Parte II - DIÁLOGOS
ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
D. O terceiro e
último ciclo de discursos – 22:1 – 26:14.
A parte “D” foi dividida, como na BEG, em quatro partes: 1. Elifaz
– 22:1 – 30 – já vista. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 – já vista.
3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade – 25:1-6 – já
vista. 4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14 – veremos agora.
4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14.
Chegamos ao fim
dessa terceira série de discursos com a resposta de Jó a Bildade. Como tinha
sido nos dois primeiros conjuntos de discursos, teríamos, antes, a fala de
Zofar e a resposta de Jó a ele, mas nessa terceira série ele não discursou.
Também estamos
perto de encerrarmos a parte II e entrarmos no capítulo 28, na parte III, deste
livro.
Nesse discurso de
resposta de Jó a Bildade que ocupa todo o capítulo 26, veremos Jó,
sarcasticamente, rejeitar os argumentos de Bildade – dos versos 1 ao 4 -, e,
depois, ele afirmar a supremacia de Deus, em todas as coisas, vs 5 ao 14.
a. A rejeição sarcástica de Jó – 26:1 – 4.
Em uma série de perguntas
retóricas, Jó, sarcasticamente, rejeita a avaliação de Bildade acerca da
situação difícil da humanidade. O ponto de vista de Bildade a ninguém traz
qualquer ajuda.
Ele, Bildade, mistura
a verdade com o engano de forma que quem o ouve pode cair em seus ardis astutos
e começar a ter uma ideia errada sobre Deus e seu reino eterno.
Jó critica sua
falta de sensibilidade para com ele – versos 1 e 2 - e isso deveria incomodá-lo
afinal a sua dor era notória a todos, mas ao invés do alívio, do abraço e da
compreensão, apenas pesadas e ardilosas críticas contra ele.
Jó pergunta a ele
com quem ele está buscando ajuda – verso 4 -para proferir tais palavras vazias
e absurdas. Jó sabia que não era a ajuda do Espírito de Deus, logo suspeitava
ele de que algo estava estranho naqueles comportamentos de seus amigos
conselheiros.
b. A afirmação da supremacia divina – 26:5 – 14.
Jó celebra a preeminência
de Deus para se opor à objeção de Bildade – cap. 25. As palavras de Jó fazem
lembrar o que ele havia dito em 9:5-10, de modo que não devem ser atribuídas a
um dos conselheiros. As objeções de Jó não significam uma negação da soberania
divina sobre a criação.
Vemos na resposta
de Jó uma crença diferente de outras nações, culturas e povos, pois ele cria em
Deus como governante até do Sheol – Pv 15:11. Ou seja Deus é único e tanto o
bem quanto o mal está debaixo de seu governo justo e soberano.
A diferença com
as outras culturas e povos está em que cada deus deles representava um domínio
que não poderia ser ultrapassado por outros deuses onde o eterno conflito
existiria sempre entre as forças do bem e das forças do mal.
Veja, por
exemplo, o verso 12 quando Jó fala de Deus fendendo o mar e como com o seu
entendimento abatendo o adversário, a BEG, nos diz que se trata do poder
e do controle ilimitado de Deus sobre o domínio de Yam, o deus cananeu dos
mares.
Continua a BEG a dizer que em hebraico,
Raabe é um monstro cananeu das profundezas, corno o monstro marinho (veja 3.8;
leviatã, em algumas versões) e o crocodilo (veja 41.1). Essa figura poética
enriquece o conceito do grande poder de Deus sobre o mar tempestuoso.
Deus demonstrou o seu poder sobre esses
poderes demoníacos e sobre as esferas da suposta influência desses poderes na
criação (Gn 1.1-2), quando libertou Israel do Egito pelo mar (veja SI 89.9-10;
Is 51.9) e quando Jesus acalmou o mar (Mt 8.23-27). Ele também prometeu fazê-lo
novamente quando recriar a terra sem qualquer mar (Ap 21.1).
