quinta-feira, 10 de março de 2016
quinta-feira, março 10, 2016
Jamais Desista
Tiago 2 1-26 - A FÉ E AS OBRAS
Primeiro Tiago vai falar da acepção das pessoas. O homem dá muito valor
às aparências e despreza o coração. Nesse julgamento, ele acaba cometendo
injustiças, pois o que se vê é aparente e não se vê o real do interior de uma
pessoa.
Quem tem a oportunidade de se vestir melhor porque tem mais condições
financeiras é tido de maior valor quando, na verdade, o valor de alguém não é
medido por suas posses. No entanto, muito nos enganamos com as aparências até o
dia de hoje e assim o será até nosso fim.
Por fazermos acepção de pessoas continuamente, devemos estar alertas
para isso aceitando quando necessária a devida repreensão para voltarmos ao
caminho da justiça e não das aparências.
Depois
aborda um tema controverso e muito difícil a questão entre obras e fé. Eu não
vejo contradições entre Paulo e Tiago. Ambos falam a mesma coisa. Eu somente
vou dizer algo: quando as minhas obras me fazem maiores do que meu irmão, então
elas não são obras da fé; mas quando elas são maiores não porque eu as fiz, mas
porque a graça de Deus me fez frutífero, então elas, de fato serão maiores, mas
nada tenho que me gloriar, nem diante de meu irmão.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
II. A SABEDORIA E SEUS EFEITOS NAS PROVAÇÕES (1.2-3.12) - continuação.
Estamos vendo de 1.2 a 3.12 a sabedoria e
seus efeitos nas provações. Tiago passou imediatamente para a sua preocupação
central: a sabedoria divina em meio às provações e aos sofrimentos.
Estamos seguindo a seguinte divisão
proposta, conforme a BEG: A. Pedindo a Deus por sabedoria (1.2-18) – já vimos; B. Ouvir e fazer (1.19-27) – já vimos; C. Favorecendo o rico (2.1-13)
– veremos agora; D. Fé e obediência
(2.14-26) – veremos agora; e, E. O
controle da língua (3.1-12).
C. Favorecendo o rico (2.1-13).
Novamente Tiago refere-se de maneira explícita
ao tema dos relacionamentos entre os ricos e os pobres (veja 1.9-11) porque
essa era uma questão crucial com a qual seus leitores defrontavam. Aqui ele
ressaltou que é contrário à Palavra de Deus (e, portanto, contrário à sabedoria
de Deus) mostrar favoritismo aos ricos.
Somos crentes no Senhor Jesus Cristo, no Senhor
da glória. Isso poderia ser traduzido "nosso Senhor Jesus Cristo, a
glória". Aqui Jesus pode ser identificado com a glória de Deus. Ele era a
viva e encarnada nuvem da glória (Êx 16.10; 24.16; 40. 34-35), Deus habitando
entre nós.
E como crentes que somos, não devemos andar
em acepção de pessoas. Isso indica um respeito pelas pessoas baseado puramente
nas aparências. É contrário ao comportamento de Deus, aquele que não faz
acepção de pessoas (Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25). À luz da divina glória de
Cristo, é insensato mostrar favoritismo com base nos níveis inferiores da
glória humana.
Quem julga os outros fazendo distinção,
está discriminando. Deus nos manda discernir entre o bem e o mal. No entanto,
favorecer uma pessoa acima de outra com base nas exterioridades, como posição
econômica, etnia ou critérios semelhantes é pecado. Em cada um de nós Deus
imprimiu a sua imagem e a sua semelhança e qualquer afronta ou desrespeito, é
mesmo uma afronta e um desrespeito a quem o criou.
A herança no reino de Deus está baseada na
eleição soberana de Deus, não em qualquer tipo de mérito humano. A Escritura
revela que Deus dá atenção especial a todos aqueles que são fracos e humildes
segundos os padrões humanos.
Com frequência Deus escolhe o seu povo
dentre a classe dos pobres a fim de manifestar a glória do seu poder para
salvar (Lc 6.20; 1Co 1.28-29).
Do mesmo modo que a verdadeira religião deveria
dar atenção às viúvas e aos órfãos (1.27), ela também não deve mostrar
favoritismo com respeito aos ricos.
