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quinta-feira, 26 de março de 2015

Lamentações 1:1-22 - JEREMIAS LAMENTA POR JERUSALÉM DESTRUÍDA E DESOLADA.

Agora que terminamos o livro de Jeremias, veremos a sua continuação em forma de lamentos, composta de cinco capítulos distribuídos, cada capítulo em 22 versículos, sendo que o terceiro capítulo conterá 3 x 22 versículos. No total seriam mesmo sete seções de 22 versículos cada, totalizando 154 versículos.
Perceberemos em Lamentações um amplo uso de acróstico, onde cada versículo se inicia com uma letra do alfabeto hebraico que no total contém 22 letras – veja outro exemplo no Sl 34.
Lamentações amolda-se muito estreitamente a esse padrão nos caps. 1; 2; 4.
O cap. 3 tem um padrão diferente, pois inclui vinte duas estrofes, cada uma delas com três versos que começam com a mesma letra  - 66 dividido por 3 é igual a 22.
O cap. 5 não é, de modo algum, um acróstico, embora também compreenda vinte e dois versos.
No Antigo Testamento, a forma de acróstico provavelmente representava a expressão completa de um sentimento ou tema.
Além disso, a obra artística do poeta era um ato de devoção ao Senhor. Na meditação devocional, o acróstico produz um delicado equilíbrio entre a extrema emoção e o controle disciplinado.
Os cinco capítulos de Lamentações compreendem cinco poemas distintos que também estão presentes em outros livros do Antigo Testamento, principalmente em Salmos.
Os lamentos (tanto da comunidade, quanto do indivíduo) apresentam certas características típicas:
·         Queixas sobre a adversidade.
·         Confissão de confiança.
·         Súplica por livramento.
·         Confiança na resposta de Deus — com frequência incluindo a certeza de que os inimigos e perseguidores iriam, por sua vez, defrontar-se com a sua ira (veja, p. ex., SI 74).
Lamentações exibe essas características comuns, mas inclui também algumas variações.
O livro compartilha com outros lamentos certo estilo poético, isto é, a chamada métrica qinah. Esse ritmo poético consiste de dois versos nos quais a primeira frase tem três acentuações fortes (em hebraico) e a segunda tem duas.
Estamos nos baseando no texto da BEG e adaptando-o, visando uma melhor compreensão, conforme vamos analisando cada capítulo.
A autoria do livro é desconhecida, embora aceite-se tradicionalmente que tenha sido escrito pelo próprio Jeremias ou tenha sido compilado de diversas fontes existentes à época. A data provável seria entre 586-516 a.C.
O propósito que se depreende do texto é expressar e orientar outros em suas expressões de lamento sobre as terríveis condições impostas sobre Jerusalém e sobre o povo de Deus pelos babilônios.
As suas verdades fundamentais: Judá e Jerusalém mereceram a decisão que resultou do julgamento divino a que foram submetidas. Não fosse o alívio proporcionado pelo lamento, a dor da destruição e do exílio seria maior do que as pessoas poderiam suportar. A única esperança de libertação do sofrimento causado pelo exílio era apelar a Deus para que fosse misericordioso.
Contextualização.
Ambiente: Judá e, em particular, Jerusalém.
Conteúdo: especialmente o lamento sobre a perda do rei de Judá (2.2,9).
Época: depois da conquista do reino de Judá pelos babilônios em 586 a.C. e antes da reconstrução do templo em c. 516 a.C.
Comparações: Jeremias predisse a queda de Jerusalém; enquanto o escritor de Lamentações expressou a dor suportada pelo cumprimento dessa profecia.
Propósito e características:
O propósito de Lamentações foi cumprido na própria execução do livro e, depois, na sua aceitação por outros como um meio de conformar-se com a destruição de Sião.
O livro apresenta, conforme a BEG, três perspectivas harmoniosas sobre a ira de Deus vertida em grande quantidade contra Judá por meio dos babilônios.
1.      Primeiro, o livro afirma que a destruição e o exílio foram consequências justas do pecado. Os profetas haviam repetidamente advertido Judá de que, se o povo continuasse a violar a aliança que Deus havia feito com eles, o julgamento aconteceria. Muito antes de Jeremias, Amós falou sobre um dia do Senhor contra o seu povo (Am 5.18), e esse dia havia chegado (Lm 1.12). Os profetas haviam recorrido aos princípios da aliança, expressos mais enfaticamente em Deuteronômio, os quais estabelecem uma forte ligação entre a fidelidade do povo ao Senhor e a sua permanência na Terra Prometida. Em parte, o propósito do livro era justificar a punição de Deus imposta a Judá e defender os profetas que haviam anunciado o julgamento com antecedência.
