domingo, 29 de março de 2015
domingo, março 29, 2015
Jamais Desista
Lamentações 4:1-22 - OS SOFRIMENTOS DO CERCO.
Como já dissemos, estamos refletindo no
livro de Lamentações que se propõe a expressar e orientar outros em seus
lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo
de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o quarto capítulo.
IV. O PRESENTE E O FUTURO DE SIÃO.
Neste penúltimo capítulo, veremos o poeta expressando
a Deus o apelo desesperado de Judá por livramento. Esse poema apresenta o mais
vívido retrato do livro de Lamentações sobre as agonias de Judá, mas também
assegura que a devastação terá um fim.
O capítulo começa falando do ouro de que
era puríssimo e que agora estava se escurecendo. Uma referência aos metais, às
pedras preciosas e ao rico mobiliário do templo de Salomão, agora destruídos
por Nabucodonosor (2Rs 25.9).
Eram os filhos de Sião que eram comparáveis
ao ouro puríssimo. O símbolo do ouro é rapidamente transferido para o povo, que
era infinitamente mais valioso do que as riquezas do templo. Como
"propriedade peculiar" (Ex 19.5), eles eram extremamente preciosos,
mas foram tratados como comuns e insignificantes.
Até certos animais, como os chacais e avestruzes,
proverbialmente conhecidos pelo descuido para com os filhotes (Jó 39.16)
estavam cuidando melhor de seus filhotes do que a filha do seu povo. O tratamento
áspero dos filhos por parte dos pais é um tema do capítulo (cf. v. 10), como
eco de 2.20, onde as mulheres comem seus próprios filhos por causa da grande
fome e desespero.
Os profetas haviam previsto que os ricos e
criados de maneira refinada, cairiam repentinamente numa desesperada situação
de privação e perigo (Jr. 6.2; Am 4.1-3; 6.1).
Depois de comparados com aqueles animais
descuidados com seus filhotes que no entanto cuidavam melhor deles do que a
filha de Sião de seus filhos, ele agora estende essa comparação, ou amplia ela,
para falar que maior era a sua maldade - a palavra hebraica pode ser traduzida
como "punição" ou "maldade", de acordo com o contexto,
porque as duas ideias apresentam uma ligação de causalidade – do que a maldade
que se praticava à época em Sodoma e Gomorra.
Nesse capítulo, a conexão é forte, uma vez
que o extremo sofrimento de Judá é ligado ao seu pecado de modo inquebrantável.
A comparação de Jerusalém com Sodoma é notável em razão de seus comparáveis
pecado e sentenças decorrentes do julgamento (veja Is 1 .10; cf. a comparação
da cidade israelita de Gibeá com Sodoma e Gomorra em Jz 19.22-30.
A impressão que temos nos versos 7 e 8 são
de que as descrições físicas desses nobres eram excepcionais, no entanto, agora,
devido ao cerco e a fome reinante, a sua aparência perdeu a sua formosura e a
sua pele, antes alva e brilhosa, agora se apegava aos ossos de forma que os
mortos à espada pareciam mais felizes do que os que estavam sendo atingidos
pela fome.
A morte por inanição não era um modo de
julgamento instantâneo e sumário, mas de dor prolongada e uma violação da
dignidade humana. Era antinatural a maldição de Deus no seu aspecto mais
inflexível e duro.
Que tamanha fome era aquela e que tanto
despudor se encontrava ali de forma que as mãos das mulheres compassivas era
que cozia os seus filhos, imaginem as mãos da mulher não compassiva, da
violenta, da ignorante ou de qualquer outra?
O foco volta para a ira de Deus – vs. 11; a
explicação, até mesmo para estes males, encontra-se no pecado de Judá.
O verso 12 era possivelmente uma referência
à invencibilidade assumida de Sião, reforçada pelo dramático fracasso dos
assírios em conquistar a cidade, depois da vitória de Senaqueribe sobre o resto
de Judá em 701 a.C. (2Rs 18.13-19.37). Parecia ser algo incabível e impensável que
alguém pudesse derrotar Jerusalém por causa de ser ela a capital onde estava o
templo do Senhor e nele habitava o Criador.
A explicação do que se sucedia e a causa de
sua derrota está clara no verso 13. Por causa do pecado dos seus profetas e das
iniquidades dos seus sacerdotes, que derramaram no meio dela o sangue dos
justos. O povo, como já explicamos, tinha os profetas que desejavam e não os
que precisava por simplesmente rejeitarem ao Senhor.
Os sacerdotes eram os que vagueavam como
cegos pelas ruas - vs.14 Eram como cegos nas ruas - Dt 28.28-29 - contaminados com
o sangue inocente. Isso é uma referência ao assassinato e ao tornar a cidade
impura. Em outros lugares, a frase se refere ao sangue da vítima nas mãos do
assassino - Is 59.3. Ironicamente, nesse versículo, o sangue que contamina os
cegos é o sangue dos compatriotas mortos.
Eles saiam gritando para se desviarem e que
eram imundos e que não podiam ser tocados – vs. 15; Lv 13.45. No entanto,
quando fugiram, se cumpriu a maldição de Dt 28.65-66. Foi de fato a ira do
Senhor que os espalhou – vs. 16.
Israel e Judá caracteristicamente
procuraram auxílio em alianças políticas ao invés de procurá-lo no Senhor – vs.
17; Is 7; 30.1-5; Jr 24.
Eles estavam sendo observados de maneira
que não podiam nem andarem pelas ruas. Era o sinal claro de que o fim deles se
aproximava veloz. Os seus perseguidores – vs. 19 - eram mais ligeiros que as
aves do céu - Jr 4.13. Eram perseguidos sobre os montes e no deserto, lhes
esperavam ciladas.
