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domingo, 2 de novembro de 2014

Esdras 8:1-36 - ESDRAS SE HUMILHA DIANTE DE DEUS, PÕE O POVO PARA ORAR, JEJUAR E DEUS LHE DÁ VITÓRIAS

Agora, estamos na segunda parte onde Esdras deu continuidade aos trabalhos dos primeiros exilados que regressaram.
Parte II – O REGRESSO DE ESDRAS E A RECONSTRUÇÃO DO POVO DE DEUS COMO NAÇÃO – 7:1 – 10:44.
A. O regresso de Esdras – 7:1 a 8:36.
Como já vimos, dividimos essa segunda parte em duas outras partes.
A.    O regresso de Esdras – 7:1 a 8:36 – iremos concluir agora.
B.    A reconstrução do Povo de Deus como nação (os remanescentes do pós-exílio ou da nova nação unificada de Israel) – 9:1 a 10:44.
A. O regresso de Esdras – 7:1 a 8:36 - continuação.
Também dividimos essa parte “A”, para melhor compreensão assunto em cinco outras partes.
1.     A apresentação de Esdras – 7:1-10 – já vista.
2.     A comissão de Esdras – 7:11 – 26 – já vista.
3.     A doxologia de Esdras – 7:27 – 28 – já vista.
4.     Os companheiros de Esdras – 8:1-14 – veremos agora.
5.     A chegada de Esdras – 8:15-36 – veremos e concluiremos agora.
4. Os companheiros de Esdras – 8:1-14
Nem todos os exilados regressaram em resposta ao decreto de Ciro, em 538 a.C. Um segundo grupo bem menor acompanhou Esdras cerca de oitenta anos depois da volta dos primeiros judeus.
5. A chegada de Esdras – 8:15-36.
Esdras se recorda dos seus preparativos, da viagem e da chegada em Jerusalém.
Esdras não achou nenhum dos filhos de Levi – vs. 15 – quando ajuntou o povo por três dias perto do rio que corre para Aava (cidade desconhecida). Sua intenção era ter mais levitas:
ü  Para o serviço no templo.
ü  Para serviços gerais – vs. 17.
ü  Para os serviços de realização dos sacrifícios –vs. 35.
ü  Para fazerem parte de uma caravana para a Terra Prometida, como aconteceu no êxodo do Egito e no primeiro retorno da Babilônia.
Por isso que, nos versos 16 e 17, ele envia um grupo de homens influentes, sábios, para que talvez pudessem persuadir alguns levitas a voltarem com ele.
Ele os enviou a Ido, chefe em Casifia. Diz-nos a BEG, que não se sabe ao certo a sua localização, mas talvez se tratasse de Ctsifon, junto ao rio Tigre, no norte da Babilônia (literalmente, “Casifia o lugar”). Uma vez que “o lugar” – Dt 12:5; Jr 7:2,3 - se referia a um lugar santo, ao que parece Casifia era o local de um santuário.
A sua esperança era encontrar ali os levitas de que tanto precisava. Seu propósito logrou grande êxito e pode dali voltar com 38 levitas, 3 líderes levíticos importantes e 220 servos do templo. Esdras confiava tanto em Deus e nas suas orações, que Deus o usava – ele tinha ententido que tudo isso se devia a generosa mão de Deus.
Assim como o Senhor moveu o coração:
ü  De Ciro – 1:1.
ü  Dos primeiros judeus que regressaram – 1:5.
ü  De Artaxerxes – 7:27.
Também, o mesmo Senhor, moveu esses levitas para aceitarem o seu chamado, o que o legitimou nas suas ações.
Esdras entendia como ninguém que o seu sucesso se devia ao controle providencial de Deus!
Em função de sua pregação e testemunho diante do rei afirmando que Deus era com os que o buscam para o bem deles e que a sua força e ira era contra todos os que o abandonam, Esdras se sentiu totalmente constrangido diante do rei em lhe pedir apoio militar na sua jornada.
