INSCREVA-SE!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Jeremias 8:1-22 - OS PECADOS E JULGAMENTOS DE JUDÁ.

Estamos em nossa quinta parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. 
Estamos no capítulo 8.
V. O TEMPLO (7.1-10.25).
Estamos vendo agora como Jeremias rejeitou a suposição geral de que o templo protegeria Jerusalém da destruição.
E para melhorar nossa compreensão, dividimos essa série de discursos de Jeremias em três seções: A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3 – concluiremos agora; B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26 - iniciaremos agora; e, C. A idolatria ou o Senhor – 10:1-25.
A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3.
Como já dissemos, estamos vendo ainda o principal discurso de Jeremias sobre o templo de Salomão e Siló. Nesse discurso, Jeremias ataca a suposição falsa de que a mera presença do templo protegeria Jerusalém dos seus inimigos.
Conforme a maldição da aliança – Dt 28:26 – o fim mais terrível que podia ser dado a um corpo era que esse ficasse exposto ao relento sem lhe dar uma cova. Aqui – vs. 1 - parece haver um passo além dessa situação descrita em 7.33 (2Rs 2316,18).
Ao espalhá-los-ão ao sol, à lua e ao exército do céu, o profeta usa de uma forte ironia, pois o povo de Deus adorava esses corpos celestes (2Rs 21.3-5) apesar de eles serem apenas coisas criadas (Is 40.25-26).
E quanto aos que restaram disso, esses escolheram a morte à vida. Jeremias encerra essa seção anunciando que seria preferível morrer a sofrer a derrota e o exílio.
B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26.
A partir do verso 4 até 9.26, estaremos vendo os pecados e o julgamento de Judá.
Depois de mostrar na seção anterior que o templo não garantia proteção contra a ira de Deus, essa parte do texto trata dos pecados de Jerusalém que trariam sobre a cidade santa a decisão divina de destruição e exílio.
O profeta continua a refletir sobre a cidade que abrigava o templo, como aquela que retia o engano e se recusava a voltar – vs. 5. A última esperança de Judá contra as forças invasoras da Babilônia era uma ilusão depositada em sua falsa confiança no templo.
O povo estava tão acostumado com os seus próprios caminhos que não falavam o que era reto, nem se arrependiam de suas maldades e cada um seguia a sua carreira, ou seja, cada um se "desviava" (vs. 5, melhor tradução), descrevendo a maneira impetuosa e contínua como o povo buscava a maldade.
No verso 7, uma expressão de admiração pelo fato de os animais e pássaros conhecerem as suas estações e tempos, mas o povo não conhecia a ordenança do Senhor.
O pior era que apesar de não conhecerem, se achavam sábios. O termo "sábio" é usado aqui para designar um grupo possivelmente idêntico ao dos "escribas" - os escribas são mencionados pela primeira vez como um grupo que tratava da lei de Moisés (1Cr 2.55).
Os sábios são envergonhados e assim que sabedoria é essa? Existe, evidentemente, um tipo verdadeiro de sabedoria, como o livro de Provérbios mostra. No entanto, a sabedoria desses escribas era vazia, uma vez que não possuíam nenhum conhecimento real da palavra do Senhor (3.13-15; Dt 4.6).
A consequência disso seria terrível e entre elas o fato de suas mulheres serem dadas a outros. A razão disso era o seu comportamento tranquilo e descuidado, envolvido com a avareza e a falsidade a ponto de não mais nem sentirem vergonha.
Somando-se a isso tudo, a pregação deles era de paz, quando não havia paz. Abominações eram cometidas e ninguém se importava, nem se envergonhavam, por isso que haveriam de cair no tempo da visitação; seriam derribados, dizia o Senhor.
A vide – vs. 13 - representa Judá (2.21). No entanto, a imagem também sugere uma falta de fertilidade. A fertilidade era uma das bênçãos da aliança que o povo atribuiu equivocadamente a outros deuses (Os 2.8-9).
Ironicamente, o que as pessoas pretendiam que se tratasse de uma reunião para garantir a segurança delas, tornar-se-ia um ajuntamento para julgamento.
As águas venenosas, ou de fel, conforme algumas traduções, simbolizam uma distorção frustrante das bênçãos da aliança, do mesmo modo que o povo mostrou ser um fruto decepcionante (9.14; Is 5.4).
O povo até percebeu – vs. 14 - que seu fim seria iminente por causa da sua situação de pecado e resolveram, ao invés de continuar assentados, se juntarem para entrar na cidade forte para ali perecerem.