Havia neles uma esperança posta no rei o
qual era considerado o seu fôlego, o ungido do Senhor. Uma referência ao último
rei davídico, Zedequias, que havia sido deportado de Judá por Nabucodonosor
(2Rs 25.7), de sorte que nenhum rei dessa linhagem estava reinando na ocasião
em que esse poema foi escrito.
Entretanto, as reformas anteriores de
Josias (2Rs 22-23) conquanto religiosas, haviam assegurado a independência de
Judá e pareciam confirmar as antigas promessas de Deus a Davi (2Sm 7), deixando
a esperança de que um dia Deus restauraria a dinastia davídica, especificamente
por meio do justo Renovo de Davi (Jr 23.5-8).
como se mudou
o ouro puríssimo!
como
estão espalhadas as pedras do santuário
pelas
esquinas de todas as ruas!
Lm 4:2 Os
preciosos filhos de Sião, comparáveis a ouro puro,
como
são agora reputados por vasos de barro,
obra
das mãos de oleiro!
Lm 4:3 Até os
chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos;
mas
a filha do meu povo tornou-se cruel
como
os avestruzes no deserto.
Lm 4:4 A
língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar;
os
meninos pedem pão, e ninguém lho reparte.
Lm 4:5 Os que
comiam iguarias delicadas desfalecem nas ruas;
os
que se criavam em escarlata abraçam monturos.
Lm 4:6 Pois
maior é a iniqüidade da filha do meu povo
do
que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida
como
num momento, sem que mão alguma lhe tocasse.
Lm 4:7 Os
seus nobres eram mais alvos do que a neve,
mais
brancos do que o leite,
eram
mais ruivos de corpo do que o coral,
e
a sua formosura era como a de safira.
Lm 4:8 Mas
agora escureceu-se o seu parecer
mais
do que o negrume; eles não são reconhecidos nas ruas;
a
sua pele se lhes pegou aos ossos;
secou-se,
tornou-se como um pau.
Lm 4:9 Os
mortos à espada eram mais ditosos do que os mortos à fome,
pois
estes se esgotavam, como traspassados,
por
falta dos frutos dos campos.
Lm 4:10 As
mãos das mulheres compassivas cozeram os próprios filhos;
estes
lhes serviram de alimento na destruição
da
filha do meu povo.
Lm 4:11 Deu o
Senhor cumprimento ao seu furor,
derramou
o ardor da sua ira; e acendeu um fogo em Sião,
que
consumiu os seus fundamentos.
Lm 4:12 Não
creram os reis da terra,
bem
como nenhum dos moradores do mundo,
que
adversário ou inimigo pudesse entrar
pelas
portas de Jerusalém.
Lm 4:13 Isso
foi por causa dos pecados dos seus profetas
e
das iniqüidades dos seus sacerdotes,
que
derramaram no meio dela o sangue dos justos.
Lm 4:14
Vagueiam como cegos pelas ruas;
andam
contaminados de sangue, de tal sorte
que
não se lhes pode tocar nas roupas.
Lm 4:15 Desviai-vos!
imundo! gritavam-lhes;
desviai-vos,
desviai-vos, não toqueis!
Quando
fugiram, e andaram, vagueando,
dizia-se
entre as nações:
Nunca
mais morarão aqui.
Lm 4:16 A ira
do Senhor os espalhou;
ele
nunca mais tornará a olhar para eles;
não
respeitaram a pessoa dos sacerdotes,
nem
se compadeceram dos velhos.
Lm 4:17 Os
nossos olhos desfaleciam,
esperando
o nosso vão socorro.
em
vigiando olhávamos para uma nação,
que
não podia, livrai.
Lm 4:18
Espiaram os nossos passos,
de
maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas;
o
nosso fim estava perto;
estavam
contados os nossos dias,
porque
era chegado o nosso fim.
Lm 4:19 Os
nossos perseguidores foram mais ligeiros
do
que as águias do céu;
sobre
os montes nos perseguiram,
no
deserto nos armaram ciladas.
Lm 4:20 O
fôlego da nossa vida, o ungido do Senhor,
foi
preso nas covas deles, o mesmo de quem dizíamos:
Debaixo
da sua sombra viveremos entre as nações.
Lm 4:21
Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom,
que
habitas na terra de Uz;
o cálice
te passará a ti também;
embebedar-te-ás,
e te descobrirás.
Lm 4:22 Já se
cumpriu o castigo da tua iniqüidade, ó filha de Sião;
ele
nunca mais te levará para o cativeiro;
ele
visitará a tua iniqüidade, ó filha de Edom;
descobrirá
os teus pecados.
A inimizade histórica entre Edom e Judá era
escandalosa por causa de uma antiga afinidade de sangue, como já tivemos a
oportunidade de ver (Edom era outro nome para Esaú, irmão de Jacó; Gn 25.30).
Edom regozijou-se com a queda de Jerusalém, mas cairia também – vs. 21; Jr
49.7-22; Am 9.20.
O castigo da sua maldade já estava
consumado – vs. 22. Em 3.22, a mesma palavra para "consumar" é
traduzida como "consumidos". Por causa de sua misericórdia e
compaixão, Deus poria um fim à punição do seu povo e o livraria. Esse,
entretanto, não seria o caso com respeito a Edom (Is 40.2; Jr 49.7-22).