O verbo "oprimir" – vs. 6 - é
forte e em outra parte refere-se à obra de opressão feita por Satanás (At
10.38). Era muito comum que os ricos fizessem uso dos poderes políticos e
judiciais para explorar os pobres, e muitos ainda confiavam em sua riqueza e
seu poder em vez de em Cristo para a salvação.
Os leitores de Tiago haviam mostrado falta
de fé ao concordar com o sistema de valores do mundo. Eles favoreciam os ricos,
embora estes maltratassem os cristãos e caluniassem Cristo, apesar de que Deus
favorece os pobres, mas não com imparcialidade porque é pobre. Deus é justo e
jamais comete injustiças, mas julga retamente.
Não há, diante de Deus, vantagem alguma em
ser pobre ou rico, sábio ou ignorante, culto ou analfabeto, famoso ou
desconhecido, poderoso ou desprezível, inteligente ou estulto, pois Deus trata
a todos com justiça e amor. O filtro de Deus, ou para quem Deus olhará, será
sempre para aquele que tem fé nele.
A lei suprema ordenada por Deus, o grande
Rei, para suas imagens reais em Cristo (a BEG recomenda aqui a leitura e a
reflexão em seu excelente artigo teológico "Criados à imagem de
Deus", em Gn 1) é a lei régia – vs. 8 - amarás o teu próximo como a ti
mesmo.
Tiago considerava o pecado do favoritismo
como uma violação do grande mandamento (Lv 19.18; Dt 6.5; Mt 22.36-39), o que
fazia do infrator um transgressor da lei.
Tiago não negou o claro ensinamento do
Antigo e do Novo Testamento de que alguns pecados são mais sérios do que outros
(Êx 21.12-14; Mt 11.22; Mc 3.29; 1Jo 5.16).
Em vez disso, ele enfatizou que, por Deus
ter dado todas as estipulações da lei, nenhum de seus requerimentos é
insignificante (Mt 5.17-19).
Porque toda a lei reflete a personalidade
perfeita de Deus de algum modo, qualquer violação da lei se constitui numa
transgressão contra ele e, desse modo, também contra o espírito de toda a lei.
Aparentemente, Tiago acreditava que seus
leitores poderiam tratar essa questão de maneira inconsequente ao isentar-se de
amar ao próximo e continuar a favorecer os ricos.
No dia do julgamento, os cristãos não serão
julgados com base nos seus próprios méritos. Caso isso acontecesse, seríamos
todos condenados.
Pela misericórdia de Deus, seremos julgados
com base no mérito de Cristo. Por termos sido julgados misericordiosamente,
devemos julgar outros cristãos da mesma maneira, mostrando misericórdia em vez
de discriminação. Esse é o ponto chave de seu argumento.
Dessa forma, a misericórdia triunfa sobre o
próprio juízo. (Veja Mt 5.7; 18.21-35; cf. Zc 7.9). Embora Deus não seja
obrigado a mostrar misericórdia, ele livremente escolhe mostrá-la em
abundância.
Ele se reserva o divino privilégio de
mostrar misericórdia a quem ele quer (Rm 9.18), óbvio que aí está implícito os
princípios divinos de sua soberania, sabedoria e bondade máxima.
Pela sua lei, no entanto, nós somos ordenados
a equilibrar a justiça com a misericórdia. Somos advertidos por ele que, se nós
nos recusarmos a mostrar misericórdia, não receberemos a sua misericórdia.
D. Fé e obediência (2.14-26).
Tendo enfatizado a importância de ir além
do conhecimento da Palavra de Deus na área do amor ao próximo, Tiago voltou-se
para o outro lado da mesma questão: o relacionamento entre fé e obras quanto a
cuidar dos companheiros cristãos.
Pode, acaso, semelhante fé (que alega ser
algo, mas que não faz absolutamente nada) salvá-lo? É importante relembrar que
o Novo Testamento emprega o termo "fé" de diferentes maneiras.
Os teólogos têm distinguido esses
diferentes significados de diversas maneiras. Aqui Tiago estava distinguindo
"fé salvadora" (a fé que resultará na salvação eterna) da falsa fé. A
fé que não produz boas obras não é a fé que salva.
Tiago ilustrou o que ele entendia por fé
sem obras no vs. 15. Como essa ilustração mostra, ele continuou a focalizar em
mostrar misericórdia aos pobres (veja 2.1-13).
