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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Jeremias 7:1-34 - OS PERIGOS DA REJEIÇÃO CONTINUADA AO SENHOR.



Entramos em nossa quinta parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 7.
V. O TEMPLO (7.1-10.25).
Já vimos os pecados repetidos de Judá (2.1-3.5) que levaram aos julgamentos divinos e à invasão estrangeira (3.6-6.30). Agora, veremos como Jeremias rejeitou a suposição geral de que o templo protegeria Jerusalém da destruição.
Os judaítas possuíam a crença equivocada de que os babilônios não poderiam destruir Jerusalém porque a cidade abrigava o templo de Deus. Jeremias põe fim a essa confiança ilusória.
O enfoque sobre essa questão é dividido em três seções: o discurso principal de Jeremias no templo (7.1-8.3) e os discursos secundários sobre a culpa de Judá (8.4-9.26) e sobre o pecado da idolatria em Judá (10.1-25).
Para nossas reflexões, dividiremos essa série de discursos de Jeremias em três seções: A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3; B. Os pecados e julgamentos de Judá – 8:4 – 9:26; e, C. A idolatria ou o Senhor – 10:1-25.
A. O templo de Salomão e Siló – 7:1 – 8:3.
Até o terceiro versículo do próximo capítulo, veremos Jeremias fazendo o seu principal discurso sobre o templo de Salomão e Siló. Nesse discurso, Jeremias ataca a suposição falsa de que a mera presença do templo protegeria Jerusalém dos seus inimigos.
Como em muitas outras passagens proféticas, a palavra veio a Jeremias da parte do Senhor e este a relatou.
Deus convida Jeremias a se colocar na porta que dava para o átrio interno do templo e dali proclamar a sua palavra. Jeremias se colocou no lugar central de adoração de Judá para proclamar a hipocrisia dos seus adoradores. O poder desse ato é intensificado pelo fato de o profeta ser um sacerdote. É provável que esse discurso tenha sido feito durante uma das grandes festas anuais (Éx 23.14-18), uma ocasião em que "todo o Israel" (Dt 31.11) devia estar presente.
Todos estavam sendo convidados a ouvir a palavra, todos os de Judá que entravam pelas portas - essas portas davam para o átrio externo do templo – para especificamente adorarem ao Senhor.
A palavra de Jeremias era uma exortação para que corrigissem o caminho deles e as suas obras e ai sim ele, Deus, os faria habitar naquele lugar. O profeta lembra ao povo de que a garantia de sua permanência na Terra Prometida nunca havia sido incondicional.
No verso 4, há uma tríplice repetição indicando que o povo apelava fervorosamente para o templo como confirmação de que nenhum mal sobreviria a cidade. Os apelos ao templo em busca de segurança eram enganosos, pois não tinham nenhum valor sem o arrependimento e a fidelidade a Deus (vs. 5-6).
Nada sagrado tem valor algum senão for acompanhado de atitudes que demonstrem arrependimento, fidelidade e amor a Deus. O templo do Senhor era considerado sagrado, mas os que o frequentavam não eram santos. O segredo para que o templo fosse esse amuleto estaria no comportamento do povo em emendarem os seus caminhos e executarem a justiça, o juízo e a verdade – vs. 5, 6.
Conforme o verso 6, até sangue inocente era derramado. Apesar de Jeremias não dar detalhes, fica claro que estava ocorrendo o derramamento de sangue inocente. É possível que seja uma referência ao sacrifício de crianças nos cultos pagãos (cf. 19.4; 32.35).
No verso 7, a promessa condicional de Deus de que ele mesmo habitaria com eles para sempre. A condição era a justiça, a verdade e a retidão, mas a confiança deles, para o mal deles, estava no erro, em palavras falsas de nenhum proveito a quem quer que seja – vs. 8.
No verso 9, Deus elenca uma série de infrações de sua lei. Observar a alusão a cinco dos Dez Mandamentos (cf. Os 4.2), com ênfase sobre o primeiro (Ex 20.3).
