segunda-feira, 30 de março de 2015
segunda-feira, março 30, 2015
Jamais Desista
Lamentações 5:1-22 - A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS.
Agora veremos o quinto e último capítulo.
V. O APELO DE JUDÁ PELO AUXÍLIO DE DEUS – 5:1-22.
Neste último capítulo, veremos a condição
de Judá a qual era terrível, mas o futuro traria dias melhores para a nação.
O apelo de Judá pelo auxílio de Deus começa
com a oração, provavelmente de Jeremias, pedindo ao Senhor lembrança e
consideração.
Lamentações termina com este poema que tem
o seu clímax no desesperado apelo dos judeus exilados, para que sejam aliviados
em suas dificuldades. Este é o único poema do livro que não é escrito como um
acróstico, embora siga o padrão dos 22 versos.
Uma abertura comum – vs. 1, pedindo
lembrança e considerações - para um lamento comunitário. Sião não está mais
lutando com os sofrimentos imediatos do cerco e da pilhagem (como no cap. 4). O
tempo já havia passado e eles estavam repletos de experiências sombrias e
humilhantes.
Agora eles se lembram de sua herança e que
ela estava nas mãos de estranhos. A Terra Prometida, herança conferida por Deus
a Israel (cf. Dt 4.21; 12.9), especificamente o território de Judá (Js
15.20-63), estava totalmente nas mãos de estranhos, de estrangeiros.
Era, sem dúvidas, uma situação ultrajante,
considerando que Deus havia dado a terra especificamente aos israelitas e
exigido que eles expulsassem os estrangeiros para possuí-la.
Agora estavam órfãos – sem pai – e as mães
eram como viúvas. Essa situação de orfandade e viuvez era daqueles cuja posição
social os tornava dependentes dos outros para proteção e provisão. Deus havia
ordenado a Israel que cuidasse dessas pessoas, partilhando com elas os bens da
terra (Dt 14.28-29). Os israelitas haviam falhado no cumprimento desse dever e
assim Deus negava a eles, pelo exílio, as boas dádivas da terra.
O verso 4 é uma espécie de inversão da
linguagem de Dt 6.10-11 (ver 8.7-10; Js 9.21-23). Ali eles tinham os poços,
plantações e criações que não tinham cavado, plantado ou criado e agora eram
obrigados a se susterem com trabalho estrangeiro, de aluguel, por causa da
tomada da posse da terra.
Estavam também, e por isso, sem qualquer
descanso. Outra inversão (cf. v. 4) da linguagem comumente usada para ofertar
bênção (Dt 12.9). O descanso é uma parte indispensável do gozo da bênção de
Deus (1.3).
No verso 6, eles confessam as suas alianças
com os egípcios e assírios. Um reconhecimento dos tratados que Judá havia feito
com essas nações contra a vontade de Deus (4.17; veja 2Rs 18.14).
Já no verso 7, uma falha grave já resolvida
em outras passagens das escrituras que era a ideia dos filhos amargarem ou
carregarem as consequências dos atos dos pais. Uma descrição semelhante de
solidariedade é encontrada em Êx 20.5. O mal-entendido de que os filhos são
punidos pelos pecados dos pais é evitado por passagens como Dt 2.16; Jr
31.29-30; Ez 18. Aqueles que compartilham do julgamento de seus pais o fazem
porque também compartilharam dos seus pecados (veja o v. 16; Rm 5.12,18-19).
Ao se referirem ao termo escravos àqueles
que dominavam sobre eles, entendemos que estava fazendo uma referência irônica
aos próprios babilônios, insinuando que as circunstâncias do momento
desvirtuavam os verdadeiros relacionamentos entre Deus, Israel e as nações.
Israel era, na realidade uma nação livre da escravidão (Dt 15.12-18).
Até o pão era obtido com dores no deserto
ao terem de enfrentar, possivelmente a espada dos saqueadores que tiravam
vantagem das comunidades enfraquecidas – vs. 9. A fome era tanta que confrontavam
qualquer coisa para dela se verem livres, mesmo esses perigos de salteadores e de
aproveitadores.
Ele continua a descrever em detalhes a
situação terrível pela qual passavam e agora, em nome do povo, se voltam às
suas mulheres e suas virgens que eram molestadas, sem piedade. Como em 2Sm
13.14; 13.32, a palavra hebraica traduzida como "forçaram" indica
estupro (cf. Jz 20.5). A perda da virgindade fora do casamento trazia vergonha
sobre a mulher e a sua família e podia ter sérias consequências (Dt 22.13-21).
O enforcamento de seus príncipes – vs. 12 -
era uma degradação, adicionando à tortura da humilhação, o horror da execução
(Dt 22.22-23; 1 Sm 31.10). Os seus jovens eram os que levavam a mó, um trabalho
humilhante para um jovem (veja Jz 16.21); esse tipo de trabalho era
tradicionalmente reservado para as mulheres. O propósito disso era mesmo
abaixar a moral de todos de forma que somente servissem e não reagissem.