2.      Segundo, expressar a forte resistência emocional ao julgamento de Judá.
3.      Terceiro, o livro afirma que o Senhor ainda é um Deus de misericórdia e fidelidade (veja 3.22-36). Lamentações expressa uma fé sincera de que o exílio terá um fim. Também expressa a esperança de que haverá reparação para a culpa de Judá e que os seus inimigos serão julgados pelos crimes que cometeram contra o povo. Essa esperança reflete uma compreensão da soberania de Deus sobre todas as nações, uma soberania que assegurou o cumprimento de todas as suas promessas pactuais (veja 3.37-39).
Cristo em Lamentações.
Ora, Cristo está presente em todas as Escrituras pois elas falam dele. Lamentações não é diferente, ela aponta, de diversas maneiras importantes, para além da situação do exílio, para Cristo.
Em sua humilhação, Jesus sofreu um tipo de exílio em razão de sua expiação substitutiva pelo povo de Deus.
É curioso observar que nos dias anteriores ao seu próprio grito de abandono como parte do seu sofrimento redentor (Mt 27.46), Jesus pronunciou também o seu lamento pessoal sobre Jerusalém (Mt. 2 3.37 ; Lc 13.34-43).
A exaltação de Cristo deu início ao fim do sofrimento do povo de Deus. Ele assumiu o seu trono e continuará a reinar, subjugando, finalmente, todos os seus inimigos.
Lamentações também proporciona aos seguidores de Cristo um meio de expressar os seus próprios lamentos sobre as condições de vida do povo de Deus no presente.
Embora Cristo tenha inaugurado o reino de Deus e a exaltação do povo de Deus, a igreja continua a sofrer privação e exílio – I Pe 1:2.
Lamentações afirma que, num mundo de dor e injustiça, Deus ainda é bom e que um dia ele trará toda a bondade “para os que esperam por ele” (3.25).
Faremos agora a divisão proposta de Lamentações para nossos próximos cinco dias de reflexão:
I. Sião jaz devastada e sem nenhum consolo (1.1-22). II. A ira do Senhor contra Judá (2.1-22); III. Lamento e consolação (3.1-66); IV. O presente e o futuro de Sião (4.1-22); V. o apelo de Judá pelo auxílio de Deus (5.1-22).
I. SIÃO JAZ DEVASTADA E SEM NENHUM CONSOLO (1.1-22).
Lamentações inicia com um lamento descrevendo Jerusalém, a capital de Judá, a cidade da gloriosa presença de Deus, em tenebrosa ruína.
O primeiro versículo marca o tema desse lamento: Jerusalém, a cidade outrora favorecida, mas agora desolada, perdeu a sua grandeza em razão das depredações dos babilônios (cf. Is 1.21-26).
Ela era populosa e grande. A grandeza anterior de Jerusalém é enfatizada pelo duplo uso da palavra hebraica traduzida nesse versículo por duas palavras na nossa língua: “populosa" e "grande”. Era uma cidade rica e muito populosa. A cidade havia sido um microcosmo que prefigurava toda a nova criação futura (cf. Ap 21).
Agora se tornara viúva e estava em solidão. A viuvez e solidão - cf. Jr 15.17 - retratavam abandono ou ausência de bênção. Também, doravante estaria sujeita a trabalhos forçados. Trabalhos forçados ou escravidão eram a antítese do plano de Deus para Israel, libertado da escravidão do Egito (Lv 26.13).
Veja Jr 2.14 sobre a rejeição do conceito de Israel como escravo, assim como Dt 15.12-18, que atribui a liberdade essencial de Israel à legislação social que exigia, ao sétimo ano, a emancipação de todos os israelitas mantidos como escravos. O exílio era a pior das maldições da aliança. (A BEG tem um quadro interessante para estudo e reflexões, chamado “As principais alianças na Bíblia", em Gn 9, pág. 27).
Por isso que Jerusalém estava chorando à noite sem consolo algum. Essa frase aparece cinco vezes nesse primeiro poema, o que a transforma num tema dominante (1.9,16,17,21; 2.13).
A situação era tão aterradora que os exilados não conseguiam encontrar qualquer consolação. Nenhum de seus amantes agora poderiam consolá-la - vs. 2 - uma imagem irônica sobre os vizinhos idólatras de Judá com os quais o povo voluntariamente se uniu (cf. Jr 3.1). Como um marido justificadamente ciumento, Deus estava irado com a infidelidade de Judá. Na visão de Oseias, o exílio se constituía no divórcio de Deus de Israel (Os 2).