...
sábado, 28 de março de 2015
sábado, março 28, 2015
Jamais Desista
Lamentações 3:1-66 - BOM É O SENHOR PARA OS QUE ESPERAM POR ELE.
Como já enfatizamos, estamos refletindo no
livro de Lamentações o qual é composto de cinco poemas distintos que
representam os lamentos (tanto da comunidade, quanto do indivíduo) que possuem
as seguintes características:
·
Queixas
sobre a adversidade.
·
Confissão
de confiança.
·
Súplica
por livramento.
·
Confiança
na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e
perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI
74).
Este livro de Lamentações se propõe a
expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições
impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora
veremos o terceiro capítulo.
III. LAMENTO E CONSOLAÇÃO (3.1-66).
Nesse capítulo, veremos uma pessoa expressando
lamento em favor do povo e encontrando alguma consolação. Ele é o terceiro lamento
sobre a situação de Jerusalém.
Esse poema recorda as palavras de uma
pessoa expressando lamento por toda a comunidade judaica e em benefício dela, e
especialmente dos cidadãos de Jerusalém (vs. 22,40-47).
Esse poema de tríades em acróstico é
escrito, em sua maior parte, na primeira pessoa do singular.
É possível que tenha sido escrito por
Jeremias que tinha do Senhor aquela noção de soberania no qual entendia que
nada acontece sem que ele o consinta. Agora entender as circunstâncias estaria
além de suas capacidades.
O autor, mesmo sendo Jeremias, acaba
sentindo a aflição do juízo de Deus - compare com Jó 19.21, SI 88.7; Jr
15.17-18 – principalmente ao ser afligido pela vara de Deus, ou seja,
provavelmente a Babilónia, a nação que estava sendo usada por Deus para
executar a sua sentença contra Judá e Jerusalém.
Fora o Senhor que o tinha guiado, mas não
na luz, mas em trevas. Compare com Is 9.2 que fala do nascimento e do reino do
Príncipe da Paz, onde o povo que andava nas trevas viu grande luz. As trevas aqui
são certamente uma metáfora para a angústia que resultou do julgamento de Deus,
enquanto luz significava o oposto — salvação e bênção. Compare também com Am
5.18.
Percebe-se, nos versos seguintes, como o
autor enfatiza, o seu sofrimento que o afetou de diversas formas, atingindo sua
estrutura física, sua pele e os seus ossos. Vemos a descrição do sofrimento físico,
talvez em razão de uma idade avançada ou de uma doença (veja Jó 13.28; Is
38.13).
Os sofrimentos e males da vida são tão
extremos para o orador que ele retrata a sua experiência como sendo parecida
com a própria morte.
Não podemos esquecer que o lamento é
específico para a situação específica que estavam todos vivendo em juízo por
haverem rejeitado a Deus que tanto os avisou e deu oportunidades para não
entrarem nessa situação.
Para maiores dados sobre o conceito da
morte como uma existência de sombras, a BEG nos recomenda ver Jó 3.11-19; Is
14.18 e seguintes. Conceitos semelhantes de morte são expressos em SI 6.5;
115.17. Outras passagens do Antigo Testamento oferecem esperança que transcende
a morte física (SI 49.15; 73.24).
A narrativa de sua dor tem continuidade. De
forma muito intensa e progressiva até o verso 17. Podemos ter um paralelo dessa
aflição no Sl 88 que fala do lamento de um atribulado, um salmo dos filhos de
Corá. Era um salmo didático de Hemã, ezraíta. É também considerado a mais sombria
de todas as lamentações do saltério.
Podemos perceber também que as aflições que
se sucediam ao autor e que eram narradas em detalhas, fora aquilo que já fora
anunciado outrora que haveria de acontecer se o povo não se arrependesse. Os
maus tratos sofridos pelo poeta nas mãos do povo tornam-se, ironicamente, parte
do quadro de angústia mediante o qual ele retrata o sofrimento do povo (3.1-66).
O resultado de tanto sofrimento era o
afastamento da paz – vs. 17. A paz e prosperidade resumiam as bênçãos da
aliança; ambos estão ausentes da cena nesse momento.
Por conta disso, ele diz ter perecido a sua
glória, ou seja, a sua esperança no SENHOR. Era de fato uma expressão absoluta
de desesperança.
Então ele apela para a oração e ora a Deus
para que se lembre da sua situação cuja alma estava cada vez mais angustiada. A
experiência pessoal do poeta é uma lembrança da memória corporativa das antigas
misericórdias pactuais de Deus. Ele sabia e conhecia o seu Deus, mas a sua
situação presente era de muita dor.
Memórias que haviam desanimado o escritor
(v. 19) agora o encorajam (veja SI 77.3-9,10-15). Do ponto de vista da
desesperança, a recordação da devoção anterior de Deus a seu povo trazia nova
esperança.
O que ele quer trazer à memória que lhe
daria esperança é a palavra de Deus a qual eles haviam rejeitado e seguido os
seus próprios caminhos de trevas, de dores e de angústias, como se via ali.
A verdadeira esperança nasce da palavra de
Deus por que ele a falou!
A forma de lamento geralmente inclui
momentos decisivos nos quais a rejeição de Deus dá lugar à confiança. O poeta
expressa a sua confiança de que o amor de Deus pelo seu povo confortaria
aqueles que experimentaram a queda de Jerusalém. Por mais difícil que a
situação tivesse se tornado, Deus não deixaria de mostra amor ao seu povo
arrependido.
Dos versos 22 em diante a situação agora é
outra. O lamento fica para trás como necessário e importante, mas o que os
motiva agora são as misericórdias do Senhor.