O perigo era muito real e o desafio enorme. O fracasso ali seria muito cruel para toda a nação e propósitos. Em função disso, esse líder fantástico, colocou todo o seu povo em humilhação e em jejum para pedirem a Deus uma jornada feliz para todos eles. O propósito do jejum era, humilhando-se, fazer um pedido a Deus – II Cr 20:3 (Então Jeosafá temeu, e pôs-se a buscar o SENHOR, e apregoou jejum em todo o Judá.).
O verso 23 é fantástico: jejuamos, pedimos a Deus e ele nos atendeu! Simples assim!
Depois, separou ele doze dos principais (12 sacerdotes e 12 12 levitas – vs. 35), homens fieis e que guardariam a importância das contribuições – uma quantia enorme, vs. 26 – até que fossem pesados na presença dos principais sacerdotes, e dos levitas nas câmaras da Casa do Senhor – vs. 29.
De onde vieram tantas contribuições? Os reis persas eram conhecidos por sua grande riqueza e generosidade para com as religiões dos povos sob seu domínio e também nesses tempos já haviam famílias bem abastadas na Babilônia.
A recomendação a eles - os que estavam guardando e vigiando esse tesouro - está nos vs. 28, 29 de que santos seriam ao Senhor.
A santidade
ü  É um atributo do Senhor – Lv 19:2 – e, por extensão, de qualquer pessoa ou coisa consagrada a ele, especialmente:
·     Dos sacerdotes – Lv 21:6.
·     Dos levitas – Nm 3:11-13 (aqui o verbo “tomar”, no sentido de “separar”, significa, literalmente “santificar”).
·     Dos utensílios do templo – Ex 30:22-29.
A preocupação de Esdras, e por isso a ordem rígida sobre o assunto, era que o contato entre o santo e o profano poderia ter consequências trágicas.

Partiram dali, do rio Aava, no dia 12/01, em direção à Jerusalém e novamente a boa mão do Senhor os conduziu livrando eles dos inimigos e dos que armavam ciladas no caminho.
Ed 8:1 Estes, pois, são os chefes das casas paternas
                e esta a genealogia dos que subiram comigo de Babilônia
                               no reinado do rei Artaxerxes:
                Ed 8:2 Dos filhos de Finéias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel;
                               dos filhos de Davi, Hatus; Ed 8:3 Dos filhos de Secanias,
                               e dos filhos de Parós, Zacarias,
                                               e com ele, segundo a genealogia, se contaram
                                                               até cento e cinqüenta homens.
                Ed 8:4 Dos filhos de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zacarias,
                               e com ele duzentos homens.
                Ed 8:5 Dos filhos de Secanias, o filho de Jeaziel,
                               e com ele trezentos homens.
                Ed 8:6 E dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas,
                               e com ele cinqüenta homens.
                Ed 8:7 E dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias,
                               e com ele setenta homens.
                Ed 8:8 E dos filhos de Sefatias, Zebadias, filho de Micael,
                               e com ele oitenta homens.
                Ed 8:9 Dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel,
                               e com ele duzentos e dezoito homens.
                Ed 8:10 E dos filhos de Selomite, o filho de Josifias,
                               e com ele cento e sessenta homens.
                Ed 8:11 E dos filhos de Bebai, Zacarias, o filho de Bebai,
                               e com ele vinte e oito homens.
                Ed 8:12 E dos filhos de Azgade, Joanã, o filho de Hacatã,
                               e com ele cento e dez homens.
                Ed 8:13 E dos últimos filhos de Adonicão, cujos nomes eram estes:
                               Elifelete, Jeiel e Semaías, e com eles sessenta homens.
                Ed 8:14 E dos filhos de Bigvai, Utai e Zabude,
                               e com eles setenta homens.
Ed 8:15 E ajuntei-os perto do rio que vai a Aava,
                e ficamos ali acampados três dias. Então atentei para o povo e para os
                               sacerdotes, e não achei ali nenhum dos filhos de Levi.
                Ed 8:16 Enviei, pois, Eliezer, Ariel, Semaías, Elnatã, Jaribe, Elnatã,
                               Natã, Zacarias e Mesulão, os chefes; como também a
                                               Joiaribe, e a Elnatã, que eram entendidos.