Amigos! Que amigos eram esses que agora, em seu sufoco, a abandonavam? Isso me faz lembrar meu parente em recuperação por causa de drogas e álcool. Ele sempre falava de seus amigos e os exaltava até que sua irmã lhe disse: onde estão eles agora que você se encontra arrasado e precisando de ajuda, recursos e apoio? Quem é que vem te socorrer nos acidentes, nas delegacias, nas sarjetas, nos hospitais e te apoia e te dá assistência? Onde de fato estão os seus amigos?
Jerusalém estava cercada de amigos que apenas a desviavam do caminho e dela queriam somente se aproveitar. Isso não é, nem nunca foi amizade. O verdadeiro amigo é aquele que está disposto a se sacrificar pelo outro, como o fez o Senhor por nós, sendo nós os seus inimigos.
Judá foi levado ao exílio – vs. 3. Para relatos sobre a queda de Jerusalém, veja 2Rs 24.20-25.30, assim como Jr 39-45; 52. A pior cláusula entre as maldições da aliança contra o povo da aliança era o exílio. O exílio de Judá significava a sua retirada do local da bênção e salvação de Deus (confira também na BEG o excelente artigo teológico "A presença de Deus", em 1 Rs 8). Eles não haveriam de achar descanso dos inimigos que era uma das bênçãos prometidas da aliança (Dt 12.9; 2Sm 7.1; cf. Dt 28.65).
O pranto estava em todos os caminhos e em todos os lugares, até nos caminhos percorridos por aqueles que moravam longe nas suas peregrinações ao templo (cf. SI 84.5) que vinham para aquelas reuniões solenes. As principais reuniões anuais do povo para celebração (especialmente a Páscoa, o Pentecostes e a Colheita; Ex 23.14-17), quando Jerusalém ficava apinhada e os sacerdotes presidiam as celebrações jubilosas. Agora as virgens estavam tristes, um sinal de derrota que contrastava com Jr 31.13 onde elas se alegravam na dança.
Foi por causa de sua infidelidade que as aflições de Judá tinham vindo como os profetas haviam predito. No Sl 73 e em Jr 12.1 é possível ver outros lamentos. O lamento era acompanhado por uma breve confissão de pecado.
No verso 6, ela é chamada carinhosamente de filha de Sião, uma personificação de Jerusalém que aparece oito vezes só em Lamentações e muitas outras vezes em todo o material profético (veja 1.6; 2.1,4,8,10,13,18; 4.22; veja também Jr 6.2; Mq 1.13). No entanto, dela tinha se ido o seu esplendor onde os seus príncipes estavam arrasados e sem forças diante dos seus perseguidores.
O presente amargo contrastava com um tempo anterior e mais feliz, possivelmente na época de Davi e Salomão. Sendo que agora não tinha ela quem a socorresse. Um contraste adicional com o conquistador Davi que era seu líder maior.
O fato era que Jerusalém tinha pecado e essa era a causa do seu exílio. Seria por isso que se tinha tornado repugnante, ou seja, uma referência à menstruação (veja as notas sobre Lv 15.19-33), que causava imundice ritual e impedia a mulher de ter acesso ao templo.
O resultado do pecado de Judá era semelhante, senão mais traumático e doloroso, ou seja, era uma exclusão total e perpétua do templo, o lugar onde Deus havia manifestado a sua presença especial (sobre essa presença, vale a pena conhecer o artigo teológico "A presença de Deus", em 1Rs 8), assim como era uma terrível humilhação (Jr 13. 22,26).
A cidade inteira, e não simplesmente algumas pessoas, havia se tornado imunda aos olhos de Deus, e por muitos anos não seria purificada. A sua imundícia estava nas suas fraldas e ela nem se lembrava de seu fim, destarte, se via abatida e sem quem a console.
A Sião personificada agora fala por si mesma e introduz o elemento de apelo que é uma parte vital desse lamento. Ela pede ao Senhor que a socorra em sua aflição por causa do seu inimigo que nela se engrandeceu – vs. 9.
O inimigo estendeu contra ela a sua mão e ela o viu entrar em seu santuário. Uma referência à perda, por parte de Judá, do seu local de culto e acesso à presença de Deus (vs. 8).
A profanação do lugar sagrado pelos invasores contrasta com a pretendida função do templo de atrair as nações para adorar o Deus de Israel (1 Rs 8.41-43).
