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sábado, 28 de março de 2015

Lamentações 3:1-66 - BOM É O SENHOR PARA OS QUE ESPERAM POR ELE.

Como já enfatizamos, estamos refletindo no livro de Lamentações o qual é composto de cinco poemas distintos que representam os lamentos (tanto da comunidade, quanto do indivíduo) que possuem as seguintes características:
·         Queixas sobre a adversidade.
·         Confissão de confiança.
·         Súplica por livramento.
·         Confiança na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI 74).
Este livro de Lamentações se propõe a expressar e orientar outros em seus lamentos sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônicos. Agora veremos o terceiro capítulo.
III. LAMENTO E CONSOLAÇÃO (3.1-66).
Nesse capítulo, veremos uma pessoa expressando lamento em favor do povo e encontrando alguma consolação. Ele é o terceiro lamento sobre a situação de Jerusalém.
Esse poema recorda as palavras de uma pessoa expressando lamento por toda a comunidade judaica e em benefício dela, e especialmente dos cidadãos de Jerusalém (vs. 22,40-47).
Esse poema de tríades em acróstico é escrito, em sua maior parte, na primeira pessoa do singular.
É possível que tenha sido escrito por Jeremias que tinha do Senhor aquela noção de soberania no qual entendia que nada acontece sem que ele o consinta. Agora entender as circunstâncias estaria além de suas capacidades.
O autor, mesmo sendo Jeremias, acaba sentindo a aflição do juízo de Deus - compare com Jó 19.21, SI 88.7; Jr 15.17-18 – principalmente ao ser afligido pela vara de Deus, ou seja, provavelmente a Babilónia, a nação que estava sendo usada por Deus para executar a sua sentença contra Judá e Jerusalém.
Fora o Senhor que o tinha guiado, mas não na luz, mas em trevas. Compare com Is 9.2 que fala do nascimento e do reino do Príncipe da Paz, onde o povo que andava nas trevas viu grande luz. As trevas aqui são certamente uma metáfora para a angústia que resultou do julgamento de Deus, enquanto luz significava o oposto — salvação e bênção. Compare também com Am 5.18.
Percebe-se, nos versos seguintes, como o autor enfatiza, o seu sofrimento que o afetou de diversas formas, atingindo sua estrutura física, sua pele e os seus ossos. Vemos a descrição do sofrimento físico, talvez em razão de uma idade avançada ou de uma doença (veja Jó 13.28; Is 38.13).
Os sofrimentos e males da vida são tão extremos para o orador que ele retrata a sua experiência como sendo parecida com a própria morte.
Não podemos esquecer que o lamento é específico para a situação específica que estavam todos vivendo em juízo por haverem rejeitado a Deus que tanto os avisou e deu oportunidades para não entrarem nessa situação.
Para maiores dados sobre o conceito da morte como uma existência de sombras, a BEG nos recomenda ver Jó 3.11-19; Is 14.18 e seguintes. Conceitos semelhantes de morte são expressos em SI 6.5; 115.17. Outras passagens do Antigo Testamento oferecem esperança que transcende a morte física (SI 49.15; 73.24).
A narrativa de sua dor tem continuidade. De forma muito intensa e progressiva até o verso 17. Podemos ter um paralelo dessa aflição no Sl 88 que fala do lamento de um atribulado, um salmo dos filhos de Corá. Era um salmo didático de Hemã, ezraíta. É também considerado a mais sombria de todas as lamentações do saltério.
Podemos perceber também que as aflições que se sucediam ao autor e que eram narradas em detalhas, fora aquilo que já fora anunciado outrora que haveria de acontecer se o povo não se arrependesse. Os maus tratos sofridos pelo poeta nas mãos do povo tornam-se, ironicamente, parte do quadro de angústia mediante o qual ele retrata o sofrimento do povo (3.1-66).
O resultado de tanto sofrimento era o afastamento da paz – vs. 17. A paz e prosperidade resumiam as bênçãos da aliança; ambos estão ausentes da cena nesse momento.
Por conta disso, ele diz ter perecido a sua glória, ou seja, a sua esperança no SENHOR. Era de fato uma expressão absoluta de desesperança.
