Terminaremos agora a oitava parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 17.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18) - continuação.
Como já dissemos, de 16:1 a 17:18, estamos
vendo a vida solitária do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força
enganadora que destrói; Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus
inimigos e a santificação do sábado.
Foi dividida esta parte VIII em duas: A.
Atos simbólicos – 16:1-18 – já vista; e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18
– concluiremos agora.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 - continuação.
Também já dissemos que desde o verso 16:19
até 17.18, estaremos vendo as orações e as respostas. Essa passagem começa e
termina com orações de Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta
de Deus (16.21-17.11).
Até o verso 11, será Deus continuando com a
emolduração da sua resposta e aqui, especificamente, tratando do engano do
pecado e de seu poder destruidor.
Em dois lugares estava cravado os pecados
de Judá com ponteiros de ferro e com ponta de diamante:
·Na
tábua do seu coração. Essa imagem traz à memória as tábuas nas quais as leis
foram escritas. De tão grande, o pecado de Judá havia chegado ao coração do
povo de Deus. Em 31.33, a lei, e não o pecado, seria escrita no coração do povo
de Deus quando ocorresse a restauração depois do exílio (Pv 3.3; 7.3).
·Nas
pontas dos seus altares, símbolos que deviam recordar a expiação pelos pecados,
mas que só faziam o Senhor se lembrar dos pecados de seu povo.
Os filhos que deveriam se lembrar das
coisas de Deus e do templo, estavam com suas mentes e corações voltados para
outros altares com seus postes-ídolos. (Êx 34.13; Dt 7.5) junto às árvores
frondosas e sobre os altos outeiros onde estava acostumado a se prostituir.
Em consequência, Deus daria os seus
tesouros como despojo por causa do pecado em seus termos. Era no monte Sião,
onde ficava o templo que foi saqueado por Nabucodonosor (52.17-23).
A herança que lhe tinha sido dada, a Terra
Prometida, seria dada a outra nação e eles iriam servir os seus inimigos em
terras que não conheciam.
O fogo da ira do Senhor estava aceso e não
haveria como apagá-lo.
No verso 5, vem uma maldição consequente e
seria maldito, ou é, todo homem que confia no homem e faz da sua carne o seu
braço forte e aparta o seu coração do Senhor. A maldição sobrevém no contexto
da infidelidade à aliança e alcança todos os homens da terra.
Todos os que afastam o seu coração de Deus,
não importam os motivos disso, estão em maldição! (Dt 29:23). Eles serão como o
arbusto solitário no deserto, sem que vejam bem algum e morarão no deserto, em
lugares secos, em terra salgada e inabitada que não verão bem/prosperidade
alguma. Não terão uma vida plena e todos os meios necessários para sustentá-la
(15.11; Dt 6.24).
Em compensação, bendito será o que confia e
espera no Senhor. Essas duas palavras – confiança e esperança - são baseadas no
mesmo termo hebraico. O Senhor recompensa a confiança, pois faz parte da sua natureza
ser fidedigno (Is 7.9). A grande semelhança entre os vs. 7-8 e SI 1.1-3 sugere
que a confiança no Senhor deve ser guiada pela sua lei (Tg 2.17).
Este que confia e espera no Senhor será
como uma árvore plantada junto às águas, ou seja, será poderoso e forte numa
terra seca (SI 1.3; Is 44.4).
O verso 9 é muito citado e conhecido por
todos os pecadores! Ah, coração enganoso este nosso! O coração, no Antigo
Testamento, além de ser o local das emoções, também representa os recônditos
mais profundos do ser interior e o fundamento do caráter, abrangendo a mente, a
vontade e as emoções (4.19; Pv 2.2).
Eu costumo trazer uma reflexão lembrando
que se a sinceridade fosse a minha parceira com a qual dividiria a minha cama,
eu nela não confiaria, por causa do enganoso coração que tenho. Nem na minha
mais profunda sinceridade eu confio em sua ardorosa paixão, devoção e
afirmação.
Quando Deus afirma que nosso coração é
enganoso, é melhor crer em Deus e acreditar nele piamente. Não é em meu coração
que eu confio, mas no Senhor dos corações que – vs. 10 – esquadrinha a mente e
prova o coração para dar a cada um o que é justo, conforme os seus caminhos e
frutos de suas ações.