Frequentemente traduzido como "amor
imutável", a característica central de Deus, expressada aqui em seu
relacionamento de aliança com Israel. O termo descreve o seu zelo pelo seu
povo.
O zelo pactual de Deus é aliado à sua
compaixão, um termo para o profundo sentimento de Deus que se expressa em
misericórdia e bênção. A ira de Deus contra o seu povo terminaria porque a sua
compaixão pelo seu remanescente não poderia ter fim (cf. 4.22; Os 11.8).
O amor de Deus se manifestaria na nova
aurora da salvação (SI 90.14; MI 4.2; Lc 1.72), por isso que seria grande a sua
fidelidade, um termo para a incondicional confiabilidade de Deus — o que o
torna digno da nossa confiança (veja Hc 2.4).
Agora o Senhor seria a sua porção e nele
esperaria. Essa expressão relembra a distribuição dos territórios às tribos
israelitas (Nm 26.53ss.). Os sacerdotes e levitas que não possuíam terra,
tinham o Senhor como a sua porção (Nm 18.20 ss.). Embora Deus tenha distribuído
porções da Terra Prometida para o seu povo, eles não deveriam nunca permitir
que essa herança substituísse o zelo e o amor pessoal ao próprio Deus.
O movimento amoroso de Deus em direção ao
seu povo exige o movimento correspondente deste para com ele (veja 1Cr 28.9). A
tríplice bondade (vs. 25, 26 e 27) apresentada aqui tem a sua correspondente
contrapartida humana. A experiência da bondade não pode ser separada de buscar,
aguardar em silêncio (v. 26) e suportar provações e sofrimento enquanto jovem
(v. 27).
1.
Bom
é o Senhor – Devemos esperar por ele, o Senhor.
2.
Bom
é ter esperança – Devemos aguardar em silêncio a salvação de Deus.
3.
Bom
é suportar o jugo – Devemos suportar provações e sofrimentos.
Dos versos 28 ao 30, vemos uma exortação para
suportar o sofrimento, especialmente à luz da afirmação contida no. vs. 31-33. A
humilhação de Israel prefigurava a de Cristo, o qual voluntariamente tomou
sobre si o justo julgamento de Deus contra o seu povo (Is 50.60; Mt 26.27).
Jesus aludiu a essa passagem em seus ensinos (Nm 5.39; Lc 6.29).
Uma vez que Deus é compassivo, a
experiência de sua ira por parte do seu povo deve ser de curta duração (SI
30.5; Is 54.7; Os 6.1). A compaixão de Deus não pode ser separada do seu amor
inabalável (3.22).
A implicação era de que Deus não aprovaria
que tais calamidades se abatessem sobre o seu povo (veja Jó 8.3). Entretanto,
Deus havia aprovado exatamente essas tragédias por causa do desvio às suas
leis, como narrados nos vs. 34-36. Não veria o Senhor tais absurdos?
Tudo o que acontece é pela Palavra de Deus
— tanto a calamidade como a bênção (Is 45.7; Am 3.6), no entanto, jamais Deus
vilipendia o homem ou o manipula, antes este faz as suas péssimas escolhas que
resultam, obviamente, em péssimas consequências.
Por isso – vs. 39 – que os homens devem se
queixar de seus próprios pecados. Embora tenha sido terrível, o julgamento de
Deus foi indiscutivelmente merecido como resultado do pecado (2.20-22).
Por trás de toda queixa humana há um
pecado. Não somos “tadinhos”, mas vermezinhos, monstrinhos terríveis, enganosos
e cheios de astúcias – Ec 7:29.
O orador usa a terceira pessoa do plural ao
longo de toda essa seção que compreende os versos de 40 a 47. Uma vez que o
capítulo todo é um discurso unificado, ou outras pessoas juntam-se a ele nos
vs. 1-39, ou ele convida outros para juntarem-se a ele e fala sozinho em favor
deles.
Ele começa essa seção com um chamado ao
arrependimento e reconhecimento do pecado.
Há o reconhecimento de suas transgressões,
de suas rebeldias e da firmeza de Deus em não perdoá-los – vs. 42. Essa
afirmação inesperada poderia ser uma aquiescência à justiça de Deus recusando-se
a perdoar. Os versículos seguintes sugerem a possibilidade de que todo o
discurso seja um queixume induzido pelo pensamento de que Judá merecia o seu
sofrimento (v. 39).
Eles foram perseguidos, mortos, suas
orações impedidas para, como escória e refugo, serem colocados bem no meio dos
povos – vs. 43-45. Isso era um contraste com as ações de Deus no êxodo, quando
se achava irado a favor de Israel e matou os egípcios. Essa foi uma ocasião em
que a nuvem foi um sinal do seu favor, quando Israel era precioso aos seus
olhos dentre as nações. Compare com 2.1 onde as nuvens os escondem e não os
protegem. E assim, os seus inimigos abriram as suas bocas contra eles e o
temor, a cova e o laço vieram sobre eles trazendo assolação e grande
destruição.
O escritor se volta para a primeira pessoa
do singular – vs. 48 - para falar da estreita relação entre a sua própria dor e
a angústia do seu povo, onde não cessa o choro e a dor - linguagem familiar de
lamento (veja SI 6.6; 42.3; Jr 9.11) – até que o Senhor atenda e veja lá do céu
– vs. 50.
Apesar de tudo, o profeta aguarda no Senhor
e a ele dirige as suas orações e lamentos certos de que encontrará o coração do
Senhor que pleiteará a sua causa e o livrará. (SI 35.9; Jo 15.25; SI 28.1;
88.6; Jr 38.6; SI 30.1; Jn 2.2-7).