Aquela casa ali não dava o direito deles de pecarem à vontade. Ela, de fato, era a casa que se chama pelo seu nome. O "lugar" (Dt 12.5) que leva o nome de Deus é identificado em 1 Rs 8.43 como sendo o templo em Jerusalém. Ao colocar o seu nome nesse lugar, o Senhor indicou a sua presença especial ali (1Rs 8.27; 1 Rs 8). O sarcasmo de Jeremias é apropriado. O povo entendeu o privilégio de acesso à presença de Deus como permissão para se rebelar. Eles estavam se achando o povo escolhido por Deus, mas queriam apenas os privilégios e não os deveres e obrigações decorrentes.
Então o que se tornou a sua casa senão covil de salteadores. Veja Mt 21.13. Apesar de estarem escondidos (como num covil), seriam vistos pelo Senhor e sofreriam as consequências.
Siló era o lugar central de adoração em Israel antes de Davi transformar Jerusalém na capital do seu reino (Js 18.1; 1 Sm 1.9). Uma vez que Siló não existia mais (provavelmente havia sido destruída pelos filisteus), a referência ilustra bem o argumento de Jeremias – o lugar onde o nome de Deus habitava não estava imune ao seu julgamento.
Deus não havia gostado de que tivessem agido assim e começando de madrugada - uma frase comum neste livro de Jeremias (25.3-4; 26.5) que indica a paciência demonstrada por Deus para com o seu povo antes de julgá-lo -, insistentemente, lhes falou, mas eles não ouviram – outro tema repetido com frequência neste livro (6.17; 11.7-8; 25.3; cf. 2Rs 17.13-14).
Do mesmo jeito que tinha feito a Siló, Deus prometera fazer daquele lugar que abrigava o templo do Senhor, pois o Senhor os chamou e eles não responderam. E não somente isso, mas os lançaria fora de sua presença, do mesmo jeito que lançara os seus irmãos, da linhagem de Efraim – vs. 14, 15.
Jeremias é advertido por Deus com uma proibição ameaçadora, pois um dos papéis do profeta era interceder. Abraão (Gn 20.7) e Moisés (Êx 32.11-14) são fortes exemplos de intercessores, mas Deus instruiu Jeremias a não orar (11.14; 15.1), pois o destino de Jerusalém estava praticamente selado. Havia, contudo, uma palavra nos vs. 5-6 (exemplos de pedidos de orações 1Sm 7.8; 12.19; 1Jo 5.16).
Filhos,  pais, mulheres todos envolvidos com a idolatria procurando agradar uma tal de rainha dos céus. A idolatria exercia sobre o povo um papel muito forte. Essa Rainha dos Céus, possivelmente, era um título babilônico para a deusa Istar (44.19,25), mas essa identificação é incerta.
Depois das extensas acusações dos vs. 1-19, temos o início da declaração da sentença  sobre os homens e sobre os animais, sobre os frutos da terra. O julgamento divino transtorna todos os relacionamentos, principalmente entre Deus, o seu povo e toda a criação (cf. Os 2.18).
Tudo e todos são afetados pelo juízo de Deus. homens, animais, campos, florestas, a natureza toda sofre.
A mera quantidade de sacrifícios não significava nada para o Senhor (1 Sm 15.22-23). Ele se interessava tão pouco pelos sacrifícios per si que seus adoradores poderiam muito bem cometer a transgressão de consumir a carne dos holocaustos (Lv 1.9). O povo acostumado com o pecado, procurava em suas ações subornarem – como se isso fosse possível – a Deus. Além de idolatrarem o templo, adoravam ídolos mesmo, outros deuses, e ainda ofereciam sacrifícios como se Deus deles fosse dependente e necessitasse urgentemente das doses de misericórdia de seus adoradores.
Como esses versículos ressaltam – vs. 22, 23 -, o sacrifício de animais só era aceitável quando acompanhado da obediência que flui naturalmente da fé e da contrição (Mq 6.6-8; Hb 11.4,6; Gn 4.4-5).
Deus lhes tinha ordenado para darem ouvidos a ele. A sua promessa seria de que ele seria o nosso Deus e nós seríamos o seu povo. Essa fórmula aparece com frequência e enfatiza a solidariedade e lealdade que existia entre Deus e o seu povo em seu relacionamento de aliança (Lv 26.12).