Voltando para os versos
de 7 e 8 fica uma pergunta interessante: de onde, naquela época, Jó tirou a
ideia da terra suspensa no nada? E também do vazio do norte? Somente há pouco
tempo é que essas verdades vieram à tona cientificamente, pois até na idade
média supunha-se que a terra era o centro do universo e que ela nem seria
redonda.
Quem tentou
provar o contrário, acabou sendo morto como herege ou divulgador de mensagens
oriundas do inferno. No meu ponto de vista a ciência, como a que busca a
verdade para explicar os fenômenos que nos cercam e o mundo ao nosso redor, é
um braço de Deus e não trunfo de quem quer que seja.
A ciência não é
pessoa, pois nem fala, nem se expressa, é apenas um método científico
desenvolvido pelo homem interessado na explicação dos fenômenos que o cercam. Há
cientistas que usam a ciência que são crentes e há cientistas que usam a ciência,
mas não são crentes.
A concepção
cosmológica de Jó naquela época nos causa espécie. Adaulto Lourenço, cientista,
crente, explica-nos de forma muito interessante a questão da expansão vazia do
Norte que somente foi verificada em meados do século passado onde o
Observatório de Washington descobriu que, dentro dos céus do Norte, há uma
grande expansão vazia na qual não há uma só estrela visível.
Duas questões
cosmológicas interessantes e intrigantes em Jó:
1.A terra sendo suspensa
no nada.
2.A expansão vazia do
Norte. Jó 26:7!
Jó 26:1 Jó, porém, respondeu, dizendo:
Jó
26:2 Como ajudaste aquele que não tinha força,
e
sustentaste o braço que não tinha vigor?
Jó
26:3 Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria,
e
plenamente fizeste saber a causa, assim como era?
Jó
26:4 A quem proferiste palavras,
e
de quem é o espírito que saiu de ti?
Jó
26:5 Os mortos tremem debaixo das águas,
com
os seus moradores.
Jó
26:6 O inferno está nu perante ele,
e
não há coberta para a perdição.
Jó
26:7 O norte estende sobre o vazio;
e
suspende a terra sobre o nada.
Jó
26:8 Prende as águas nas suas nuvens,
todavia
a nuvem não se rasga debaixo delas.
Jó
26:9 Encobre a face do seu trono,
e
sobre ele estende a sua nuvem.
Jó
26:10 Marcou um limite sobre a superfície das águas em redor,
até
aos confins da luz e das trevas.
Jó
26:11 As colunas do céu tremem,
e
se espantam da sua ameaça.
Jó
26:12 Com a sua força fende o mar,
e
com o seu entendimento abate a soberba.
Jó
26:13 Pelo seu Espírito ornou os céus;
a
sua mão formou a serpente enroscadiça.
Jó
26:14 Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos;
e
quão pouco é o que temos ouvido dele!
Quem,
pois, entenderia o trovão do seu poder?
Jó fala de Deus e do reino de Deus
colocando argumentos em respostas a seus amigos que nos fazem refletir no
conhecimento que ele tinha da graça e da misericórdia de Deus, apesar dele
mesmo.
Ele entende ao final que tem muito a
aprender e a conhecer desse Deus infinito e que nossa estadia aqui nessa vida é
muito curta para nos deixarmos levar pelo mal.
Como ele mesmo encerra, estamos apenas nas
orlas dos seus caminhos, como pois compreenderíamos a sua fala poderosa – trovão
do seu poder?
Parte II - DIÁLOGOS
ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
D. O terceiro e
último ciclo de discursos – 22:1 – 26:14.
A parte “D” foi dividida, como na BEG, em quatro partes: 1. Elifaz
– 22:1 – 30 – já vista. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 – já vista.
3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade – 25:1-6 –
estamos vendo agora. 4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14.
3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade –
25:1-6.
Essa terceira
série de discursos está chegando ao fim. Veremos agora o último discurso de
Bildade sobre a glória de Deus e a insignificância da humanidade e depois a
resposta curta de Jó.