                Ed 8:17 E enviei-os com mandado a Ido, chefe em Casifia;
                               e falei a eles o que deveriam dizer a Ido e aos seus irmãos,
                                               servidores do templo, em Casifia, que nos
                                               trouxessem ministros para a casa do nosso Deus.
                Ed 8:18 E trouxeram-nos, segundo a boa mão de Deus sobre nós,
                               um homem entendido, dos filhos de Mali, filho de Levi, filho
                                               de Israel, a saber: Serebias, com os seus filhos
                                                               e irmãos, dezoito;
                Ed 8:19 E a Hasabias, e com ele Jesaías, dos filhos de Merari,
                               com seus irmãos e os filhos deles, vinte;
                Ed 8:20 E dos servidores do templo que Davi
                               e os príncipes deram para o ministério dos levitas,
                                               duzentos e vinte servidores do templo;
                                               que foram todos mencionados por seus nomes.
Ed 8:21 Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava,
                para nos humilharmos diante da face de nosso Deus,
                               para lhe pedirmos caminho seguro para nós,
                                               para nossos filhos e para todos os nossos bens.
                Ed 8:22 Porque tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros
                               para nos defenderem do inimigo pelo caminho;
                                               porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo:
                               A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam,
                                               para o bem deles; mas o seu poder
                               e a sua ira contra todos os que o deixam.
                Ed 8:23 Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus,
                               e moveu-se pelas nossas orações.
Ed 8:24 Então separei doze dos chefes dos sacerdotes:
                Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos.
                Ed 8:25 E pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos;
                               que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram
                                               o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o
                                                               Israel que ali se achou.
                Ed 8:26 E pesei em suas mãos seiscentos e cinqüenta talentos
                               de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos
                                               de ouro, Ed 8:27 E vinte bacias de ouro, de mil
                                               dracmas, e dois vasos de bom metal lustroso,
                                                               tão precioso como ouro.
                Ed 8:28 E disse-lhes:
                               Vós sois santos ao SENHOR, e são santos estes utensílios,
                               como também esta prata e este ouro, oferta voluntária,
                                               oferecida ao SENHOR Deus de vossos pais.
                Ed 8:29 Vigiai, pois, e guardai-os até que os peseis na presença
                               dos chefes dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes dos pais
                                               de Israel, em Jerusalém,
                                                               nas câmaras da casa do SENHOR.
                Ed 8:30 Então os sacerdotes e os levitas receberam o peso da prata,
                               do ouro e dos utensílios, para os trazerem a Jerusalém,
                                               à casa de nosso Deus.
Ed 8:31 E partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês,
                para irmos a Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós,
                               e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam
                                               ciladas pelo caminho.
                Ed 8:32 E chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias.
                Ed 8:33 E no quarto dia se pesou a prata, o ouro e os utensílios,
                               na casa do nosso Deus, por mão de Meremote,
                                               filho do sacerdote Urias; e com ele Eleazar,
                                               filho de Finéias, e com eles Jozabade, filho de Jesuá,
                                                               e Noadias, filho de Binui, levitas.
                Ed 8:34 Tudo foi contado e pesado; e todo o peso foi registrado
                               na mesma ocasião. Ed 8:35 E os exilados, que vieram do
                                               cativeiro, ofereceram holocaustos ao Deus de Israel,
                                               doze novilhos por todo o Israel,
                               noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros,
                                               e doze bodes em sacrifício pelo pecado;
                                                               tudo em holocausto ao SENHOR.
                Ed 8:36 Então deram as ordens do rei aos seus sátrapas,
                               e aos governadores dalém do rio;
                                               e estes ajudaram o povo e a casa de Deus.
Ao chegarem em Jerusalém, repousaram ali 3 dias e no quarto pesaram as contribuições na Casa do Senhor e entregaram toda a prata, todo ouro e todos os objetos a Meremote, filho do sacerdote Urias; e com ele Eleazar, filho de Finéias, e com eles Jozabade, filho de Jesuá, e Noadias, filho de Binui, levitas.
Tudo deu certo como haviam orado ao Senhor e jejuado. A oração e o jejum foram eficazes e Deus atendeu ao pedido deles por uma jornada segura e pela preservação dos utensílios.
