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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Jó 32:1-22 - ELIÚ E SEUS DISCURSOS: O PAPEL DISCIPLINADOR E REDENTOR DO SOFRIMENTO.

A fim de nos localizarmos na leitura atual, nos encontramos na
Parte IV – OS MONÓLOGOS – 29:1 A 42:6.
B. Os discursos de Eliú – 32:1 a 37:24.
Esses capítulos apresentarão o segundo monólogo que é do jovem Eliú. Ao contrário dos demais, ele tinha um nome que era comum entre os judeus de sua época. Também ele não é mencionado no epílogo – capítulo 42 - quando Deus repreenderá os amigos de Jó pela arrogância deles.
A severa crítica de Eliú gira em torno das palavras proferidas por Jó durante a discussão. Ele muitas vezes cita Jó, mas não o acusa de sofrer por ter levado uma vida ímpia.
Embora seja outra voz humana, ele enfatiza um tema negligenciado pelos conselheiros; o papel disciplinador e redentor do sofrimento. Elifaz havia falado sobre o assunto – 5:17 -, mas ele não mais foi mencionado.
Essa seção B. Os discursos de Eliú – 32:1 a 37:24 será subdividida em 5 partes: 1. Introdução aos seus discursos – 32:1-5. 2. O primeiro discurso – 32:6 – 33:33. 3. O segundo discurso – 34:1 – 37. 4. O terceiro discurso – 35:1 – 16. 5. O quarto discurso – 36:1 – 37:24.
1. Introdução aos seus discursos – 32:1-5.
Aqui ele simplesmente faz a sua introdução se apresentando e formando a base interpretativa para seus discursos que seguirão.
O texto não é claro, mas dá a entender que Eliú estava ali desde o início e acompanhou todos os discursos e as respostas de Jó desde quando começaram as falas.
Como tinha presenciado tudo, ele estava mesmo descontente e chateado com as falas iniciais, bem assim com a insistência de Jó em sua defesa, como se fosse de fato um homem justo que não peca de jeito nenhum. A falha de Jó consistia mais em este querer provar a sua inocência do que em continuar a crer na justiça de Deus.
Quanto à falha dos três amigos era que mesmo não achando eles culpa em Jó, insistiam em acusa-lo – vs 3.
Eliú somente se manifestou quando todos se calaram e parecia terem chegado a um limite. Eliú não pediu aparte, mas ficou ali aguardando a sua vez e quando chegou, tomou uso da palavra para apresentar o seu discurso.
2. O primeiro discurso – 32:6 – 33:33.
Eliú precisou de toda essa seção para fazer a sua introdução e dar a sua razão para falar. Parece que ele tinha mais consciência e humildade, combinada a fortes convicções, do que os outros amigos de Jó.
Até agora Jó não tinha sido tratado pelo seu nome e Eliú começa seu discurso resgatando o nome de Jó. O seu primeiro discurso pode ser dividido da seguinte forma: a. A defesa de Eliú (de sua própria qualificação para poder discutir) – 32:6-14. b. Um solilóquio – 32:15-22. c. Palavras de aconselhamento para Jó – 33:1-33.
a. A defesa de Eliú  – 32:6-14.
Em resumo aqui, Eliú apresentará justificativas para entrar no debate.
Primeiro ele fala de sua pouca idade e do tempo que esperou para falar dando ampla oportunidade para as pessoas mais experientes se manifestarem totalmente.
Na sua fala quem faz o homem sábio é Deus e não a sua idade ou a sua experiência, embora tenham o seu devido valor. Antes de falar, ele disse que tudo ouviu e cogitou em sua mente buscando primeiramente entender.
Ele critica os amigos de Jó por não terem sido capazes de refutarem sabiamente a Jó nem por terem sido eficazes em responder às suas razões – vs 12.
Nos versos 6, 10 e 17 ele afirma, repetidamente, que irá declarar a sua opinião como se estivesse já preparando o leitor para mostrar a sua convicção e certeza dos fatos a que bem deveria atentar Jó.
Veja o tratamento diferenciado de Eliú para com Jó, tratando-o pelo seu nome – vs 15. Os seus amigos e conselheiros em nenhum momento o tratou pelo nome.