Bildade diz parte
da verdade ao afirmar que Deus é supremo e soberano, mas seu conceito sobre a
humanidade está distorcido. Ele tem dificuldades de entender e explicar a
misericórdia e a graça divina para com a raça humana.
Por causa dessa
supremacia e de sua soberania, a impressão que temos é que Deus é tão grande, tão
alto e tão sublime que ele não é imanente, mas apenas transcendente.
A criatura, nessa
visão, passa a ser algo desprezível aos seus olhos e de nenhum valor e
significado sendo Deus, portanto, incapaz de com ela interagir ou de se
relacionar.
Bildade exagera
na profundidade da indignidade humana. Esse é o seu modo de lidar com o
problema do mal. Deus não pode ser questionado no que faz por que os seres
humanos são muito desprezíveis. Embora a experiência possa, às vezes levar-nos
a aceitar essa visão da humanidade, não é isso que nos ensina as Escrituras,
diz a BEG.
Mesmo em seu
pecado, a humanidade retém a imagem de Deus, que dá a cada pessoa a dignidade e
valor – Gn 1:26-29.
A visão de
Bildade, prossegue a BEG, opõe-se à visão de Sl 8:4, que admite serem os seres
humanos infinitamente pequenos quando comparados aos corpos celestiais, mas
ainda afirma que Deus, não obstante, coroou de glória e de honra a humanidade –
vs 5 a 9.
Uma vez que os
seres humanos não são vermes aos olhos de Deus, as injustiças no mundo ainda
levantam perguntas insondáveis acerca da justiça de Deus.
Sobre o fato de Deus nos ter feito à sua imagem e à sua semelhança.
No sexto dia, depois da criação dos animais
domésticos, dos selváticos e dos répteis, é que agora Deus vai criar o homem à
sua imagem (celen) e à sua semelhança (demuth). Quando Deus disse que iria
criar o homem à sua imagem e à sua semelhança ele estava já executando seu
plano eterno desde quando nem tempo havia.
A criação do homem por causa da imagem e da
semelhança de Deus é algo especial e único no universo. O homem foi a última
coisa a ser criada por Deus. E nada da criação se compara ao homem. Pois a
ninguém disse o que disse Deus ao homem quando o criou, nem em criatura alguma
criada ele soprou em suas narinas para que se tornasse alma vivente.
O homem não foi criado por causa do mundo,
mas o mundo foi criado por causa da família!
Calvino fala sobre a imagem e a semelhança
como termos sinônimos que não representam características físicas do Criador
porque Deus é espírito e não tem aparência física, nem características suas de
domínio, mas representam:
·Retidão e verdadeira santidade
·Imortalidade
·Inteligência, razão e afeição.
A Bíblia de Estudo de Genebra fala que a
imagem e a semelhança representa aspectos pessoais, criativos, racionais e
morais pertencentes a Deus e comunicados aos homens na sua criação.
Deus tem atributos que não são comunicáveis
como a onipotência, onisciência, onipresença, mas compartilha com o homem de
sua imagem e semelhança quanto aos seus atributos comunicáveis como a verdade,
a justiça, o amor, a bondade.
Mesmo o homem caído por causa do pecado do
primeiro Adão guarda a imagem e a semelhança de Deus por causa dos seus
atributos comunicáveis. Certamente que maculada ou deturpada, mas ele a carrega.
Cada ser humano que anda por ai, mesmo os
ímpios foram criados por Deus e portanto levam de alguma forma a imagem e a
semelhança de Deus neles.
Destruí-los é afrontar a Deus porque ali
está a sua imagem e a sua semelhança. Vejamos um pequeno trecho de João Calvino,
segmentado, falando disso e reforçando em nós o conceito do perdão que Jesus
nos ensinou:
“Seja quem for que se apresente a nós
como necessitado do nosso auxílio,
não há o que
justifique que nos neguemos a servi-lo.
Se dissermos que é um estranho,
o Senhor
imprimiu nele uma marca
que deveríamos reconhecer
facilmente.
Se alegarmos que é desprezível e de
nenhum valor,
o Senhor nos
contestará,
relembrando-nos
que o honrou criando-o à Sua imagem.