Aqui, no entanto, ele aponta para o fato de
que a fé que não serve ao pobre não é a fé salvadora. Embora o raciocínio de
Tiago esteja estreitamente focado, nós podemos aplicar o mesmo tipo pensamento
de modo mais amplo.
Se não manifestamos as boas obras que se
originam da nossa fé em Cristo, então não temos fé salvadora.
Quando Lutero e os reformadores insistiram
na fórmula "justificação somente pela fé", a intenção deles era
deixar bem claro que a justificação vinha por meio da fé e não por meio das
boas obras.
A palavra "somente" não significa
que fé salvadora ou justificadora existe sem nenhum subsequente fruto da
obediência. Lutero insistia que a fé salvadora é uma fé viva.
A imagem de fé morta não se refere a uma fé
que pereceu, mas a uma fé que nunca teve verdadeira vida dentro dela. Essa fé
não pode ser o meio para a justificação.
Tiago desafiou qualquer pessoa que afirmava
ter fé a demonstrá-la, torná-la visível. A única evidência visível disponível
aos olhos humanos é a das obras da obediência.
Embora Deus possa ler o coração das
pessoas, a única maneira pela qual a humanidade pode ver o coração é pelo seu
fruto exterior.
Saber que há somente um Deus (de fato, que
Deus existe) é assentir concordar com uma proposição que até mesmo os demônios
reconhecem. Crer "em" Deus, por outro lado, requer confiança pessoal.
A fé salvadora inclui o conhecimento cognitivo, mas vai, além disso, chegando à
confiança e submissão pessoal.
Ao se referir ao homem insensato – vs. 20 –
ele está fazendo uso de uma forte repreensão. Trata-se de um julgamento moral e
não intelectual, lembrando o julgamento que cai sobre o insensato na Literatura
de Sabedoria do no Antigo Testamento. A fé desse é inoperante, ou seja,
destituída de fruto.
Tiago citou Abraão como o exemplo principal
de uma pessoa que foi justificada pelas suas obras. Tiago não está em conflito
com Paulo, que também citou Abraão — como a prova principal de uma pessoa que
foi justificada pela fé à parte das obras (p. ex., Rm 4.1-25; Gl 3.6-9).
A diferença entre as afirmações de Paulo e
Tiago é que Paulo, nesse contexto, usou a palavra "justificado" para
se referir ao fato de a justificação ter sido imputada a Abraão (p. ex., Rm
4.3,9,22; 01 3.6), o que encontramos registrado em Gn 15.6.
Tiago usou a palavra
"justificado" para referir-se à prova, ou vindicação, da fé de Abraão
que ocorreu muitos anos mais tarde (Gn 22.12).
Em Tiago, a frase "foi
justificado" (aqui) e "é justificada" (vs. 24) não se refere à
reconciliação com Deus, à demonstração da verdade de uma alegação anterior.
Jesus usou o mesmo verbo (dikaioo) nesse sentido
em Lc 7.35 quando declarou que "a sabedoria é justificada por todos os
seus filhos" (ou seja, a sabedoria é demonstrada ser sabedoria verdadeira
pelos seus resultados).
Assim como a verdadeira sabedoria é
demonstrado pelos seus frutos, a alegação de fé de Abraão foi justificada (ou
seja, demonstrada) pela sua obediência exterior. No entanto, suas obras não
foram a causa meritória da sua salvação; elas nada acrescentaram ao perfeito e
suficiente mérito de Cristo.
A fé verdadeiramente operante é vista nas
obras. A fé verdadeira sempre produz frutos. Fé e obras podem ser distinguidas,
mas nunca separadas ou divorciadas.
A fé verdadeira necessariamente produz boas
obras (v. 17). Portanto, quando Abraão realizou as boas obras de Gn 22, ele
cumpriu as expectativas criadas pela declaração de sua fé em Gn 15.6.
Uma pessoa não prova ser justificada apenas
por professar, ou mesmo por possuir, fé. Uma pessoa revela ser justificada pelo
que ela faz.
Aqui Tiago atacou todas as formas de
antinomianismo que busca ter Jesus como Salvador sem aceitá-lo como Senhor. Do
mesmo modo que Paulo demonstrou que confiar nas próprias obras para salvação é
fatal, também Tiago ensinou que depender de fé vazia ou morta é igualmente
fatal.
