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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Jeremias 17:1-27 - ENGANOSO É O CORAÇÃO E TREMENDAMENTE PERVERSO...

Terminaremos agora a oitava parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 17.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18) - continuação.
Como já dissemos, de 16:1 a 17:18, estamos vendo a vida solitária do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força enganadora que destrói; Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus inimigos e a santificação do sábado.
Foi dividida esta parte VIII em duas: A. Atos simbólicos – 16:1-18 – já vista; e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 – concluiremos agora.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 - continuação.
Também já dissemos que desde o verso 16:19 até 17.18, estaremos vendo as orações e as respostas. Essa passagem começa e termina com orações de Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta de Deus (16.21-17.11).

Até o verso 11, será Deus continuando com a emolduração da sua resposta e aqui, especificamente, tratando do engano do pecado e de seu poder destruidor.
Em dois lugares estava cravado os pecados de Judá com ponteiros de ferro e com ponta de diamante:
·         Na tábua do seu coração. Essa imagem traz à memória as tábuas nas quais as leis foram escritas. De tão grande, o pecado de Judá havia chegado ao coração do povo de Deus. Em 31.33, a lei, e não o pecado, seria escrita no coração do povo de Deus quando ocorresse a restauração depois do exílio (Pv 3.3; 7.3).
·         Nas pontas dos seus altares, símbolos que deviam recordar a expiação pelos pecados, mas que só faziam o Senhor se lembrar dos pecados de seu povo.
Os filhos que deveriam se lembrar das coisas de Deus e do templo, estavam com suas mentes e corações voltados para outros altares com seus postes-ídolos. (Êx 34.13; Dt 7.5) junto às árvores frondosas e sobre os altos outeiros onde estava acostumado a se prostituir.
Em consequência, Deus daria os seus tesouros como despojo por causa do pecado em seus termos. Era no monte Sião, onde ficava o templo que foi saqueado por Nabucodonosor (52.17-23).
A herança que lhe tinha sido dada, a Terra Prometida, seria dada a outra nação e eles iriam servir os seus inimigos em terras que não conheciam.
O fogo da ira do Senhor estava aceso e não haveria como apagá-lo.
No verso 5, vem uma maldição consequente e seria maldito, ou é, todo homem que confia no homem e faz da sua carne o seu braço forte e aparta o seu coração do Senhor. A maldição sobrevém no contexto da infidelidade à aliança e alcança todos os homens da terra.
Todos os que afastam o seu coração de Deus, não importam os motivos disso, estão em maldição! (Dt 29:23). Eles serão como o arbusto solitário no deserto, sem que vejam bem algum e morarão no deserto, em lugares secos, em terra salgada e inabitada que não verão bem/prosperidade alguma. Não terão uma vida plena e todos os meios necessários para sustentá-la (15.11; Dt 6.24).
Em compensação, bendito será o que confia e espera no Senhor. Essas duas palavras – confiança e esperança - são baseadas no mesmo termo hebraico. O Senhor recompensa a confiança, pois faz parte da sua natureza ser fidedigno (Is 7.9). A grande semelhança entre os vs. 7-8 e SI 1.1-3 sugere que a confiança no Senhor deve ser guiada pela sua lei (Tg 2.17).
Este que confia e espera no Senhor será como uma árvore plantada junto às águas, ou seja, será poderoso e forte numa terra seca (SI 1.3; Is 44.4).
O verso 9 é muito citado e conhecido por todos os pecadores! Ah, coração enganoso este nosso! O coração, no Antigo Testamento, além de ser o local das emoções, também representa os recônditos mais profundos do ser interior e o fundamento do caráter, abrangendo a mente, a vontade e as emoções (4.19; Pv 2.2).
Eu costumo trazer uma reflexão lembrando que se a sinceridade fosse a minha parceira com a qual dividiria a minha cama, eu nela não confiaria, por causa do enganoso coração que tenho. Nem na minha mais profunda sinceridade eu confio em sua ardorosa paixão, devoção e afirmação.
Quando Deus afirma que nosso coração é enganoso, é melhor crer em Deus e acreditar nele piamente. Não é em meu coração que eu confio, mas no Senhor dos corações que – vs. 10 – esquadrinha a mente e prova o coração para dar a cada um o que é justo, conforme os seus caminhos e frutos de suas ações.
