sexta-feira, 18 de agosto de 2017
sexta-feira, agosto 18, 2017
Jamais Desista
“PASSAR UM CAMELO PELO FUNDO DE UMA AGULHA”: É POSSÍVEL?!
Após uma conversa com o
jovem rico, Jesus olha para seus discípulos e fala: “... ainda vos digo que é
mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19.24)1.
O que Jesus quis realmente dizer com essas palavras? Seria possível passar um camelo pelo fundo de uma agulha ou
Ele estava se referindo a algum evento ou objeto? Essas palavras provocaram
conflitos internos até mesmo nos discípulos, pois falavam: “quem poderá, pois,
salvar-se?” (Mt 19.25), isso porque eles compartilhavam da teoria judaica
daquela época, a qual ensinava que os ricos eram abençoados por Deus, e que por
isso, com certeza alcançariam a salvação eterna. Porém, Jesus corrige esse erro
explicando que os ricos têm dificuldades de se converterem, mas não
impossibilidade de entrar no reino de Deus (Lc 18.24), e isto está explícito na
palavra “dificilmente” (dusko,lwj2, duskólôs) a qual tem o sentido de ser dificultoso de se alcançar,
no entanto, não é impossível.
A hipérbole do camelo
passando pelo fundo de uma agulha tem sido interpretada de varias formas,
Radmacher3, relata que uns ensinam se tratar de “uma corda de pelo
de camelo passando pelo buraco de uma agulha, ou mesmo como um camelo de
verdade sendo espremido para passar por uma porta bem estreita chamada fundo de agulha, que ficava perto da
entrada principal de Jerusalém”.
Short4 comenta
ainda que assim como literalmente, era impossível o rico se salvar, assim
também, “era impossível que o camelo, o maior animal na Palestina naquela
época, passasse pelo fundo de uma agulha”.
Já o Dr. Lund5, comenta que esta conversa se realizou em aramaico, e
relata que, alguns comentaristas ensinam que os evangelhos foram escritos nesse
idioma e posteriormente traduzidos para o grego. Ainda segundo Lund6,
o Dr. Lamsa explica que “a palavra aramaica gamla pode significar uma
corda grossa, um camelo ou uma viga, e afirma que a palavra camelo é uma
tradução errada”, em todas as línguas.
Vine7 comenta
que a palavra grega ka,mhlon (kámêlon,
camelo), deriva-se de um termo hebraico que significa “portador,
carregador”, a qual é usada “em
provérbios” para indicar algo quase impossível. Semelhantemente, isso pode ser
visto de acordo com Ellison8 e
Radmacher9 em um provérbio do Talmude que fala de “um elefante
passar pelo fundo de uma agulha”.
Ellison10 e
Vine11, afirmam que, a teoria popular segundo a qual, a expressão “fundo de uma agulha”, se refere a uma
porta pequena que ficava perto da entrada principal de Jerusalém, é moderna e
sem fundamento.
Com relação à teoria
apresentada pelo Dr. Lund12, de que a conversa se realizou em
aramaico, não há duvidas, pois segundo Bruce13 esse era o idioma
comum da “Palestina, especialmente da Galileia” de onde Jesus era. Já a opinião
de alguns comentaristas, com relação aos evangelhos é que eles foram escritos
nesse idioma e posteriormente traduzidos para o grego. Baseado nisso, Bruce14
comenta que há “evidências”, porém, divergências têm surgido no decorrer
dos séculos. No entanto, ao comparar essas informações com a explicação do Dr.
Lamsa15 de “que a palavra aramaica gamla, “camelo” é uma
tradução errada... do aramaico para o grego”, convém salientar que, os
estudiosos que analisam o texto, a partir deste pressuposto, põem em dúvida a
inerência das Escrituras Gregas do Novo Testamento, e sabendo-se que, todo o
cânon foi expirado por Deus e que nele não há erros, chega se a conclusão lógica
de que a conversa se deu em aramaico, porém, o texto foi escrito em grego.
