INSCREVA-SE!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Jeremias 17:1-27 - ENGANOSO É O CORAÇÃO E TREMENDAMENTE PERVERSO...

Terminaremos agora a oitava parte, de nossa divisão proposta de dezoito delas, nos baseando na estruturação apresentada pela BEG. Estamos no capítulo 17.
VIII. SÍMBOLOS DO JULGAMENTO VINDOURO (16.1-17.18) - continuação.
Como já dissemos, de 16:1 a 17:18, estamos vendo a vida solitária do profeta, figura do povo; o pecado e a sua força enganadora que destrói; Jeremias clamando a Deus que o socorra contra os seus inimigos e a santificação do sábado.
Foi dividida esta parte VIII em duas: A. Atos simbólicos – 16:1-18 – já vista; e, B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 – concluiremos agora.
B. Orações e respostas – 16:19 a 17:18 - continuação.
Também já dissemos que desde o verso 16:19 até 17.18, estaremos vendo as orações e as respostas. Essa passagem começa e termina com orações de Jeremias (16.19-20; 17.12-18) que emolduram a resposta de Deus (16.21-17.11).

Até o verso 11, será Deus continuando com a emolduração da sua resposta e aqui, especificamente, tratando do engano do pecado e de seu poder destruidor.
Em dois lugares estava cravado os pecados de Judá com ponteiros de ferro e com ponta de diamante:
·         Na tábua do seu coração. Essa imagem traz à memória as tábuas nas quais as leis foram escritas. De tão grande, o pecado de Judá havia chegado ao coração do povo de Deus. Em 31.33, a lei, e não o pecado, seria escrita no coração do povo de Deus quando ocorresse a restauração depois do exílio (Pv 3.3; 7.3).
·         Nas pontas dos seus altares, símbolos que deviam recordar a expiação pelos pecados, mas que só faziam o Senhor se lembrar dos pecados de seu povo.
Os filhos que deveriam se lembrar das coisas de Deus e do templo, estavam com suas mentes e corações voltados para outros altares com seus postes-ídolos. (Êx 34.13; Dt 7.5) junto às árvores frondosas e sobre os altos outeiros onde estava acostumado a se prostituir.
Em consequência, Deus daria os seus tesouros como despojo por causa do pecado em seus termos. Era no monte Sião, onde ficava o templo que foi saqueado por Nabucodonosor (52.17-23).
A herança que lhe tinha sido dada, a Terra Prometida, seria dada a outra nação e eles iriam servir os seus inimigos em terras que não conheciam.
O fogo da ira do Senhor estava aceso e não haveria como apagá-lo.
No verso 5, vem uma maldição consequente e seria maldito, ou é, todo homem que confia no homem e faz da sua carne o seu braço forte e aparta o seu coração do Senhor. A maldição sobrevém no contexto da infidelidade à aliança e alcança todos os homens da terra.
Todos os que afastam o seu coração de Deus, não importam os motivos disso, estão em maldição! (Dt 29:23). Eles serão como o arbusto solitário no deserto, sem que vejam bem algum e morarão no deserto, em lugares secos, em terra salgada e inabitada que não verão bem/prosperidade alguma. Não terão uma vida plena e todos os meios necessários para sustentá-la (15.11; Dt 6.24).
Em compensação, bendito será o que confia e espera no Senhor. Essas duas palavras – confiança e esperança - são baseadas no mesmo termo hebraico. O Senhor recompensa a confiança, pois faz parte da sua natureza ser fidedigno (Is 7.9). A grande semelhança entre os vs. 7-8 e SI 1.1-3 sugere que a confiança no Senhor deve ser guiada pela sua lei (Tg 2.17).
Este que confia e espera no Senhor será como uma árvore plantada junto às águas, ou seja, será poderoso e forte numa terra seca (SI 1.3; Is 44.4).
O verso 9 é muito citado e conhecido por todos os pecadores! Ah, coração enganoso este nosso! O coração, no Antigo Testamento, além de ser o local das emoções, também representa os recônditos mais profundos do ser interior e o fundamento do caráter, abrangendo a mente, a vontade e as emoções (4.19; Pv 2.2).