A destruição do templo está provavelmente também implícita, unia vez que Nabucodonosor o destruiu em 586 a.C. imediatamente depois de tê-lo profanado (2Rs 25.8-9).
As ruínas do templo, onde Deus se assentara entronizado, demonstravam quão absolutamente Deus havia abandonado o seu povo por causa do seu pecado.
A desolação da cidade provocou uma terrível escassez de alimento. Ela, personificada, continua a clamar ao Senhor para que veja, conforme o vs. 9. Ela reconhece que se tornou desprezível.
Embora o escritor reconheça que o castigo de Judá foi merecido (vs. 5,8), ele se sente esmagado pela sua magnitude. Chama os que passam para testemunhar a extrema severidade da punição de Deus e a compadecer-se da difícil situação de Judá.
Ela está ciente de que sua aflição veio do Senhor e que aconteceu isso no dia do furor da sua ira. Uma alusão ao "dia do Senhor" – livro de Sofonias -, que descreve qualquer situação por meio da qual o Senhor intervém dramaticamente na História para destruir os seus inimigos e salvar o seu povo.
A destruição de Jerusalém, entretanto, revelou que Deus havia, pelo menos por um tempo, se tornado um inimigo de Judá.
O povo de Sião, finalmente, compreendeu que Deus havia usado os babilônios para afligi-los de modo tão terrível (SI 88.13-18).
O Senhor, anteriormente um guerreiro a favor de Israel (Dt 9.1-3), voltou o seu poder e fúria contra o seu próprio povo – vs 15. Não havia mais um consolador, pois este se tinha afastado dela – vs. 16.
Ela estava sem quem pudesse consolá-la. A repetição dessa frase, que não haveria quem a consolasse, a constitui como tema dominante desse lamento. Não havia nenhum alívio nem consolação visível para Jerusalém.
O Senhor ordenou acerca de Jacó - um dos nomes históricos para Israel, aludindo ao nome do patriarca – que fossem inimigos todos os que estavam em redor e Jerusalém se tornaria coisa imunda. Não o termo normal para "cerimonialmente impura", mas o termo para trapos ou imundícia menstrual (veja o vs. 8).
Até mesmo as nações que não respeitavam os padrões cerimoniais santos do Senhor, desprezavam Israel como repulsivo. Isso se constituía num nítido contraste com a esperança que Deus havia conferido ao seu povo mediante o seu oferecimento da bênção da aliança (veja Ex 19.5-6).
Apesar das dificuldades que esmagavam o escritor, ele reconhece, por um momento, a justiça do Senhor ao punir os pecados de Judá. Entretanto, o pensamento volta rapidamente outra vez para a sua condição insuportável.
Novamente – vs. 19 – se lembra de seus “amigos”, de seus “amantes”, objetos da falsa confiança de Judá, que fez com que Deus ficasse irado com eles (Is 7.1-9). Ela reconhece a sua rebeldia, a sua rebelião e o seu desprezo às coisas do reino de Deus em preferência às porcarias com as quais tinha se envolvido.
Estava novamente sem ter quem a consolasse e, persistentemente, apela ao Senhor por causa da vanglória dos inimigos, o que era profundamente ofensivo para Judá como povo da aliança de Deus e, portanto, para o próprio Deus.
O dia do Senhor se tornaria um dia de terror para os inimigos de Sião. O lamento segue o padrão profético de julgamento, primeiro por meio dos inimigos e, finalmente, sobre os próprios inimigos (cf. Jr 25.15-38).
Os inimigos de Sião mereciam tão cabalmente o julgamento quanto Jerusalém. Mesmo a justa punição dos seus inimigos não diminuiria a profunda tristeza de Sião.
Lm 1:1 Como está sentada solitária a cidade que era tão populosa!
tornou-se como viúva a que era grande entre as nações!
A que era princesa entre as províncias tornou-se avassalada!
Lm 1:2 Chora amargamente de noite,
e as lágrimas lhe correm pelas faces;
não tem quem a console entre todos os seus amantes;
todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ela;
tornaram-se seus inimigos.
Lm 1:3 Judá foi para o cativeiro para sofrer aflição e dura servidão;
ela habita entre as nações, não acha descanso;
todos os seus perseguidores a alcançaram nas suas angústias.
Lm 1:4 Os caminhos de Sião pranteiam,
porque não há quem venha à assembléia solene;
todas as suas portas estão desoladas;
os seus sacerdotes suspiram;
as suas virgens estão tristes,
e ela mesma sofre amargamente.