Novamente não ouviram, não se inclinaram para Deus, antes andaram na dureza do seu coração maligno. Compare com 3.17 e Gn 6.5. A descrição de Judá no livro de Jeremias, como em outras partes das Escrituras, sugere fortemente a inclinação do coração humano para fazer o mal.
A recusa em ouvir a Deus, em não obedecê-lo, fazia eles vítima do engano. Por não aceitarem a correção, poderiam ser quebrantados de repente sem que houvesse mais curas – Pv 29:1.
No vs. 29, o profeta se dirige a Jerusalém, apresentando a cidade como uma mulher (veja 2.1). O corte dos cabelos pode ser urna alusão à renovação de um voto nazireu, pois esse ato era prescrito para o nazireu que sofria uma contaminação ritual (Nm 6.5-9).
Os filhos de Judá fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, na sua casa. Essa citação indica que uma religião estrangeira havia sido instituída no próprio templo, como aconteceu no reinado de Manassés (2Rs 21.7). Josias eliminou essas práticas, mas, ao que parece, elas foram retomadas no reinado de Jeoaquim. Ezequias também testemunhou esse tipo de profanação do templo (Ez 8.3-12). O ressurgimento dessas práticas serviu para confirmar a análise de Jeremias da rebelião persistente de Judá.
Era nos altos que até seus filhos queimavam no fogo. Para o quê? A cegueira espiritual quando encobre o homem o escraviza a caprichos inimagináveis. Os altos era um nome comum para os santuários pagãos (2Rs 23.8-9). Tofete era, literalmente, "um lugar de togo".
Esse terrível lugar ficava no vale de Hinom, onde crianças eram oferecidas como sacrifício ao deus estrangeiro Moloque. A oferta dos primogênitos era uma prática conhecida no mundo antigo, mas em Israel eles deviam ser "resgatados" pelo sacrifício de animais (Êx 13.1-16; 34.19-20). O sacrifício humano era expressamente proibido (Lv 18.21; 20.2-5; 2Rs 23.10).
O vale do filho de Hinom estava situado a sudoeste de Jerusalém. A abreviação desse nome ("vale de Hinom"; em hebraico, ge'hinnom) deu origem à designação "Geena" (em grego, geenna), traduzida como "inferno" (Mt 18.9).
Jr 7:1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
                Jr 7:2 Põe-te à porta da casa do Senhor,
                               e proclama ali esta palavra, e dize:
                                               Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá,
                                                               os que entrais por estas portas,
                                                                              para adorardes ao Senhor.
                Jr 7:3 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Emendai os vossos caminhos e as vossas obras,
                                               e vos farei habitar neste lugar.
                Jr 7:4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
                               Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor
                                               são estes.
                Jr 7:5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos
                               e as vossas obras; se deveras executardes a justiça
                                               entre um homem e o seu próximo;
                               Jr 7:6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva,
                                               nem derramardes sangue inocente neste lugar,
                                                               nem andardes após outros deuses
                                                                              para vosso próprio mal,
                Jr 7:7 então eu vos farei habitar neste lugar,
                               na terra que dei a vossos pais desde os tempos antigos
                                               e para sempre.
                Jr 7:8 Eis que vós confiais em palavras falsas,
                               que para nada são proveitosas.
                Jr 7:9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério,
                               e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal,
                                               e andareis após outros deuses que não conhecestes,
                Jr 7:10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa,
                               que se chama pelo meu nome, e direis:
                                               Somos livres para praticardes ainda
                                                               todas essas abominações?
                Jr 7:11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome,
                               uma caverna de salteadores aos vossos olhos?
                                               Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.
                Jr 7:12 Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló,
                               onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome,
                                               e vede o que lhe fiz, por causa da maldade
                                                               do meu povo Israel.
                Jr 7:13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas obras,
                               diz o Senhor, e quando eu vos falei insistentemente,
                                               vós não ouvistes, e quando vos chamei,
                                                               não respondestes,
                Jr 7:14 farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome,
                               na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós
                                               e a vossos pais, como fiz a Siló.
                Jr 7:15 E eu vos lançarei da minha presença,
                               como lancei todos os vossos irmãos,
                                               toda a linhagem de Efraim.
                Jr 7:16 Tu, pois, não ores por este povo,
                               nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes;
                                               pois eu não te ouvirei.