Nesse ponto crucial do lamento – vs. 56 -,
o poeta expressou a certeza de que o Senhor tinha ouvido a sua oração (SI
6.8-10). Dele tinha se aproximado e lhe dito para não temer – Is 40-55; Mc 6:50.
Ele confirma sua esperança de que o Senhor pleiteou a sua causa e remiu a sua
alma. Jeremias estava inocente e de diversas formas fora injustiçado.
Lm 3:2 Ele me guiou e me fez andar em
trevas e não na luz.
Lm 3:3 Deveras fez virar e revirar a sua
mão contra mim o dia todo.
Lm 3:4 Fez envelhecer a minha carne e a
minha pele; quebrou-me os ossos.
Lm 3:5 Levantou trincheiras contra mim, e
me cercou de fel e trabalho.
Lm 3:6 Fez-me habitar em lugares
tenebrosos,
como os que
estavam mortos há muito.
Lm 3:7 Cercou-me de uma sebe de modo que
não posso sair;
agravou os
meus grilhões.
Lm 3:8 Ainda quando grito e clamo por
socorro, ele exclui a minha oração.
Lm 3:9 Fechou os meus caminhos com
pedras lavradas,
fez tortuosas
as minhas veredas.
Lm 3:10 Fez-se-me como urso de
emboscada, um leão em esconderijos.
Lm 3:11 Desviou os meus caminhos, e
fez-me em pedaços; deixou-me desolado.
Lm 3:12 Armou o seu arco, e me pôs como
alvo à flecha.
Lm 3:13 Fez entrar nos meus rins as
flechas da sua aljava.
Lm 3:14 Fui feito um objeto de escárnio
para todo o meu povo,
e a sua
canção o dia todo.
Lm 3:15 Encheu-me de amarguras,
fartou-me de absinto.
Lm 3:16 Quebrou com pedrinhas de areia
os meus dentes, cobriu-me de cinza.
Lm 3:17 Alongaste da paz a minha alma;
esqueci-me do que seja a felicidade.
Lm 3:18 Digo, pois: Já pereceu a minha
força,
como também a
minha esperança no Senhor.
Lm 3:19 Lembra-te da minha aflição e
amargura, do absinto e do fel.
Lm 3:20 Minha alma ainda os conserva na
memória, e se abate dentro de mim.
Lm 3:21 Torno a trazer isso à mente,
portanto tenho esperança.
Lm 3:22 A benignidade do Senhor jamais
acaba,
as suas
misericórdias não têm fim;
Lm 3:23 renovam-se cada manhã. Grande é
a tua fidelidade.
Lm 3:24 A minha porção é o Senhor, diz a
minha alma; portanto esperarei nele.
Lm 3:25 Bom é o Senhor para os que
esperam por ele, para a alma que o busca.
Lm 3:26 Bom é ter esperança, e aguardar
em silêncio a salvação do Senhor.
Lm 3:27 Bom é para o homem suportar o
jugo na sua mocidade.
Lm 3:28 Que se assente ele, sozinho, e
fique calado,
porquanto
Deus o pôs sobre ele.
Lm 3:29 Ponha a sua boca no pó; talvez
ainda haja esperança.
Lm 3:30 Dê a sua face ao que o fere;
farte-se de afronta.
Lm 3:31 Pois o Senhor não rejeitará para
sempre.
Lm 3:32 Embora entristeça a alguém,
contudo terá compaixão
segundo a
grandeza da sua misericórdia.
Lm 3:33 Porque não aflige nem entristece
de bom grado os filhos dos homens.
Lm 3:34 Pisar debaixo dos pés a todos os
presos da terra,
Lm 3:35 perverter o direito do homem
perante a face do Altíssimo,
Lm 3:36 subverter o homem no seu pleito,
não são do agrado do senhor.
Lm 3:37 Quem é aquele que manda, e assim
acontece,
sem que o
Senhor o tenha ordenado?
Lm 3:38 Não sai da boca do Altíssimo
tanto o mal como o bem?
Lm 3:39 Por que se queixaria o homem
vivente,
o varão por
causa do castigo dos seus pecados?
Lm 3:40 Esquadrinhemos os nossos
caminhos, provemo-los,
e voltemos
para o Senhor.
Lm 3:41 Levantemos os nossos corações
com as mãos para Deus no céu dizendo;
Lm 3:42 Nós transgredimos, e fomos
rebeldes, e não perdoaste,
Lm 3:43 Cobriste-te de ira, e nos
perseguiste; mataste, não te apiedaste.
Lm 3:44 Cobriste-te de nuvens, para que
não passe a nossa oração.
Lm 3:45 Como escória e refugo nos
puseste no meio dos povos.
Lm 3:46 Todos os nossos inimigos abriram
contra nós a sua boca.
Lm 3:47 Temor e cova vieram sobre nós,
assolação e destruição.
Lm 3:48 Torrentes de águas correm dos
meus olhos,
por causa da
destruição da filha do meu povo.
Lm 3:49 Os meus olhos derramam lágrimas,
e não cessam,
sem haver intermissão,
Lm 3:50 até que o Senhor atente e veja
desde o céu.
Lm 3:51 Os meus olhos me afligem, por causa
de todas as filhas da minha cidade.
Lm 3:52 Como ave me caçaram os que, sem
causa, são meus inimigos.
Lm 3:53 Atiraram-me vivo na masmorra, e
lançaram pedras sobre mim.
Lm 3:54 Águas correram sobre a minha
cabeça; eu disse: Estou cortado.
