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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Atos 1.1-26- A PROMESSA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Sobre o Livro de Atos – Visão geral.

Apresentaremos a seguir uma breve introdução ao livro de Atos, feito de forma resumida[1].
Introdução
Autor
·       Lucas, um companheiro de Paulo. Ele era médico.
Ele foi companheiro de Paulo durante partes de sua segunda e terceira viagens missionárias e em sua viagem a Roma.
Tanto os pais da igreja, bem como o próprio autor, testificam que a autoria dos escritos em Atos é de Lucas.
Ele era companheiro de Paulo em suas viagens missionárias. Ele acompanhou Paulo a partir da cidade de Trôade, na Ásia Menor, até Filipos, no continente europeu, e depois retornou de Filipos para Trôade, viajando posteriormente pela Terra Santa.
Por fim, acompanhou Paulo de Cesareia, na Terra Santa, até Roma, na Itália.
Lucas possuía muita cultura, como atesta o estilo de Lucas-Atos e o alto nível do grego empregado, que por vezes é bastante literário, semelhante ao do período clássico (Lc 1.1-4), indicando uma pessoa bem informada sobre o mundo não judaico.
Além disso, a abordagem sistemática do autor ao compor o texto, combinado aos seus métodos de pesquisa (Lc 1.1-4), revelam um homem educado e altamente instruído.
Cl 4.10-14 indica que Lucas não era judeu, mas gentio. Cl 4.14 revela que Paulo tinha a companhia de "Lucas, o médico amado".
Propósito:
·       Orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao mundo gentio.
Verdades fundamentais:
·       As testemunhas de Cristo são capacitadas pelo Espírito Santo.
·       As testemunhas de Cristo devem ir até aos confins da Terra.
·       As testemunhas de Cristo sofrem perseguições.
·       As testemunhas de Cristo estabelecem igrejas para que a missão possa ter continuidade.
Data e ocasião
Embora três datas tenham sido sugeridas para Atos: 105-130 d.C., 80-95 d.C. e antes de 70 d.C., entendemos e ficamos com a opinião de que Lucas e Atos foram escritos antes de 70 d.C. (provavelmente entre 60-64 d.C.), pois tem a melhor fundamentação, de acordo com as seguintes razões.
(1)   Primeiro, o cap. 28 termina com Paulo preso em regime semiaberto e, enquanto aguardava pela audiência perante César, tinha liberdade para pregar a todos que iam até ele — certamente isso ocorreu antes de Nero acusar os cristãos de terem incendiado Roma em 64 d.C.
(2)   Segundo, não há menção da morte de Paulo em Atos, algo que parecia iminente em 2Tm 4 e provavelmente ocorreu em 67 ou 68 d.C.
(3)   Terceiro, próximo ao final de Atos, Lucas descreve o governo romano como demonstrando simpatia pelos cristãos, uma atitude que se alterou após 64 d.C.
(4)   Quarto, o uso de termos primitivos em Atos indica uma data mais antiga para a sua composição.
Esses termos incluem
ü  "Discípulos" (p. ex., 9.26).
ü  "No primeiro dia da semana" (20.7), que mais tarde passou a ser referido como "dia do Senhor" (Ap 1.10).
ü  "Povo de Israel" (4.10,27), que posteriormente foi alterado simplesmente para "povo", referindo-se tanto a judeus como gentios (Tt 2.14).
ü  O  título antigo "Filho do Homem" (7.56).
ü  Além de linguagem arcaica na abordagem de assuntos geográficos, políticos e territoriais, tais como detalhes sobre as fronteiras regionais entre Frigia-Icônio, Licaônia-Listra e Derbe.
Lucas coletou material a partir de suas próprias observações como testemunha ocular, de fontes semíticas enquanto esteve na Terra Santa, além de outras fontes exteriores.
É possível que ele tenha obtido material de pessoas tais como Sópatro, de Bereia, Aristarco e Secundo, de Tessalônica, Gaio, de Derbe, Timóteo, de Listra (16.1) e Tíquico e Trófimo, da Ásia (20.4).
Em relação ao seu Evangelho, Lucas reuniu material para a primeira parte de Atos enquanto esteve na Terra Santa durante os dois primeiros anos da prisão de Paulo.
Provavelmente, conversou com Maria, a mãe de Jesus, e com outras "testemunhas oculares e ministros da palavra" (Lc 1.2).
Público original
De acordo com Lc 1.3 e At 1.1, Teófilo era o principal destinatário de ambos os livros.
Não dispomos de dados a respeito desse homem, mas ele pode ter sido patrono ou benfeitor de Lucas, além do que certamente foi um gentio que recebeu ensinamento cristão (Lc 1.4).
Como patrono, Teófilo teria providenciado o sustento de Lucas enquanto este despendia a maior parte de seu tempo pesquisando fontes e escrevendo seus dois livros.
Compare isso com o historiador judeu Josefo (37/38 d.C. a c. 100 d.C.), que além de relatar que os generais romanos Vespasiano e Tito eram seus patronos (Contra Ápio, 1.50), também indicou que tinha outro benfeitor, Epafrodito (Autobiografia, 430; Contra Ápio, 1.1; 2.1; 2.296).