Eliú, apesar de jovem, tem personalidade, além de mostrar grande maturidade e inteligência. Ele não apoia nem se rende à posição de Jó, mas também não apoia a posição dos amigos.
b. Um solilóquio – 32:15-22.
Nesse pequeno monólogo, Eliú reflete no quanto gostaria de falar e no seu compromisso de dizer a verdade e não lisonjear.
Ele começa falando com Jó e a ele se dirigindo ao se referir dos três que parecem ter esgotado tudo em seus discursos. Agora estava chegando a vez dele, de Eliú e com eles iria concorrer ao declarar a sua opinião.
Ele se sente como um vulcão prestes a explodir e expelir suas lavas quentes e incandescentes que no caminho, pelo seu calor, vão derretendo tudo, inclusive as rochas.
Havia muito o que falar e ele já se sentia a ponto de explodir. Com certeza, foi assimilando tudo enquanto eles falavam acusando Jó e Jó insistia em se defender.
Ele promete que não fara acepção de pessoas, nem usará de lisonjas para com o homem.
Jó 32:1 Então aqueles três homens cessaram de responder a Jó;
                porque era justo aos seus próprios olhos.
                Jó 32:2 E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraquel,
                               o buzita, da família de Rão; contra Jó se acendeu a sua ira,
                               porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.
                Jó 32:3 Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos,
                               porque, não achando que responder,
                                               todavia condenavam a Jó.
                Jó 32:4 Eliú, porém, esperou para falar a Jó,
                               porquanto tinham mais idade do que ele.
                Jó 32:5 Vendo, pois, Eliú que já não havia resposta na boca daqueles
                               três homens, a sua ira se acendeu.
                Jó 32:6 E respondeu Eliú, filho de Baraquel, o buzita, dizendo:
                               Eu sou de menos idade, e vós sois idosos;
                                               receei-me e temi de vos declarar a minha opinião.
                Jó 32:7 Dizia eu:
                               Falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria.
                Jó 32:8 Na verdade, há um espírito no homem,
                               e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido.
                Jó 32:9 Os grandes não são os sábios,
                               nem os velhos entendem o que é direito.
                Jó 32:10 Assim digo:
                               Dai-me ouvidos, e também eu declararei a minha opinião.
                Jó 32:11 Eis que aguardei as vossas palavras,
                               e dei ouvidos às vossas considerações,
                                               até que buscásseis razões.
                Jó 32:12 Atentando, pois, para vós, eis que nenhum de vós
                               há que possa convencer a Jó, nem que responda
                                               às suas razões;
                Jó 32:13 Para que não digais:
                               Achamos a sabedoria; Deus o derrubou, e não homem algum.
                Jó 32:14 Ora ele não dirigiu contra mim palavra alguma,
                               nem lhe responderei com as vossas palavras.
                Jó 32:15 Estão pasmados, não respondem mais,
                               faltam-lhes as palavras.
                Jó 32:16 Esperei, pois, mas não falam; porque já pararam,
                               e não respondem mais.
                Jó 32:17 Também eu responderei pela minha parte;
                               também eu declararei a minha opinião.
                Jó 32:18 Porque estou cheio de palavras;
                               o meu espírito me constrange.
                Jó 32:19 Eis que dentro de mim sou como o mosto, sem respiradouro,
                               prestes a arrebentar, como odres novos.
                Jó 32:20 Falarei, para que ache alívio;
                               abrirei os meus lábios, e responderei.
                Jó 32:21 Que não faça eu acepção de pessoas, nem use de palavras
                               lisonjeiras com o homem!
                Jó 32:22 Porque não sei usar de lisonjas;
                               em breve me levaria o meu Criador.
Como é bom ser tratado pelo seu nome. Um nome identifica a pessoa e a convida para um relacionamento. Quando invocamos alguém estamos dizendo que estamos querendo daquela pessoa a sua atenção para aquilo que iremos falar ou compartilhar.
Quando nos dirigimos a Deus, nós estamos querendo dele a sua atenção e ao falarmos e invocarmos temos a certeza que dele temos os seus ouvidos prontos para nos atender.