                Jr 7:17 Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá,
                               e nas ruas de Jerusalém?
                Jr 7:18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo,
                               e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos
                                               à rainha do céu, e oferecem libações
                                               a outros deuses, a fim de me provocarem à ira.
                Jr 7:19 Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o Senhor;
                               não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão?
                20 Portanto assim diz o Senhor Deus:
                               Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão
                                               sobre este lugar, sobre os homens
                                               e sobre os animais, sobre as árvores do campo
                                               e sobre os frutos da terra; sim, acender-se-á,
                                                               e não se apagará.
                Jr 7:21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
                               Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios,
                                               e comei a carne.
                Jr 7:22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra
                               do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca
                                               de holocaustos ou sacrifícios.
                Jr 7:23 Mas isto lhes ordenei:
                               Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus,
                                               e vós sereis o meu povo;
                               andai em todo o caminho que eu vos mandar,
                                               para que vos vá bem.
                Jr 7:24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos;
                               porém andaram nos seus próprios conselhos,
                                               no propósito do seu coração malvado;
                                                               e andaram para trás, e não para diante.
                Jr 7:25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito,
                               até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus
                                               servos, os profetas, dia após dia;
                Jr 7:26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram
                               os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz.
                                               Fizeram pior do que seus pais.
                Jr 7:27 Dir-lhes-ás pois todas estas palavras,
                               mas não te darão ouvidos; chamá-los-ás,
                                               mas não te responderão.
                Jr 7:28 E lhes dirás:
                               Esta é a nação que não obedeceu a voz do Senhor seu Deus
                                               e não aceitou a correção; já pereceu a verdade,
                                                               e está exterminada da sua boca.
                Jr 7:29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os fora,
                               e levanta um pranto sobre os altos escalvados;
                               porque o Senhor já rejeitou e desamparou esta geração,
                                               objeto do seu furor.
                Jr 7:30 Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau
                               aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações
                                               na casa que se chama pelo meu nome,
                                                               para a contaminarem.
                Jr 7:31 E edificaram os altos de Tofete,
                               que está no Vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo
                                               a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei,
                                                               nem me veio à mente.
                Jr 7:32 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor,
                               em que não se chamará mais Tofete,
                                               nem Vale do filho de Hinom,
                                                               mas o Vale da Matança;
                               pois enterrarão em Tofete, por não haver mais outro lugar.
                Jr 7:33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves do céu
                               e aos animais da terra; e ninguém os enxotará.
                Jr 7:34 E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém,
                               a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo
                                               e a voz de noiva; porque a terra se tornará
                                                               em desolação.
Ai deles que agora sofriam a palavra profética de juízo, pois os seus cadáveres iriam servir de pasto para as aves dos céus e aos animais da terra e ninguém os poderia enxotar. Na antiguidade, o fim mais terrível que podia ser dado a um corpo era deixá-lo insepulto.
Por causa disso tudo, Deus faria cessar nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém a voz de gozo, de alegria, de noivo, de noiva onde a terra seria tornada desolada. Confira a maldição da aliança em Dt 28.26.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Jeremias 6:1-30 - AS INIQUIDADES DE JERUSALÉM SÃO A CAUSA DE SUA QUEDA.



Estamos trabalhando na quarta parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 6.
IV. OS PECADOS E JULGAMENTOS DE JUDÁ (3.6-6.30) - continuação.
Como já dissemos, nós já vimos os pecados repetidos de Judá (2.1-3.5) que levaram aos julgamentos divinos e, agora, em consequência os pecados que os levaram à invasão estrangeira (3.6-6.30).
Também havíamos dividido essa parte “4” como segue:: A. Judá é pior do que Israel - 3.6-4.4 – já vimos; B. O julgamento por meio da invasão - 4.5-31 – já vimos; C. A cidade pecaminosa de Jerusalém - 5.1-13 – já vimos; D. O julgamento por meio da destruição de Jerusalém - 5.14-19 - já vimos; E. Os pecados de Judá - 5.20-31 - já vimos; F. O julgamento por meio do exílio – 6:1-30 – veremos e encerraremos a parte IV agora.