Josefo escreveu a Epafrodito algo semelhante ao que Lucas disse a Teófilo em Lc 1.3-4: "A você, Epafrodito, devoto amante da verdade, e a qualquer pessoa que, como você, desejar conhecer os fatos sobre nossa raça, dedico este livro e o anterior".
Propósito e características
Atos apresenta um registro histórico verídico do desenvolvimento da igreja primitiva durante a metade do século 1 d.C.
Tudo nesse livro – a descrição de Lucas sobre detalhes geográficos e provincianos, sobre os funcionários do governo e seus atos oficiais, sobre os atos dos imperadores e sobre a viagem marítima à Itália, o uso de termos náuticos exatos — aponta para um pesquisador cuidadoso que testemunhou muitos dos acontecimentos registrados em At 16 e nos capítulos posteriores.
O grego de Lucas é excelente e fica bastante claro que ele estava familiarizado com suas fontes semíticas, uma vez que usou muitas expressões aramaicas na primeira metade de Atos.
Lucas pode ter tido vários propósitos ao escrever Atos, pois declarou em seu Evangelho que registrou a vida de Jesus até sua ascensão (1.1-2) e resumiu o tema geral de Atos afirmando que o Senhor propagaria sua obra "em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra" (1.8).
Atos é um roteiro do progresso da igreja em todo o mundo antigo, relatando a marcha do Cristianismo.
Alguns percebem em Atos uma defesa do Cristianismo ou um esforço para demonstrar que o Cristianismo não era uma ameaça para Roma.
Embora Atos seja chamado de “Atos dos Apóstolos", Lucas registra principalmente o ministério de Pedro (caps. 1-12) e o de Paulo (caps. 13-28). O relato do dia de Pentecostes em At 2 exerce papel fundamental em Atos.
Jesus disse a seus discípulos que deveriam aguardar em Jerusalém pela chegada do Espírito Santo, pois, por meio do poder e do testemunho do Espírito, o evangelho seria propagado e pessoas de todas as nações seriam chamadas à fé (Lc 24.47-49; At 1.4,8).
O papel de Paulo na segunda metade do livro dá prosseguimento a essa mensagem à medida que ele espalhou o evangelho no mundo gentio.
Esboço do livro de Atos
Conforme a Bíblia de Estudo de Genebra – BEG –, estaremos seguindo a seguinte divisão proposta: I. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO E O PODER DO ESPÍRITO (1.1-2.47) – veremos agora; II. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO EM JERUSALÉM (3.1-7.60); III. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO NA JUDEIA E EM SAMARIA (8.1-11.18); e, IV. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO AOS CONFINS DA TERRA (13.1-28.31).



Atos 1.1-26- A PROMESSA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Atos foi escrito por Lucas para Teófilo com a intenção de relatar-lhe tudo que Jesus começou a fazer e a ensinar desde o início de seu ministério até o final de sua jornada terrestre quando já se fazia 40 dias após a sua ressurreição. Após dez dias de sua volta ou ida ao céu aconteceu o pentecoste, que é a descida do Espírito Santo nos 120 que se encontravam no Cenáculo.
Como Lucas era companheiro de jornada de Paulo, poderíamos até dizer que o autor intelectual de Lucas foi Paulo! Porque Lucas bebeu e muito da teologia de Paulo.
Segundo a BEG, Atos foi escrito para orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao mundo gentio.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
I. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO E O PODER DO ESPÍRITO (1.1-2.47).
Jesus prometeu aos apóstolos que o Espírito Santo os capacitaria a testemunhar em Jerusalém, na Judeia e em Samaria e até aos confins da Terra. No Pentecostes, o Espírito foi derramado sobre os apóstolos e deu início a um poderoso testemunho.
Veremos nessa primeira parte até o vs. 47, do segundo capítulo, o testemunho apostólico e o poder do Espirito. Após uma breve introdução, Lucas passa a registrar imediatamente o fundamento de toda sua narrativa: o poder do Espírito Santo para capacitar os apóstolos a testemunharem de Cristo “em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (1.8).
Esse relato está dividido – conforme proposta da BEG, que estamos seguindo fielmente - em três seções: A. Aguardando a vinda do Espírito (1.1-26) – veremos agora; B. O derramamento do Espírito no Pentecostes (2.1-41); e, C. O surgimento da igreja (2.42-47).
A. Aguardando a vinda do Espírito (1.1-26).
Lucas relatou as palavras que Jesus dirigiu aos apóstolos, ordenando que aguardassem a vinda do Espírito que os capacitaria para um ministério mundial, e relatou também como os apóstolos se prepararam para esse acontecimento.
Essa ênfase no Espírito não apenas explica por que os apóstolos encarregaram-se da tarefa de propagar o evangelho, como também demonstra a necessidade do poder do Espírito para que esse ministério prosseguisse em todas as épocas.
Lucas começa seu livro se dirigindo a Teófilo onde explica que em seu primeiro relato ele expôs todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, ou seja, fez um sumário apropriado dos diversos acontecimentos e palavras de Jesus que Lucas registrou em seu Evangelho. Agora esse ministério continuaria por meio da vida dos apóstolos, que receberiam poder do Espírito Santo.
Esse destinatário “Teófilo” pode ter sido patrono do autor, que providenciou o sustento financeiro de Lucas enquanto este pesquisava e escrevia.