Tg 2:1 Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo,
Senhor da glória,
em acepção de pessoas.
Tg 2:2 Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem
com anéis de ouro nos dedos,
em trajos de luxo,
e entrar também algum
pobre andrajoso,
Tg 2:3 e tratardes com
deferência
o que tem os trajos de luxo
e lhe disserdes:
Tu, assenta-te aqui em lugar de honra;
e disserdes ao pobre:
Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do
estrado dos meus pés,
Tg 2:4 não fizestes
distinção entre vós mesmos
e não vos tornastes juízes
tomados de perversos
pensamentos?
Tg 2:5 Ouvi, meus amados irmãos.
Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres,
para serem ricos em fé
e herdeiros do reino que
ele prometeu aos que o amam?
Tg 2:6 Entretanto, vós outros menosprezastes o pobre.
Não são os ricos que vos oprimem
e não são eles que vos arrastam para tribunais?
Tg 2:7 Não são eles os que blasfemam o bom nome
que sobre vós foi invocado?
Tg 2:8 Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo,
fazeis bem;
Tg 2:9 se, todavia, fazeis
acepção de pessoas,
cometeis pecado,
sendo argüidos pela lei
como transgressores.
Tg 2:10 Pois qualquer que guarda toda a lei,
mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos.
Tg 2:11 Porquanto, aquele que disse:
Não adulterarás também ordenou:
Não matarás.
Ora, se não adulteras,
porém matas,
vens a ser transgressor da
lei.
Tg 2:12 Falai de tal maneira
e de tal maneira procedei
como aqueles que hão de ser julgados pela lei da
liberdade.
Tg 2:13 Porque o juízo é sem misericórdia
para com aquele que não usou de misericórdia.
A misericórdia triunfa
sobre o juízo.
Tg 2:14 Meus irmãos, qual é o proveito,
se alguém disser que tem fé,
mas não tiver obras?
Pode, acaso, semelhante fé
salvá-lo?
Tg 2:15 Se um irmão ou uma irmã
estiverem carecidos de roupa
e necessitados do alimento cotidiano,
Tg 2:16 e qualquer dentre vós lhes disser:
Ide em paz,
aquecei-vos
e fartai-vos,
sem, contudo, lhes dar o
necessário para o corpo,
qual é o proveito disso?
Tg 2:17 Assim, também a fé,
se não tiver obras,
por si só está morta.
Tg 2:18 Mas alguém dirá:
Tu tens fé,
e eu tenho obras;
mostra-me essa tua fé sem
as obras,
e eu, com as obras,
te mostrarei a minha fé.
Tg 2:19 Crês, tu, que Deus é um só?
Fazes bem.
Até os demônios crêem e
tremem.
Tg 2:20 Queres, pois, ficar certo,
ó homem insensato,
de que a fé sem as obras
é inoperante?
Tg 2:21 Não foi por obras que Abraão,
o nosso pai, foi justificado,
quando ofereceu sobre o
altar o próprio filho, Isaque?
Tg 2:22 Vês como a fé operava
juntamente com as suas obras;
com efeito, foi pelas obras
que a fé se consumou,
Tg 2:23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz:
Ora, Abraão creu em Deus,
e isso lhe foi imputado para justiça;
e: Foi chamado
amigo de Deus.
Tg 2:24 Verificais que uma pessoa é justificada
por obras
e não por fé somente.
Tg 2:25 De igual modo,
não foi também justificada por obras
a meretriz Raabe,
quando acolheu os
emissários
e os fez partir por outro
caminho?
Tg 2:26 Porque, assim como o corpo
sem espírito é morto,
assim também a fé sem obras
é morta.
Assim como aconteceu com Abraão, as ações
de Raabe demonstraram a autenticidade de sua fé. O capítulo 2 se conclui – vs.
26 - com a citação de Tiago de que assim como o corpo sem espírito está morto,
também a fé sem obras está morta.
A Deus toda glória! p/ pr. Pr. Daniel
Deusdete.
...
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quarta-feira, 9 de março de 2016
quarta-feira, março 09, 2016
Jamais Desista
Tiago 1 1-27 - VOCÊ É PRATICANTE OU MERO OUVINTE DA PALAVRA?