Essa situação tem seu paralelo com outra situação de Jerusalém quando esta estava cercada por Senaqueribe com seu exército numeroso e o fim da cidade parecia inevitável. Os habitantes dela, desesperados e certos da morte no dia seguinte exclamaram: - “comamos e bebamos que amanhã morreremos” – Is 22:13; I Co 15:32.
Eles esperaram pela paz, mas ela não chegou; esperaram pela cura, e em seu lugar apenas o terror.
O Senhor estava irado com eles e lhes enviaria serpentes, basiliscos – vs. 17 - contra os quais não haveria encantamentos. Pode-se entender essa declaração de modo literal como um tipo de praga (cf. "água venenosa" ou “água de fel”, conforme as traduções – vs. 14), ou de modo figurativo, como uma referência aos inimigos.
Nos versos 18 e 19, Jeremias lamentou ao pensar no que aconteceria a Jerusalém e seus habitantes. Oh! Se eu pudesse consolar-me! Uma frase difícil de ser interpretada. Provavelmente significa "Sinto-me esmagado pela tristeza". Não está o SENHOR em Sião? Não está nela o seu Rei? Esse clamor dos exilados faz lembrar a expectativa de que a mera presença do templo protegeria os habitantes de Jerusalém.
O templo era a habitação terrena do Senhor, o Rei de Israel. Os opositores de Jeremias ficariam estarrecidos com a derrota de Jerusalém, pois ela indicaria que o Rei divino havia abandonado o seu templo e não estava mais ali.
Jr 8:1 Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão para fora das suas sepulturas
               os ossos dos reis de Judá,
               e os ossos dos seus príncipes,
               e os ossos dos sacerdotes,
               e os ossos dos profetas,
               e os ossos dos habitantes de Jerusalém;
                              Jr 8:2 e serão expostos
                                            ao sol, e à lua, e a todo o exército do céu,
                              a quem eles amaram, e a quem serviram,
                              e após quem andaram, e a quem buscaram,
                              e a quem adoraram;
                                            não serão recolhidos nem sepultados;
                                            serão como esterco sobre a face da terra.
               Jr 8:3 E será escolhida antes a morte do que a vida
                              por todos os que restarem desta raça maligna,
                                            que ficarem em todos os lugares onde os lancei,
                                                           diz o senhor dos exércitos.
               Jr 8:4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor:
                              porventura cairão os homens, e não se levantarão?
                                            desviar-se-ão, e não voltarão?
               Jr 8:5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém
                              com uma apostasia contínua? ele retém o engano,
                                            recusa-se a voltar.
               Jr 8:6 Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto;
                              ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo:
                                            Que fiz eu?
                              Cada um se desvia na sua carreira,
                              como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.
               Jr 8:7 Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados;
                              e a rola, a andorinha, e o grou observam
                                            o tempo da sua arribação;
                              mas o meu povo não conhece a ordenança do Senhor.
               Jr 8:8 Como pois dizeis:
                              Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco?
                                            Mas eis que a falsa pena dos escribas
                                                           a converteu em mentira.
               Jr 8:9 Os sábios são envergonhados, espantados e presos;
                              rejeitaram a palavra do Senhor;
                                            que sabedoria, pois, têm eles?
               Jr 8:10 Portanto darei suas mulheres a outros,
                              e os seus campos aos conquistadores;
                                            porque desde o menor até o maior,
                                                           cada um deles se dá à avareza;
                                            desde o profeta até o sacerdote,
                                                           cada qual usa de falsidade.
               Jr 8:11 E curam a ferida da filha de meu povo levianamente,
dizendo:
                                             Paz, paz; quando não há paz.
               Jr 8:12 Porventura se envergonham
de terem cometido abominação?
                                             Não; de maneira alguma se envergonham,
                                                           nem sabem que coisa é envergonhar-se.
                              Portanto cairão entre os que caem;
                                            e no tempo em que eu os visitar, serão derribados,
                                                           diz o Senhor.
               Jr 8:13 Quando eu os colheria, diz o Senhor,
                              já não há uvas na vide, nem figos na figueira;
                                            até a folha está caída;
                                                           e aquilo mesmo que lhes dei se foi deles.
               Jr 8:14 Por que nos assentamos ainda?