Em seu convívio pós-ressurreição com os discípulos, Jesus havia transmitido aos apóstolos que escolhera - uma referência à escolha dos apóstolos por Jesus (Lc 6.12-16), um dos quais ele sabia que seria o traidor (Judas):
ü  A realidade de sua ressurreição (Jo 20-21).
ü  A veracidade da sua messianidade (Lc 24.44-49).
ü  As bênçãos do Espirito Santo (Jo 20.22-23).
ü  A natureza do seu corpo ressurrecto (Lc 24.37-43).
De acordo com Lc 24.30-52, a ascensão ocorreu nas proximidades de Betânia (uma vila localizada a leste do monte das Oliveiras, que por sua vez ficava a leste de Jerusalém).
Os aparecimentos de Cristo depois da sua ressurreição (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20-21; 1Co 15.5-7) foram importantes como validação exterior de sua natureza e de suas obras divinas.
Era importante que os discípulos, entre outras pessoas, testemunhassem (vs. 22) pessoalmente da sua ressurreição.
A duração do ministério pós-ressurreição de Jesus foi de quarenta dias. Depois da ascensão de Cristo, houve um período adicional de dez dias no qual os discípulos ficaram em Jerusalém aguardando a promessa do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa. Nesse tempo, Jesus lhes falou acerca do Reino de Deus – vs. 3.
Por diversas vezes, Jesus teve comunhão com seus discípulos e amigos durante as refeições:
ü  Na alimentação dos cinco mil (Lc 9.16).
ü  À mesa com publicanos e pecadores (Mc 2.15-16; Lc 5.29).
ü  À mesa com fariseus (Lc 7.37).
ü  Na última ceia (Mt 26.21,26).
ü  Com seus discípulos após a ressurreição (Lc 24.42; Jo 21.9-15).
Foi num momento desses de comunhão à mesa que Jesus lhes deu a ordem de não saírem de Jerusalém, mas esperarem pela promessa do Pai de batismo com o Espírito Santo em poucos dias.
Ele dizia que João os havia batizado com água, mas eles, dentro de poucos dias – vs. 5 – seriam batizados com o Espírito Santo, que na verdade é o dom do Pai e o dom de Jesus, o Filho (Jo 14.1,26; 15.26).
João Batista batizou multidões de pessoas (Mt 3.5-6,13-15; Mc 1.5,9; Lc 3.7-16,21). O batismo de arrependimento de João (Mc 1.4) apontava para o batismo messiânico com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16).
Isso, falava Jesus, não se daria muito depois daqueles dias. O dia de Pentecostes estava para acontecer dentro de alguns dias. Por que Jesus não disse que seria no dia da Festa de Pentecostes?
Eles ficaram curiosos com o que iria acontecer a eles e perguntaram imediatamente – vs. 6 - se seria esse o tempo em que ele restauraria o reino a Israel? Os discípulos, considerando o que Jesus havia dito anteriormente (Mt 19.28), pensavam que ele derrubaria o governo romano e restauraria o reino terreno de Israel.
Jesus responde que a eles não competia conhecer tempos ou épocas - ou seja, a hora e o dia exatos (coisa que muitos tentaram predizer em todas as eras) da segunda vinda de Cristo à terra (cf. I Ts 5.2).
Elas são datas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade. Compare com Mc 13.32. Até mesmo o Filho, que em sua natureza humana recebera conhecimento limitado (Lc 2.52), não sabia a data exata.
No entanto, iria descer sobre eles o Espirito Santo. O Espirito Santo demonstraria o seu controle sobre a vida deles por meio de manifestações especiais (cap. 2):
ü  Um som de vento impetuoso.
ü  Surgimento de formas de línguas de fogo.
ü  O falar em línguas estrangeiras.
E ao descer sobre eles o Espírito Santo, eles seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra. O livro de Atos se desenvolve de acordo com essa estratégia.
As testemunhas em Jerusalém (cap. 2) representam de modo reduzido o ministério mundial de Deus: os judeus “de todas as nações” (2.5) que ouviram e creram levaram consigo a mensagem para todas as nações.
O restante do livro de Atos fornece mais detalhes de como o evangelho se espalhou:
ü  Por Jerusalém (3.1-8.1).
ü  Pela Judeia e Samaria.
ü  Para a Antioquia da Síria (8.1-12.25).
ü  Até aos confins da terra (13.1-28.31).
Após essas instruções, foi Jesus elevado às alturas enquanto eles testemunhavam a sua partida até que uma nuvem os cobriu e nada mais viram – vs. 9.
Eles estavam com os olhos fixos nos céus quando dois varões vestidos de branco lhes chamaram a atenção.
Pessoas descritas em trajes brancos eram geralmente seres sobrenaturais ou glorificados, como:
ü  Jesus Cristo (MI 17.2; Mc 9.3; Ap 1.14).
ü  Anjos (Mt 28.3; Mc 16.5, Lc 24.4; Jo 20.12).
ü  Santos glorificados (Lc 9.30-31; Ap 3.4-5,18; 4,4; 7.14).
Os onze apóstolos presentes eram da Galileia; Judas, o traidor (que não estava presente), pode ter nascido em Queriote, Judá. Eles anunciaram que ele voltaria do mesmo modo como o viram subir. Jesus irá retornar em seu corpo ressurreto, vindo com as nuvens do céu (Mt 24.30: 26.64; Mc 14.62; 1Ts 4.16-17; Ap 1.7).