Depois disso, ofereceram holocaustos correspondentes às provisões que haviam recebido – 7:17. Essa correspondência retrata, nas palavras da BEG, o sucesso absoluto.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
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MEDITATIO - E A PREDESTINAÇÃO, O QUE DIZER? (ROMANOS 8:28-30; 9: 1 – 33)



Há três pontos que devem ser colocados antes de se falar sobre tal decretum de Deus revelado na Escritura.

a)        Primeiro, Deus sabe todas as coisas, ele é sábio, justo, bom e não muda. (Tiago 1:17) .
b)        Segundo, a Escritura é o limite, não podemos e nem devemos ir além dela. (2Timóteo 3:16-17).
c)        Terceiro, o finito não compreende o infinito, a não ser que este se revele.( I Coríntios 2:4, Deuteronômio 29:29).

Dito isto e acolhido, alinhemos o que podemos saber sobre a doutrina.

1.        Em primeiro lugar, a eleição é um fato, é um ato de um Deus livre. Não é uma criação de Agostinho de Hipona , João Calvino, Lutero ou quem quer que seja. A escritura é clara: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”. (v.15)
2.        Em segundo lugar, a eleição não foi porque Deus previu que esse ou aquele iriam crer. Se fosse assim, a eleição seria por obras e não pela graça. Observemos: “E ainda não eram os gêmeos nascidos , nem tinham praticado o bem ou o mal para que o propósito de Deus, quanto à eleição ,prevalecesse , não por obras ,mas por aquele que chama, já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú.” (vs.11-13). Em rigor, a eleição foi construida na eternidade, antes da fundação do mundo. (Efésios 1:4).
3.        Em terceiro lugar, todo eleito só é chamado quando crer em Cristo. Se não crer em Cristo não é eleito. (João 6:44).
4.        Em quarto lugar, uma vez eleito, regenerado e chamado “de modo nenhum o lançarei fora”.(João 6:37).
5.        Em quinto lugar, ser eleito não significa que alcançou um nível superior de espiritualidade, mas foi chamado justamente para tal fim, ou seja, “ser santo e irrepreensível perante ele“. (Efésios 1:4). Todo eleito peca, peca aqui ou ali, mas como é eleito “não vive na prática do pecado“. O pecado é um acidente e não a regra. (I João 2:1-2, 3:9).
6.        Em sexto lugar, o eleito odeia o pecado, o pecado o aproxima mais de Deus. (Salmo 51:10-12). Ele não vive naquele círculo vicioso que diz: “Onde abunda o pecado, superabunda a graça.” (Romanos 6:1-2).
7.        Em sétimo lugar, o eleito ama esta doutrina, não se escandaliza , não se revolta, pelo contrário, passa a ter uma consciência maior da necessidade de se pregar o Evangelho. Os teólogos e homens piedosos que mais compreenderam esta doutrina foram grandes avivalistas. Estes constantemente diziam: “Ai de mim , se eu não pregar o Evangelho”. ( I Coríntios 9:16). “Minha paróquia é o mundo” pregava John Knox. 

por, Joel Paulo Sousa Filho, em 02/11/2014.
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Também o seguinte texto sobre a predestinação irá ajudar a entender muito bem esse assunto tão delicado e importante na teologia:

Predestinação: Cinco Afirmações Incontestáveis - John Stott

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQVz7WryD4fH1qUnvLGizsKlZA-LMW9sVrmxRfHOp30Ttapb2hZARl-kcudJu2FFE2SOIhnWIjhkEr7ZTRTaMC18yISZOO69OfwHx0gXGJLAvbWwn2EzwYhCw-4SN_Zno86_dF3xrN0nY/s640/Predestina%C3%A7%C3%A3o.jpg

Comentário Sobre Romanos 8:28-30
“A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra. Por isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e, enfim, chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna”. (XVII Artigo de Religião – Predestinação e Eleição).