Lm 3:55 Invoquei o teu nome, Senhor,
desde a profundeza da masmorra.
Lm 3:56 Ouviste a minha voz; não
escondas o teu ouvido ao meu suspiro,
ao meu
clamor.
Lm 3:57 Tu te aproximaste no dia em que
te invoquei; disseste: Não temas.
Lm 3:58 Pleiteaste, Senhor, a minha
causa; remiste a minha vida.
Lm 3:59 Viste, Senhor, a injustiça que
sofri; julga tu a minha causa.
Lm 3:60 Viste toda a sua vingança, todos
os seus desígnios contra mim.
Lm 3:61 Ouviste as suas afrontas,
Senhor, todos os seus desígnios contra mim,
Lm 3:62 os lábios e os pensamentos dos
que se levantam contra mim o dia todo.
Lm 3:63 Observa-os ao assentarem-se e ao
levantarem-se; eu sou a sua canção.
Lm 3:64 Tu lhes darás a recompensa,
Senhor, conforme a obra das suas mãos.
Lm 3:65 Tu lhes darás dureza de coração,
maldição tua sobre eles.
Lm 3:66 Na tua ira os perseguirás, e os
destruirás
de debaixo
dos teus céus, ó Senhor.
Os vs. 58-66 discutem o tema bíblico da
defesa do inocente, uma questão cabalmente cumprida em Cristo. Veja Jr 50.34
onde o Senhor, Redentor de Judá, pleiteou a causa do seu povo.
Finalmente, o profeta, também poeta, clama
por vingança contra os seus inimigos. Na verdade o clamor vai mais além,
atingindo também todos os ímpios que no seu devido tempo serão todos
exterminados.
...
sexta-feira, 27 de março de 2015
sexta-feira, março 27, 2015
Jamais Desista
UM PONTO NEGRO NO MEIO DA FOLHA.
Disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago. Todos ficaram assustados. O professor, como de costume, entregou a prova virada para baixo.
Quando puderam ver, para surpresa de todos, não havia uma só pergunta. Havia apenas um ponto negro no meio da folha.
O professor, analisando a expressão surpresa de todos, disse: Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo. Os alunos confusos começaram a difícil tarefa. Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas...
Colocou-se em frente à turma e começou a ler as redações em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro...Tentando dar explicações por sua presença no centro da folha. Após ler todas, a sala em silêncio, ele disse:
Esse teste não será para nota, apenas serve de lição. Ninguém falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco inteira para observar, aproveitar... Mas, sempre nos centralizamos nos pontos negros.
A vida é um presente de DEUS... Dado a cada um de nós com extremo carinho e cuidado. Temos motivos pra comemorar sempre. A natureza que se renova.
Os pontos negros são mínimos... Comparando com tudo aquilo que recebemos diariamente.Mas, são eles que povoam nossa mente.
Pense nisso: Tire os olhos dos pontos negros da sua vida! Aproveite cada bênção, cada momento que Deus lhe dá. tranquilize-se e seja feliz...
...
sexta-feira, março 27, 2015
Jamais Desista
Lamentações 2:1-22 - A IRA DO SENHOR CONTRA JUDÁ.
Estamos refletindo no livro de Lamentações
o qual é composto de cinco poemas distintos que representam os lamentos (tanto
da comunidade, quanto do indivíduo) que possuem as seguintes características:
·
Queixas
sobre a adversidade.
·
Confissão
de confiança.
·
Súplica
por livramento.
·
Confiança
na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e
perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI
74).
Este livro se propõe a expressar e orientar
outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e
sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o segundo capítulo.
II. A ira do Senhor contra Judá (2.1-22)
Nesse capítulo, veremos a ira de Deus
contra Judá. Ele é o segundo lamento sobre a situação de Jerusalém. Enfoca o
julgamento e a ira de Deus contra a nação.
Ele começa dizendo que cobriu de nuvens a
sua ira, ou seja, faz uma referência à nuvem de glória que pairava sobre
Jerusalém, dessa vez em ira, em vez de proteção (Is 4.5; Ez 1).
Com a sua ira, não veio a lembrança do que
estaria sob o escabelo de seus pés, isto é, não agiu em benefício da cidade. Surpreendente
para Judá, a promessa de Deus a Davi parecia estar invalidada (Sl 89,
especialmente os vs. 38-51). O que estaria sob o escabelo de seus pés, ou sob o
estrado de seus pés? Seria uma imagem que descreve a arca da aliança (1 Cr
28.2; SI 132.7) e Sião (SI 99.5,9; veja também Is 66.1, onde a imagem se refere
também a Jerusalém).
Isaías havia garantido a proteção de Deus a
Sião (p. ex., 37.35), e Judá havia se comportado como se essa promessa fosse
incondicional, esquecendo-se de sua obrigação de guardar a aliança com Deus.
O Senhor devorou, sem piedade, todas as
moradas de Jacó e suas fortalezas, ou seja, a destruição das cidades de Judá
representou a maldição de Deus sobre a sua infidelidade (Lv 26.31,33). Ele as
abateu até ao pó e tratou como profanos, o reino e seus príncipes.
Judá perdeu sua força e prosperidade
(contraste com o v. 17; Sm 2.1) e não pode ser páreo ao arco entesado do Senhor
que sobre ela derramou o seu furor. O seu alvo eram os profetas, Judá (e
Israel) (cf. Os 5.10; veja Jr 6.11; 7.20). Esse verso 4 é uma metáfora da
guerra santa, mais frequentemente usada com referência ao julgamento de Deus
sobre as nações (SI 69.24).
