cuidado do Senhor com
os estrangeiros que ali estavam buscando a Deus ou quisessem estar próximos ao
povo de Deus
Esses estrangeiros nessas condições
especiais seriam considerados como israelitas de nascimento. Juntamente com eles
deveria ser designada uma herança entre as tribos de Israel.
Qualquer que fosse a tribo no qual o
estrangeiro teria se instalado, ali eles lhe dariam a herança que lhe coubesse.
Essa era palavra do Senhor Deus Soberano.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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Paulo Freire – Uma avaliação relâmpago
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É sempre surpreendente, para mim, ver que a maioria das referências feitas
ao professor Paulo Freire (1921-1997) são benevolentes e eivadas de
admiração. ...
TRANSTORNANDO O CALVINISMO
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transmitida a nós pelo seu maior representante - João Calvino. É claro, a
de se ori...