O versículo 11 é constituído de dois provérbios encontrados em 8.4,7. O provérbio da perdiz que não choca os seus ovos, mas os de outra, revela de maneira significativa o verdadeiro mal causado pela injustiça. Veja a repreensão de Davi por Natã em 2Sm 12.1-7 quando este foi servo da injustiça e trouxe desonra ao nome do Senhor.
Igualmente terrível, conforme o provérbio, são os que ajuntam riquezas, mas não retamente - quanto à efemeridade das riquezas, veja Pv 23.4-5.
A segunda oração de Jeremias.
Até o verso 18, Jeremias estará clamando a Deus novamente por causa das tribulações que enfrenta em seu serviço como profeta fiel. Essa é a quarta "confissão" de Jeremias (11.18-23).
Um trono de glória – vs. 12; 14.21; SI 99.1 – é uma referência ao templo do Senhor que estaria em Sião desde o princípio, isto é, o monte Sião havia sido escolhida para ser o trono de Deus mesmo antes da construção do templo de Salomão (cf. Êx 15.17). É este o lugar do santuário.
Jeremias ora ao Senhor e o reconhece como a esperança única e verdadeira de Israel - 14.8,22.  A justaposição dessa ideia com a celebração do templo no v. 12 pode sugerir que a esperança devia ser depositada somente em Deus, e não no templo.
Já os que o abandonarem serão envergonhados e os que se apartarem dele, terão seus nomes escritos na terra e apagados (algumas vezes, essa expressão “escritos no chão” pode indicar o inferno ou a morte - Jó 7.21. Contrastar com a ideia em Ex 32.32.), pois estariam rejeitando em absoluto  a única fonte das águas vivas – vs. 13 - contrastar com 15.18.
Ele pede ao Senhor e já declara a resposta: cura-me e serei curado; salva-me e serei salvo. Poderíamos pegar o modelo dele de oração e aplicá-la para outras orações, por exemplo: dá-me Senhor e ser-me-á dado; abre-me esta porta e ela ser-me-á aberta; envia-me e serei enviado; santifica-me e serei santificado; perdoa-me e serei perdoado; fortalece-me e serei fortalecido.
Jesus mesmo, nosso Senhor, nos incentivou a orar dessa forma: “Portanto, vos afirmo: Tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos sucederá” – Mc 11:24.
Os inimigos de Jeremias o acusaram de ser um falso profeta – vs. 15. Presumivelmente, essa alegação foi feita antes da primeira invasão pelos babilônios em 605 a.C. (Dt 18.21-22). Depois da invasão, seria impossível rejeitar Jeremias com tanta facilidade (Mq 7.10; 2Pe 3.4).
Jeremias se defende alegando até ter motivos para desejar-lhes o mal, mas preferiu ficar em silencio e tudo entregar ao justo juiz de toda a terra e confirma sua palavra alegando que tudo o que saiu de sua boca lhe era do seu conhecimento total.
Então ele roga a Deus força e refúgio para o dia da calamidade, pois ele sabia que isso aconteceria. Eu acho ousada a forma de ele se dirigir a Deus dizendo para ele não ser para com ele um espanto ou de terror, mas alguém que está atento ao seu clamor, apesar dele mesmo. Ele se reconhecia fraco, de coração enganoso e que poderia facilmente se equivocar e ser confundido, por isso que insta com Deus para que não seja ele envergonhado e sofra decepções em sua fé. Ah, confesso: eu também te rogo isso, meu Senhor!
A oração pedindo a destruição dos inimigos – vs. 18 - é típica das "confissões" de Jeremias (11.20; 12.3; 15.15). Esses termos trazem à memória o chamado do profeta (1.17). Ele chega a rogar a Deus uma poção dobrada da destruição deles. Em 16.18 vemos uma aplicação desse termo ao castigo de Judá. Aqui, refere-se ao castigo dos inimigos de Jeremias (Is 40.2).

IX. UM SERMÃO SOBRE O SÁBADO (17.19-27).
Dos versos 19 ao 27, veremos que Judá mereceu ser julgada devido à violação do sábado. Trata-se este capítulo de um sermão sobre o sábado, onde  Jeremias exorta o povo a manter santo o sábado, deixando claro que a desobediência nessa questão provocaria a destruição total de Jerusalém.