Deus usou os inimigos de Judá como seus
instrumentos para proferir julgamento contra o seu desobediente povo da aliança
(cf. 1.15). Ele multiplicou na filha de Judá - sinónimo de "Filha de
Sião" – o pranto e a lamentação.
Nada escapou da destruição. Nem o seu
tabernáculo, nem o lugar de sua congregação, nem o templo, nem o altar ou mesmo
o seu santuário. O julgamento de Deus destruiu não apenas o lugar da sua
morada, mas o meio pelo qual Israel se aproximava dele em adoração. Os gritos
dos inimigos triunfantes substituíram os gritos das assembleias em adoração.
Eles até achavam que por causa das coisas
sagradas que eles tinham em especial e diferentemente de todas as outras nações
e povos, eles estariam protegidos como se fosse tudo aquilo um amuleto forte
contra todo mal, no entanto, se esqueceram do principal, da aliança com seu
Deus. De nada valia tudo aquilo sem qualquer compromisso com Deus.
Como se fazendo um levantamento da cidade
para destruição (cf. Is 34.11; Am 7.7ss.), o Senhor estendeu o seu cordel – vs.
8 – sobre o muro da filha de Sião abalando todas as suas estruturas e rompendo
todas as suas defesas.
Como o rei e o povo haviam sido exilados e
viviam em servidão, eles não tinham mais possibilidade de observar muitos
mandamentos da lei. A lei em si não havia sido anulada (cf. Mt 5.17-19), mas essa
situação contingencial fazia com que não somente a lei, mas também as visões e
os profetas, estivessem todos destruídos. Não apenas o templo foi destruído,
mas a visão profética também havia cessado (veja 1Sm 3.1; Jr 8.8-10; 18.18).
Em profundo lamento – vs. 10 – estavam os
anciãos da filha de Sião calados e com pós sobre as suas cabeças, cingidos de
cilicio. Era essa uma descrição de lamento típica do Antigo Testamento (1.4; Jó
2.12ss.).
O profeta também se expressa com lágrimas consumindo
os seus olhos, numa expressão clara da empatia do profeta pela agonia do povo
de Deus (cf. Jr 4.19; 9; Mq 1.8), onde até desfalecem os meninos e crianças de
peito. Essas imagens de devastação focalizam as crianças em sofrimento e
morrendo (cf. v. 20).
Diante de tanta desgraça ao se desfalecerem
e ao verem seus corpos mortos e atirados no chão como sementes, eles perguntam
onde está o trigo e o vinho, ou o sustento e a alegria?
À vista de todas essas coisas o que poderia
ser dito? Ou, que poderei dizer em seu benefício? Ou, o que poderei dizer sobre
as calamidades suportadas por Judá?
Eles tinham crido nas visões falsas dos
falsos profetas. Falsas profecias haviam sido e continuavam a ser uma questão
decisiva na história de Israel (p. ex., Dt 18.21ss.; Jr 5.12ss.; 23.9-40; 28). O
que fazer então, se há falsos profetas? O fato é que esses profetas falsos
foram enviados por causa da grande procura deles por haverem rejeitado ao
Senhor que lhes falava de dia e de noite, mas não era ouvido.
Agora – vs. 15 – a desgraça deles era a
alegria de toda a terra. A beleza do lugar escolhido de Deus é descrita de modo
extravagante (veja SI 48.2; 50.2) por aqueles que zombavam da ruína e da agonia
de Jerusalém.
Deus (vs. 2,5) usou os inimigos de Judá
para exercer julgamento contra o seu povo desobediente. As nações erroneamente
atribuíram a vitória à sua própria força.
Os propósitos de julgamento de Deus já
haviam sido declarados há muito tempo nas maldições da aliança (veja Lv
26.23-39; Dt 28.15-68); Deus havia cumprido a sua palavra (vs. 3).
Agora o coração de Jerusalém clama ao
Senhor reconhecendo Deus como a verdadeira muralha que deveria ser invocada
nessas horas – vs.17. A muralha é personificada; o símbolo da força da cidade é
convocado para chorar pelo sofrimento do seu povo. O impacto dessa imagem é
intensificado pela ironia de que a muralha construída para proteger a cidade
era inútil e não podia fazer nada, a não ser chorar. Já o Senhor, sim, esse
seria uma muralha a qual tinham desprezado.
Embora já sofrendo grande mal, deveriam orar
e buscar ao Senhor e clamarem de dia e de noite - Dt 28.67. Clamarem
desesperadamente pelos seus filhinhos – vs. 19.
Hão de as mulheres comer o fruto de si
mesmas – vs. 20? O tema do sofrimento alcança aqui o seu clímax no repugnante
canibalismo praticado dentro das famílias judaicas (Jr 19.9). O poeta está
chocado não apenas pela depravação das mulheres judaicas comendo os próprios
filhos, mas, também, pela disposição de Deus em mandar maldição tão extrema
sobre Judá. O poder desse apelo a Deus é enfatizado quando o próprio relacionamento
paternal de Deus com o seu povo escolhido é considerado.
Tanto o moço e o velho eram alvos da
destruição, da tragédia da morte na juventude ou no apogeu da vida em oposição
à bênção de atingir uma idade avançada (Jó 42.17). Foram todos mortos no dia da
ira; foram trucidados sem misericórdia.
Calamidades, em vez de celebrações, afluem
à cidade. As metáforas do terror banqueteando-se sobre Jerusalém retomam as
imagens de canibalismo (v. 19) e do povo de Deus sendo devorado (vs. 2,5,16).