                              juntai-vos e entremos nas cidades fortes, e ali pereçamos;
                                            pois o Senhor nosso Deus nos destinou a perecer
                                                           e nos deu a beber água de fel;
                                                           porquanto pecamos contra o Senhor.
               Jr 8:15 Esperamos a paz, porém não chegou bem algum;
                              e o tempo da cura, e eis o terror.
               Jr 8:16 Já desde Dã se ouve o resfolegar dos seus cavalos;
                              a terra toda estremece à voz dos rinchos dos seus ginetes;
                                            porque vêm e devoram a terra e quanto nela há,
                                                           a cidade e os que nela habitam.
               Jr 8:17 Pois eis que envio entre vós serpentes, basiliscos,
                              contra os quais não há encantamento;
                                            e eles vos morderão, diz o Senhor.
               Jr 8:18 Oxalá que eu pudesse consolar-me na minha tristeza!
                              O meu coração desfalece dentro de mim.
               Jr 8:19 Eis o clamor da filha do meu povo,
                              de toda a extensão da terra;
                                            Não está o Senhor em Sião?
                                            Não está nela o seu rei?
                              Por que me provocaram a ira
                                            com as suas imagens esculpidas,
                                                           com vaidades estranhas?
               20 Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.
               Jr 8:21 Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo;
                              ando de luto; o espanto apoderou-se de mim.
               Jr 8:22 Porventura não há bálsamo em Gileade?
                              ou não se acha lá médico?
                                            Por que, pois, não se realizou
                                                           a cura da filha do meu povo?
Deus os questiona da razão de suas provocações com imagens esculpidas e com vaidades estranhas.
A conclusão óbvia no verso 20 é de que não estariam salvos. O fato é que passou a sega, acabou o verão e eles não foram salvos. Jeremias, então, participaria do sofrimento deles (14.2) e andaria de luto e espantado com tudo.

Gileade era conhecida pelos seus produtos medicinais (46.11) e aqui eles perguntam do bálsamo da cura, do médico que trata das feridas. O anseio por um médico é uma súplica pela cura que só Deus pode prover. Ele viria no tempo certo (30.17). Que médicos são esses que não curam a ferida da filha do povo de Deus? Seriam médicos falsos e balsamos e remédios de engano – 8:11?
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Jeremias 7:1-34 - OS PERIGOS DA REJEIÇÃO CONTINUADA AO SENHOR.



Entramos em nossa quinta parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 7.
V. O TEMPLO (7.1-10.25).
Já vimos os pecados repetidos de Judá (2.1-3.5) que levaram aos julgamentos divinos e à invasão estrangeira (3.6-6.30). Agora, veremos como Jeremias rejeitou a suposição geral de que o templo protegeria Jerusalém da destruição.
Os judaítas possuíam a crença equivocada de que os babilônios não poderiam destruir Jerusalém porque a cidade abrigava o templo de Deus. Jeremias põe fim a essa confiança ilusória.
O enfoque sobre essa questão é dividido em três seções: o discurso principal de Jeremias no templo (7.1-8.3) e os discursos secundários sobre a culpa de Judá (8.4-9.26) e sobre o pecado da idolatria em Judá (10.1-25).
Para nossas reflexões, dividiremos essa série de discursos de Jeremias em três seções: A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3; B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26; e, C. A idolatria ou o Senhor – 10:1-25.
A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3.
Até o terceiro versículo do próximo capítulo, veremos Jeremias fazendo o seu principal discurso sobre o templo de Salomão e Siló. Nesse discurso, Jeremias ataca a suposição falsa de que a mera presença do templo protegeria Jerusalém dos seus inimigos.
Como em muitas outras passagens proféticas, a palavra veio a Jeremias da parte do Senhor e este a relatou.
Deus convida Jeremias a se colocar na porta que dava para o átrio interno do templo e dali proclamar a sua palavra. Jeremias se colocou no lugar central de adoração de Judá para proclamar a hipocrisia dos seus adoradores. O poder desse ato é intensificado pelo fato de o profeta ser um sacerdote. É provável que esse discurso tenha sido feito durante uma das grandes festas anuais (Éx 23.14-18), uma ocasião em que "todo o Israel" (Dt 31.11) devia estar presente.
Todos estavam sendo convidados a ouvir a palavra, todos os de Judá que entravam pelas portas - essas portas davam para o átrio externo do templo – para especificamente adorarem ao Senhor.