Tiago foi escrito com o objetivo de ensinar
a sabedoria de Deus para podermos perseverar em meio às dificuldades até o
retorno de Cristo. Ela, provavelmente, foi escrita entre 44-62 d.C. Estamos
vendo o capítulo 1/5.
Breve
síntese do capítulo 1.
Tiago, meio-irmão de Jesus Cristo, meio irmão de Judas, o autor do livro
de Judas na Bíblia e não o Judas Isacariotes que traiu o Senhor, escreve esta
epístola, como ele mesmo diz, às 12 tribos da dispersão.
Quem era Tiago? Certamente, uma das autoridades juntamente com Pedro,
João e demais apóstolos: “Tiago era
altamente qualificado para escrever uma carta de conselhos à congregação
cristã. Era grandemente respeitado como superintendente na congregação de
Jerusalém. Paulo fala de “Tiago, o irmão do Senhor”, como uma das “colunas” na
congregação, junto com Cefas e João. (Gál. 1:19; 2:9) Que Tiago se destacava
vê-se do fato de que Pedro, ao ser solto da prisão, imediatamente mandou avisar
a “Tiago e aos irmãos”. E não foi Tiago quem agiu como porta-voz dos ‘apóstolos
e dos anciãos’ quando Paulo e Barnabé viajaram a Jerusalém para pedir uma
decisão a respeito da circuncisão? A propósito, tanto esta decisão como a carta
de Tiago começam com uma saudação similar: “Cumprimentos!” — outra indicação de
que tiveram um escritor comum. — Atos 12:17; 15:13, 22, 23; Tia. 1:1.”[1]
O
Senhor lhe apareceu – I Co 15:7 -, e isto o ajudou a solidificar sua crença no
Senhor, como o Deus ressurreto. Que engraçado, Tiago conviveu e certamente
brincou som seu irmão, mesmo assim precisou de um reforço para crer.
Vejamos o presente capítulo com mais
detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. SAUDAÇÃO (1.1).
Tiago saudou seus leitores cristãos como os
descendentes espirituais da Israel do Antigo Testamento. Tiago primeiro
identificou-se e depois identificou os seus leitores.
Tiago declarou ser um servo cativo, ou
escravo, de Deus e de Cristo. Um servo é alguém comprado que pertence a um dono
ou "senhor".
Isso indica não somente a humildade de
Tiago, mas também um profundo testemunho da sua fé em seu meio-irmão terreno
como seu Redentor (1Co 15.3).
Aqui o servo está ligado tanto a Deus como
a Jesus, um apoio teológico decisivo. Ele se direciona às doze tribos que se
encontram na dispersão. Essa expressão pode ser compreendida de duas maneiras.
Em primeiro lugar, Tiago pode estar se
dirigindo aos cristãos judeus que estavam espalhados entre as nações.
Em segundo, Tiago pode estar se dirigindo
até mesmo aos cristãos gentios dessa maneira, uma vez que tanto judeus como
gentios haviam sido reunidos num só corpo em Cristo juntamente com os doze
apóstolos, um número simbólico que lembra as doze tribos de Israel.
II. A SABEDORIA E SEUS EFEITOS NAS PROVAÇÕES (1.2-3.12).
Tiago explicou por que a sabedoria divina
era necessária e como ela se mostraria nas provações que viriam aos seus
leitores. Os cristãos devem pedir a Deus por sabedoria, o que ele concede
livremente a todos aqueles que não hesitam.
A sabedoria ensinará tanto ao rico quanto
ao pobre como viver em harmonia com os outros e com Deus. Simplesmente ouvir e
conhecer a Palavra não é suficiente; temos de obedecer a ela.
Os cristãos devem resistir à tentação de
proteger os ricos em detrimento dos pobres. Declarar a fé não é suficiente; ela
deve ser expressa em boas obras, especialmente com respeito aos pobres.
Os cristãos (especialmente os mestres)
devem controlar a própria língua, a qual tem grande poder para criar conflitos
e dificuldades na igreja.
Veremos de 1.2 a 3.12 a sabedoria e seus
efeitos nas provações. Tiago passou imediatamente para a sua preocupação
central: a sabedoria divina em meio às provações e aos sofrimentos.