Então ele apela para a oração e ora a Deus para que se lembre da sua situação cuja alma estava cada vez mais angustiada. A experiência pessoal do poeta é uma lembrança da memória corporativa das antigas misericórdias pactuais de Deus. Ele sabia e conhecia o seu Deus, mas a sua situação presente era de muita dor.
Memórias que haviam desanimado o escritor (v. 19) agora o encorajam (veja SI 77.3-9,10-15). Do ponto de vista da desesperança, a recordação da devoção anterior de Deus a seu povo trazia nova esperança.
O que ele quer trazer à memória que lhe daria esperança é a palavra de Deus a qual eles haviam rejeitado e seguido os seus próprios caminhos de trevas, de dores e de angústias, como se via ali.
A verdadeira esperança nasce da palavra de Deus por que ele a falou!
A forma de lamento geralmente inclui momentos decisivos nos quais a rejeição de Deus dá lugar à confiança. O poeta expressa a sua confiança de que o amor de Deus pelo seu povo confortaria aqueles que experimentaram a queda de Jerusalém. Por mais difícil que a situação tivesse se tornado, Deus não deixaria de mostra amor ao seu povo arrependido.
Dos versos 22 em diante a situação agora é outra. O lamento fica para trás como necessário e importante, mas o que os motiva agora são as misericórdias do Senhor.
Frequentemente traduzido como "amor imutável", a característica central de Deus, expressada aqui em seu relacionamento de aliança com Israel. O termo descreve o seu zelo pelo seu povo.
O zelo pactual de Deus é aliado à sua compaixão, um termo para o profundo sentimento de Deus que se expressa em misericórdia e bênção. A ira de Deus contra o seu povo terminaria porque a sua compaixão pelo seu remanescente não poderia ter fim (cf. 4.22; Os 11.8).
O amor de Deus se manifestaria na nova aurora da salvação (SI 90.14; MI 4.2; Lc 1.72), por isso que seria grande a sua fidelidade, um termo para a incondicional confiabilidade de Deus — o que o torna digno da nossa confiança (veja Hc 2.4).
Agora o Senhor seria a sua porção e nele esperaria. Essa expressão relembra a distribuição dos territórios às tribos israelitas (Nm 26.53ss.). Os sacerdotes e levitas que não possuíam terra, tinham o Senhor como a sua porção (Nm 18.20 ss.). Embora Deus tenha distribuído porções da Terra Prometida para o seu povo, eles não deveriam nunca permitir que essa herança substituísse o zelo e o amor pessoal ao próprio Deus.
O movimento amoroso de Deus em direção ao seu povo exige o movimento correspondente deste para com ele (veja 1Cr 28.9). A tríplice bondade (vs. 25, 26 e 27) apresentada aqui tem a sua correspondente contrapartida humana. A experiência da bondade não pode ser separada de buscar, aguardar em silêncio (v. 26) e suportar provações e sofrimento enquanto jovem (v. 27).
1.      Bom é o Senhor – Devemos esperar por ele, o Senhor.
2.      Bom é ter esperança – Devemos aguardar em silêncio a salvação de Deus.
3.      Bom é suportar o jugo – Devemos suportar provações e sofrimentos.
Dos versos 28 ao 30, vemos uma exortação para suportar o sofrimento, especialmente à luz da afirmação contida no. vs. 31-33. A humilhação de Israel prefigurava a de Cristo, o qual voluntariamente tomou sobre si o justo julgamento de Deus contra o seu povo (Is 50.60; Mt 26.27). Jesus aludiu a essa passagem em seus ensinos (Nm 5.39; Lc 6.29).
Uma vez que Deus é compassivo, a experiência de sua ira por parte do seu povo deve ser de curta duração (SI 30.5; Is 54.7; Os 6.1). A compaixão de Deus não pode ser separada do seu amor inabalável (3.22).
A implicação era de que Deus não aprovaria que tais calamidades se abatessem sobre o seu povo (veja Jó 8.3). Entretanto, Deus havia aprovado exatamente essas tragédias por causa do desvio às suas leis, como narrados nos vs. 34-36. Não veria o Senhor tais absurdos?