A palavra de Jeremias era uma exortação para que corrigissem o caminho deles e as suas obras e ai sim ele, Deus, os faria habitar naquele lugar. O profeta lembra ao povo de que a garantia de sua permanência na Terra Prometida nunca havia sido incondicional.
No verso 4, há uma tríplice repetição indicando que o povo apelava fervorosamente para o templo como confirmação de que nenhum mal sobreviria a cidade. Os apelos ao templo em busca de segurança eram enganosos, pois não tinham nenhum valor sem o arrependimento e a fidelidade a Deus (vs. 5-6).
Nada sagrado tem valor algum senão for acompanhado de atitudes que demonstrem arrependimento, fidelidade e amor a Deus. O templo do Senhor era considerado sagrado, mas os que o frequentavam não eram santos. O segredo para que o templo fosse esse amuleto estaria no comportamento do povo em emendarem os seus caminhos e executarem a justiça, o juízo e a verdade – vs. 5, 6.
Conforme o verso 6, até sangue inocente era derramado. Apesar de Jeremias não dar detalhes, fica claro que estava ocorrendo o derramamento de sangue inocente. É possível que seja uma referência ao sacrifício de crianças nos cultos pagãos (cf. 19.4; 32.35).
No verso 7, a promessa condicional de Deus de que ele mesmo habitaria com eles para sempre. A condição era a justiça, a verdade e a retidão, mas a confiança deles, para o mal deles, estava no erro, em palavras falsas de nenhum proveito a quem quer que seja – vs. 8.
No verso 9, Deus elenca uma série de infrações de sua lei. Observar a alusão a cinco dos Dez Mandamentos (cf. Os 4.2), com ênfase sobre o primeiro (Ex 20.3).
Aquela casa ali não dava o direito deles de pecarem à vontade. Ela, de fato, era a casa que se chama pelo seu nome. O "lugar" (Dt 12.5) que leva o nome de Deus é identificado em 1 Rs 8.43 como sendo o templo em Jerusalém. Ao colocar o seu nome nesse lugar, o Senhor indicou a sua presença especial ali (1Rs 8.27; 1 Rs 8). O sarcasmo de Jeremias é apropriado. O povo entendeu o privilégio de acesso à presença de Deus como permissão para se rebelar. Eles estavam se achando o povo escolhido por Deus, mas queriam apenas os privilégios e não os deveres e obrigações decorrentes.
Então o que se tornou a sua casa senão covil de salteadores. Veja Mt 21.13. Apesar de estarem escondidos (como num covil), seriam vistos pelo Senhor e sofreriam as consequências.
Siló era o lugar central de adoração em Israel antes de Davi transformar Jerusalém na capital do seu reino (Js 18.1; 1 Sm 1.9). Uma vez que Siló não existia mais (provavelmente havia sido destruída pelos filisteus), a referência ilustra bem o argumento de Jeremias – o lugar onde o nome de Deus habitava não estava imune ao seu julgamento.
Deus não havia gostado de que tivessem agido assim e começando de madrugada - uma frase comum neste livro de Jeremias (25.3-4; 26.5) que indica a paciência demonstrada por Deus para com o seu povo antes de julgá-lo -, insistentemente, lhes falou, mas eles não ouviram – outro tema repetido com frequência neste livro (6.17; 11.7-8; 25.3; cf. 2Rs 17.13-14).
Do mesmo jeito que tinha feito a Siló, Deus prometera fazer daquele lugar que abrigava o templo do Senhor, pois o Senhor os chamou e eles não responderam. E não somente isso, mas os lançaria fora de sua presença, do mesmo jeito que lançara os seus irmãos, da linhagem de Efraim – vs. 14, 15.
Jeremias é advertido por Deus com uma proibição ameaçadora, pois um dos papéis do profeta era interceder. Abraão (Gn 20.7) e Moisés (Êx 32.11-14) são fortes exemplos de intercessores, mas Deus instruiu Jeremias a não orar (11.14; 15.1), pois o destino de Jerusalém estava praticamente selado. Havia, contudo, uma palavra nos vs. 5-6 (exemplos de pedidos de orações 1Sm 7.8; 12.19; 1Jo 5.16).
Filhos,  pais, mulheres todos envolvidos com a idolatria procurando agradar uma tal de rainha dos céus. A idolatria exercia sobre o povo um papel muito forte. Essa Rainha dos Céus, possivelmente, era um título babilônico para a deusa Istar (44.19,25), mas essa identificação é incerta.