Eliú resgata isso em sua fala, chamando Jó pelo seu nome e pedindo a ele a atenção para a sua fala. O seu discurso começara no próximo capítulo.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
http://www.jamaisdesista.com.br
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domingo, 10 de agosto de 2014

Jó 31:1-40 - JÓ, DE CONSCIÊNCIA IMPERTURBÁVEL, ENCERRA SUA FALA.

Vimos a experiência passada de Jó, no capítulo 29. Depois, vimos a sua experiência presente – cap. 30 -, onde ele lamentou ponto a ponto como as bênçãos de que desfrutara lhe haviam sido tiradas e agora, neste capítulo, veremos ele protestar sua inocência devido à sua consciência imperturbável.
3. As experiências de Jó e sua consciência (na BEG: Jó protesta inocência) – 31:1 – 40.
Aqui Jó se defende assinando uma declaração escrita de sua inocência – costume da época -, apelando a Deus como um juramento pelo nome divino e desafiando as sanções divinas se estivesse mentindo.
Jó não declara inocência geral, exceto naqueles mais graves que, provavelmente, resultariam no sofrimento que ele estava suportando. Ele não se deixa dominar por uma atitude de farisaísmo, mas pelo contrário, como os salmistas (Sl18:23; Sl 31:1), Jó se sente vítima de falsas acusações e é veemente em se defender contra elas.
Eu tenho dito sobre Jó (desde que comecei a meditar em sua situação e na pressão de seus amigos em querer convencer Jó de que sua situação atual era decorrência natural de uma vida passada sendo conduzida longe da presença de Deus, ou seja, eram consequências naturais) que ele era um homem reto, íntegro e que se desviava do mal, com uma fé inabalável, uma consciência imperturbável e uma vida de oração perseverante.
Veja como começa o capítulo 31 dizendo que ele tinha feito uma aliança com os seus olhos. Novamente, temos aqui mais de suas resoluções que serviriam para inspirar e motivar Jonathan Edwards e qualquer outro teólogo que resolvesse ter suas resoluções firmes[1].
No entanto, parece-me, Jó tinha uma desvantagem brutal em relação a nós cristãos modernos: sua vida se deu em uma época que nem ainda o patriarca Abraão, o pai da fé, tinha nascido. Ou seja, nós temos tudo para ficarmos firmes (a lei, os testemunhos e os profetas, o evangelho, as nuvens de testemunhas de Hb 12:1, os heróis da fé, de Hb 11, a história da igreja) e Jó, o que tinha?
Quando Jó se refere ao fato de não pecar com os seus olhos, certamente não está falando da mera concupiscência, mas de algo até pior – a adoração a uma deusa da fertilidade. O termo que se refere a “donzela” – vs 1 – era usado para se referir a uma deusa da fertilidade, a donzela Anate, na literatura cananéia de Ugarite.
Podemos agrupar seu discurso neste capítulo e formatá-lo da seguinte forma, para melhor compreensão da sua defesa:
·         Vs 1-4: Jó tinha firmes resoluções de andar com Deus. Os seus compromissos iam além de meras palavras.
·         Vs 5-8: Jó nega ter agido com avareza.
·         Vs 9-12: Jó afirma que não se deixou levar pela prática do adultério.
·         Vs 13-15: Jó afirma não ter se vendido à injustiça.
·         Vs 16-23: Jó sempre esteve ao lado dos indefesos e dos mais fracos.
·         Vs 24-28: Jó não se havia envolvido com a idolatria em relação ao ouro ou aos deuses estranhos.
·         Vs 29-34: Jó se eximiu do ódio, do egoísmo e da hipocrisia.
·         Vs 35-37: Jó assina sua defesa e sonha com ela se defender de toda e qualquer acusação que possam ter contra ele.
·         Vs 38-40_a.: Jó faz um último juramento, atestando dessa vez a sua justiça social.
Jó 31:1 Fiz aliança com os meus olhos;
                como, pois, os fixaria numa virgem?
                Jó 31:2 Que porção teria eu do Deus lá de cima,
                                ou que herança do Todo-Poderoso desde as alturas?
                Jó 31:3 Porventura não é a perdição para o perverso,
                                o desastre para os que praticam iniquidade?
                Jó 31:4 Ou não vê ele os meus caminhos,
                                e não conta todos os meus passos?