F. O julgamento por meio do exílio – 6:1-30.
Estamos, finalmente, no último capítulo dessa quarta parte e nela veremos, em seus 30 versículos, o julgamento por meio do exílio. Depois de anunciar o pecado de Judá, Jeremias faz uma declaração final sobre o exílio iminente.
A aproximação dos babilônios aterrorizaria todos em Judá. Não haveria onde se esconder. Fugir para onde, se o inimigo já estava a caminho a passos largos? Haveria algum lugar de segurança?
O profeta se refere a Jerusalém como a formosa e delicada, como a filha de Sião. Apesar de ser uma personificação de Jerusalém - 4.31 - a imagem também se refere às mulheres refinadas da cidade - Is 3.16-26; Am 4.1. A tristeza do profeta é expressa no olhar nostálgico que ele lança sobre a sua cidade amada.
Ela agora não mais seria pastoreada pelos pastores de Israel, mas pelos líderes babilônios com as suas tropas tomando Jerusalém (cf. 4.15).
A guerra já estaria preparada contra ela e por ironia, essas mesmas palavras “levantai-vos e subamos de noite” eram usadas pelos israelitas quando subiam à Jerusalém para adorar - 31.6. Aqui, a imagem da guerra santa é invertida: o Senhor lutaria contra o seu povo.
O ataque poderia se dar a qualquer hora, mesmo em horas tidas como incomuns para os ataques como ao meio-dia ou de noite. Isso revelava que a força do inimigo era tanta que o resultado seria o mesmo qualquer que fosse o momento que decidissem atacar.
Nos versos 6 e 7, Deus parece que se dirige aos babilônios, instruindo-os acerca de como castigar Jerusalém. A opressão citada, no meio dela, era contra o seu próprio povo que como um poço cuja água transborda, Jerusalém transbordava de perversidade.
Ele se dirige a ela em tom ameaçador e final como se já avisada já fosse de que o mal estava por vir a ela por causa de seus pecados e por causa de sua rejeição a Deus. o risco dela era Deus se apartar dela definitivamente e ela se tornar uma total assolação, uma terra deserta e já não mais habitada para sempre, por isso o aviso.
Em vez de rebuscar suas plantações – vs. 9 -, os agricultores deviam deixar o que sobrava para os pobres (Dt 24.19-221. No entanto, a Babilónia "rebuscaria" Judá meticulosamente. No capítulo anterior, vs. 10, o problema da vinha eram as gravinhas. Retirando-se elas, o remanescente seria salvo. O Senhor tinha propósitos mais profundos por trás da permissão que concedeu aos babilónios (23.3 – Deus esta no controle de tudo). Trata-se de urna expressão hiperbólica; Deus poupou um remanescente para cumprir a sua aliança de redenção - 11.23. ela não haveria de alcançar o joio, nem as gravinhas, mas o remanescente fiel que teme e treme de sua palavra.
 O profeta usa de exagero nos vs. 11-12 para indicar a destruição quase total de Jerusalém que envolveria crianças, jovens, marido,  mulher, velho, casas, campos, toda a terra.
Tudo estava contaminado desde o menor até ao maior, desde o profeta até ao sacerdote. A falsa mensagem deles, separados para pregarem a palavra de Deus, era paz, paz, no entanto, essa não era a palavra de Deus, mas a palavra que seus corações malignos desejavam para continuar, cada um em seu pecado predileto. A mensagem dos falsos profetas, recebida de bom grado pelo povo, não poderia trazer a paz verdadeira (Mq 2.6), cuja contraparte é a justiça.
Estavam tão acostumados com o pecado e suas abominações que mal sabiam o que era envergonharem-se – vs. 15 - de tão cauterizada que estava as suas consciências.
Deus lhes pede que se ponham no caminho novamente para o bem deles. Os caminhos verdadeiros estabelecidos por Moisés. O bom caminho, literalmente, "o caminho para o bem", ou seja, o caminho para a paz e para a prosperidade. O sinal de que estariam no caminho certo seriam achar descanso para a sua alma - Mt 11.29.
Até os seus atalaias - uma designação usada para os profetas (Is 21.11; Ez 3.17; Hc 2.1) - Deus colocou para eles os avisando para estarem atentos à voz da buzina, mas eles disseram que não escutariam!