No verso 14, nem os velhos se assentavam
mais nas portas, nem os jovens cantavam. Uma alusão, conforme a BEG, aos
aspectos da vida normal de Judá que havia cessado. A porta onde ocorriam
tratativas legais e sociais, estava deserta. A severidade da vida como povo
conquistado obliterava a despreocupação anterior dos jovens.
Já não havia mais gozo ou alegria nos
corações de forma que se converteu em lamentos a própria dança de celebração e
de alegria.
Caiu-lhes a coroa de suas cabeças, ou seja,
alguns tomam essa expressão como se referindo a Jerusalém em particular (cf.
1.1; 2.15; 5.18), mas ela simbolizava mais provavelmente a glória de Judá entre
as nações (cf. Ex 19.6), que agora estava toda abatida e derrotada. Dela se
ouvia apenas “ai de nós, porque pecamos!”.
De coração desmaiado – vs. 17 -, os olhos
se escureceram e as visões foram tampadas e anuladas toda esperança. O poeta
fechou o círculo, voltando a 1.1, retomando o tema do escândalo da cidade
escolhida por Deus agora destruída e abandonada.
Somente o Senhor permanece para sempre,
reina e seu trono não tem fim. Embora o trono de Judá estivesse vazio, o
reinado do Senhor não estava ameaçado. Essa compilação de poemas assume essa
última afirmação do princípio ao fim.
Esqueceria deles, o Senhor, para sempre? A
nota de lamento soa novamente (1.22). Não há qualquer panaceia fácil para a dor
manifestada; a afirmação do reinado do Senhor brotou do centro dessa dor. É o
reconhecimento de que Deus é Deus apesar de nós.
Se estamos de pé, é por causa da
misericórdia de Deus; se não estamos, é por causa da nossa arrogância e
constante rejeição daquele que nos pode dar a vida. A justa tribulação vem
indistintamente sobre todos nós para nos aperfeiçoar no amor.
considera,
e olha para o nosso opróbrio.
Lm 5:2 A
nossa herdade passou a estranhos,
e
as nossas casas a forasteiros.
Lm 5:3 órfãos
somos sem pai, nossas mães são como viuvas.
Lm 5:4 A
nossa água por dinheiro a bebemos,
por
preço vem a nossa lenha.
Lm 5:5 Os
nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços;
estamos
cansados, e não temos descanso.
Lm 5:6 Aos
egípcios e aos assírios estendemos as mãos,
para
nos fartarmos de pão.
Lm 5:7 Nossos
pais pecaram, e já não existem;
e
nós levamos as suas iniqüidades.
Lm 5:8
Escravos dominam sobre nós;
ninguém
há que nos arranque da sua mão.
Lm 5:9 Com
perigo de nossas vidas obtemos o nosso pão,
por
causa da espada do deserto.
Lm 5:10 Nossa
pele está abraseada como um forno,
por
causa do ardor da fome.
Lm 5:11
Forçaram as mulheres em Sião,
as
virgens nas cidades de Judá.
Lm 5:12
Príncipes foram enforcados pelas mãos deles;
as
faces dos anciãos não foram respeitadas.
Lm 5:13
Mancebos levaram a mó;
meninos
tropeçaram sob fardos de lenha.
Lm 5:14 Os
velhos já não se assentam nas portas,
os
mancebos já não cantam.
Lm 5:15
Cessou o gozo de nosso coração;
converteu-se
em lamentação a nossa dança.
Lm 5:16 Caiu
a coroa da nossa cabeça;
ai
de nós. porque pecamos.
Lm 5:17 Portanto
desmaiou o nosso coração;
por
isso se escureceram os nossos olhos.
Lm 5:18 Pelo
monte de Sião, que está assolado, andam os chacais.
Lm 5:19 Tu,
Senhor, permaneces eternamente;
e
o teu trono subsiste de geração em geração.
Lm 5:20 Por
que te esquecerias de nós para sempre,
por
que nos desampararias por tanto tempo?
Lm 5:21
Converte-nos a ti, Senhor,
e
seremos convertidos;
renova
os nossos dias como dantes;
Lm 5:22 se é
que não nos tens de todo rejeitado,
se é que não
estás sobremaneira irado contra nos.
A oração que se segue – vs. 21 - é do
padrão de Jeremias que pede ao Senhor a conversão e a renovação, certos de que
o Senhor é quem converte e quem renova. Os profetas nunca consideraram uma
restauração da Terra Prometida à parte de um arrependimento para com Deus. Para
um paralelo desse pensamento, veja Jr 31.18.
A soberania de Deus não anula a
responsabilidade humana. Sempre seremos responsáveis por nossos atos e sempre
será Deus soberano sobre todas as coisas.
O poeta se recusa a terminar o lamento com
uma nota positiva. Como nos outros lamentos, as expressões de esperança são
encontradas na porção mediana. A conclusão exprimia não desespero, mas petição.
Esse é o caráter essencial de todos os
poemas em Lamentações: eles haviam sido instigados por intensa aflição por
causa do julgamento de Deus e expressavam o anseio de que a compaixão de Deus
os levariam a libertar o seu povo.
...
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.