Ele focalizou em cinco tópicos: pedir a
Deus sabedoria (1.2-18); obedecer à Palavra de Deus (1.19-27); não favorecer os
ricos (2.1-13); provar a fé por meio da obediência (2.14-26) e evitar o dano
causado pela falta de controle da língua dentro da comunidade cristã 3.1-12). Elas
gerarão a seguinte divisão proposta, conforme a BEG: A. Pedindo a Deus por
sabedoria (1.2-18) – veremos agora;
B. Ouvir e fazer (1.19-27) – veremos
agora; C. Favorecendo o rico (2.1-13); D. Fé e obediência (2.14-26); e, E.
O controle da língua (3.1-12).
A. Pedindo a Deus por sabedoria (1.2-18).
Tiago encorajou seus leitores a verem suas
provações como um modo de amadurecer em Cristo, mas também os advertiu a não
atribuírem as tentações que vinham a eles a Deus.
Tiago dirigiu-se aos destinatários em
termos filiais, como pertencentes à família de Deus, a igreja visível.
O que se segue requer cuidadosa reflexão de
uma perspectiva teológica. Trata-se de um chamado a considerar o sofrimento do
um ponto de vista da confiança na soberania de Deus.
Os cristãos não devem sentir uma alegria
mórbida em seus sofrimentos, mas alegrar-se no meio das provações por causa dos
resultados positivos que o sofrimento traz.
Ninguém gosta de provações, privações ou
sofrimentos, mas o fato de estarmos passando por eles tem um significado. Tiago
tinha em mente uma categoria ampla e geral de provações. Mais adiante, a partir
dos princípios estabelecidos aqui, ele elaboraria uma discussão a respeito da
questão mais específica dos conflitos entre os crentes, especialmente entre os
ricos e os pobres (veja os vs. 9-11).
Que as provações deveriam ser motivo de
alegria está baseado no conhecimento que elas foram designadas por Deus tendo
em vista um propósito. Elas são provas de fé dadas com o objetivo de
desenvolver a perseverança. Por sua vez, a perseverança produz o amadurecimento
do caráter cristão (Rm 5.3-4).
Em termos bíblicos, a sabedoria é entendida
como incluindo conhecimento, discernimento, prudência, perspicácia, cuidado,
aprendizagem, orientação, capacidade, desenvoltura, planejamento e até mesmo
força heroica.
Tiago tinha em mente de modo especial a
sabedoria com respeito à retidão e a viver em relacionamento com outros
cristãos. Deus é a fonte da sabedoria, e ele a concede a todos os que
sinceramente a peçam a ele.
Essa expressão rara “homem de ânimo dobre” –
vs. 18 - foi possivelmente criada por Tiago. Ela sugere um homem que tem duas
almas; ele é instável, perseguindo objetivos que são conflitantes e mutuamente
excludentes.
Aqui pela primeira vez – vs. 9 e 10 - Tiago
dá a entender que as provações que ele tinha em mente envolviam conflitos entre
ricos e pobres. Ambos os grupos são exortados a orgulharem-se de suas posições.
O pobre pode ser rico em tesouros
espirituais e desfrutar de posição elevada no reino de Deus. O rico precisa
reconhecer que suas riquezas mundanas pouco significam.
Tiago possivelmente se referia aos cristãos
abastados que podiam regozijar-se no fato de terem aprendido onde estava o seu
verdadeiro tesouro. Se ele estava se referindo aos incrédulos, suas palavras
são irônicas.
Tiago chama de bem-aventurado o home que
persevera na provação. Isso ecoa os oráculos proféticos usados pelos profetas
do Antigo Testamento e por Jesus (Mt 5.3-11).
Há uma importante diferença entre uma
provação (vs. 12) e uma tentação (vs. 14). Muitas vezes, Deus prova o seu povo
para expor suas qualidades interiores (Gn 22.1; Ex 15.25; 16.4; SI 66.10), mas
Deus nunca tenta ninguém no sentido de levá-lo a pecar.
Tiago entendia que os cristãos podiam
facilmente atribuir suas tentações a Deus, pois eles sabiam que Deus é o
soberano sobre todas as coisas.
De fato, Jesus nos ensinou a orar "e
não nos deixes cair em tentação" (Mt 6.13) porque Deus permite que Satanás
faça suas obras más. No entanto, Tiago insistiu que é um perverso equívoco
atribuir motivos malignos, incluindo a tentação, a Deus.