Então voltaram para Jerusalém estando eles no monte chamado Olival - um monte pouco além do vale de Cedrom, logo a leste de Jerusalém. Os discípulos haviam estado com Jesus no monte perto de Betânia (Lc 24.50). Essa distância era equivalente a uma jornada de um sábado - partindo da cidade, uma distância calculada pelos rabinos em aproximadamente 1.100 m.
Quando chegaram, eles subiram para o cenáculo onde se reuniam – vs. 13. Provavelmente o lugar onde os discípulos estavam se escondendo com medo dos judeus.
Pode ter sido o mesmo lugar onde celebraram a Páscoa e onde Jesus instituiu a Ceia do Senhor (Mc 14.15). Ou talvez fosse um aposento na casa de Maria, tia de Barnabé (At 12.12; Cl 4.10), onde os cristãos se reuniram posteriormente (At 12.12). Provavelmente, ficava perto do pátio do templo onde os visitantes judeus se reuniam (2.5-12).
Na lista dos hospedados naquele aposento consta, além dos outros, Bartolomeu - João não mencionou um discípulo com esse nome, mas citou um discípulo chamado Natanael (Jo 1.45; 21.2). Provavelmente esses nomes se referem ao mesmo homem, sendo que Bartolomeu seria o seu sobrenome -; Tiago, filho de Alfeu - também conhecido como Tiago, o menor (Mc 15.40); o Zelote - possivelmente uma referência ao grupo revolucionário chamado Zelote, do qual Simão fez parte; Judas, filho de Tiago - também conhecido como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18).
O fato era que eles perseveravam unânimes em oração. Jesus estabeleceu o padrão de oração na vida de seus discípulos. No Evangelho de Lucas há muitos exemplos de Jesus orando, muitas vezes sozinho (Lc 3.21; 5.16; 6.12; 9.18,28-29; 11.1; 22.32,41; 23.34,46).
Também as mulheres estavam com eles perseverando em oração. Grupos de mulheres seguiam Jesus; elas o ajudaram no seu ministério e cuidaram dele na sua morte (Mt 27.55-56; 28.1; Mc 15.40-41: Lc 8.23; 23.49; 24.1,22).
Ainda estavam ali, Maria, mãe de Jesus. Essa é a última referência à mãe de Jesus no Nono Testamento. E os irmãos de Jesus, ou seja, os filhos de José e Maria (Mt 13.55; Jo 7.3,10).
Naqueles dias, ou seja, nos dez dias entre a ascensão de Jesus (vs. 3) e o Pentecostes (2.1), Pedro se levantou entre os seus irmãos – um grupo aproximado de 120 pessoas – vs. 15 – e falou que era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente pela boca de Davi acerca de Judas.
Ele estava se referindo aos textos de SI 69.25; 109.8, citados no vs. 20, que se aplicam a Judas Iscariotes, um inimigo de Deus que foi deposto do apostolado.
Diante disso, “o seu encargo” (Sl 109.8) precisava ser preenchido. O Espirito Santo, fazendo uso do talento e da habilidade poética de Davi, inspirou-o a compor cuidadosamente as palavras e a verdade de sua mensagem.
Judas fora contado entre eles e tinha participação no ministério. Deus em sua providência permitiu que Judas, inimigo do Salvador, tivesse participação por um tempo limitado no ministério dos discípulos.
Com a recompensa de sua traição, Judas comprou um campo. Judas teve uma participação involuntária nesse negócio quando devolveu o dinheiro aos sacerdotes, pois estes compraram um terreno para servir de cemitério aos estrangeiros, chamado de "Campo de Sangue” (Mt 27.8).
As trinta moedas de prata (Mt 26.15), provavelmente quatro dracmas, equivaliam a cento e vinte denários (um denário equivalia ao salário de um dia de serviço de um trabalhador, Mt 20.2).
Mateus registrou que Judas “foi enforcar-se” (Mt 27.5). Logo, o relato de Atos apresenta esta possibilidade: Judas enforcou-se e posteriormente a corda se rompeu ou foi cortada, então, o seu corpo caiu sobre as pedras em algum lugar abaixo no vale de Hinom e abriu-se ao meio, ou pela violência da queda, ou pela decomposição.
Pedro explica que com ele se cumpriu as Escrituras em Salmos que dizia que ficasse deserta a sua casa e outro ocupasse o seu lugar.
Portanto, seria necessário que houvesse ali a escolha de outro apóstolo daqueles que estiveram com eles em todo o tempo que o Senhor viveu entre eles. Abrangeria o tempo do ministério público de Jesus, do seu batismo até à sua ascensão.
No grego, esse versículo não contém verbos que indiquem a “necessidade” de os discípulos escolherem um substituto. Esse procedimento (veja o vs. 26) tinha por objetivo descobrir a vontade de Deus (veja o vs. 24).
A ressurreição de Jesus foi o clímax e a base de todo o seu ministério. Caso isso não tivesse ocorrido, sua vida e seus ensinamentos teriam sido em vão (1 Co 15.12-19).