Então Deus conclama nações e fala à terra e anuncia que trará o mal sobre o povo – vs. 18, 19 -, o próprio fruto dos seus pensamentos porque rejeitaram a palavra do Senhor e a sua lei. Ao invés de agradar a Deus com o que Deus requer, ofereceram a ele o incenso de Sabá,  com ingredientes caros usados em rituais (Ex 30.23-38), numa tentativa clara de suborno. De tais holocaustos - uma ênfase importante nos salmos e nos profetas (SI 40.6-8; Is 1.11-15; Mq 6.6-8; veja Mt 23.23) – o Senhor não se agradava.
O resultado disso não poderia ser outro. Levariam as consequências consigo e estariam armados, doravante, tropeços ao próprio povo que pais e filhos juntamente, e vizinhos e amigos para que eles perecessem.
O povo da terra do norte já estava vindo. Uma grande, temível e terrível nação já se levantava das extremidades da terra, trazendo seus arcos e flechas, não usando de misericórdias, rugindo como um leão feroz, montados em cavalos dispostos à batalha. A manutenção de vivos não era ato de misericórdia deles, mas interesses na escravidão e outros negócios. Embora fossem instrumentos de Deus para o juízo, Deus não aprovava a violência deles e ainda deles haveria de requerer todo sangue derramado.
O profeta fala que ao ouvirem a notícia disso, logo de todos se afrouxaram as suas mãos e do povo se apegou uma angústia de dar nó na língua. As dores já poderiam se sentir como a que está de parto para fazer nascer a criança, mas a criança não sai.
Não poderiam sair no campo, nem andarem pelo caminho por causa da espada do inimigo e do espanto que estava por todos os lados. Era de fato muito terrível a destruição de Jerusalém – 20:10; 46:5; 49:29.
Jr 6:1 Fugi para segurança vossa, filhos de Benjamim, do meio de Jerusalém!
                Tocai a buzina em Tecoa, e levantai o sinal sobre Bete-Haquerem;
                               porque do norte vem surgindo um grande mal, sim,
                                               uma grande destruição.
                 Jr 6:2 A formosa e delicada, a filha de Sião, eu a exterminarei.
                Jr 6:3 Contra ela virão pastores com os seus rebanhos;
                               levantarão contra ela as suas tendas
                                               em redor e apascentarão, cada um no seu lugar.
                Jr 6:4 Preparai a guerra contra ela;
                               levantai-vos, e subamos ao meio-dia.
                                               Ai de nós! que já declina o dia,
                                               que já se vão estendendo as sombras da tarde.
                Jr 6:5 Levantai-vos, e subamos de noite,
                               e destruamos os seus palácios.
                Jr 6:6 Porque assim diz o Senhor dos exércitos:
                               Cortai as suas árvores, e levantai uma tranqueira
                                               contra Jerusalém.
                               Esta é a cidade que há de ser castigada;
                                               só opressão há no meio dela.
                Jr 6:7 Como o poço conserva frescas as suas águas,
                               assim ela conserva fresca a sua maldade;
                                               violência e estrago se ouvem nela;
                                               enfermidade e feridas há
                                                               diante de mim continuadamente.
                Jr 6:8 Sê avisada, ó Jerusalém, para que não me aparte de ti;
                               para que eu não te faça uma assolação,
                                               uma terra não habitada.
                Jr 6:9 Assim diz o Senhor dos exércitos:
                               Na verdade respigarão o resto de Israel como uma vinha;
                                               torna a tua mão, como o vindimador, aos ramos.
                Jr 6:10 A quem falarei e testemunharei, para que ouçam?
                               eis que os seus ouvidos estão incircuncisos,
                                               e eles não podem ouvir;
                               eis que a palavra do Senhor se lhes tornou em opróbrio;
                                               nela não têm prazer.
                Jr 6:11 Pelo que estou cheio de furor do Senhor;
                               estou cansado de o conter;
                                               derrama-o sobre os meninos pelas ruas,
                                                               e sobre a assembleia dos jovens também;
                               porque até o marido com a mulher serão presos,
                                               e o velho com o que está cheio de dias.