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou, também justificou; aos que justificou também glorificou” (Romanos 8:28-30). Nestes dois versículos Paulo esclarece o que quis dizer no versículo 28 ao referir-se ao “propósito” de Deus, segundo o qual ele nos chamou e age para que tudo contribua para o nosso bem. Ele analisa o “bem” segundo os parâmetros de Deus, bem como o seu propósito de salvação, através de cinco estágios, desde que a idéia surgiu em sua mente até a consumação do seu plano na glória vindoura. Segundo o apóstolo, esses estágios são: presciência, predestinação, chamado, justificação e glorificação. Primeiro há uma referência a aqueles que Deus de antemão conheceu. Essa alusão a “conhecer de antemão”, isto é, saber de alguma coisa antes que ela aconteça, tem levado muitos comentaristas, tanto antigos como contemporâneos, a concluir que Deus prevê quem irá crer e que essa presciência seria a base para a predestinação. Mas isso não pode estar certo, pelo menos por duas razões. A primeira é que neste sentido Deus conhece todo mundo e todas as coisas de antemão, ao passo que Paulo está se referindo a um grupo específico. Segundo, se Deus predestina as pessoas porque elas haverão de crer, então a salvação depende de seus próprios méritos e não da misericórdia divina; Paulo, no entanto, coloca toda a sua ênfase na livre iniciativa da graça de Deus. Assim, outros comentaristas nos fazem lembrar que no hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que mera cognição intelectual; ele denota um relacionamento pessoal de cuidado e afeição. Portanto, se Deus “conhece” as pessoas, ele sabe o que passa com elas [138]; e quando se diz que ele “conhecia” os filhos de Israel no deserto, isto significa que ele cuidava e se preocupava com eles.[139] Na verdade Israel foi o único povo dentre todas as famílias da terra a quem Javé “conheceu”, ou seja, amou, escolheu e estabeleceu com ele uma aliança. [140] O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar. “Deus não rejeitou o seu povo [Israel], o qual de antemão conheceu”, isto é, a quem ele amou e escolheu (11:2). [141] À luz deste uso bíblico John Murray escreve: “’Conhecer’... É usado em um sentido praticamente sinônimo de ‘amar’... Portanto, ‘aqueles que ele conheceu de antemão’... é virtualmente equivalente a ‘aqueles que ele amou de antemão”.[142] Presciência é “amor peculiar e soberano”. [143] Isto se encaixa com a grande declaração de Moisés: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu, porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo... mas porque o Senhor vos amava...”. [144] A única fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino.
Segundo, aqueles que [Deus] de antemão conheceu, ou que amou de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (29). O verbo predestinou é uma tradução de proorizõ que significa “decidiu de antemão” (BAGD), como se vê em Atos.4:28 (“Fizeram o que o teu poder e tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse”). É, pois, evidente que o processo de tornar-se um cristão implica uma decisão; antes de ser nossa, porém, tem de ser uma decisão de Deus. Com isso não estamos negando o fato de que nós “nos decidimos por Cristo”, e isso livremente; o que estamos afirmando é que, se o fizemos, é só porque, antes disso, ele já havia “decidido por nós”. Esta ênfase na decisão ou escolha soberana e graciosa de Deus é reforçada pelo vocabulário com o qual ela está associada. Por um lado, ela é atribuída ao “prazer” de Deus, a sua “vontade”, “plano” e “propósito”, [145] e por outro lado, já existia “antes da criação do mundo” [146] ou “antes do princípio das eras”. [147] C. J. Vaughan resume esta questão nas seguintes palavras:
Cada um que se salva no final só pode atribuir sua salvação, do primeiro ao último passo, ao favor e à ação de Deus. O mérito humano tem de ser excluído: e isto só pode acontecer voltando às origens do que foi feito e que se encontra muito além da obediência que evidencia a salvação, ou mesmo da fé a que ela é atribuída; ou seja, um ato de espontâneo favor da parte daquele Deus que antevê e pré-ordena desde a eternidade todas as suas obras.[148]