O versículo 11 é constituído de dois provérbios
encontrados em 8.4,7. O provérbio da perdiz que não choca os seus ovos, mas os
de outra, revela de maneira significativa o verdadeiro mal causado pela
injustiça. Veja a repreensão de Davi por Natã em 2Sm 12.1-7 quando este foi
servo da injustiça e trouxe desonra ao nome do Senhor.
Igualmente terrível, conforme o provérbio,
são os que ajuntam riquezas, mas não retamente - quanto à efemeridade das
riquezas, veja Pv 23.4-5.
A segunda oração de Jeremias.
Até o verso 18, Jeremias estará clamando a
Deus novamente por causa das tribulações que enfrenta em seu serviço como
profeta fiel. Essa é a quarta "confissão" de Jeremias (11.18-23).
Um trono de glória – vs. 12; 14.21; SI 99.1
– é uma referência ao templo do Senhor que estaria em Sião desde o princípio,
isto é, o monte Sião havia sido escolhida para ser o trono de Deus mesmo antes
da construção do templo de Salomão (cf. Êx 15.17). É este o lugar do santuário.
Jeremias ora ao Senhor e o reconhece como a
esperança única e verdadeira de Israel - 14.8,22. A justaposição dessa ideia com a celebração do
templo no v. 12 pode sugerir que a esperança devia ser depositada somente em
Deus, e não no templo.
Já os que o abandonarem serão envergonhados
e os que se apartarem dele, terão seus nomes escritos na terra e apagados (algumas
vezes, essa expressão “escritos no chão” pode indicar o inferno ou a morte - Jó
7.21. Contrastar com a ideia em Ex 32.32.), pois estariam rejeitando em
absolutoa única fonte das águas vivas –
vs. 13 - contrastar com 15.18.
Ele pede ao Senhor e já declara a resposta:
cura-me e serei curado; salva-me e serei salvo. Poderíamos pegar o modelo dele
de oração e aplicá-la para outras orações, por exemplo: dá-me Senhor e ser-me-á
dado; abre-me esta porta e ela ser-me-á aberta; envia-me e serei enviado;
santifica-me e serei santificado; perdoa-me e serei perdoado; fortalece-me e
serei fortalecido.
Jesus mesmo, nosso Senhor, nos incentivou a
orar dessa forma: “Portanto, vos afirmo:
Tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos
sucederá” – Mc 11:24.
Os inimigos de Jeremias o acusaram de ser
um falso profeta – vs. 15. Presumivelmente, essa alegação foi feita antes da
primeira invasão pelos babilônios em 605 a.C. (Dt 18.21-22). Depois da invasão,
seria impossível rejeitar Jeremias com tanta facilidade (Mq 7.10; 2Pe 3.4).
Jeremias se defende alegando até ter
motivos para desejar-lhes o mal, mas preferiu ficar em silencio e tudo entregar
ao justo juiz de toda a terra e confirma sua palavra alegando que tudo o que
saiu de sua boca lhe era do seu conhecimento total.
Então ele roga a Deus força e refúgio para
o dia da calamidade, pois ele sabia que isso aconteceria. Eu acho ousada a
forma de ele se dirigir a Deus dizendo para ele não ser para com ele um espanto
ou de terror, mas alguém que está atento ao seu clamor, apesar dele mesmo. Ele se
reconhecia fraco, de coração enganoso e que poderia facilmente se equivocar e
ser confundido, por isso que insta com Deus para que não seja ele envergonhado
e sofra decepções em sua fé. Ah, confesso: eu também te rogo isso, meu Senhor!
A oração pedindo a destruição dos inimigos –
vs. 18 - é típica das "confissões" de Jeremias (11.20; 12.3; 15.15).
Esses termos trazem à memória o chamado do profeta (1.17). Ele chega a rogar a Deus
uma poção dobrada da destruição deles. Em 16.18 vemos uma aplicação desse termo
ao castigo de Judá. Aqui, refere-se ao castigo dos inimigos de Jeremias (Is 40.2).
IX. UM SERMÃO SOBRE O SÁBADO (17.19-27).
Dos versos 19 ao 27, veremos que Judá mereceu ser
julgada devido à violação do sábado. Trata-se este capítulo de um sermão sobre
o sábado, ondeJeremias exorta o povo a
manter santo o sábado, deixando claro que a desobediência nessa questão
provocaria a destruição total de Jerusalém. Não se sabe ao certo por que esse sermão
foi colocado nessa seção. É possível que sirva de contexto para os
acontecimentos da seção seguinte que focaliza o julgamento de Deus contra o
templo e seus servidores (18.1-20.18).