Tudo o que acontece é pela Palavra de Deus — tanto a calamidade como a bênção (Is 45.7; Am 3.6), no entanto, jamais Deus vilipendia o homem ou o manipula, antes este faz as suas péssimas escolhas que resultam, obviamente, em péssimas consequências.
Por isso – vs. 39 – que os homens devem se queixar de seus próprios pecados. Embora tenha sido terrível, o julgamento de Deus foi indiscutivelmente merecido como resultado do pecado (2.20-22).
Por trás de toda queixa humana há um pecado. Não somos “tadinhos”, mas vermezinhos, monstrinhos terríveis, enganosos e cheios de astúcias – Ec 7:29.
O orador usa a terceira pessoa do plural ao longo de toda essa seção que compreende os versos de 40 a 47. Uma vez que o capítulo todo é um discurso unificado, ou outras pessoas juntam-se a ele nos vs. 1-39, ou ele convida outros para juntarem-se a ele e fala sozinho em favor deles.
Ele começa essa seção com um chamado ao arrependimento e reconhecimento do pecado.
Há o reconhecimento de suas transgressões, de suas rebeldias e da firmeza de Deus em não perdoá-los – vs. 42. Essa afirmação inesperada poderia ser uma aquiescência à justiça de Deus recusando-se a perdoar. Os versículos seguintes sugerem a possibilidade de que todo o discurso seja um queixume induzido pelo pensamento de que Judá merecia o seu sofrimento (v. 39).
Eles foram perseguidos, mortos, suas orações impedidas para, como escória e refugo, serem colocados bem no meio dos povos – vs. 43-45. Isso era um contraste com as ações de Deus no êxodo, quando se achava irado a favor de Israel e matou os egípcios. Essa foi uma ocasião em que a nuvem foi um sinal do seu favor, quando Israel era precioso aos seus olhos dentre as nações. Compare com 2.1 onde as nuvens os escondem e não os protegem. E assim, os seus inimigos abriram as suas bocas contra eles e o temor, a cova e o laço vieram sobre eles trazendo assolação e grande destruição.
O escritor se volta para a primeira pessoa do singular – vs. 48 - para falar da estreita relação entre a sua própria dor e a angústia do seu povo, onde não cessa o choro e a dor - linguagem familiar de lamento (veja SI 6.6; 42.3; Jr 9.11) – até que o Senhor atenda e veja lá do céu – vs. 50.
Apesar de tudo, o profeta aguarda no Senhor e a ele dirige as suas orações e lamentos certos de que encontrará o coração do Senhor que pleiteará a sua causa e o livrará. (SI 35.9; Jo 15.25; SI 28.1; 88.6; Jr 38.6; SI 30.1; Jn 2.2-7).
Nesse ponto crucial do lamento – vs. 56 -, o poeta expressou a certeza de que o Senhor tinha ouvido a sua oração (SI 6.8-10). Dele tinha se aproximado e lhe dito para não temer – Is 40-55; Mc 6:50. Ele confirma sua esperança de que o Senhor pleiteou a sua causa e remiu a sua alma. Jeremias estava inocente e de diversas formas fora injustiçado.
Lm 3:1 Eu sou o homem que viu a aflição causada pela vara do seu furor.
Lm 3:2 Ele me guiou e me fez andar em trevas e não na luz.
Lm 3:3 Deveras fez virar e revirar a sua mão contra mim o dia todo.
Lm 3:4 Fez envelhecer a minha carne e a minha pele; quebrou-me os ossos.
Lm 3:5 Levantou trincheiras contra mim, e me cercou de fel e trabalho.
Lm 3:6 Fez-me habitar em lugares tenebrosos,
como os que estavam mortos há muito.
Lm 3:7 Cercou-me de uma sebe de modo que não posso sair;
agravou os meus grilhões.
Lm 3:8 Ainda quando grito e clamo por socorro, ele exclui a minha oração.
Lm 3:9 Fechou os meus caminhos com pedras lavradas,
fez tortuosas as minhas veredas.
Lm 3:10 Fez-se-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.