Diante do apelo de Pedro e de sua justificativa para a escolha de outro, propuseram dois nomes daqueles 120 que se encontravam ali. Evidentemente esses dois foram recomendados por todo o grupo de discípulos (de acordo com o vs.15, havia cerca de cento e vinte pessoas presentes).
Um deles era José Barsabás, cognominado Justo. Significa “filho do sábado”, um nome que foi usado para se referir a outras duas pessoas: esse José, aqui, e um certo Judas, profeta da igreja de Jerusalém que foi enviado por Silas a Antioquia (15.22,32). Justo era o nome grego de José Barsabás; ele não é mencionado em nenhum outro lugar no Novo Testamento.
O outro era Matias – esse não é mencionado em nenhuma outra passagem nas Escrituras.
Como havia dois, lançaram sortes para ver que iria substituir a Judas. Os apóstolos empregaram um procedimento usado no Antigo Testamento para descobrirem a vontade de Deus.
O Urim e o Tumim, objetos que ficavam dentro do “peitoral do juízo" de Arão (Ex 28.30) eram utilizados em certas ocasiões para determinar a vontade de Deus (Nm 27.21).
O formato desses dois objetos não é conhecido, mas geralmente eram fabricados na forma de pedrinhas ou pedaços pequenos de madeira, de acordo com uma tradição bastante disseminada no antigo Oriente Próximo (p. ex., Jn 1.7).
Também foram lançadas sortes entre Saul e Jônatas (1Sm 14.41-42; cf. I Cr 26.13). As decisões obtidas por meio desse procedimento eram do próprio Senhor (Pv 16.33).
Contudo, observe que os apóstolos já haviam reduzido as opções de acordo com um principio. Alguns sugeriram que nesse versículo a palavra grega para "sortes" equivale a outro termo grego que significa uma pedra redonda pequena que era usada para votar. Daí, a frase "sendo-lhe, então votado lugar com os onze apóstolos", no final do versículo. 
At 1:1 Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo,
relatando todas as coisas que Jesus
começou a fazer
e a ensinar
At 1:2 até ao dia em que,
depois de haver dado mandamentos
por intermédio do Espírito Santo
aos apóstolos que escolhera,
foi elevado às alturas.
At 1:3 A estes também,
depois de ter padecido,
se apresentou vivo,
com muitas provas incontestáveis,
aparecendo-lhes durante quarenta dias
e falando das coisas concernentes
ao reino de Deus.
At 1:4 E, comendo com eles,
determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai,
a qual, disse ele, de mim ouvistes.
At 1:5 Porque João, na verdade,
batizou com água,
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo,
não muito depois destes dias.
At 1:6 Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram:
Senhor, será este o tempo
em que restaures o reino a Israel?
At 1:7 Respondeu-lhes:
Não vos compete conhecer tempos ou épocas
que o Pai reservou
pela sua exclusiva autoridade;
At 1:8 mas recebereis poder,
ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém
como em toda a Judéia
e Samaria
e até aos confins da terra.
At 1:9 Ditas estas palavras,
foi Jesus elevado às alturas,
à vista deles,
e uma nuvem o encobriu dos seus olhos.
At 1:10 E, estando eles com os olhos fitos no céu,
enquanto Jesus subia,
eis que dois varões vestidos de branco
se puseram ao lado deles
At 1:11 e lhes disseram:
Varões galileus,
por que estais olhando para as alturas?
Esse Jesus que dentre vós
foi assunto ao céu
virá do modo como o vistes subir.
At 1:12 Então, voltaram para Jerusalém,
do monte chamado Olival,
que dista daquela cidade tanto como a jornada
de um sábado.
At 1:13 Quando ali entraram,
subiram para o cenáculo onde se reuniam
Pedro, João, Tiago,
André, Filipe, Tomé,
Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu,
Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
At 1:14 Todos estes perseveravam unânimes em oração,
com as mulheres,
com Maria, mãe de Jesus,
e com os irmãos dele.
At 1:15 Naqueles dias,
levantou-se Pedro no meio dos irmãos
(ora, compunha-se a assembléia de
umas cento e vinte pessoas) e disse:
At 1:16 Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura
que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi,
acerca de Judas,
que foi o guia daqueles que prenderam Jesus,
At 1:17 porque ele era contado entre nós
e teve parte neste ministério.
At 1:18 (Ora, este homem adquiriu um campo
com o preço da iniqüidade;
e, precipitando-se,
rompeu-se pelo meio,
e todas as suas entranhas se derramaram;
At 1:19 e isto chegou ao conhecimento
de todos os habitantes de Jerusalém,
de maneira que em sua própria língua
esse campo era chamado
Aceldama, isto é, Campo de Sangue.)
At 1:20 Porque está escrito no Livro dos Salmos:
Fique deserta a sua morada;
e não haja quem nela habite;
e: Tome outro o seu encargo.
At 1:21 É necessário, pois, que,
dos homens que nos acompanharam todo o tempo
que o Senhor Jesus andou entre nós,
At 1:22 começando no batismo de João,
até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas,
um destes se torne testemunha conosco
da sua ressurreição.
At 1:23 Então, propuseram dois:
José, chamado Barsabás, cognominado Justo,
e Matias.