                Jr 6:12 As suas casas passarão a outros,
                               como também os seus campos e as suas mulheres;
                               porque estenderei a minha mão contra os habitantes da terra,
                                               diz o Senhor.
                Jr 6:13 Porque desde o menor deles até o maior,
                               cada um se dá à avareza; e desde o profeta até o sacerdote,
                                               cada um procede perfidamente.
                Jr 6:14 Também se ocupam em curar superficialmente
                               a ferida do meu povo, dizendo:
                                               Paz, paz; quando não há paz.
                Jr 6:15 Porventura se envergonharam
                               por terem cometido abominação? Não, de maneira alguma;
                                               nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se.
                               Portanto cairão entre os que caem;
                                               quando eu os visitar serão derribados, diz o Senhor.
                Jr 6:16 Assim diz o Senhor:
                               Ponde-vos nos caminhos, e vede,
                                               e perguntai pelas veredas antigas,
                                                               qual é o bom caminho, e andai por ele;
                                                               e achareis descanso para as vossas almas.
                               Mas eles disseram:
                                               Não andaremos nele.
                Jr 6:17 Também pus atalaias sobre vós dizendo:
                               Estai atentos à voz da buzina.
                                               Mas disseram: Não escutaremos.
                Jr 6:18 Portanto ouvi, vós, nações, e informa-te tu,
                               ó congregação, do que se faz entre eles!
                Jr 6:19 Ouve tu, ó terra!
                               Eis que eu trarei o mal sobre este povo,
                                               o próprio fruto dos seus pensamentos;
                                               porque não estão atentos às minhas palavras;
                                                               e quanto à minha lei, rejeitaram-na.
                Jr 6:20 Para que, pois, me vem o incenso de Sabá,
                               ou a melhor cana aromática de terras remotas?
                                               Vossos holocaustos não são aceitáveis,
                                                               nem me agradam os vossos sacrifícios.
                Jr 6:21 Portanto assim diz o Senhor:
                               Eis que armarei tropeços a este povo,
                                               e tropeçarão neles pais e filhos juntamente;
                                                               o vizinho e o seu amigo perecerão.
                Jr 6:22 Assim diz o Senhor:
                               Eis que um povo vem da terra do norte,
                               e uma grande nação se levanta das extremidades da terra.
                Jr 6:23 Arco e lança trarão; são cruéis, e não usam de misericórdia;
                               a sua voz ruge como o mar, e em cavalos vêm montados,
                                               dispostos como homens para a batalha, contra ti,
                                                               ó filha de Sião.
                Jr 6:24 Ao ouvirmos a notícia disso, afrouxam-se as nossas mãos;
                               apoderam-se de nós angústia e dores, como as de parturiente.
                Jr 6:25 Não saiais ao campo, nem andeis pelo caminho;
                               porque espada do inimigo e espanto há por todos os lados.
                Jr 6:26 Ó filha do meu povo, cingi-te de saco,
                               e revolve-te na cinza; pranteia como por um filho único,
                                               em pranto de grande amargura;
                                               porque de repente virá o destruidor sobre nós.
                Jr 6:27 Por acrisolador e examinador te pus entre o meu povo,
                               para que proves e examines o seu caminho.
                Jr 6:28 Todos eles são os mais rebeldes,
                               e andam espalhando calúnias; são bronze e ferro;
                                               todos eles andam corruptamente.
                Jr 6:29 Já o fole se queimou; o chumbo se consumiu com o fogo;                        
                               debalde continuam a fundição,
                                               pois os maus não são arrancados.
                Jr 6:30 Prata rejeitada lhes chamam,
                               porque o Senhor os rejeitou.
Dos versos de 27 a 30, Deus revela a Jeremias o seu papel nisso tudo. O de acrisolador e o de fortaleza para conhecer o caminho deles e o examinar ficando claro assim seu papel de mediador e intercessor do povo.
O Senhor ordena que Jeremias teste Judá como um acrisolador testa os metais para averiguar a pureza deles. Em outras partes do livro, o próprio Senhor é o acrisolador tanto do povo, quanto de Jeremias – 9:7; 17:10; 20:12; 11:20; 12:3). A parte ruim seria descartada, mas a parte boa, livre das impurezas, seria tratada e reaproveitada.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br

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