Jeremias fala em nome do Senhor o qual lhe
orientou a ir para a porta de Benjamim, por onde entram e saem os reis de Judá
e, depois, para todas as portas de Jerusalém onde a mensagem deveria ser
repetida. A mensagem é dada junto às portas devido ao papel das mesmas no
comércio (veja Ne 13.15,19).
Assim diz o Senhor, começa o verso 21, contundentemente.
Era para eles se guardarem e não carregarem cargas no dia de sábado, pois ali
havia uma comercialização de produtos no sétimo dia. O sábado havia sido
transformado num dia de comércio intenso na cidade.
Jr 17:1 O pecado de Judá está escrito
com um ponteiro de ferro;
com
ponta de diamante está gravado na tábua do seu coração
e
nas pontas dos seus altares;
Jr
17:2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares,
e
dos seus aserins, junto às árvores frondosas,
sobre
os altos outeiros,
Jr
17:3 nas montanhas no campo aberto,
a
tua riqueza e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo
por
causa do pecado, em todos os teus termos.
Jr
17:4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança que te dei;
e
far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces;
porque
acendeste um fogo na minha ira,
o
qual arderá para sempre.
Jr 17:5 Assim diz o Senhor:
Maldito
o varão que confia no homem,
e
faz da carne o seu braço,
e
aparta o seu coração do Senhor!
Jr
17:6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum;
antes
morará nos lugares secos do deserto,
em
terra salgada e inabitada.
Jr
17:7 Bendito o varão que confia no Senhor,
e
cuja esperança é o Senhor.
Jr
17:8 Porque é como a árvore plantada junto às águas,
que
estende as suas raízes para o ribeiro,
e
não receia quando vem o calor,
mas
a sua folha fica verde; e no ano de sequidão
não
se afadiga, nem deixa de dar fruto.
Jr
17:9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas,
e
perverso; quem o poderá conhecer?
Jr
17:10 Eu, o Senhor,
esquadrinho
a mente, eu provo o coração;
e
isso para dar a cada um segundo os seus caminhos
e
segundo o fruto das suas ações.
Jr
17:11 Como a perdiz que ajunta pintainhos
que
não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta riquezas,
mas
não retamente; no meio de seus dias as deixará,
e
no seu fim se mostrará insensato.
Jr
17:12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o princípio,
é
o lugar do nosso santuário.
Jr
17:13 Ó Senhor, esperança de Israel,
todos
aqueles que te abandonarem serão envergonhados.
Os
que se apartam de ti serão escritos sobre a terra;
porque
abandonam o Senhor,
a
fonte das águas vivas.
Jr
17:14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado;
salva-me,
e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
Jr
17:15 Eis que eles me dizem:
Onde
está a palavra do Senhor? venha agora.
Jr
17:16 Quanto a mim, não instei contigo
para enviares sobre eles o mal,
nem tampouco desejei
o
dia calamitoso; tu o sabes;
o
que saiu dos meus lábios estava diante de tua face.
Jr
17:17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu no dia
da
calamidade.
Jr
17:18 Envergonhem-se os que me perseguem,
mas
não me envergonhe eu;
assombrem-se
eles,
mas não me assombre eu;
traze
sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os
com
dobrada destruição.
Jr 17:19 Assim me disse o Senhor:
Vai,
e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá,
e
pela qual saem, como também em todas
as
portas de Jerusalém.
Jr
17:20 E dize-lhes:
Ouvi
a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá,
e
todos os moradores de Jerusalém,
que
entrais por estas portas;
Jr 17:21 assim diz o Senhor:
Guardai-vos
a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
nem
as introduzais pelas portas de Jerusalém;
Jr
17:22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado,
nem
façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado,
como
eu ordenei a vossos pais.
Jr
17:23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos;
antes
endureceram a sua cerviz, para não ouvirem,
e
para não receberem instrução.