At 1:24 E, orando, disseram:
Tu, Senhor, que conheces o coração de todos,
revela-nos qual destes dois tens escolhido
At 1:25 para preencher a vaga neste ministério
e apostolado, do qual Judas se transviou,
indo para o seu próprio lugar.
At 1:26 E os lançaram em sortes,
vindo a sorte recair sobre Matias,
sendo-lhe, então, votado lugar
com os onze apóstolos.
Até o verso 14, depois, do verso 15 ao 26, deste primeiro capítulo, é a informação de como foi ocupada a posição do décimo segundo apóstolo.
Reparem que a iniciativa foi toda de Pedro e o fato foi feito antes da descida do Espírito Santo anunciada. Logo, ocorreu naqueles dez dias entre a ascensão de Jesus aos céus (uma quinta-feira), testemunhada por anjos e pelos discípulos, e a descido do Espírito Santo, no domingo de pentecostes.
Será que esta iniciativa foi realmente só de Pedro ou foi recomendada por Jesus que acabara de subir e que tinha nos 40 dias estado com eles e os instruído de muitas coisas? Cuidado com aqueles que se dizem apóstolos e principalmente com aqueles que dizem, hoje, no século XXI ocuparem tal posição!
Evangelização: Por que devemos pregar o evangelho?[2]
Em Gn 1.28, Adão viu-se diante de um mundo de desafios. A palavra de Deus a ele foi clara: a mera subsistência na nova criação não seria suficiente. Devia encher a terra com a humanidade e cuidar dos reinos vegetais e animais, exercendo domínio sobre tudo para a glória de Deus e o bem dos seres humanos. Adão e Eva não tinham como completar essas tarefas sozinhos — as ordens foram dadas a indivíduos, mas a amplitude delas indica que Deus queria que toda a humanidade as cumprisse. A linguagem da ordem para exercer domínio é ampliada e especificada nas alianças feitas por Deus com o seu povo no Antigo Testamento (Gn 9.1-17; 15.1-17; 17.1-22; 22.16-18; Êx 19.5; 25m 7.5-29; 1Rs 8; Sl 89).
Em Mt 28.18-20, as palavras de Cristo aos seus discípulos incrédulos repercutem a ordem de exercer domínio. Ele já havia deixado claro que o seu povo devia ser uma comunidade de amor e adoração (J0 4.21-24: 13.34-35) separada para glorificar a Deus (Mt 25.34-40; Jo 15.8), mas ainda não havia concluído as suas instruções. Deus não queria uma comunidade fechada, mas uma comunidade conquistadora, separada para cumprir a tarefa de fazer discípulos que encheriam a terra com outras comunidades da nova aliança, constituídas de homens, mulheres e crianças batizados de todas as nações (At 2.5; 10.35; Ap 7.9; 14.6), ensinando tudo o que o nosso Senhor Todo-Poderoso havia ensinado em sua palavra, bem como obedecendo a ele. Somente Cristo possui a autoridade absoluta (Mt 28.18; Jo 17.2; Ef 1.21-23; Cl 2.10) para exercer domínio sobre o mundo inteiro, mas ao ordenar ao seu povo que evangelizasse o mundo e fizesse discípulos (Mt 1.19-20; At 1.4-8), Cristo delegou uma parte dessa autoridade à igreja, dando-lhe a responsabilidade de pregar o evangelho com eficácia Essa tarefa pode parecer impossível, mas não é, pois Jesus também garantiu o sucesso temporal e eterno da missão da igreja (Cl 2.13-15; Ap 17.14).
Mas o que nosso Senhor quer que ensinemos? Num sentido mais estrito, que o evangelho bíblico é a mensagem perene de Deus para o nosso mundo. O cerne da Grande Comissão (Mt 28.18-20) repercute ao longo das Escrituras (Lc 19.10: Jo 13.34-35; 1Co 9.22; Fp 1.27). Deus incumbiu a igreja toda da tarefa de tornar Cristo conhecido no mundo inteiro. É possível que certos indivíduos da igreja não tenham o dom da evangelização ou de sustentar financeiramente missões locais e estrangeiras, mas todos podem orar pela propagação eficaz do evangelho. Paulo pediu aos cristãos de Tessalônica “orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre nós" (2Ts 3.1).
O chamado da igreja para pregar o evangelho ao mundo visa combater o problema antiquíssimo do pecado. O pecado é abrangente - ele corrompe toda a humanidade e até a própria criação (I Rs 8.46; SI 130.3; 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.9-12; 5.12-19; 8.19-23; Gl 3.22; I Jo 1.8-10), condenando todos ao fogo do inferno (Mt 5.29-30; 23.32-33; Mc 3.43-47; Rm 6.23) - mas as boas-novas de Deus também o são. Onde quer que o pecado reine nos dias de hoje, mostra ao homem pecador que ele pode ser liberto do evangelho (Rm 5.8-10; 10.8-13). E a igreja foi chamada para levar essas boas-novas a todas as pessoas (Mt 28.19; At 1.4-8) para que todos tenham a oportunidade se arrepender e ser salvos (Rm 10.13-15), de nascer de novo do meio do poder de Deus manifestado na pregação do evangelho (Rm 1.16; 1Co 1.17-18, lTs 1.5).