Se dissermos que não há nada que nos
ligue a ele,
o Senhor nos
dirá que se coloca no lugar dele
para
que reconheçamos nele os benefícios
que Ele nos tem feito.
Se dissermos que ele não é digno de que
demos sequer um passo para ajudá-lo,
a imagem de
Deus,
que
devemos contemplar nele,
é
digna de que por ela nos arrisquemos,
com
tudo o que temos.
Mesmo que tal
homem,
além
de não merecer nada de nós
também
nos fez muitas injúrias ultrajantes,
ainda assim
isso
não é causa suficiente para que deixemos de
amá-lo,
agradá-lo e servi-lo.
Porque, se
dissermos que ele não merece nada disso de nós,
Deus
nos poderá perguntar que é que merecemos dele.
E quando Ele
nos ordena
que
perdoemos aos homens as ofensas
que nos fizeram ou fizerem,
é
como se o fizéssemos a Ele.
(Mt 6.14,15; 18.35; Lc 17.3)”. (João Calvino).
Jó 25:1 Então respondeu Bildade, o
suíta, e disse:
Jó
25:2 Com ele estão domínio e temor;
ele
faz paz nas suas alturas.
Jó
25:3 Porventura têm número as suas tropas?
E
sobre quem não se levanta a sua luz?
Jó
25:4 Como, pois, seria justo o homem para com Deus,
e
como seria puro aquele que nasce de mulher?
Jó
25:5 Eis que até a lua não resplandece,
e
as estrelas não são puras aos seus olhos.
Jó
25:6 E quanto menos o homem, que é um verme,
e
o filho do homem, que é um vermezinho!
Tendo o homem sido criado de forma tão
especial, ele se tornou a coroa da criação e é por isso que Satanás o inveja
querendo destruí-lo e fazê-lo cair como tentou com o primeiro casal.
A ideia presente no universo cientifico
daqueles que não creem em Deus é mostrar que o homem é tão insignificante como
a sua moradia. A terra já não é mais o centro do universo como se pensava
antigamente e essa verdade foi um triunfo da ciência que ao meu ver jamais
contradisse a Bíblia ou a ideia de Deus.
Bildade desconhecia essas verdades bíblicas
de que homem, criado à imagem e à semelhança de Deus, conforme explicado acima,
é a coroa da criação e que todo o universo foi criado por causa dele.
Nossa insignificância astronômica - física e
temporal - não nos torna menor em importância em todo o universo criado por Deus.
Mesmo sendo o homem a coroa da criação,
tudo foi criado por meio dele, para ele e por ele – Rm 11:36 -, Jesus Cristo, a
quem pertence toda a glória, louvor e honra, pois afinal, nele vivemos, e nos
movemos, e existimos, como alguns dos nossos poetas têm dito: Porque dele
também somos geração – At 17:28.
Parte II - DIÁLOGOS
ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
D. O terceiro e
último ciclo de discursos – 22:1 – 26:14.
A parte “D” foi dividida, como na BEG, em quatro partes: 1. Elifaz
– 22:1 – 30 – já vista. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 – estamos
analisando. 3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade –
25:1-6. 4. A resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14.
2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 - continuação.
Continua Jó com sua resposta. Dos vs. 1 ao 9, tínhamos visto Jó
falando do silêncio de Deus, com sua aparente ausência. Depois dos vs. 10 ao
17, ele falando da soberania de Deus que não precisa explicar nada para ninguém.
Agora continuaremos vendo Jó falando das injustiças que há no
mundo – dos vs. 1 ao 12 e do 13 ao final, vs. 25, a justiça para os perversos.
c. As
injustiças que há no mundo – 1 ao 12.
Esses versículos mostram as crueldades que as pessoas infligem
umas sobre as outras enquanto Deus, aparentemente, nada faz. Aqui são descritas
algumas tragédias mais devastadoras que atingem as pessoas.
A palavra chave desse bloco de versículos é o verso primeiro que
logo diz: POR QUE O TODO-PODEROSO NÃO DESIGNA TEMPOS DE JULGAMENTO?