Lm 3:11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me desolado.
Lm 3:12 Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.
Lm 3:13 Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.
Lm 3:14 Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo,
e a sua canção o dia todo.
Lm 3:15 Encheu-me de amarguras, fartou-me de absinto.
Lm 3:16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes, cobriu-me de cinza.
Lm 3:17 Alongaste da paz a minha alma; esqueci-me do que seja a felicidade.
Lm 3:18 Digo, pois: Já pereceu a minha força,
como também a minha esperança no Senhor.
Lm 3:19 Lembra-te da minha aflição e amargura, do absinto e do fel.
Lm 3:20 Minha alma ainda os conserva na memória, e se abate dentro de mim.
Lm 3:21 Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança.
Lm 3:22 A benignidade do Senhor jamais acaba,
as suas misericórdias não têm fim;
Lm 3:23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
Lm 3:24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Lm 3:25 Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Lm 3:26 Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
Lm 3:27 Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Lm 3:28 Que se assente ele, sozinho, e fique calado,
porquanto Deus o pôs sobre ele.
Lm 3:29 Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Lm 3:30 Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.
Lm 3:31 Pois o Senhor não rejeitará para sempre.
Lm 3:32 Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão
segundo a grandeza da sua misericórdia.
Lm 3:33 Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.
Lm 3:34 Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra,
Lm 3:35 perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,
Lm 3:36 subverter o homem no seu pleito, não são do agrado do senhor.
Lm 3:37 Quem é aquele que manda, e assim acontece,
sem que o Senhor o tenha ordenado?
Lm 3:38 Não sai da boca do Altíssimo tanto o mal como o bem?
Lm 3:39 Por que se queixaria o homem vivente,
o varão por causa do castigo dos seus pecados?
Lm 3:40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los,
e voltemos para o Senhor.
Lm 3:41 Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus no céu dizendo;
Lm 3:42 Nós transgredimos, e fomos rebeldes, e não perdoaste,
Lm 3:43 Cobriste-te de ira, e nos perseguiste; mataste, não te apiedaste.
Lm 3:44 Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.
Lm 3:45 Como escória e refugo nos puseste no meio dos povos.
Lm 3:46 Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.
Lm 3:47 Temor e cova vieram sobre nós, assolação e destruição.
Lm 3:48 Torrentes de águas correm dos meus olhos,
por causa da destruição da filha do meu povo.
Lm 3:49 Os meus olhos derramam lágrimas,
e não cessam, sem haver intermissão,
Lm 3:50 até que o Senhor atente e veja desde o céu.
Lm 3:51 Os meus olhos me afligem, por causa de todas as filhas da minha cidade.
Lm 3:52 Como ave me caçaram os que, sem causa, são meus inimigos.
Lm 3:53 Atiraram-me vivo na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.
Lm 3:54 Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.
Lm 3:55 Invoquei o teu nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra.
Lm 3:56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro,
ao meu clamor.
Lm 3:57 Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
Lm 3:58 Pleiteaste, Senhor, a minha causa; remiste a minha vida.
Lm 3:59 Viste, Senhor, a injustiça que sofri; julga tu a minha causa.
Lm 3:60 Viste toda a sua vingança, todos os seus desígnios contra mim.
Lm 3:61 Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus desígnios contra mim,
Lm 3:62 os lábios e os pensamentos dos que se levantam contra mim o dia todo.
Lm 3:63 Observa-os ao assentarem-se e ao levantarem-se; eu sou a sua canção.
Lm 3:64 Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.
Lm 3:65 Tu lhes darás dureza de coração, maldição tua sobre eles.
Lm 3:66 Na tua ira os perseguirás, e os destruirás
de debaixo dos teus céus, ó Senhor.
Os vs. 58-66 discutem o tema bíblico da defesa do inocente, uma questão cabalmente cumprida em Cristo. Veja Jr 50.34 onde o Senhor, Redentor de Judá, pleiteou a causa do seu povo.
Finalmente, o profeta, também poeta, clama por vingança contra os seus inimigos. Na verdade o clamor vai mais além, atingindo também todos os ímpios que no seu devido tempo serão todos exterminados.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.