Este ensino não pode se minimizado. Nem a Escritura nem a experiência nos autoriza faze-lo. Se apelarmos para a Escritura, veremos que no decorrer de todo o Antigo Testamento se reconhece ser Israel “a única nação na terra” a quem Deus decidiu “resgatar para ser seu povo”, escolhido para ser sua “propriedade peculiar”; [149] e em todo o Novo Testamento se admite que os seres humanos são por natureza cegos, surdos e mortos, de forma que sua conversão é impossível, a menos que Deus lhes dê vista, audição e vida. Nossa própria experiência confirma isso. O Dr. J. I. Packer, em sua excelente obra O Evangelismo e a Soberania de Deus,[150] aponta que, mesmo que neguem isso, a verdade é que os cristãos crêem na soberania de Deus na salvação. “Dois fatos demonstram isso”, ele escreve. “Em primeiro lugar, o crente agradece a Deus pela sua conversão. Ora, por que o crente age assim? Porque sabe em seu coração que Deus foi inteiramente responsável por ela. O crente não se salvou a si mesmo; Deus o salvou. (…) Há um segundo modo pelo qual o crente reconhece que Deus é soberano na salvação. O crente ora pela conversão de outros... roga a Deus para que opere neles tudo quanto for necessário para a salvação deles”. Assim os nossos agradecimentos e a nossa intercessão provam que nós cremos na soberania divina. “Quando estamos de pé podemos apresentar argumentos sobre a questão; mas, postados de joelhos, todos concordamos implicitamente”. [151] Mesmo assim há mistérios que permanecem. E, como criaturas caídas e finitas que somos, não nos cabe o direito de exigir explicações ao nosso Criador, que é perfeito e infinito. Não obstante, ele lançou luz sobre o nosso problema de tal maneira a contradizer as principais objeções que são levantadas e a mostrar que a predestinação gera conseqüências bem diferentes do que se costuma supor. Vejamos cinco exemplos: 1. Dizem que a predestinação gera arrogância, uma vez que (alega-se) os eleitos de Deus se gloriam de sua condição privilegiada. Mas o que acontece é justamente o contrário: a predestinação exclui a arrogância, pois afinal, não dá para entender como Deus pode se compadecer de pecadores indignos como eles! Humilhados diante da cruz, eles só querem gastar o resto de suas vidas “para o louvor da sua gloriosa graça” [152] e passar a eternidade adorando o Cordeiro que foi morto. [153]2. Dizem que a predestinação produz incerteza e que cria nas pessoas uma ansiedade neurótica quanto a serem ou não predestinadas e salvas. Mas não é bem assim. Quando se trata de incrédulos, eles nem se preocupam com a sua salvação – até que, e a não ser que, o Espírito Santo os convença do pecado, como um prelúdio para a sua conversão. Mas, se são crentes, mesmo que estejam passando por um período de dúvida, eles sabem que no final a sua única certeza consiste na eterna vontade predestinadora de Deus. Não há nada que proporcione mais segurança e conforto do que isso. Como escreveu Lutero ao comentar o versículo 28, a predestinação “é uma coisa maravilhosamente doce para quem tem o Espírito”. [154]3. Dizem que a predestinação leva à apatia. Afinal, se a salvação depende inteiramente de Deus e não de nós, argumentam, então toda responsabilidade humana diante de Deus perde a razão de ser. Uma vez mais, isso não é verdade. A Escritura, ao enfatizar a soberania de Deus, deixa muito claro que isso não diminui em nada a nossa responsabilidade. Pelo contrário, as duas estão lado a lado em uma antinomia, que é uma aparente contradição entre duas verdades. Diferentemente de um paradoxo, uma antinomia “não é deliberadamente produzida; ela nos é imposta pelos próprios fatos... Nós não a inventamos e não conseguimos explicá-la. Não há como nos livrar dela, a não ser que falsifiquemos os próprios fatos que nos levaram a ela”. [155] Um bom exemplo se encontra no ensino de Jesus quando declarou que “ninguém pode vir a mim, se o Pai... não o atrair” [156] e que “vocês não querem vir a mim para terem vida”. [157] Por que as pessoas não vão a Jesus? Será porque não podem? Ou é porque não querem? A única resposta compatível com o próprio ensino de Jesus é: “Pelas duas razões, embora não consigamos conciliá-las”. 