Em uma rápida analise dos
textos de Mateus 19.24 e Marcos 10.25, se verá que os dois evangelistas falam
de uma mesma espécie de “agulha” (r`afi,doj,
hraphídos), a qual de acordo com Wuest16 era semelhante às dos
dias hodiernos, “usada com linha” no seu orifício. Porém, em Lucas 18.25 o
termo é belo,nhj (belónês, agulha),
que segundo Wuest17 era a “agulha usada nas operações cirúrgicas”
pelos médicos. Sendo assim, fica evidente que a ênfase das palavras de Jesus no
texto não era com relação à passagem do camelo literalmente pelo fundo de uma
agulha, ou de uma suposta porta na muralha visto que há uma variação de
palavras nos textos dos evangelhos, entretanto ainda que o texto não tenha sido
escrito no idioma aramaico, mas a conversa tenha ocorrido nele, lembre-se que o
termo gamla pode significar uma corda grossa, além de camelo. Com isso
concorda o Dr. Lamsa18 quando comenta que Jesus quis falar o
seguinte: “trabalho mais leve é passar uma corda grossa pelo fundo de uma
agulha, que entrar um rico no reino dos céus”, ficando subentendido assim, que
as palavras de Jesus demonstrava a dificuldade e não a impossibilidade dos
ricos serem salvos.
Por ultimo convém
observar que a resposta dada por Jesus, com relação à pergunta: “quem pode
salvar-se?” contém duas partes importantes. A primeira é quando ele fala das: “...
coisas impossíveis aos homens” à segunda é quando enfatiza que: “... são possíveis
para Deus”. Nestas frases, os termos “aos” e “para” em grego é a preposições para (parà, [dos, para]), cujo sentido
literal19 é “ao lado de”. Ficando assim evidente que a salvação não
é alcançada por mérito humano através daquilo que se possui, mas mediante uma
ação do espírito de Deus que age na vida do homem (Lc 18.27; Jo 16.8-11).
Com essas palavras
concorda o doutor Radmacher20 ao afirmar que “a humanidade inteira é
incapaz de salvar a si mesma e precisa confiar na eficácia da graça de Deus, pois ao homem é isso impossível, mas a Deus
tudo é possível”. Assim, conclui-se que a salvação de um homem rico ou
pobre, diante da presença de Deus tem a mesma importância. Pois ambos dependem
da ação da graça de Deus.
Éder Machado.
Referências bibliográficas.
1. Veja comentários em: RADMACHER,
Earl D. et al. O novo comentário Bíblico Novo Testamento: com recursos adicionais a palavra de Deus ao alcance de todos. Vol
2. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, 57 e 58 p.
2.
A Bíblia Sagrada: Novo
Testamento interlinear grego – português. 2. ed. São Paulo: SBB, 2004,
992 p.
3. RADMACHER, Earl D. et al. O
novo comentário Bíblico Novo Testamento: com recursos adicionais a palavra de Deus ao alcance de todos. Vol
2. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, 57, 58 p.
4. BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI. São Paulo:
Vida Nova, 2012, 1119 p.
5.
LUND, E; NELSON P. C. Hermenêutica.
Regras de interpretação das Sagradas Escrituras. São Paulo: Vida, 2002, 106 p.
6.
Idem.
7.
VINE,
W. E; UNGER, Merril F; White JR, William. Dicionário Vine: O significado exegético e expositivo das
palavras do Antigo e do Novo Testamento. 3. ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003, 447 p.
8. Sobre o provérbio do elefante consulte BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI. São Paulo:
Vida Nova, 1091 p.
9. RADMACHER, Earl D. et al. O
novo comentário Bíblico Novo Testamento: com recursos adicionais a palavra de Deus ao alcance de todos. Vol
2. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, 58 p.
10. BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI. São Paulo:
Vida Nova, 2012, 1091 p.
11.
VINE, W. E; UNGER, Merril
F; White JR, William. Dicionário
Vine: O significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo
Testamento. 3. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, 382 p.
12.
LUND,
E; NELSON P. C. Hermenêutica. Regras de
interpretação das Sagradas Escrituras. São Paulo: Vida, 2002, 106 p.
13.
BRUCE, F. F. Merece confiança o Novo Testamento? 3. ed. São Paulo: Vida Nova,
2010, 51 p.
14. Idem.
15.
LUND,
E; NELSON P. C. Hermenêutica. Regras de
interpretação das Sagradas Escrituras. São Paulo: Vida, 2002, 106 p.
16.
WUEST,
Kenneth S. Jóias do NovoTestamento grego. Estudos baseados no Texto grego do Novo Testamento. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, 25, 26 p.
17. Idem.
18.
LUND,
E; NELSON P. C. Hermenêutica. Regras de
interpretação das Sagradas Escrituras. São Paulo: Vida, 2002, 106 p.
19.
WUEST,
Kenneth S. Jóias do NovoTestamento grego. Estudos baseados no Texto grego do Novo Testamento. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, 25, 26 p.
20. RADMACHER, Earl D. et al. O
novo comentário Bíblico Novo Testamento: com recursos adicionais a palavra de Deus ao alcance de todos. Vol
2. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, 58 p.
Realização
MEP: Ministério Ensinando a Palavra.
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.