Habacuque também clamou e bem assim os salmistas ou João no
apocalipse até quando, ó justo Juiz, não se fara justiça e juízo na terra?
Por causa da demora na punição, o pecador se sente mais motivado a
pecar. Que bom seria que toda vez que o pecado ocorresse, imediatamente se
veria a sua consequência.
A promessa de Deus é que a justiça será feita! Quando? Com
certeza, jamais nesta vida por que muitos injustos morrem e inocentes também
sem qualquer punição ou recompensa.
Eu creio que a justiça será feita. Sempre cri, mesmo quando nem
conhecia ao Senhor e andava por ai fazendo rezas a imagens de escultura, na
minha infância e adolescência, achando que tinham algum poder.
Lembro-me da minha primeira invocação à mãe de Jesus, diante de
uma estátua pequena de sua imagem que estava em casa, e pedi, na minha
inocência, que me ajudasse a dar uma surra num outro menino que me perseguia
injustamente todos os dias.
O nome dele é Antônio Carlos de Castro – o Cal -, hoje pintor,
formado em Artes Plásticas pela Universidade de Guarulhos, meu amigo e vizinho
de minha mãe. E não é que surrei este menino? (Entendam, naquela ocasião sim,
ele não fazia o que era reto, mas hoje é meu amigo – coisas de infância, acho
que tinha uns nove para dez anos).
Depois disso, não me lembro, nunca mais de qualquer outra
invocação. Conheci ao Senhor perto de meus 18 anos e assim conheci a verdade da
Bíblia e hoje dirijo as minhas orações, súplicas e intercessões unicamente ao
Senhor Jesus Cristo.
Sempre também defendi essa minha crença em justiça divina. Eu sei
que meu justo Juiz vive e que por fim fará justiça e juízo em toda a terra,
diante de suas criaturas e seus filhos, em Cristo Jesus.
d. A
justiça para os perversos – 13 ao 25.
Jó parece concordar com seus amigos quanto ao que deveria
acontecer aos perversos; seu problema é que, muitas vezes, as circunstancias
não seguem esse padrão, ou melhor nem tem padrão algum.
Ele insiste que é imprudente julgar a retidão ou falta de retidão
de uma pessoa simplesmente com base no seu nível de prosperidade.
Aparentemente, parece natural que a prosperidade seja pertencente ao justo e
não ao injusto, mas os fatos não são esses.
Tem rico honesto e próspero, mas tem também pobres honestos; ricos
desonestos, pobres desonestos. A moral ou o caráter de um homem não podem ser
avaliados pelas suas posses e bens.
A punição dos perversos é altamente desejada por todo justo e pela
própria justiça e eles, com frequência, parece escaparem dela. Por isso que se
clama tanto por justiça na terra dos viventes.
Com relação à prosperidade do ímpio, dos perversos, que fazem
coisas erradas e prejudicam os outros para obterem suas vantagens, por fim,
Deus irá leva-los à ruína, ainda que somente depois da morte – a minha crença!
Jó está pedindo nos versos de 18 a 25 para que os malfeitores
sejam corrigidos em vida, no entanto isso é demasiadamente lento. Eu creio que
se não morrêssemos e Deus governasse o mundo dos homens imortais, a justiça
seria vista com toda certeza.
Quando juntamos os versos de 23 a 25 ao primeiro deste capítulo,
passamos a entender o motivo e o sentido do capítulo.
Jó estava tentando mostrar que os perversos são, de fato, punidos,
mas que o processo acontece aos poucos -
vs. 23 e 24 – uma frustração para os justos, que querem ver a justiça feita completa
e sumariamente.
Em discussões acerca da existência de Deus um dos temas preferidos
dos que não creem em Deus é a justiça, pois que eles não entendem ela por causa
de seu aparente triunfo temporário.
Jó 24:1 Visto que do Todo-Poderoso não
se encobriram os tempos,
por
que, os que o conhecem, não veem os seus dias?