Jó 31:5 Se andei com falsidade,
                e se o meu pé se apressou para o engano
                                               Jó 31:6 (Pese-me em balanças fiéis,
                                                               e saberá Deus a minha sinceridade).
                Jó 31:7 Se os meus passos se desviaram do caminho,
                               e se o meu coração segue os meus olhos,
                                               e se às minhas mãos se apegou qualquer coisa.
                Jó 31:8 Então semeie eu e outro coma,
                               e seja a minha descendência arrancada até à raiz.
Jó 31:9 Se o meu coração se deixou seduzir por uma mulher,
                ou se eu armei traições à porta do meu próximo.
                Jó 31:10 Então moa minha mulher para outro,
                               e outros se encurvem sobre ela.
                Jó 31:11 Porque é uma infâmia,
                               e é delito pertencente aos juízes.
                Jó 31:12 Porque é fogo que consome até à perdição,
                               e desarraigaria toda a minha renda.
Jó 31:13 Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva,
                quando eles contendiam comigo;
                               Jó 31:14 Então que faria eu quando Deus se levantasse?
                                               E, inquirindo a causa, que lhe responderia?
                Jó 31:15 Aquele que me formou no ventre não o fez também a ele?
                               Ou não nos formou do mesmo modo na madre?
Jó 31:16 Se retive o que os pobres desejavam,
                ou fiz desfalecer os olhos da viúva.
                Jó 31:17 Ou se, sozinho comi o meu bocado,
                               e o órfão não comeu dele
                Jó 31:18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com
                               seu pai, e fui o guia da viúva desde o ventre de minha mãe).
                Jó 31:19 Se alguém vi perecer por falta de roupa,
                               e ao necessitado por não ter coberta.
                Jó 31:20 Se os seus lombos não me abençoaram,
                               se ele não se aquentava com as peles dos meus cordeiros.
                Jó 31:21 Se eu levantei a minha mão contra o órfão,
                               porquanto na porta via a minha ajuda.
                                               Jó 31:22 Então caia do ombro a minha espádua,
                                                               e separe-se o meu braço do osso.
                Jó 31:23 Porque o castigo de Deus era para mim um assombro,
                               e eu não podia suportar a sua grandeza.
Jó 31:24 Se no ouro pus a minha esperança, ou disse ao ouro fino:
                Tu és a minha confiança;
                Jó 31:25 Se me alegrei de que era muita a minha riqueza,
                               e de que a minha mão tinha alcançado muito;
                Jó 31:26 Se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua,
                               caminhando gloriosa.
                Jó 31:27 E o meu coração se deixou enganar em oculto,
                               e a minha boca beijou a minha mão.
                Jó 31:28 Também isto seria delito à punição de juízes;
                               pois assim negaria a Deus que está lá em cima.
Jó 31:29 Se me alegrei da desgraça do que me tem ódio,
                e se exultei quando o mal o atingiu
                               Jó 31:30 (Também não deixei pecar a minha boca,
                                               desejando a sua morte com maldição);
                Jó 31:31 Se a gente da minha tenda não disse:
                               Ah! quem nos dará da sua carne?
                                               Nunca nos fartaríamos dela.
                Jó 31:32 O estrangeiro não passava a noite na rua;
                               as minhas portas abria ao viandante.
                Jó 31:33 Se, como Adão, encobri as minhas transgressões,
                               ocultando o meu delito no meu seio;
                Jó 31:34 Porque eu temia a grande multidão,
                               e o desprezo das famílias me apavorava, e eu me calei,
                                               e não saí da porta;
Jó 31:35 Ah! quem me dera um que me ouvisse!
                Eis que o meu desejo é que o Todo-Poderoso me responda,
                               e que o meu adversário escreva um livro.
                Jó 31:36 Por certo que o levaria sobre o meu ombro,
                               sobre mim o ataria por coroa.
                Jó 31:37 O número dos meus passos lhe mostraria;
                               como príncipe me chegaria a ele.
Jó 31:38 Se a minha terra clamar contra mim,
                e se os seus sulcos juntamente chorarem.
                               Jó 31:39 Se comi os seus frutos sem dinheiro,
                                               e sufoquei a alma dos seus donos.
                Jó 31:40 Por trigo me produza cardos,
                               e por cevada joio.