Depois das extensas acusações dos vs. 1-19, temos o início da declaração da sentença  sobre os homens e sobre os animais, sobre os frutos da terra. O julgamento divino transtorna todos os relacionamentos, principalmente entre Deus, o seu povo e toda a criação (cf. Os 2.18).
Tudo e todos são afetados pelo juízo de Deus. homens, animais, campos, florestas, a natureza toda sofre.
A mera quantidade de sacrifícios não significava nada para o Senhor (1 Sm 15.22-23). Ele se interessava tão pouco pelos sacrifícios per si que seus adoradores poderiam muito bem cometer a transgressão de consumir a carne dos holocaustos (Lv 1.9). O povo acostumado com o pecado, procurava em suas ações subornarem – como se isso fosse possível – a Deus. Além de idolatrarem o templo, adoravam ídolos mesmo, outros deuses, e ainda ofereciam sacrifícios como se Deus deles fosse dependente e necessitasse urgentemente das doses de misericórdia de seus adoradores.
Como esses versículos ressaltam – vs. 22, 23 -, o sacrifício de animais só era aceitável quando acompanhado da obediência que flui naturalmente da fé e da contrição (Mq 6.6-8; Hb 11.4,6; Gn 4.4-5).
Deus lhes tinha ordenado para darem ouvidos a ele. A sua promessa seria de que ele seria o nosso Deus e nós seríamos o seu povo. Essa fórmula aparece com frequência e enfatiza a solidariedade e lealdade que existia entre Deus e o seu povo em seu relacionamento de aliança (Lv 26.12).
Novamente não ouviram, não se inclinaram para Deus, antes andaram na dureza do seu coração maligno. Compare com 3.17 e Gn 6.5. A descrição de Judá no livro de Jeremias, como em outras partes das Escrituras, sugere fortemente a inclinação do coração humano para fazer o mal.
A recusa em ouvir a Deus, em não obedecê-lo, fazia eles vítima do engano. Por não aceitarem a correção, poderiam ser quebrantados de repente sem que houvesse mais curas – Pv 29:1.
No vs. 29, o profeta se dirige a Jerusalém, apresentando a cidade como uma mulher (veja 2.1). O corte dos cabelos pode ser urna alusão à renovação de um voto nazireu, pois esse ato era prescrito para o nazireu que sofria uma contaminação ritual (Nm 6.5-9).
Os filhos de Judá fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, na sua casa. Essa citação indica que uma religião estrangeira havia sido instituída no próprio templo, como aconteceu no reinado de Manassés (2Rs 21.7). Josias eliminou essas práticas, mas, ao que parece, elas foram retomadas no reinado de Jeoaquim. Ezequias também testemunhou esse tipo de profanação do templo (Ez 8.3-12). O ressurgimento dessas práticas serviu para confirmar a análise de Jeremias da rebelião persistente de Judá.
Era nos altos que até seus filhos queimavam no fogo. Para o quê? A cegueira espiritual quando encobre o homem o escraviza a caprichos inimagináveis. Os altos era um nome comum para os santuários pagãos (2Rs 23.8-9). Tofete era, literalmente, "um lugar de togo".
Esse terrível lugar ficava no vale de Hinom, onde crianças eram oferecidas como sacrifício ao deus estrangeiro Moloque. A oferta dos primogênitos era uma prática conhecida no mundo antigo, mas em Israel eles deviam ser "resgatados" pelo sacrifício de animais (Êx 13.1-16; 34.19-20). O sacrifício humano era expressamente proibido (Lv 18.21; 20.2-5; 2Rs 23.10).
O vale do filho de Hinom estava situado a sudoeste de Jerusalém. A abreviação desse nome ("vale de Hinom"; em hebraico, ge'hinnom) deu origem à designação "Geena" (em grego, geenna), traduzida como "inferno" (Mt 18.9).
Jr 7:1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
                Jr 7:2 Põe-te à porta da casa do Senhor,
                               e proclama ali esta palavra, e dize:
                                               Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá,
                                                               os que entrais por estas portas,
                                                                              para adorardes ao Senhor.
                Jr 7:3 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Emendai os vossos caminhos e as vossas obras,
                                               e vos farei habitar neste lugar.
                Jr 7:4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
                               Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor
                                               são estes.
                Jr 7:5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos
                               e as vossas obras; se deveras executardes a justiça
                                               entre um homem e o seu próximo;
                               Jr 7:6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva,
                                               nem derramardes sangue inocente neste lugar,
                                                               nem andardes após outros deuses
                                                                              para vosso próprio mal,
                Jr 7:7 então eu vos farei habitar neste lugar,
                               na terra que dei a vossos pais desde os tempos antigos
                                               e para sempre.