Mas o evangelho vai além da conversão de almas a Cristo. O pecado continua a existir até mesmo nos cristãos, e as boas-novas incluem o fato de que Deus dá poder aos cristãos para evitar o pecado ao longo de toda a vida (Rm 8.9,13) e sempre deixa aberto um caminho para não quebrarmos os seus mandamentos (lCo 10.13). Ao nos ensinarmos mutuamente a obedecer a tudo o que Jesus ordenou (Mt 28.20), demonstramos os meios providos por Deus para libertar o homem de todos os aspectos pecaminosos do mundo, da carne e das tentações cio diabo, bem como evidenciamos um modo de vida positivo o e transformador dentro da cultura na qual Deus nos colocou. 
Além disso, o evangelho também diz respeito à redenção de todo o universo (Is 65.17; 66.22; Rm 8.19-22. Ap 21.1-5), resgatando tudo o que foi perdido quando a humanidade caiu em pecado (Gn 3). Não somos ordenados apenas a salvar e ensinar indivíduos e famílias, mas também a atacar frontalmente, por meio do poder espiritual do evangelho (2Co 6.7; 10.4), todos os aspectos pecaminosos do nosso mundo decaído. É especialmente nesse contexto que a igreja anseia pela consumação plena do reino de Deus (Mt 6.9-10; 25.1-13- Lc 12.40; veja o artigo teológico “O reino de Deus", em Mt 4) e ora para que, na sua volta, Cristo encontre uma comunidade da aliança fiel a ele. Esse anseio pela volta de Cristo à sua comunidade fiel foi preservado na oração em aramaico do Novo Testamento — "Maranata” [“vem Senhor”] (1 Co 16.22) — um clamor para que as missões cristãs e o evangelho se cumpram em toda a sua glória mediante a sujeição de todas as nações a Jesus Crido e da destruição de todos os inimigos de nosso Senhor (S1 110). Enquanto esse dia não chega, a igreja continua aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tt 2.13) e orando, "Vem Senhor Jesus!" (Ap 22.20). Pelo poder do evangelho, haverá pessoas de todas as nações e línguas para saudar Cristo na “consumação do século” (Mt 28.20).



[1] Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, com adaptações
[2] Artigo teológico extraído da Bíblia de Estudo de Genebra

domingo, 1 de novembro de 2015

João 21.1-25 - JESUS PREPARANDO UMA REFEIÇÃO PARA OS SEUS DISCÍPULOS!

O Evangelho de João é o livro que foi escrito por João para apresentar a vida de Jesus de tal modo que os incrédulos possam ir a ele pela fé e os cristãos possam desenvolver sua fé em Cristo como o Messias e o Filho de Deus que desceu do céu. Assim, testemunhar de Jesus é o tema central desse Evangelho, tanto por parte de um homem especial como João Batista, do Pai, do Espírito Santo e de seus discípulos e fieis em toda parte do mundo. Estamos vendo o último capítulo do Evangelho de João, o 21; estamos na última parte também.
Breve síntese do capítulo 21
Esta é mais uma vez, a terceira (eu tenho uma pregação sobre isso: recomendo a sua leitura e meditação), das 13 vezes registradas que ele apareceu aos seus discípulos depois de ressurrecto dentre os mortos.
A morte estava tão acostumada com o triunfo que se esqueceu de que na morte de Cristo ela também morreria! As aparições agora eram específicas e pontuais. Assim, Jesus mantinha seu padrão até que se completassem os 40 dias aqui na terra.
Ele aparece aos discípulos enquanto estes pescavam. Pescaram a noite toda, mas nada apanharam. Estavam frustrados e tristes e lá aparece Jesus, na praia, preparando algo de comer e iria usar dos peixes que ainda apanhariam.
A refeição preparada por Jesus, na beira da praia, que momento especial! Quantas não são as vezes que Jesus está conosco em nossas praias, mas estamos distraídos com nossa pescaria feita do nosso modo que não apanha peixe algum?
Neste capítulo, o último do Evangelho de João, Jesus vai tratar especialmente de Pedro para curá-lo daquele triste momento em que negou o Senhor por três vezes.
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
V. EPÍLOGO (21.1-25).
Depois de sua ressurreição, Jesus estabeleceu na igreja uma ordem que deve ser seguida pelas gerações futuras.
É possível que esse capítulo tenha sido acrescentado como um pós-escrito pelo mesmo autor do Evangelho (isto é, por João), embora haja indícios de que outra pessoa escreveu o vs. 24 e talvez o vs. 25.
Dividiremos essa última parte em quatro seções, as quais veremos todas agora.
A. O milagre no mar (21.1-14).
B. A confirmação de Pedro (21.15-19).
C. O discípulo amado (21.20-23).
D. Comentários finais (21.24-25).
A. O milagre no mar (21.1-14).
Jesus apareceu aos seus discípulos enquanto eles estavam pescando e lhes concede que apanhem uma quantidade extraordinária de peixes.
Depois dessas coisas, ainda o Senhor se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades.
Tudo começou com Pedro que teve a ideia de ir pescar. Essa declaração pode indicar que, por ter negado o Senhor, Pedro pensou que havia perdido o privilégio de ser uma testemunha. Naquela noite, nada apanharam.
No Mediterrâneo da antiguidade não era incomum pescar durante a noite. As circunstâncias trazem à memória a pesca miraculosa relatada em Lc 5.4-11 e são associadas ao chamado inicial de Pedro e alguns dos outros discípulos (Mt 4.18-22).