Jr
17:24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor,
não
introduzindo cargas pelas portas desta cidade
no
dia de sábado, e santificardes o dia de sábado,
não
fazendo nele trabalho algum,
Jr
17:25 então entrarão pelas portas desta cidade
reis
e príncipes, que se assentem sobre o trono
de
Davi, andando em carros e montados
em
cavalos, eles e seus príncipes,
os
homens de Judá, e os moradores de Jerusalém;
e
esta cidade será para sempre habitada.
Jr
17:26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém,
e
da terra de Benjamim, e da planície,
e
da região montanhosa, e do e sul,
trazendo
à casa do Senhor holocaustos, e sacrifícios,
e
ofertas de cereais, e incenso,
trazendo
também sacrifícios de ação de graças.
Jr
17:27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado,
e
para não trazerdes carga alguma,
quando
entrardes pelas portas de Jerusalém
no
dia de sábado,
então
acenderei fogo nas suas portas,
o
qual consumirá os palácios de Jerusalém,
e
não se apagará.
O sábado era especial e deveria ser
santificado, como Deus tinha ensinado aos pais deles, em mandamento do sábado
(Êx 20.8-11; Dt 5.12-15; Ne 10.31; Is 56.2), mas, se fizeram endurecidos e não
inclinaram os seus corações ao Senhor.
No entanto, se mudassem a disposição de
suas mentes e se voltassem a Deus, tudo seria diferente. Vemos nos versos 25 e
26 uma descrição (repetida parcialmente em 22.4) do que aconteceria se o povo
guardasse o sábado de maneira apropriada - 23.5-6; 30.9; 33.14-26. Todas as
ameaças feitas a Judá poderiam, inclusive, serem revertidas.
Caso o povo não obedecesse – vs. 27 -, o
centro da desobediência à lei do sábado seria o primeiro lugar a ser destruído.
Começaremos agora a oitava parte, de nossa
divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada
pela BEG. Estamos no capítulo 16.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18).
De 16:1 a 17:18, veremos a vida solitária
do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força enganadora que destrói;
Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus inimigos e a santificação
do sábado.
Dividiremos esta parte VIII em duas: A.
Atos simbólicos – 16:1-18 (estaremos vendo os símbolos do julgamento vindouro,
onde Jeremias será proibido de participar de algumas atividades normais a fim
de simbolizar o julgamento vindouro); e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18
(sua oração e a resposta de Deus fazem um contraste nítido entre o destino
daqueles que confiam em seres humanos e daqueles que confiam em Deus.
A. Atos simbólicos – 16:1-18.
Deus ordena nesses 18 versículos que
Jeremias não se case nem compareça a funerais e banquetes a fim de simbolizar a
iminência e a severidade do julgamento vindouro.
O capítulo começa, como de praxe, dizendo
que a palavra do Senhor veio a ele Jeremias e que portanto exige uma resposta
de quem ouve e uma grande responsabilidade de quem a pronuncia em nome do
Senhor.
A palavra de Deus para Jeremias é forte e
contundente: não terás nem mulher, nem filhos nesse lugar. A proibição é
relacionada exclusivamente ao papel de Jeremias como prenunciador do destino de
Judá. Seu celibato implica que não terá filhos (veja 1Co 7.26) naquele lugar. A
falta de filhos do profeta serve de sinal, especialmente para Judá e Jerusalém.
A falta de filhos indica que a geração
seguinte não tem futuro. No entanto a palavra é muito dura, pois do que
adiantaria gerá-los se o destino deles já estaria selado e seria tão cruel e
terrível?
O que esperar de quem quebrasse a ordem de
não casar, nem ter filhos? A morte por meio de enfermidades dolorosas, o não
pranteamento nem o sepultamento e ainda o uso do corpo como esterco e alimento
das aves dos céus e dos animais da terra.
Era costume prolongar o velório pelo
oferecimento de refeições àqueles que compareciam à cerimônia de sepultamento,
mas Jeremias fora proibido de participar, de entrar na casa que estivesse em
luto uma vez que o Senhor não estaria ali e deles teria tirado a sua paz,
benignidade e misericórdia.
O que somos nós sem a paz, a benignidade e
a misericórdia de nosso Deus? Deus nos dá gratuitamente de sua graça, mas se
formos rebeldes à sua palavra, estaremos em sérios apuros, como esses que estariam
ousando desobedecer a palavra de Deus pronunciada no verso 2.