Eu costumo trazer uma reflexão lembrando que se a sinceridade fosse a minha parceira com a qual dividiria a minha cama, eu nela não confiaria, por causa do enganoso coração que tenho. Nem na minha mais profunda sinceridade eu confio em sua ardorosa paixão, devoção e afirmação.
Quando Deus afirma que nosso coração é enganoso, é melhor crer em Deus e acreditar nele piamente. Não é em meu coração que eu confio, mas no Senhor dos corações que – vs. 10 – esquadrinha a mente e prova o coração para dar a cada um o que é justo, conforme os seus caminhos e frutos de suas ações.
O versículo 11 é constituído de dois provérbios encontrados em 8.4,7. O provérbio da perdiz que não choca os seus ovos, mas os de outra, revela de maneira significativa o verdadeiro mal causado pela injustiça. Veja a repreensão de Davi por Natã em 2Sm 12.1-7 quando este foi servo da injustiça e trouxe desonra ao nome do Senhor.
Igualmente terrível, conforme o provérbio, são os que ajuntam riquezas, mas não retamente - quanto à efemeridade das riquezas, veja Pv 23.4-5.
A segunda oração de Jeremias.
Até o verso 18, Jeremias estará clamando a Deus novamente por causa das tribulações que enfrenta em seu serviço como profeta fiel. Essa é a quarta "confissão" de Jeremias (11.18-23).
Um trono de glória – vs. 12; 14.21; SI 99.1 – é uma referência ao templo do Senhor que estaria em Sião desde o princípio, isto é, o monte Sião havia sido escolhida para ser o trono de Deus mesmo antes da construção do templo de Salomão (cf. Êx 15.17). É este o lugar do santuário.
Jeremias ora ao Senhor e o reconhece como a esperança única e verdadeira de Israel - 14.8,22.  A justaposição dessa ideia com a celebração do templo no v. 12 pode sugerir que a esperança devia ser depositada somente em Deus, e não no templo.
Já os que o abandonarem serão envergonhados e os que se apartarem dele, terão seus nomes escritos na terra e apagados (algumas vezes, essa expressão “escritos no chão” pode indicar o inferno ou a morte - Jó 7.21. Contrastar com a ideia em Ex 32.32.), pois estariam rejeitando em absoluto  a única fonte das águas vivas – vs. 13 - contrastar com 15.18.
Ele pede ao Senhor e já declara a resposta: cura-me e serei curado; salva-me e serei salvo. Poderíamos pegar o modelo dele de oração e aplicá-la para outras orações, por exemplo: dá-me Senhor e ser-me-á dado; abre-me esta porta e ela ser-me-á aberta; envia-me e serei enviado; santifica-me e serei santificado; perdoa-me e serei perdoado; fortalece-me e serei fortalecido.
Jesus mesmo, nosso Senhor, nos incentivou a orar dessa forma: “Portanto, vos afirmo: Tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos sucederá” – Mc 11:24.
Os inimigos de Jeremias o acusaram de ser um falso profeta – vs. 15. Presumivelmente, essa alegação foi feita antes da primeira invasão pelos babilônios em 605 a.C. (Dt 18.21-22). Depois da invasão, seria impossível rejeitar Jeremias com tanta facilidade (Mq 7.10; 2Pe 3.4).
Jeremias se defende alegando até ter motivos para desejar-lhes o mal, mas preferiu ficar em silencio e tudo entregar ao justo juiz de toda a terra e confirma sua palavra alegando que tudo o que saiu de sua boca lhe era do seu conhecimento total.
Então ele roga a Deus força e refúgio para o dia da calamidade, pois ele sabia que isso aconteceria. Eu acho ousada a forma de ele se dirigir a Deus dizendo para ele não ser para com ele um espanto ou de terror, mas alguém que está atento ao seu clamor, apesar dele mesmo. Ele se reconhecia fraco, de coração enganoso e que poderia facilmente se equivocar e ser confundido, por isso que insta com Deus para que não seja ele envergonhado e sofra decepções em sua fé. Ah, confesso: eu também te rogo isso, meu Senhor!
A oração pedindo a destruição dos inimigos – vs. 18 - é típica das "confissões" de Jeremias (11.20; 12.3; 15.15). Esses termos trazem à memória o chamado do profeta (1.17). Ele chega a rogar a Deus uma poção dobrada da destruição deles. Em 16.18 vemos uma aplicação desse termo ao castigo de Judá. Aqui, refere-se ao castigo dos inimigos de Jeremias (Is 40.2).