                Jr 7:8 Eis que vós confiais em palavras falsas,
                               que para nada são proveitosas.
                Jr 7:9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério,
                               e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal,
                                               e andareis após outros deuses que não conhecestes,
                Jr 7:10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa,
                               que se chama pelo meu nome, e direis:
                                               Somos livres para praticardes ainda
                                                               todas essas abominações?
                Jr 7:11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome,
                               uma caverna de salteadores aos vossos olhos?
                                               Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.
                Jr 7:12 Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló,
                               onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome,
                                               e vede o que lhe fiz, por causa da maldade
                                                               do meu povo Israel.
                Jr 7:13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas obras,
                               diz o Senhor, e quando eu vos falei insistentemente,
                                               vós não ouvistes, e quando vos chamei,
                                                               não respondestes,
                Jr 7:14 farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome,
                               na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós
                                               e a vossos pais, como fiz a Siló.
                Jr 7:15 E eu vos lançarei da minha presença,
                               como lancei todos os vossos irmãos,
                                               toda a linhagem de Efraim.
                Jr 7:16 Tu, pois, não ores por este povo,
                               nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes;
                                               pois eu não te ouvirei.
                Jr 7:17 Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá,
                               e nas ruas de Jerusalém?
                Jr 7:18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo,
                               e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos
                                               à rainha do céu, e oferecem libações
                                               a outros deuses, a fim de me provocarem à ira.
                Jr 7:19 Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o Senhor;
                               não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão?
                20 Portanto assim diz o Senhor Deus:
                               Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão
                                               sobre este lugar, sobre os homens
                                               e sobre os animais, sobre as árvores do campo
                                               e sobre os frutos da terra; sim, acender-se-á,
                                                               e não se apagará.
                Jr 7:21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios,
                                               e comei a carne.
                Jr 7:22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra
                               do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca
                                               de holocaustos ou sacrifícios.
                Jr 7:23 Mas isto lhes ordenei:
                               Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus,
                                               e vós sereis o meu povo;
                               andai em todo o caminho que eu vos mandar,
                                               para que vos vá bem.
                Jr 7:24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos;
                               porém andaram nos seus próprios conselhos,
                                               no propósito do seu coração malvado;
                                                               e andaram para trás, e não para diante.
                Jr 7:25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito,
                               até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus
                                               servos, os profetas, dia após dia;
                Jr 7:26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram
                               os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz.
                                               Fizeram pior do que seus pais.
                Jr 7:27 Dir-lhes-ás pois todas estas palavras,
                               mas não te darão ouvidos; chamá-los-ás,
                                               mas não te responderão.
                Jr 7:28 E lhes dirás:
                               Esta é a nação que não obedeceu a voz do Senhor seu Deus
                                               e não aceitou a correção; já pereceu a verdade,
                                                               e está exterminada da sua boca.
                Jr 7:29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os fora,
                               e levanta um pranto sobre os altos escalvados;
                               porque o Senhor já rejeitou e desamparou esta geração,
                                               objeto do seu furor.
                Jr 7:30 Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau
                               aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações
                                               na casa que se chama pelo meu nome,
                                                               para a contaminarem.
                Jr 7:31 E edificaram os altos de Tofete,
                               que está no Vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo
                                               a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei,
                                                               nem me veio à mente.
                Jr 7:32 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor,
                               em que não se chamará mais Tofete,
                                               nem Vale do filho de Hinom,
                                                               mas o Vale da Matança;
                               pois enterrarão em Tofete, por não haver mais outro lugar.
                Jr 7:33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves do céu
                               e aos animais da terra; e ninguém os enxotará.
                Jr 7:34 E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém,
                               a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo
                                               e a voz de noiva; porque a terra se tornará
                                                               em desolação.
Ai deles que agora sofriam a palavra profética de juízo, pois os seus cadáveres iriam servir de pasto para as aves dos céus e aos animais da terra e ninguém os poderia enxotar. Na antiguidade, o fim mais terrível que podia ser dado a um corpo era deixá-lo insepulto.
Por causa disso tudo, Deus faria cessar nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém a voz de gozo, de alegria, de noivo, de noiva onde a terra seria tornada desolada. Confira a maldição da aliança em Dt 28.26.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br

...