Acabaram-se as palavras de Jó.
Assim, encerram-se as palavras de Jó e também se encerraram as palavras de Elifaz, Bildade e  Zofar. Agora será a vez de Eliú, um quarto amigo, mais jovem que até então se tinha mantido calado.
Depois de Eliú, será a vez de Deus encerrar as discussões apresentando suas colocações e o livro assim encaminhar para o seu final.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
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[1] Confira também a obra do autor: AS MINHAS FIRMES RESOLUÇÕES - Como viver para a glória de Deus.160 páginas, contendo as 70 Resoluções de Jonathan Edwards, ed. SCORTECCI, ISBN:    978-85-366-3714-3 - disponível em ebook: http://www.amazon.com/dp/B00HT3B1SG e               http://issuu.com/danielbarreto4/docs/minhas_resolu____es3-issuu_23p-com_. Também pode ser adquirido em formato impresso no site http://www.ossemeadores.com.br
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sábado, 9 de agosto de 2014

Jó 30:1-31 - JÓ LAMENTA SUA SITUAÇÃO NO PRESENTE DIANTE DE SEUS "AMIGOS"

Vimos a experiência passada de Jó, no capítulo anterior. Hoje, veremos a sua experiência presente que envolvia a perda das bênçãos de que desfrutara. Ele se lamentará ponto a ponto, de forma bem profunda.
2. A experiência presente de Jó – 30:1-31.
Já no primeiro versículo, a contradição difícil de suportar no presente momento, pois aqueles que ele desprezava por causa de sua má conduta e mal exemplo na sociedade, os seus filhos estavam se rindo dele, como se rindo de um miserável.
Não que devamos nos rir dos miseráveis, mas há miseráveis e miseráveis, ou seja, há aqueles que, enfrentando situações adversas passam por privações, mas não por causa de vícios, mas pela contingência e há aqueles que se acostumaram com essa vida de miséria e fazem dela o motivo de sua vida.
Eu não acredito em miseráveis, pela simples razão de que cada um de nós carrega a imago-dei e, mesmo não tendo nada e passando por todo mal, mantêm em si sua dignidade, honra, caráter e vontade de superação.
Se cada um de nós tem a imagem de Deus em si, não há miseráveis, pois Deus não faz acepção de pessoas e todos, indistintamente, são tanto alvos de sua graça, como de sua misericórdia.
Só existe um tipo de miserável: aquele que se faz miserável! Quanto aos demais, o sol que cai sobre os justos e a chuva que os molha, igualmente cai sobre cada um dos filhos de Adão, nesta terra, mesmo ainda que sejam joio.
Jó desprezaria sim, esses filhos de Belial que insistiam no mal, como o urubu que não larga a carniça ou como o porco que não se afasta do lamaçal. No entanto, esse desprezar não significa uma atitude também maligna de Jó contra aqueles que foram criados à imagem e à semelhança de Deus, mas mais um afastamento deles por causa da ausência de comunhão devido as suas práticas costumeiras.
Jesus nos ensinou a amar todos, mesmo os sabidamente filhos de Belial, ou seja o joio, até o fim e, para isso nos deu o seu exemplo, ao aceitar, chamar e conviver com Judas – que era do maligno – até o fim.
A lição que ele nos passou – Mt 13:24 a 30 - é que quem fará a diferença no final e a separação dos que irão para o seu celeiro, ou não, será o Pai que enviará seus anjos com a ordem certa. Os seus, ele recolherá em seu celeiro e os filhos de Belial, o joio, os atará e, juntos, os lançará no lago de fogo e enxofre, a saber a segunda morte – Ap 20:14.
Eu não quero comunhão de jeito nenhum com quem insistentemente despreza Deus e seus mandamentos e valoriza o vício, o engano e a mentira, mas apesar disso, de não querer comunhão, eu quero sim, anunciar-lhes o evangelho, a palavra de Deus, na esperança de que se convertam e sejam curados.
A situação aqui presente de Jó é de puro lamento por causa de sua terrível situação agravada pela falta de compaixão e de confiança de seus amigos conselheiros que pareciam ter o objetivo certo de fazê-lo cair.
Jó 30:1 Agora, porém, se riem de mim os de menos idade do que eu,
                cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.