4. Dizem que a predestinação produz complacência e gera antinomianos. Afinal, se Deus nos predestinou para a salvação eterna, por que não podemos viver como nos agrada, sem restrições morais, e desafiar a lei divina? Paulo já respondeu esta questão no capítulo 6. Aqueles que Deus escolheu e chamou, ele os uniu com Cristo em sua morte e ressurreição. E agora, mortos para o pecado, eles renasceram para viver para Deus. Paulo escreve também em outro lugar que “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença”. [158] Ou melhor, ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho (29). 5. Dizem que a predestinação deixa as pessoas bitoladas, pois os eleitos de Deus passam a viver voltados apenas para si mesmos. Mas o que acontece é o contrário. Deus chamou um único homem, Abraão, e sua família apenas, não para que somente eles fossem abençoados, mas para que através deles todas as famílias da terra pudessem ser abençoadas. [159] Semelhantemente, a razão pela qual Deus escolheu seu Servo, a figura simbólica de Isaías que vemos cumprida parcialmente em Israel, mas especialmente em Cristo e em seu povo, não foi apenas para glorificar Israel, mas para trazer luz e justiça às nações. [160] Na verdade estas promessas serviram de grande estímulo para Paulo (como deveriam ser também para nós) quando ele, num ato de grande ousadia, decidiu ampliar sua visão evangelística para alcançar os gentios.[161] Assim, Deus fez de nós seu “povo exclusivo”, não para nos tornarmos seus favoritos, mas para que fôssemos suas testemunhas, “para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. [162]Portanto, a doutrina da predestinação divina promove humildade, não arrogância; segurança e não apreensão; responsabilidade e não apatia; santidade e não complacência; e missão, não privilégio. Isso não significa que não existam problemas, mas é uma indicação de que estes são mais intelectuais do que pastorais. E o ponto que Paulo quer enfatizar no versículo 29 é, com toda certeza, pastoral. Tem a ver com dois propósitos práticos da predestinação de Deus. O primeiro é que nós devemos serconformes [viver de conformidade com] à imagem de seu Filho. Ou, dito da forma mais simples possível, o eterno propósito de Deus para seu povo é que nos tornemos como Jesus. O processo de transformação começa aqui e agora, em nosso caráter e conduta, por meio da obra do Espírito Santo, [163] mas só será completado e aperfeiçoado quando Cristo vier e nós o virmos, [164] e quando nossos corpos se tornarem como o corpo de sua glória. [165] O segundo propósito da predestinação de Deus é que, como resultado de nos tornarmosconformes à imagem de Cristo, ele passe a ser o primogênito entre muitos irmãos, desfrutando da comunhão da família como também da prerrogativa de ser o primogênito. [166]Vamos agora à terceira afirmação de Paulo: E aos que predestinou, também chamou (30a). O chamado de Deus é a aplicação histórica da sua predestinação eterna. Seu chamado chega às pessoas por meio do evangelho; [167] quando esse evangelho é anunciado a elas com poder e elas lhe respondem com a obediência da fé, aí é que se sabe que Deus as escolheu. [168] Assim a evangelização (o anúncio do evangelho), longe de se tornar supérflua em virtude da predestinação de Deus, é indispensável, pois é exatamente ela o meio proporcionado por Deus para que o seu chamado chegue às pessoas e desperte a sua fé. Fica, pois, evidente que aqui, quando Paulo fala do “chamado de Deus”, não se trata daqueles apelos generalizados do evangelho, mas sim da convocação divina que levanta os espiritualmente morto e lhes dá