Lm 1:5 Os seus adversários a dominam,
os seus inimigos prosperam;
porque o Senhor a afligiu por causa da multidão
das suas transgressões;
os seus filhinhos marcharam para o cativeiro
adiante do adversário.
Lm 1:6 E da filha de Sião já se foi todo o seu esplendor;
os seus príncipes ficaram sendo como cervos
que não acham pasto e caminham sem força
adiante do perseguidor.
Lm 1:7 Lembra-se Jerusalém, nos dias da sua aflição
e dos seus exílios, de todas as suas preciosas coisas,
que tivera desde os tempos antigos;
quando caía o seu povo na mão do adversário,
e não havia quem a socorresse,
os adversários a viram, e zombaram da sua ruína.
Lm 1:8 Jerusalém gravemente pecou, por isso se fez imunda;
todos os que a honravam a desprezam,
porque lhe viram a nudez;
ela também suspira e se volta para trás.
Lm 1:9 A sua imundícia estava nas suas fraldas;
não se lembrava do seu fim;
por isso foi espantosamente abatida;
não há quem a console;
vê, Senhor, a minha aflição;
pois o inimigo se tem engrandecido.
Lm 1:10 Estendeu o adversário a sua mão
a todas as coisas preciosas dela;
pois ela viu entrar no seu santuário as nações,
acerca das quais ordenaste que não entrassem
na tua congregação.
Lm 1:11 Todo o seu povo anda gemendo, buscando o pão;
deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento
para refazerem as suas forças.
Vê, Senhor, e contempla, pois me tornei desprezível.
Lm 1:12 Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho?
Atendei e vede se há dor igual a minha dor,
que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu,
no dia do furor da sua ira.
Lm 1:13 Desde o alto enviou fogo que entra nos meus ossos,
o qual se assenhoreou deles;
estendeu uma rede aos meus pés,
fez-me voltar para trás,
tornou-me desolada e desfalecida o dia todo.
Lm 1:14 O jugo das minhas transgressões foi atado;
pela sua mão elas foram entretecidas
e postas sobre o meu pescoço;
ele abateu a minha força;
entregou-me o Senhor nas mãos daqueles
a quem eu não posso resistir.
Lm 1:15 O Senhor desprezou todos os meus valentes no meio de mim;
convocou contra mim uma assembléia para esmagar
os meus mancebos;
o Senhor pisou como num lagar a virgem filha de Judá.
Lm 1:16 Por estas coisas vou chorando; os meus olhos,
os meus olhos se desfazem em águas;
porque está longe de mim um consolador
que pudesse renovar o meu ânimo;
os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo.
Lm 1:17 Estende Sião as suas mãos, não há quem a console;
ordenou o Senhor acerca de Jacó que fossem inimigos
os que estão em redor dele;
Jerusalém se tornou entre eles uma coisa imunda.
Lm 1:18 Justo é o Senhor, pois me rebelei
contra os seus mandamentos; ouvi, rogo-vos, todos os povos,
e vede a minha dor;
para o cativeiro foram-se as minhas virgens
e os meus mancebos.
Lm 1:19 Chamei os meus amantes, mas eles me enganaram;
os meus sacerdotes e os meus anciãos expiraram na cidade,
enquanto buscavam para si mantimento,
para refazerem as suas forças.
Lm 1:20 Olha, Senhor, porque estou angustiada;
turbadas estão as minhas entranhas;
o meu coração está transtornado dentro de mim;
porque gravemente me rebelei.
Na rua me desfilha a espada, em casa é como a morte.
Lm 1:21 Ouviram como estou gemendo;
mas não há quem me console;
todos os meus inimigos souberam do meu mal;
alegram-se de que tu o determinaste;
mas, em trazendo tu o dia que anunciaste,
eles se tornarão semelhantes a mim.
Lm 1:22 Venha toda a sua maldade para a tua presença,
e faze-lhes como me fizeste a mim por causa
de todas as minhas transgressões;
pois muitos são os meus gemidos,
e desfalecido está o meu coração.
O autor se expressa de uma maneira muito profunda ao falar de Deus e da forma como via o exílio, a justiça de Deus, sua ira, seu juízo, a aliança e o povo de Deus.
Para mim, o grande autor desse livro não fora outro senão o próprio Jeremias, o profeta chorão que conhecia o seu Deus soberano, sábio e bom e o seu povo rebelde, contradizente e amante do supérfluo, mas escolhido por Deus para por meio dele, trazer ao mundo o Messias resgatador e libertador.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
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No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.