No vs. 17 vemos que toda boa dádiva e todo
dom perfeito vem de Deus e ele a ninguém tenta. Ele somente concede dons que
estão de acordo com a sua imutável bondade.
Ele é o nosso Pai das luzes. Os luminares
da natureza variam em magnitude e estão sujeitos a fases, eclipses e sombras.
Deus é o autor da luz. Nele não há mudança de brilho ou claridade. Seu caráter
é imutável, não dado a oscilações.
Por essa razão, os cristãos podem estar
certos de que Deus não irá mudar de modo a tentá-los a pecar ou determinar
qualquer propósito para a vida deles que seja contrário a eles serem "como
que primícias" (vs. 18).
No entanto, cada um de nós é tentado por sua
própria cobiça, sendo por ela arrastado e seduzido – vs. 14. Diz John Owen que
quando estamos atraídos por algo, nós já entramos em tentação, porém ainda não caímos
nela.
Por sua decisão e desígnio, ele nos gerou
pela palavra da verdade. Isso se refere à graça da regeneração pela qual nós
somos adotados pela família de Deus (1 Pe 1.23). Isso ele fez para que fôssemos
como que primícias, como os primeiros frutos que ele criou.
As primícias não eram somente a primeira,
mas também o melhor, da colheita (Ex 23.19; 34.26; Lv 23.9-19; Ez 44.30). A
humanidade redimida é o ápice da criação de Deus, independentemente de quando
os seus membros individuais são levados à fé, bem como o início da redenção de
toda a criação (Cl 1.20).
Tendo estabelecido a importância de obter a
sabedoria divina nas provações da vida cristã, Tiago chamou a atenção para o
fato de que a ira humana não complementa a sabedoria do plano de Deus.
Essa verdade não deve ser somente ouvida,
mas também totalmente obedecida. Por isso que deveríamos ser prontos para
ouvir, tardios para falar e irar. A paciência e o respeito na maneira de falar
aumentam a paz e a harmonia e promovem um modo de viver justo na comunidade
cristã. A ira – vs. 20 – não produz a justiça de Deus, antes revela a nossa
imaturidade e falta de fé.
Em função disso, portanto, deveríamos nos
livrar de toda impureza moral e da maldade que prevalece, e aceitar humildemente
a palavra implantada em nós, a qual é poderosa para nos salvar – vs. 21. A lei
de Deus está escrita no coração dos cristãos (Dt 6.6).
Ouvir a Palavra com autenticidade deve
levar à ação piedosa. Não é suficiente saber que um cristão deve ser tardio
para se irar. Ele deve ser realmente tardio para se irar, ou seja, deve ser
praticante e não mero ouvinte apenas.
Aqueles que somente
ouvem a palavra, mas não a praticam estão se enganando a si mesmo e se torna
semelhante àqueles que olham a sua face num espelho. Os espelhos no mundo
antigo eram feitos de metal polido, e não de vidro.
A Escritura é um espelho
da necessidade da alma de graça que revela o nosso verdadeiro caráter. Aqui, no
entanto, Tiago advertiu contra ter os pecados expostos, mas se esquecer de
colocar em prática os ensinos da Escritura.
Tiago provavelmente usou essa expressão “Lei
perfeita” como um sinônimo da Escritura Sagrada, com ênfase particular na lei. Em
Cristo, a lei de Deus nos liberta da tirania das tradições humanas e da
futilidade por não ter uma orientação equivocada na vida (Jo 8.36; Rm 8.2; GI
5.13).
Tiago, no vs. 26, antecipou um tema do qual
ele trataria de modo mais extenso em 3.1-12. Aquele que se considera de Deus,
deve ter a capacidade de refrear a sua própria língua, caso contrário, de nada
vale sua religião.
E a religião que tem
valor é aquela religião pura e sem mácula – vs. 27. Tiago enfatizou que a
preocupação pela situação difícil das viúvas e dos órfãos é a verdadeira
dimensão de um tipo de obediência que é agradável a Deus.
Viver de acordo com a
sabedoria e a Palavra de Deus consiste em servir aos outros, e não em ser cheio
de orgulho (1.9-11).
A atenção às viúvas e
aos órfãos reflete a preocupação do próprio Deus (Dt 10.18; SI 68.5; 146.9).