Era esse o dia da ira de Deus. O poema
termina onde começou, sem alívio do quadro sombrio.
derrubou do
céu à terra a glória de Israel,
e
no dia da sua ira não se lembrou do escabelo de seus pés.
Lm 2:2
Devorou o Senhor sem piedade todas as moradas de Jacó;
derrubou
no seu furor as fortalezas da filha de Judá;
abateu-as
até a terra.
Tratou
como profanos o reino e os seus príncipes.
Lm 2:3 No
furor da sua ira cortou toda a força de Israel;
retirou
para trás a sua destra de diante do inimigo;
e
ardeu contra Jacó, como labareda de fogo
que
tudo consome em redor.
Lm 2:4 Armou o
seu arco como inimigo,
firmou
a sua destra como adversário,
e
matou todo o que era formoso aos olhos;
derramou a
sua indignação como fogo
na
tenda da filha de Sião.
Lm 2:5
Tornou-se o Senhor como inimigo;
devorou
a Israel, devorou todos os seus palácios,
destruiu
as suas fortalezas,
e
multiplicou na filha de Judá o pranto
e
a lamentação.
Lm 2:6 E
arrancou a sua cabana com violência,
como
se fosse a de uma horta;
destruiu
o seu lugar de assembléia;
o Senhor
entregou ao esquecimento em Sião
a assembléia
solene e o sábado;
e na
indignação da sua ira rejeitou com desprezo
o
rei e o sacerdote.
Lm 2:7
Desprezou o Senhor o seu altar,
detestou
o seu santuário;
entregou
na mão do inimigo os muros dos seus palácios;
deram-se
gritos na casa do Senhor,
como
em dia de reunião solene.
Lm 2:8
Resolveu o Senhor destruir o muro da filha de Sião;
estendeu
o cordel, não reteve a sua mão de fazer estragos;
fez
gemer o antemuro e o muro;
eles
juntamente se enfraquecem.
Lm 2:9
Sepultadas na terra estão as suas portas;
ele
destruiu e despedaçou os ferrolhos dela;
o
seu rei e os seus príncipes estão entre as nações;
não
há lei;
também
os seus profetas não recebem visão alguma
da
parte do Senhor.
Lm 2:10 Estão
sentados no chão os anciãos da filha de Sião,
e
ficam calados; lançaram pó sobre as suas cabeças;
cingiram
sacos; as virgens de Jerusalém abaixaram
as
suas cabeças até o chão.
Lm 2:11 Já se
consumiram os meus olhos com lágrimas,
turbada
está a minha alma,
o
meu coração se derrama de tristeza
por causa do
quebrantamento da filha do meu povo;
porquanto
desfalecem os meninos
e
as crianças de peito pelas ruas da cidade.
Lm 2:12 Ao
desfalecerem, como feridos, pelas ruas da cidade,
ao
exalarem as suas almas no regaço de suas mães,
perguntam
a elas:
Onde
está o trigo e o vinho?
Lm 2:13 Que
testemunho te darei, a que te compararei,
ó
filha de Jerusalém?
A
quem te assemelharei, para te consolar,
ó
virgem filha de Sião?
pois grande
como o mar é a tua ferida;
quem
te poderá curar?
Lm 2:14 Os
teus profetas viram para ti visões falsas e insensatas;
e
não manifestaram a tua iniqüidade,
para
te desviarem do cativeiro;
mas viram
para ti profecias vãs
e
coisas que te levaram ao exílio.
Lm 2:15 Todos
os que passam pelo caminho batem palmas contra ti;
eles
assobiam e meneiam a cabeça sobre a filha de Jerusalém,
dizendo:
E esta a
cidade que denominavam a perfeição da formosura,
o
gozo da terra toda?
Lm 2:16 Todos
os teus inimigos abrem as suas bocas contra ti,
assobiam,
e rangem os dentes; dizem:
Devoramo-la;
certamente
este e o dia que esperávamos;
achamo-lo,
vimo-lo.
Lm 2:17 Fez o
Senhor o que intentou;
cumpriu
a sua palavra, que ordenou
desde
os dias da antigüidade;
derrubou,
e não se apiedou;
fez
que o inimigo se alegrasse por tua causa,
exaltou
o poder dos teus adversários.
Lm 2:18 Clama
ao Senhor, ó filha de Sião;
corram
as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite;
não
te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
Lm 2:19
Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias;
derrama
o teu coração como águas diante do Senhor!
Levanta
a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos,
que
desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.
Lm 2:20 Vê, ó
Senhor, e considera a quem assim tens tratado!
Acaso
comerão as mulheres o fruto de si mesmas,
as
crianças que trazem nos braços?
ou matar-se-á
no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?
Lm 2:21 Jazem
por terra nas ruas o moço e o velho;
as
minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada;
tu
os mataste no dia da tua ira;
trucidaste-os
sem misericórdia.
Lm 2:22
Convocaste de toda a parte os meus terrores,
como
no dia de assembléia solene;
não
houve no dia da ira do Senhor
quem
escapasse ou ficasse;
aqueles que
eu trouxe nas mãos e criei,
o
meu inimigo os consumiu.
Podemos ver quão terrível foi a situação de
Judá, de Jerusalém, de Israel e de todo o povo de Deus no dia da ira de Deus. Por
haverem rejeitado a Deus, conseguiram para si profetas que lhes atendeu o seu
ventre com mensagens vindas do inferno para infernizarem as suas próprias
vidas.
Se há no mundo atual, século XXI, alguma
ordem e decência e progresso, isso é por causa da grande graça e misericórdia de
um Deus paciente. A história também registra que não devemos abusar disso.
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