IX. UM SERMÃO SOBRE O SÁBADO (17.19-27).
Dos versos 19 ao 27, veremos que Judá mereceu ser julgada devido à violação do sábado. Trata-se este capítulo de um sermão sobre o sábado, onde  Jeremias exorta o povo a manter santo o sábado, deixando claro que a desobediência nessa questão provocaria a destruição total de Jerusalém.

Não se sabe ao certo por que esse sermão foi colocado nessa seção. É possível que sirva de contexto para os acontecimentos da seção seguinte que focaliza o julgamento de Deus contra o templo e seus servidores (18.1-20.18).
Jeremias fala em nome do Senhor o qual lhe orientou a ir para a porta de Benjamim, por onde entram e saem os reis de Judá e, depois, para todas as portas de Jerusalém onde a mensagem deveria ser repetida. A mensagem é dada junto às portas devido ao papel das mesmas no comércio (veja Ne 13.15,19).
Assim diz o Senhor, começa o verso 21, contundentemente. Era para eles se guardarem e não carregarem cargas no dia de sábado, pois ali havia uma comercialização de produtos no sétimo dia. O sábado havia sido transformado num dia de comércio intenso na cidade.
Jr 17:1 O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro;
                com ponta de diamante está gravado na tábua do seu coração
                               e nas pontas dos seus altares;
                Jr 17:2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares,
                               e dos seus aserins, junto às árvores frondosas,
                                               sobre os altos outeiros,
                Jr 17:3 nas montanhas no campo aberto,
                               a tua riqueza e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo
                                               por causa do pecado, em todos os teus termos.
                Jr 17:4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança que te dei;
                               e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces;
                                               porque acendeste um fogo na minha ira,
                                                               o qual arderá para sempre.
Jr 17:5 Assim diz o Senhor:
                Maldito o varão que confia no homem,
                               e faz da carne o seu braço,
                                               e aparta o seu coração do Senhor!
                Jr 17:6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum;
                               antes morará nos lugares secos do deserto,
                                               em terra salgada e inabitada.
                Jr 17:7 Bendito o varão que confia no Senhor,
                               e cuja esperança é o Senhor.
                Jr 17:8 Porque é como a árvore plantada junto às águas,
                               que estende as suas raízes para o ribeiro,
                                               e não receia quando vem o calor,
                               mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão
                                               não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
                Jr 17:9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas,
                               e perverso; quem o poderá conhecer?
                Jr 17:10 Eu, o Senhor,
                               esquadrinho a mente, eu provo o coração;
                                               e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos
                                                               e segundo o fruto das suas ações.
                Jr 17:11 Como a perdiz que ajunta pintainhos
                               que não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta riquezas,
                                               mas não retamente; no meio de seus dias as deixará,
                                                               e no seu fim se mostrará insensato.
                Jr 17:12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o princípio,
                               é o lugar do nosso santuário.
                Jr 17:13 Ó Senhor, esperança de Israel,
                               todos aqueles que te abandonarem serão envergonhados.
                                               Os que se apartam de ti serão escritos sobre a terra;
                                                               porque abandonam o Senhor,
                                                                              a fonte das águas vivas.
                Jr 17:14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado;
                               salva-me, e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
                Jr 17:15 Eis que eles me dizem:
                               Onde está a palavra do Senhor? venha agora.
                Jr 17:16 Quanto a mim, não instei contigo
                                para enviares sobre eles o mal, nem tampouco desejei
                                               o dia calamitoso; tu o sabes;
                               o que saiu dos meus lábios estava diante de tua face.
                Jr 17:17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu no dia
                               da calamidade.
                Jr 17:18 Envergonhem-se os que me perseguem,
                               mas não me envergonhe eu;
                assombrem-se eles,
                                mas não me assombre eu;
                                               traze sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os
                                                               com dobrada destruição.
Jr 17:19 Assim me disse o Senhor:
                Vai, e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá,
                               e pela qual saem, como também em todas
                                               as portas de Jerusalém.
                Jr 17:20 E dize-lhes:
                               Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá,
                                               e todos os moradores de Jerusalém,
                                                               que entrais por estas portas;
Jr 17:21 assim diz o Senhor:
                Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
                                               nem as introduzais pelas portas de Jerusalém;
                Jr 17:22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado,
                               nem façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado,
                                               como eu ordenei a vossos pais.
                Jr 17:23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos;
                               antes endureceram a sua cerviz, para não ouvirem,
                                               e para não receberem instrução.
                Jr 17:24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor,
                               não introduzindo cargas pelas portas desta cidade
                                               no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado,
                                                               não fazendo nele trabalho algum,
                               Jr 17:25 então entrarão pelas portas desta cidade
                                               reis e príncipes, que se assentem sobre o trono
                                                               de Davi, andando em carros e montados
                                                                              em cavalos, eles e seus príncipes,
                                               os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém;
                                                               e esta cidade será para sempre habitada.
                Jr 17:26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém,
                               e da terra de Benjamim, e da planície,
                                               e da região montanhosa, e do e sul,
                               trazendo à casa do Senhor holocaustos, e sacrifícios,
                                               e ofertas de cereais, e incenso,
                               trazendo também sacrifícios de ação de graças.
                Jr 17:27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado,
                               e para não trazerdes carga alguma,
                                               quando entrardes pelas portas de Jerusalém
                                                               no dia de sábado,
                               então acenderei fogo nas suas portas,
                                               o qual consumirá os palácios de Jerusalém,
                                                               e não se apagará.
O sábado era especial e deveria ser santificado, como Deus tinha ensinado aos pais deles, em mandamento do sábado (Êx 20.8-11; Dt 5.12-15; Ne 10.31; Is 56.2), mas, se fizeram endurecidos e não inclinaram os seus corações ao Senhor.
No entanto, se mudassem a disposição de suas mentes e se voltassem a Deus, tudo seria diferente. Vemos nos versos 25 e 26 uma descrição (repetida parcialmente em 22.4) do que aconteceria se o povo guardasse o sábado de maneira apropriada - 23.5-6; 30.9; 33.14-26. Todas as ameaças feitas a Judá poderiam, inclusive, serem revertidas.
Caso o povo não obedecesse – vs. 27 -, o centro da desobediência à lei do sábado seria o primeiro lugar a ser destruído.
A Deus toda glória! p/ Daniel Deusdete
http://www.jamaisdesista.com.br
...

0 comentários:

Postar um comentário

Fique à vontade para tecer seus comentários.
No entanto, lembre-se de juntar Cl 3:17 com 1 Co 10:31 :
devemos tudo fazer para a glória de Deus e em nome de Jesus! Deus o abençoe.