vida. Geralmente se chama isso de chamado “efetivo” de Deus. Aqueles a quem Deus dirige esse chamado (30) são os mesmos que “foram chamados de acordo com o seu propósito” (28). Em quarto lugar, aos que chamou, também justificou (30b). O chamado efetivo de Deus capacita aqueles que o ouvem a crer; e aqueles que crêem são justificados pela fé. Como a justificação pela fé é um assunto dominante nos capítulos anteriores desta carta de Paulo, não há necessidade de se repetir o que já foi dito, a não ser talvez enfatizar que a justificação é muito mais do que simples perdão ou absolvição, ou mesmo aceitação; é uma declaração de que nós, pecadores, agora somos justos aos olhos de Deus, pois ele nos conferiu o status de justos, que na verdade trata-se da justiça do próprio Cristo. É “em Cristo”, em virtude da nossa união com ele, que nós fomos justificados. [169] Ele se fez pecado com o nosso pecado, para que nós pudéssemos nos tornar justos com a sua justiça. [170]Quinto, aos que justificou, também glorificou (30c). Já por diversas vezes Paulo usou o substantivo “glória”. Trata-se essencialmente da glória de Deus, a manifestação do seu esplendor, a glória da qual todos os pecadores estão destituídos (3:23), mas que se regozijam na esperança de recobrar (5:2). Paulo promete também que se participarmos dos sofrimentos de Cristo iremos participar também da sua glória (8:17), e que a própria criação irá um dia experimentar a liberdade da glória dos filhos de Deus (8:21). Agora ele usa o verbo: aos que justificou, também glorificou. Nosso destino é receber corpos novos em um mundo novo, e ambos serão transfigurados com a glória de Deus. Muitos estudiosos percebem que o processo da santificação, que ocorre entre a justificação e a glorificação, foi omitido no versículo 30. No entanto, ele está implícito ali, tanto na alusão a sermos conformados à imagem de Cristo, como na preliminar necessária para nossa glorificação. Pois “santificação é glória iniciada; glória é santificação consumada”.[171] Além disso, tão certo é esse estágio final que, embora ainda se encontre no futuro, Paulo o coloca no mesmo tempo aoristo, como se fosse um fato passado, tal como tem usado para os outros quatro estágios que já são passado. É o assim chamado “passado profético”. James Denney escreve que “o tempo da última palavra é impressionante. É a mais ousada antecipação de fé que o próprio Novo Testamento contém”. [172]
Vimos aqui, portanto, as cinco afirmações incontestáveis apresentadas por Paulo. Deus é retratado como alguém que se move irresistivelmente de um estágio ao outro; de uma presciência e predestinação eternas, através de um chamado e uma justificação históricos, para a glorificação final de seu povo em uma eternidade futura. Faz-nos lembrar uma cadeia composta de cinco elos inquebráveis.

NOTAS:
[136] Jeremias 29.11; [137] At 2.23; cf. 4.27; [138] Sl. 1.6; 144.3; [139] Os 13.5; [140] Am 3.2;[141] Cf. 1 Pe 1.2; [142] Murray, vol. I, p. 317; [143] Ibid., p. 318; [144] Dt 7.7s.; cf. Ef 1.4s; [145] Ef 1.5,9,11; 3.11; [146] Ef 1.4; [147] 1 Co 2.7; 2 Tm 1.9; cf. 1 Pe 1.20; Ap 13.8; [148]Vaughan, 9. 163; [149] 2 Sm 7.22ss; cf. Êx 19.3ss; Dt 7.6; 10.15; 14.2; Sl 135.4. [150] Edições Vida Nova, 1961; [151] Ibid., pp. 13ss. [152] Ef 1.6,12.14; [153] Ap 5.11ss; [154] Lutero (1515), p. 371; [155] Packer, op. cit., p. 21. [156] Jo 6.44. [157] Jo 5.40. [158] Ef 1.4; cf 2 Tm 1.9. [159]Gn 12.1ss. [160] Is 40.1ss; 49.5ss. [161] Ver; por exemplo, At 13.47; 26.23. [162] 1 Pe 2.9ss.[163] 2 Co 3.18. [164] 1 Jo 3.2ss. [165] 1 Co 15.49; Fp 3.21. [166] Cf. Cl 1.18. [167] 2 Ts 2.13s.[168] 1 Ts 1.4s. [169] Gl 2.17. [170] 2 Co 5.21. [171] Bruce, p. 168. [172] Denney, p. 652.

Fonte: STOTT, John. A Mensagem de Romanos. Trad. Silêda e Marcos D S Steuernagel. 1ed. São Paulo: ABU Ed., 2000. 528p.; pp. 300-306. Www.Monergismo.Com - 
http://jovensreformados.blogspot.com.br/2012/08/predestinacao-cinco-afirmacoes.html 
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