O fato é que a palavra seria cumprida e
eles morreriam. As proibições ainda continuam nos versos 7 e 8, ambas bem
categóricas para não deixar qualquer margem de dúvidas. Não se dará pão aos que
estiverem de luto, nem se lhes daria a beber do copo de consolação, uma
declaração relacionada a um costume de luto, talvez referente especificamente à
morte de um dos pais. Também não seria permitido entrar na casa do banquete
para com eles se assentar e comer. A terceira proibição simboliza o fato de
Judá não se encontrar num período de sua historia em que tinha motivos para
celebrar.
No verso 9, Deus – aqui enfatizado como o
Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel - faria cessar a voz de gozo e o canto
do noivo e o da noiva, os quais são sons típicos de um período de paz e
esperança (veja Mt 24.38-39; cf. Jr 33.10-11; veja também 7.34).
A palavra a ser pregada era duríssima e
intragável, mas Jeremias era homem de Deus e profeta que temia mais a Deus do
que aos homens. Seria natural que quando pregasse houvesse indagações da grande
dureza da palavra e o questionamento de qual seria o pecado ou a iniquidade
deles.
No verso 11, Deus orienta o profeta sobre o
que responder. A resposta estava relacionada ao comportamento maligno de seus
pais que se desviaram do Senhor ondo após outros deuses e imitando as nações ao
seu redor com práticas abomináveis e contrárias às leis de Deus.
Mas o pecado não estava apenas nos pais,
mas nos filhos, pois estes se tornaram rebeldes e duros de coração a ponto de
não darem ouvidos à voz do Senhor e assim o rejeitarem, não semelhantemente aos seus pais, mas priores
do que eles.
Embora a geração presente compartilhasse da
culpa de seus antepassados (14.20), também era responsável pelos seus próprios
pecados (31.29-30; Ez 18.2-4).
Em consequência disso, o Senhor promete que
os lançaria para fora desta terra. Ou seja, mandando o povo para o exílio (veja
Dt 28.36,64) onde iriam servir a outros deuses de dia e de noite, porque não
usará Deus de misericórdia para com eles. Apesar de se tratar de um castigo
apropriado para os seus crimes, o povo finalmente descobriria a futilidade da
idolatria.
O profeta contrasta o louvor a Deus pela
sua misericórdia no passado ao tirar Israel do cativeiro do Egito com o louvor
ainda maior que o Senhor receberia depois que libertasse o seu povo do exílio.
Esse regresso à Terra Prometida seria maior
do que a primeira volta nos dias de Moisés, apesar de Jeremias não apresentar
ainda os detalhes dessa afirmação. Mais adiante ele especifica que na restauração
ideal, o povo nunca mais voltaria a cair em pecado (31.31-34).
O Senhor anuncia o terrível castigo, mas
faz uma promessa quanto ao futuro mais distante de que viria dias em que não
mais se diria que vive o Senhor que nos tirou do Egito, mas vive o Senhor que
nos tirou da Babilônia. É uma referência a um futuro relativamente distante,
quando a restauração ocorreria. A perspectiva imediata, porém, era de exílio.
No verso 16, uma linguagem que retrata Judá
como uma presa do Senhor. Eles seriam pescados, seriam caçados, seria mesmo impossível
fugir (23.24; Is 2 19) uma vez que os olhos daquele que tudo vê estavam postos
sobre eles e bem assim todos os seus caminhos e, pior, todas as suas
iniquidades.
Desta forma, cada um seria retribuído conforme
o dobro da sua iniquidade. (17.18; Is 40.2.). O exílio, então, seria um castigo
apropriado para os pecados do povo.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18.
Deste verso 19 até 17.18, estaremos vendo
as orações e as respostas. Essa passagem começa e termina com orações de
Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta de Deus (16.21-17.11).
Jr 16:1 E veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo:
Jr
16:2 Não tomarás a ti mulher,
nem
terás filhos nem filhas neste lugar.
Jr
16:3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas
que
nascerem neste lugar,
acerca
de suas mães, que os tiverem,
e
de seus pais que os gerarem nesta terra:
Jr
16:4 Morrerão de enfermidades dolorosas,
e
não serão pranteados nem sepultados;
serão
como esterco sobre a face da terra;
pela
espada e pela fome serão consumidos,
e
os seus cadáveres servirão de pasto para
as
aves do céu e para os animais da terra.