Jó
24:2 Até os limites removem; roubam os rebanhos,
e
os apascentam.
Jó
24:3 Do órfão levam o jumento;
tomam
em penhor o boi da viúva.
Jó
24:4 Desviam do caminho os necessitados;
e
os pobres da terra juntos se escondem.
Jó
24:5 Eis que, como jumentos monteses no deserto,
saem à sua obra, madrugando para a presa;
a
campina dá mantimento a eles e aos seus filhos.
Jó
24:6 No campo segam o seu pasto,
e
vindimam a vinha do ímpio.
Jó
24:7 Ao nu fazem passar a noite sem roupa,
não
tendo ele coberta contra o frio.
Jó
24:8 Pelas chuvas das montanhas são molhados
e,
não tendo refúgio, abraçam-se com as rochas.
Jó
24:9 Ao órfãozinho arrancam dos peitos,
e
tomam o penhor do pobre.
Jó
24:10 Fazem com que os nus vão sem roupa
e
aos famintos tiram as espigas.
Jó
24:11 Dentro das suas paredes espremem o azeite;
pisam
os lagares, e ainda têm sede.
Jó
24:12 Desde as cidades gemem os homens,
e
a alma dos feridos exclama,
e
contudo Deus lho não imputa como loucura.
Jó
24:13 Eles estão entre os que se opõem à luz;
não
conhecem os seus caminhos,
e
não permanecem nas suas veredas.
Jó
24:14 De madrugada se levanta o homicida,
mata
o pobre e necessitado, e de noite é como o ladrão.
Jó
24:15 Assim como o olho do adúltero
aguarda
o crepúsculo, dizendo:
Não
me verá olho nenhum;
e
oculta o rosto,
Jó
24:16 Nas trevas minam as casas, que de dia se marcaram;
não
conhecem a luz.
Jó
24:17 Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte;
pois,
sendo conhecidos,
sentem
os pavores da sombra da morte.
Jó
24:18 É ligeiro sobre a superfície das águas;
maldita
é a sua parte sobre a terra;
não
volta pelo caminho das vinhas.
Jó
24:19 A secura e o calor desfazem as águas da neve;
assim
desfará a sepultura aos que pecaram.
Jó
24:20 A madre se esquecerá dele,
os
vermes o comerão gostosamente;
nunca
mais haverá lembrança dele;
e
a iniquidade se quebrará como uma árvore.
Jó
24:21 Aflige à estéril que não dá à luz,
e
à viúva não faz bem.
Jó
24:22 Até aos poderosos arrasta com a sua força;
se
ele se levanta, não há vida segura.
Jó
24:23 Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso;
seus
olhos porém estão nos caminhos deles.
Jó
24:24 Por um pouco se exaltam, e logo desaparecem;
são
abatidos, encerrados como todos os demais;
e
cortados como as cabeças das espigas.
Jó
24:25 Se agora não é assim,
quem
me desmentirá e desfará as minhas razões?
Veremos
na sequência o pequeníssimo discurso de Bildade que falará que o homem não pode justificar-se diante de
Deus.
Interessantes
os temas e discussões em Jó sobre a vida, a justiça, o sofrimento e Deus em
tudo isso.
Como
eu sei que nas discussões, como estava dizendo acima, com os que não creem em
Deus, que quase sempre o assunto se volta para a questão da justiça, eu logo,
indago do não crente que aquele senso que ele tem, pelo qual ele invoca a justiça,
não vem dele, mas da própria Justiça, ou seja de Deus.
Ninguém,
em são consciência, busca razões na injustiça, na mentira, na falsidade, mas em
valores reais que somente estão presentes em uma divindade, um ser moral, em
Deus. Não há ordem, nem verdades, nem justiças, nem mentiras no caos, ou no
nada; sendo assim, todo aquele que não crê em Deus é um crente que não sabe.
Parte II - DIÁLOGOS
ENTRE JÓ E SEUS AMIGOS – 3:1 a 27:23.
D. O terceiro e
último ciclo de discursos – 22:1 – 26:14.