Essa responsabilidade foi dada a Israel no Antigo Testamento (Dt 14.29; Ez
22.7).
Tg 1:1 Tiago,
servo de Deus
e do Senhor Jesus
Cristo,
às
doze tribos que se encontram na Dispersão,
saudações.
Tg 1:2 Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por
várias provações,
Tg
1:3 sabendo que a provação da vossa fé,
uma
vez confirmada,
produz
perseverança.
Tg 1:4 Ora, a perseverança deve ter ação completa,
para que sejais
perfeitos
e íntegros,
em nada
deficientes.
Tg 1:5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria,
peça-a a Deus,
que
a todos dá liberalmente
e
nada lhes impropera;
e
ser-lhe-á concedida.
Tg 1:6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando;
pois o que duvida é
semelhante à onda do mar,
impelida
e agitada pelo vento.
Tg 1:7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;
Tg 1:8 homem de
ânimo dobre,
inconstante em
todos os seus caminhos.
Tg 1:9 O irmão, porém, de condição humilde
glorie-se na sua
dignidade,
Tg 1:10 e o rico,
na sua
insignificância,
porque
ele passará como a flor da erva.
Tg 1:11 Porque o sol se levanta com seu ardente calor,
e a erva seca,
e a sua flor cai,
e desaparece a
formosura do seu aspecto;
assim
também se murchará o rico em seus caminhos.
Tg 1:12 Bem-aventurado o homem que suporta,
com perseverança, a
provação;
porque,
depois de ter sido aprovado,
receberá
a coroa da vida,
a
qual o Senhor prometeu aos que o amam.
Tg 1:13 Ninguém, ao ser tentado, diga:
Sou tentado por
Deus;
porque
Deus não pode ser tentado pelo mal
e
ele mesmo a ninguém tenta.
Tg 1:14 Ao contrário, cada um é
tentado pela sua
própria cobiça,
quando
esta o atrai e seduz.
Tg 1:15 Então, a cobiça,
depois de haver
concebido,
dá à
luz o pecado;
e
o pecado, uma vez consumado,
gera
a morte.
Tg 1:16 Não vos enganeis, meus amados irmãos.
Tg 1:17 Toda boa
dádiva
e todo dom perfeito
são lá do alto,
descendo
do Pai das luzes,
em
quem não pode existir variação
ou sombra de mudança.
Tg 1:18 Pois, segundo o seu querer,
ele nos gerou pela
palavra da verdade,
para
que fôssemos como que primícias das suas criaturas.
Tg 1:19 Sabeis estas coisas, meus amados irmãos.
Todo homem, pois,
seja
pronto
para ouvir,
tardio
para falar,
tardio
para se irar.
Tg 1:20 Porque a ira do homem
não produz a
justiça de Deus.
Tg 1:21 Portanto, despojando-vos
de toda impureza
e acúmulo de
maldade,
acolhei,
com mansidão,
a
palavra em vós implantada,
a qual é poderosa para salvar a
vossa alma.
Tg 1:22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra
e não somente
ouvintes,
enganando-vos
a vós mesmos.
Tg 1:23 Porque, se alguém
é ouvinte da
palavra
e não praticante,
assemelha-se
ao homem que contempla,
num
espelho, o seu rosto natural;
Tg
1:24 pois a si mesmo se contempla,
e
se retira,
e
para logo se esquece de como era
a sua aparência.
Tg 1:25 Mas aquele que considera, atentamente,
na lei perfeita,
lei da liberdade,
e nela persevera,
não sendo ouvinte
negligente,
mas
operoso praticante,
esse
será bem-aventurado no que realizar.
Tg 1:26 Se alguém supõe ser religioso,
deixando de refrear
a língua,
antes,
enganando o próprio coração,
a
sua religião é vã.
Tg 1:27 A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é
esta:
visitar os órfãos e
as viúvas nas suas tribulações
e a si mesmo
guardar-se incontaminado do mundo.
O que é simplesmente ouvinte da palavra e não praticante engana-se a si
mesmo como aquele que se contempla no espelho e logo se esquece de sua
aparência. Amados, temos praticado a palavra de Deus ou apenas contemplado ela?
A Deus toda glória! p/ Pr. Daniel Deusdete –
[1] http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/06/introducao-biblica-livro-de-tiago.html
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