Não se sabe ao certo por que esse sermão foi colocado nessa seção. É possível que sirva de contexto para os acontecimentos da seção seguinte que focaliza o julgamento de Deus contra o templo e seus servidores (18.1-20.18).
Jeremias fala em nome do Senhor o qual lhe orientou a ir para a porta de Benjamim, por onde entram e saem os reis de Judá e, depois, para todas as portas de Jerusalém onde a mensagem deveria ser repetida. A mensagem é dada junto às portas devido ao papel das mesmas no comércio (veja Ne 13.15,19).
Assim diz o Senhor, começa o verso 21, contundentemente. Era para eles se guardarem e não carregarem cargas no dia de sábado, pois ali havia uma comercialização de produtos no sétimo dia. O sábado havia sido transformado num dia de comércio intenso na cidade.
Jr 17:1 O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro;
                com ponta de diamante está gravado na tábua do seu coração
                               e nas pontas dos seus altares;
                Jr 17:2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares,
                               e dos seus aserins, junto às árvores frondosas,
                                               sobre os altos outeiros,
                Jr 17:3 nas montanhas no campo aberto,
                               a tua riqueza e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo
                                               por causa do pecado, em todos os teus termos.
                Jr 17:4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança que te dei;
                               e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces;
                                               porque acendeste um fogo na minha ira,
                                                               o qual arderá para sempre.
Jr 17:5 Assim diz o Senhor:
                Maldito o varão que confia no homem,
                               e faz da carne o seu braço,
                                               e aparta o seu coração do Senhor!
                Jr 17:6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum;
                               antes morará nos lugares secos do deserto,
                                               em terra salgada e inabitada.
                Jr 17:7 Bendito o varão que confia no Senhor,
                               e cuja esperança é o Senhor.
                Jr 17:8 Porque é como a árvore plantada junto às águas,
                               que estende as suas raízes para o ribeiro,
                                               e não receia quando vem o calor,
                               mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão
                                               não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
                Jr 17:9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas,
                               e perverso; quem o poderá conhecer?
                Jr 17:10 Eu, o Senhor,
                               esquadrinho a mente, eu provo o coração;
                                               e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos
                                                               e segundo o fruto das suas ações.
                Jr 17:11 Como a perdiz que ajunta pintainhos
                               que não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta riquezas,
                                               mas não retamente; no meio de seus dias as deixará,
                                                               e no seu fim se mostrará insensato.
                Jr 17:12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o princípio,
                               é o lugar do nosso santuário.
                Jr 17:13 Ó Senhor, esperança de Israel,
                               todos aqueles que te abandonarem serão envergonhados.
                                               Os que se apartam de ti serão escritos sobre a terra;
                                                               porque abandonam o Senhor,
                                                                              a fonte das águas vivas.
                Jr 17:14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado;
                               salva-me, e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
                Jr 17:15 Eis que eles me dizem:
                               Onde está a palavra do Senhor? venha agora.
                Jr 17:16 Quanto a mim, não instei contigo
                                para enviares sobre eles o mal, nem tampouco desejei
                                               o dia calamitoso; tu o sabes;
                               o que saiu dos meus lábios estava diante de tua face.
                Jr 17:17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu no dia
                               da calamidade.
                Jr 17:18 Envergonhem-se os que me perseguem,
                               mas não me envergonhe eu;
                assombrem-se eles,
                                mas não me assombre eu;
                                               traze sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os
                                                               com dobrada destruição.
Jr 17:19 Assim me disse o Senhor:
                Vai, e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá,
                               e pela qual saem, como também em todas
                                               as portas de Jerusalém.
                Jr 17:20 E dize-lhes:
                               Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá,
                                               e todos os moradores de Jerusalém,
                                                               que entrais por estas portas;
Jr 17:21 assim diz o Senhor:
                Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
                                               nem as introduzais pelas portas de Jerusalém;
                Jr 17:22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado,
                               nem façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado,
                                               como eu ordenei a vossos pais.
                Jr 17:23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos;
                               antes endureceram a sua cerviz, para não ouvirem,
                                               e para não receberem instrução.
                Jr 17:24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor,
                               não introduzindo cargas pelas portas desta cidade
                                               no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado,
                                                               não fazendo nele trabalho algum,
                               Jr 17:25 então entrarão pelas portas desta cidade
                                               reis e príncipes, que se assentem sobre o trono
                                                               de Davi, andando em carros e montados
                                                                              em cavalos, eles e seus príncipes,
                                               os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém;
                                                               e esta cidade será para sempre habitada.