                 Jó 30:2 De que também me serviria a força das mãos daqueles,
                               cujo vigor se tinha esgotado?
                Jó 30:3 De míngua e fome se debilitaram;
                               e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos,
                                               assolados e desertos.
                Jó 30:4 Apanhavam malvas junto aos arbustos,
                                e o seu mantimento eram as raízes dos zimbros.
                Jó 30:5 Do meio dos homens eram expulsos, e gritavam contra eles,
                               como contra o ladrão;
                Jó 30:6 Para habitarem nos barrancos dos vales,
                               e nas cavernas da terra e das rochas.
                Jó 30:7 Bramavam entre os arbustos,
                               e ajuntavam-se debaixo das urtigas.
                Jó 30:8 Eram filhos de doidos, e filhos de gente sem nome,
                               e da terra foram expulsos.
                Jó 30:9 Agora, porém, sou a sua canção,
                               e lhes sirvo de provérbio.
                Jó 30:10 Abominam-me, e fogem para longe de mim,
                               e no meu rosto não se privam de cuspir.
                Jó 30:11 Porque Deus desatou a sua corda, e me oprimiu,
                               por isso sacudiram de si o freio perante o meu rosto.
                Jó 30:12 A direita se levantam os moços;
                               empurram os meus pés,
                               e preparam contra mim os seus caminhos de destruição.
                Jó 30:13 Desbaratam-me o caminho; promovem a minha miséria;
                               contra eles não há ajudador.
                Jó 30:14 Vêm contra mim como por uma grande brecha,
                               e revolvem-se entre a assolação.
                Jó 30:15 Sobrevieram-me pavores;
                               como vento perseguem a minha honra,
                                               e como nuvem passou a minha felicidade.
                Jó 30:16 E agora derrama-se em mim a minha alma;
                               os dias da aflição se apoderaram de mim.
                Jó 30:17 De noite se me traspassam os meus ossos,
                               e os meus nervos não descansam.
                Jó 30:18 Pela grandeza do meu mal está desfigurada a minha veste,
                               que, como a gola da minha túnica, me cinge.
                Jó 30:19 Lançou-me na lama,
                               e fiquei semelhante ao pó e à cinza.
                Jó 30:20 Clamo a ti, porém, tu não me respondes;
                               estou em pé, porém, para mim não atentas.
                Jó 30:21 Tornaste-te cruel contra mim;
                               com a força da tua mão resistes violentamente.
                Jó 30:22 Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre ele,
                               e derretes-me o ser.
                Jó 30:23 Porque eu sei que me levarás à morte
                               e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes.
                Jó 30:24 Porém não estenderá a mão para o túmulo,
                               ainda que eles clamem na sua destruição.
                Jó 30:25 Porventura não chorei sobre aquele que estava aflito,
                               ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?
                Jó 30:26 Todavia aguardando eu o bem,
                               então me veio o mal,
                esperando eu a luz,
                               veio a escuridão.
                Jó 30:27 As minhas entranhas fervem e não estão quietas;
                               os dias da aflição me surpreendem.
                Jó 30:28 Denegrido ando, porém não do sol;
                               levantando-me na congregação, clamo por socorro.
                Jó 30:29 Irmão me fiz dos chacais,
                               e companheiro dos avestruzes.
                Jó 30:30 Enegreceu-se a minha pele sobre mim,
                               e os meus ossos estão queimados do calor.
                Jó 30:31 A minha harpa se tornou em luto,
                               e o meu órgão em voz dos que choram.
Havia uma expectativa em Jó – vs 26 – pelo bem e pela luz da presença e da companhia de seus amigos, no entanto deles recebeu o mal e ao invés da luz, a escuridão.
Cada dia comunicava ao outro dia mais aflições que surpreendiam ele a cada instante e sua alma se tornou denegrida, mas não pelo sol, sua alma clamava por socorro, mas o que recebia era apenas o desprezo e a ignomínia.
A situação presente de Jó era um terror que somente a morte, desejada, poderia por um basta e um ponto final, no entanto, Jó permaneceu com sua fé inabalável, sua consciência imperturbável e sua vida de oração constante e perseverante na esperança de que seus olhos ainda veriam o seu Redentor.
 Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete – 
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