Jr
16:5 Pois assim diz o Senhor:
Não
entres na casa que está de luto,
nem
vás a lamentá-los,
nem
te compadeças deles;
porque
deste povo, diz o Senhor,
retirei
a minha paz, benignidade e misericórdia.
Jr
16:6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos;
não
serão sepultados, e não os prantearão,
nem
se farão por eles incisões,
nem
por eles se raparão os cabelos;
Jr
16:7 nem pão se dará aos que estiverem de luto,
para
os consolar sobre os mortos;
nem
se lhes dará a beber o copo da consolação
pelo
pai ou pela mãe.
Jr
16:8 Não entres na casa do banquete,
para
te assentares com eles a comer e a beber.
Jr
16:9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Eis
que perante os vossos olhos, e em vossos dias,
farei
cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de alegria,
a
voz do noivo e a voz da noiva.
Jr
16:10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras,
e
eles te disserem:
Por
que pronuncia o Senhor sobre nós
todo
este grande mal?
Qual
é a nossa iniquidade?
Qual
é o pecado que cometemos
contra
o Senhor nosso Deus?
11
Então lhes dirás:
Porquanto
vossos pais me deixaram, diz o Senhor,
e se foram após outros deuses,
e
os serviram e adoraram,
e
a mim me deixaram,
e não guardaram a minha lei;
Jr
16:12 e vós fizestes pior do que vossos pais;
pois
eis que andais, cada um de vós,
após
o pensamento obstinado do seu mau coração,
recusando
ouvir-me a mim;
Jr
16:13 portanto eu vos lançarei fora desta terra,
para
uma terra que não conhecestes,
nem
vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses
estranhos
de dia e de noite;
pois
não vos concederei favor algum.
Jr
16:14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor,
em
que não se dirá mais:
Vive
o Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
Jr
16:15 mas sim:
Vive
o Senhor, que fez subir os filhos de Israel
da
terra do norte, e de todas as terras
para
onde os tinha lançado;
porque
eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais.
Jr
16:16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor,
os
quais os pescarão; e depois mandarei vir
muitos
caçadores, os quais os caçarão
de
todo monte, e de todo outeiro,
e
até das fendas das rochas.
Jr
16:17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos;
não
se acham eles escondidos da minha face,
nem
está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
Jr
16:18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade
e
o seu pecado, porque contaminaram a minha terra
com
os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis,
e
das suas abominações encheram a minha herança.
Jr
16:19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha,
e
refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações
desde
as extremidades da terra, e dirão:
Nossos
pais herdaram só mentiras, e vaidade,
em
que não havia proveito.
Jr
16:20 Pode um homem fazer para si deuses?
Esses
tais não são deuses!
Jr
16:21 Portanto, eis que lhes farei conhecer,
sim
desta vez lhes farei conhecer
o
meu poder e a minha força;
e
saberão que o meu nome é Jeová.
A primeira oração.
Ela vai até o verso 20 onde o profeta
reconhece a sua própria fidelidade a Deus e a conversão futura das nações
gentias. Primeiro, ele exalta Deus como a sua força, a sua fortaleza e o seu
refúgio.
O profeta fala de si mesmo em contraste com
o restante do povo. Depois, ele proclama a sua crença de que a ele se dirigirão
todas as nações. Jeremias declara a esperança de que depois do exílio um grande
número de gentios se voltaria para o Senhor (15.12).
O que herdaram nossos pais é somente
mentiras e vaidades em que não há proveito algum. Poderia um homem fazer um Deus
para si? A pergunta retórica insinua que isso seria ridículo. Sua conclusão
óbvia: eles não são deuses! – vs. 20.
A resposta de Deus à declaração piedosa de Jeremias.
Dos versos 21 ao 17.11, veremos a primeira
resposta de Deus onde o Senhor responderá à declaração piedosa feita pelo
profeta na seção anterior.
Deus afirma que os fará conhecer e ai sim,
eles saberão. Em hebraico, essas expressões são formas diferentes da mesma
palavra. Judá não poderia saber a menos que o Senhor ensinasse (31.18; Lc 24:45).
Já a declaração “saberão que o meu nome é
SENHOR” sugere conhecimento não apenas factual, mas também experimental, aquilo
que os judaízas teriam depois de testemunharem a operação de Deus no exílio e
na restauração.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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