                Jr 17:26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém,
                               e da terra de Benjamim, e da planície,
                                               e da região montanhosa, e do e sul,
                               trazendo à casa do Senhor holocaustos, e sacrifícios,
                                               e ofertas de cereais, e incenso,
                               trazendo também sacrifícios de ação de graças.
                Jr 17:27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado,
                               e para não trazerdes carga alguma,
                                               quando entrardes pelas portas de Jerusalém
                                                               no dia de sábado,
                               então acenderei fogo nas suas portas,
                                               o qual consumirá os palácios de Jerusalém,
                                                               e não se apagará.
O sábado era especial e deveria ser santificado, como Deus tinha ensinado aos pais deles, em mandamento do sábado (Êx 20.8-11; Dt 5.12-15; Ne 10.31; Is 56.2), mas, se fizeram endurecidos e não inclinaram os seus corações ao Senhor.
No entanto, se mudassem a disposição de suas mentes e se voltassem a Deus, tudo seria diferente. Vemos nos versos 25 e 26 uma descrição (repetida parcialmente em 22.4) do que aconteceria se o povo guardasse o sábado de maneira apropriada - 23.5-6; 30.9; 33.14-26. Todas as ameaças feitas a Judá poderiam, inclusive, serem revertidas.
Caso o povo não obedecesse – vs. 27 -, o centro da desobediência à lei do sábado seria o primeiro lugar a ser destruído.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Jeremias 16:1-21 - A PAZ, A BENIGNIDADE E A MISERICÓRDIA VEM DO SENHOR.

Começaremos agora a oitava parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 16.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18).
De 16:1 a 17:18, veremos a vida solitária do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força enganadora que destrói; Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus inimigos e a santificação do sábado.
Dividiremos esta parte VIII em duas: A. Atos simbólicos – 16:1-18 (estaremos vendo os símbolos do julgamento vindouro, onde Jeremias será proibido de participar de algumas atividades normais a fim de simbolizar o julgamento vindouro); e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 (sua oração e a resposta de Deus fazem um contraste nítido entre o destino daqueles que confiam em seres humanos e daqueles que confiam em Deus.
A. Atos simbólicos – 16:1-18.
Deus ordena nesses 18 versículos que Jeremias não se case nem compareça a funerais e banquetes a fim de simbolizar a iminência e a severidade do julgamento vindouro.
O capítulo começa, como de praxe, dizendo que a palavra do Senhor veio a ele Jeremias e que portanto exige uma resposta de quem ouve e uma grande responsabilidade de quem a pronuncia em nome do Senhor.
A palavra de Deus para Jeremias é forte e contundente: não terás nem mulher, nem filhos nesse lugar. A proibição é relacionada exclusivamente ao papel de Jeremias como prenunciador do destino de Judá. Seu celibato implica que não terá filhos (veja 1Co 7.26) naquele lugar. A falta de filhos do profeta serve de sinal, especialmente para Judá e Jerusalém.
A falta de filhos indica que a geração seguinte não tem futuro. No entanto a palavra é muito dura, pois do que adiantaria gerá-los se o destino deles já estaria selado e seria tão cruel e terrível?
O que esperar de quem quebrasse a ordem de não casar, nem ter filhos? A morte por meio de enfermidades dolorosas, o não pranteamento nem o sepultamento e ainda o uso do corpo como esterco e alimento das aves dos céus e dos animais da terra.
Era costume prolongar o velório pelo oferecimento de refeições àqueles que compareciam à cerimônia de sepultamento, mas Jeremias fora proibido de participar, de entrar na casa que estivesse em luto uma vez que o Senhor não estaria ali e deles teria tirado a sua paz, benignidade e misericórdia.
O que somos nós sem a paz, a benignidade e a misericórdia de nosso Deus? Deus nos dá gratuitamente de sua graça, mas se formos rebeldes à sua palavra, estaremos em sérios apuros, como esses que estariam ousando desobedecer a palavra de Deus pronunciada no verso 2.