A parte “D” foi dividida, como na BEG, em quatro partes: 1. Elifaz
– 22:1 – 30 – já vista. 2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25 – veremos agora.
3. Bildade: a glória de Deus e a insignificância da humanidade – 25:1-6. 4. A
resposta de Jó a Bildade – 26:1 – 14.
2. A resposta de Jó a Elifaz – 23:1 – 24:25.
Novamente, Jó está em resposta a seus amigos por causa de suas
acusações contra ele. Durante todo o tempo em que seus amigos ali estiveram,
sempre eles insistiram na mesma hipótese de pecado na vida de Jó como causa de
sua presente situação terrível.
Na sua resposta, que irá até o próximo capítulo, Jó protestará
dizendo que, se pudesse ouvir a sua defesa, Deus não o condenaria. Sua resposta
estará sendo didaticamente sendo dividida em 4 partes: a. A ausência de Deus –
23:1 ao 9. b. O controle de Deus – 23: 10 ao 17. c. As injustiças no mundo –
24:1 ao 12. d. Justiça para os perversos- 24:13 ao 25.
a. A
ausência de Deus – 23:1 ao 9.
Para Jó, Deus estava ausente por que ele estava se sentindo só,
pior do que isso, acompanhado de “amigos” que queriam uma ruína completa em Jó.
No que concerne às suas posses, bens e família, tudo estava destruído. Com relação
à sua saúde, ela também tinha sido afetada. No entanto, no que dizia respeito ao
seu homem interior, a história de destruição era outra, ele lutava e
perseverava para continuar fiel ao seu Deus.
Jó, apesar de tudo, tem uma queixa. Ele se encontra em amargura
por causa da mão de Deus sobre ele que está sendo muito exagerada e mesmo
forte.
Na mente de Jó, Deus não precisa de dar explicações de nada a
ninguém, mas pede aos que sofrem e que passam por lutas terríveis que mantenham
a sua fé que será por elas que eles alcançarão a vitória, mas ao final do jogo.
Jó estava sendo fiel até a morte. Ele mesmo falou: “Ainda que ele me mate,
nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele.” – Jó 13:15. Contudo,
continuava a defender-se diante dele, pois não cria que seus caminhos o
tivessem levado àquilo.
Jó não abria mão de sua consciência, nem de sua grande fé em Deus.
Fé e boa consciência em Jó são vitais, essenciais para o sucesso. Vejamos o que
o grande apóstolo Paulo falou disso, tão presente na vida de Jó:
I Timóteo 1:5Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor
que procede de coração puro,ede consciênciaboa,edefésem
hipocrisia.
I Timóteo 1:19mantendoféeboaconsciência, porquanto alguns, tendo
rejeitado aboaconsciência, vieram a naufragar nafé.
Jó estava querendo um encontro com Deus e por todo tempo sempre o
buscou. Ele até imaginava, nesse encontro, se Deus, com sua grandeza de poder –
vs. 6 -, iria confrontá-lo, ou antes o atenderia?
Buscar a Deus, como buscou Jó, é outra lição importante para nós.
Jó tanto buscou que o encontrou – todos sabemos disso. Jó não sabia de nada
disso que ele o encontraria.
Ele é o juiz de toda a terra! Jó sabia disso, mas mesmo Jó
precisaria de um Mediador, um Redentor, conforme ele mesmo também tinha dito
outrora: Jó 19:25 Porque eu sei que o meu
Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.
b. O
controle de Deus – 23: 10 ao 17.
Jó
aqui afirmará a soberania de Deus. Jó nunca questiona a liberdade soberana de
Deus. Seu reconhecimento da soberania de Deus na criação é a raiz do seu dilema
– 9:21 a 24.
Deus
está no controle de tudo. Sempre ouvimos as pessoas dizerem isso diante das
lutas, desafios, complexidades, circunstâncias (in)administráveis. Isso
significa também que não cai uma folha de uma árvore ou morre um pardal, sem
que Deus o consinta – Mt 10:29.