O fato é que a palavra seria cumprida e eles morreriam. As proibições ainda continuam nos versos 7 e 8, ambas bem categóricas para não deixar qualquer margem de dúvidas. Não se dará pão aos que estiverem de luto, nem se lhes daria a beber do copo de consolação, uma declaração relacionada a um costume de luto, talvez referente especificamente à morte de um dos pais. Também não seria permitido entrar na casa do banquete para com eles se assentar e comer. A terceira proibição simboliza o fato de Judá não se encontrar num período de sua historia em que tinha motivos para celebrar.
No verso 9, Deus – aqui enfatizado como o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel - faria cessar a voz de gozo e o canto do noivo e o da noiva, os quais são sons típicos de um período de paz e esperança (veja Mt 24.38-39; cf. Jr 33.10-11; veja também 7.34).
A palavra a ser pregada era duríssima e intragável, mas Jeremias era homem de Deus e profeta que temia mais a Deus do que aos homens. Seria natural que quando pregasse houvesse indagações da grande dureza da palavra e o questionamento de qual seria o pecado ou a iniquidade deles.
No verso 11, Deus orienta o profeta sobre o que responder. A resposta estava relacionada ao comportamento maligno de seus pais que se desviaram do Senhor ondo após outros deuses e imitando as nações ao seu redor com práticas abomináveis e contrárias às leis de Deus.
Mas o pecado não estava apenas nos pais, mas nos filhos, pois estes se tornaram rebeldes e duros de coração a ponto de não darem ouvidos à voz do Senhor e assim o rejeitarem,  não semelhantemente aos seus pais, mas priores do que eles.
Embora a geração presente compartilhasse da culpa de seus antepassados (14.20), também era responsável pelos seus próprios pecados (31.29-30; Ez 18.2-4).
Em consequência disso, o Senhor promete que os lançaria para fora desta terra. Ou seja, mandando o povo para o exílio (veja Dt 28.36,64) onde iriam servir a outros deuses de dia e de noite, porque não usará Deus de misericórdia para com eles. Apesar de se tratar de um castigo apropriado para os seus crimes, o povo finalmente descobriria a futilidade da idolatria.
O profeta contrasta o louvor a Deus pela sua misericórdia no passado ao tirar Israel do cativeiro do Egito com o louvor ainda maior que o Senhor receberia depois que libertasse o seu povo do exílio.
Esse regresso à Terra Prometida seria maior do que a primeira volta nos dias de Moisés, apesar de Jeremias não apresentar ainda os detalhes dessa afirmação. Mais adiante ele especifica que na restauração ideal, o povo nunca mais voltaria a cair em pecado (31.31-34).
O Senhor anuncia o terrível castigo, mas faz uma promessa quanto ao futuro mais distante de que viria dias em que não mais se diria que vive o Senhor que nos tirou do Egito, mas vive o Senhor que nos tirou da Babilônia. É uma referência a um futuro relativamente distante, quando a restauração ocorreria. A perspectiva imediata, porém, era de exílio.
No verso 16, uma linguagem que retrata Judá como uma presa do Senhor. Eles seriam pescados, seriam caçados, seria mesmo impossível fugir (23.24; Is 2 19) uma vez que os olhos daquele que tudo vê estavam postos sobre eles e bem assim todos os seus caminhos e, pior, todas as suas iniquidades.
Desta forma, cada um seria retribuído conforme o dobro da sua iniquidade. (17.18; Is 40.2.). O exílio, então, seria um castigo apropriado para os pecados do povo.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18.
Deste verso 19 até 17.18, estaremos vendo as orações e as respostas. Essa passagem começa e termina com orações de Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta de Deus (16.21-17.11).
Jr 16:1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
                Jr 16:2 Não tomarás a ti mulher,
                               nem terás filhos nem filhas neste lugar.
                Jr 16:3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas
                               que nascerem neste lugar,
                                               acerca de suas mães, que os tiverem,
                                                               e de seus pais que os gerarem nesta terra:
                Jr 16:4 Morrerão de enfermidades dolorosas,
                               e não serão pranteados nem sepultados;
                                               serão como esterco sobre a face da terra;
                                                               pela espada e pela fome serão consumidos,
                                                               e os seus cadáveres servirão de pasto para
                                                               as aves do céu e para os animais da terra.
                Jr 16:5 Pois assim diz o Senhor:
                               Não entres na casa que está de luto,
                               nem vás a lamentá-los,
                               nem te compadeças deles;
                                               porque deste povo, diz o Senhor,
                                               retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.
                Jr 16:6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos;
                               não serão sepultados, e não os prantearão,
                                               nem se farão por eles incisões,
                                                               nem por eles se raparão os cabelos;
                               Jr 16:7 nem pão se dará aos que estiverem de luto,
                                               para os consolar sobre os mortos;
                               nem se lhes dará a beber o copo da consolação
                                               pelo pai ou pela mãe.
                               Jr 16:8 Não entres na casa do banquete,
                                               para te assentares com eles a comer e a beber.
                Jr 16:9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Eis que perante os vossos olhos, e em vossos dias,
                               farei cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de alegria,
                                               a voz do noivo e a voz da noiva.
                Jr 16:10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras,
                               e eles te disserem:
                                               Por que pronuncia o Senhor sobre nós
                                                               todo este grande mal?
                                               Qual é a nossa iniquidade?
                                               Qual é o pecado que cometemos
                                                               contra o Senhor nosso Deus?
                11 Então lhes dirás:
                               Porquanto vossos pais me deixaram, diz o Senhor,
                                                e se foram após outros deuses,
                                                               e os serviram e adoraram,
                                               e a mim me deixaram,
                                                               e não guardaram a minha lei;
                               Jr 16:12 e vós fizestes pior do que vossos pais;
                                               pois eis que andais, cada um de vós,
                                               após o pensamento obstinado do seu mau coração,
                                                               recusando ouvir-me a mim;
                Jr 16:13 portanto eu vos lançarei fora desta terra,
                               para uma terra que não conhecestes,
                                               nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses
                                                               estranhos de dia e de noite;
                                                               pois não vos concederei favor algum.
                Jr 16:14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor,
                               em que não se dirá mais:
                Vive o Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
                Jr 16:15 mas sim:
                               Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel
                                               da terra do norte, e de todas as terras
                                                               para onde os tinha lançado;
                               porque eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais.
                Jr 16:16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor,
                               os quais os pescarão; e depois mandarei vir
                                               muitos caçadores, os quais os caçarão
                                                               de todo monte, e de todo outeiro,
                                                                              e até das fendas das rochas.
                Jr 16:17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos;
                               não se acham eles escondidos da minha face,
                                               nem está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
                Jr 16:18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade
                               e o seu pecado, porque contaminaram a minha terra
                                               com os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis,
                                               e das suas abominações encheram a minha herança.
                Jr 16:19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha,
                               e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações
                                               desde as extremidades da terra, e dirão:
                               Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade,
                                               em que não havia proveito.
                Jr 16:20 Pode um homem fazer para si deuses?
                               Esses tais não são deuses!
                Jr 16:21 Portanto, eis que lhes farei conhecer,
                               sim desta vez lhes farei conhecer
                                               o meu poder e a minha força;
                                                               e saberão que o meu nome é Jeová.
A primeira oração.
Ela vai até o verso 20 onde o profeta reconhece a sua própria fidelidade a Deus e a conversão futura das nações gentias. Primeiro, ele exalta Deus como a sua força, a sua fortaleza e o seu refúgio.
O profeta fala de si mesmo em contraste com o restante do povo. Depois, ele proclama a sua crença de que a ele se dirigirão todas as nações. Jeremias declara a esperança de que depois do exílio um grande número de gentios se voltaria para o Senhor (15.12).
O que herdaram nossos pais é somente mentiras e vaidades em que não há proveito algum. Poderia um homem fazer um Deus para si? A pergunta retórica insinua que isso seria ridículo. Sua conclusão óbvia: eles não são deuses! – vs. 20.
A resposta de Deus à declaração piedosa de Jeremias.
Dos versos 21 ao 17.11, veremos a primeira resposta de Deus onde o Senhor responderá à declaração piedosa feita pelo profeta na seção anterior.


Deus afirma que os fará conhecer e ai sim, eles saberão. Em hebraico, essas expressões são formas diferentes da mesma palavra. Judá não poderia saber a menos que o Senhor ensinasse (31.18; Lc 24:45).
Já a declaração “saberão que o meu nome é SENHOR” sugere conhecimento não apenas factual, mas também experimental, aquilo que os judaízas teriam depois de testemunharem a operação de Deus no exílio e na restauração.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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