Por
causa disso, muitas vezes o confundimos como o agente do mal ou o causador da
nossa desgraça. Não, isso não é assim. Deus está no controle, não significa que
eu estou no controle ou que virei a estar, mas que eu devo confiar em Deus,
seja qual for o fim da história.
Jó
entendia que em Deus há conhecimento e os seus caminhos estão todos traçados
diante dele. A agonia com relação ao futuro pertence somente a nós e não a Deus
que tudo vê. Como Deus sabe de todo o fim desde o começo, ele pede para nós que
nele confiemos, apesar de tudo.
A
cada dia que me dedico a estudar Jó, cada vez mais me admiro de sua pessoa, fé,
consciência, perseverança e coragem.
Diante
de algo desagradável que enfrentamos, assim, costumamos reagir e pedir ao
Senhor:
·No
início ainda, pedimos:
- fortalece-me Senhor para que eu
possa tudo suportar e permanecer fiel, sem causar danos diante dos homens, da
natureza, das coisas celestiais e de Deus.
·Depois
que a prova vem e a luta se torna acirrada, então pedimos ao Senhor:
- muda esse quadro, Senhor; tira-me
dele, não estou mais suportando tudo isso.
·Então
passamos por um grande silêncio da parte de Deus e logo nos desesperamos e
pedimos:
- Senhor quero morrer! Tira-me
dessa vida! Quero sumir!
Se,
nessas horas de lutas e provações, aprendêssemos a controlar a nossa língua,
menos estragos teríamos de ter de reparar depois da tempestade.
Jó 23:1 Respondeu, porém, Jó, dizendo:
Jó
23:2 Ainda hoje a minha queixa está em amargura;
a
minha mão pesa sobre meu gemido.
Jó
23:3 Ah, se eu soubesse onde o poderia achar!
Então
me chegaria ao seu tribunal.
Jó
23:4 Exporia ante ele a minha causa,
e
a minha boca encheria de argumentos.
Jó
23:5 Saberia as palavras com que ele me responderia,
e
entenderia o que me dissesse.
Jó
23:6 Porventura segundo a grandeza de seu poder
contenderia
comigo? Não: ele antes me atenderia.
Jó
23:7 Ali o reto pleitearia com ele,
e
eu me livraria para sempre do meu Juiz.
Jó
23:8 Eis que se me adianto, ali não está;
se
torno para trás, não o percebo.
Jó
23:9 Se opera à esquerda, não o vejo;
se se encobre à direita, não o diviso.
Jó
23:10 Porém ele sabe o meu caminho;
provando-me
ele, sairei como o ouro.
Jó
23:11 Nas suas pisadas os meus pés se afirmaram;
guardei
o seu caminho, e não me desviei dele.
Jó
23:12 Do preceito de seus lábios nunca me apartei,
e
as palavras da sua boca guardei
mais
do que a minha porção.
Jó
23:13 Mas, se ele resolveu alguma coisa,
quem
então o desviará?
O
que a sua alma quiser, isso fará.
Jó
23:14 Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito,
e
muitas coisas como estas ainda tem consigo.
Jó
23:15 Por isso me perturbo perante ele,
e
quando isto considero, temo-me dele.
Jó
23:16 Porque Deus macerou o meu coração,
e
o Todo-Poderoso me perturbou.
Jó
23:17 Porquanto não fui desarraigado por causa das trevas,
e
nem encobriu o meu rosto com a escuridão.
Saber que Deus está no controle é muito bom,
desde que esse conhecimento não sirva para querermos manipular a vontade de
Deus ou perturbar os seus caminhos com nossos medos e ansiedades.
Em Deus não existe o medo, nem a
preocupação ou a ansiedade, porque ele já conhece o passado, o presente e o
futuro. Por isso que nossa escolha, em relação a Deus, deve ser de confiar
nele, embora nem entendamos a situação chata que estamos enfrentando.
Em cada capítulo da Bíblia, você encontrará uma narrativa escrita podendo conter gráficos, tabelas, imagens e textos e um link de vídeo dessa postagem no YouTube. Confira!
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