Eles passaram toda a noite pescando e não encontram nada. A madrugada já estava despontando quando alguém surge na praia e pede a eles algo para comer. Era o Senhor, todavia, os discípulos não reconheceram que era ele.
Eles responderam que não tinham nada e aquele senhor, à beira da praia, fala para eles jogarem a rede do lado direito do barco que iriam encontra peixes.
Eles obedeceram e pegaram grande quantidade de peixes.  Aquele discípulo a quem Jesus amava João foi o primeiro a reconhecer Jesus.
Pedrão ouvindo que era o Senhor cingiu-se com sua veste. Um gesto surpreendente para alguém que estava prestes a se lançar na água. É possível que Pedro tenha se vestido desse modo em sinal de reverência a Jesus, diante do qual não desejava aparecer despido.
Os outros discípulos apanharam o barco e foram para praia, para perto de Jesus onde ali viram umas brasas e, em cima, peixes e pão. A passagem não diz de onde veio o peixe. Apesar de não ser especificado, é possível que fizesse parte do milagre.
Jesus pediu a eles que trouxessem também dos peixes que acabaram de pescar. A quantidade era enorme, cento e cinquenta e três grandes peixes. Foram sugeridos vários significados para esse número. A explicação mais simples é que se tratava do modo de um pescador descrever uma pesca extraordinária.
Apesar da grande quantidade de peixes, a rede suportou o peso. Jesus tinha preparado o café da manhã para eles com peixes e pães e, assim, naquela manhã comeram juntos. Fora essa a terceira vez que Jesus aparecera a eles.
Não o terceiro aparecimento, mas a terceira vez que Jesus se revelava na presença de um grupo de apóstolos (cf. 20.19-23,24-26).
B. A confirmação de Pedro (21.15-19).
Veremos nos próximos versos Jesus tratando de Pedro e o curando de todo mal. Por ter negado Jesus, é possível que Pedro se considerasse inadequado para continuar no ofício de apóstolo. Nesses versículos, Jesus confirma o apostolado de Pedro.
Jesus se dirige a ele como Simão, filho de João - o mesmo nome que Jesus emprega no início de sua declaração solene em resposta à confissão de Pedro (Mt 16.17).
Ele pergunta a ele se ele o amava mais do que todos ali. Essa pergunta pode ser interpretada de várias maneiras: "Amas-me mais do que estes homens me amam?"; "Amas-me mais do que amas a estes homens?"; “Amas-me mais do que amas a estas coisas (redes e peixes)?".
Na pergunta de Jesus, o verbo grego traduzido como "amar" muda de forma quando Cristo questiona pela terceira vez, ao passo que Pedro responde sempre usando esse segundo verbo.
Para alguns comentaristas, houve a intenção de diferenciar, de algum modo, o significado dos dois verbos.
Porém, duas considerações tornam essa ideia improvável:
(1)   Em primeiro lugar, João emprega esses verbos de modo alternado em outras passagens do seu Evangelho.
(2)   Em segundo lugar, outras variações de expressão nesse diálogo são claramente estilísticas (p. ex., "Apascenta os meus cordeiros", "Pastoreia as minhas ovelhas", "Apascenta as minhas ovelhas").
Apascenta os meus cordeiros. "Meus cordeiros" e "minhas ovelhas" são expressões que correspondem a “minha igreja” (10.14,26-27).
Pedro escreveu aos presbíteros, considerando-se "presbítero como eles" (1Pe 5.1-2), instando-os a “[pastorear] o rebanho de Deus", numa indicação clara de que havia levado a sério as palavras de Jesus.
Pedro não se entristeceu porque Jesus muda ligeiramente o vocabulário nessa última pergunta, mas porque as três perguntas sobre o seu amor por Jesus certamente o lembraram de suas três negações recentes.
Em sua bondade, Jesus deu a Pedro a oportunidade de confessar o seu amor e reafirmar o seu chamado para servir ao Senhor. Reagindo com muita gratidão, Pedro chama Jesus de "o Supremo Pastor" (1 Pe 5.4).
Tendo feito Pedro passar por essa sessão terapêutica, lhe fala que quando era ele jovem, cingia-se a si mesmo, porém quando Pedro envelhecer, outro o cingirá e o levará onde não quererá ir. Estava Jesus falando – vs. 19 - com que gênero de morte Pedro haveria de honrá-lo. De acordo com uma tradição antiga, sem seu martírio Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.
Ele então repete o seu chamado para Pedro, como uma segunda chance para ele poder responder novamente. “Segue-me” - uma repetição do chamado inicial de Jesus aos seus apóstolos (Mt 4.19; Lc 5.27; cf. Jo 21.22). Esse episódio confirma, pela graça, o papel de Pedro como apóstolo.
C. O discípulo amado (21.20-23).
Pedro já curado, curiosamente, quis saber do fim do discípulo amado – vs. 21. Ao ser relacionada a 13.23-25, essa descrição “do discípulo que Jesus amava” não deixa dúvidas de que se trata de João, filho de Zebedeu.
Jesus fala de sua volta futura e João esclarece que Cristo não prometeu que retornaria durante o tempo de vida de João.
Alguns enxergaram nisso uma declaração de que Jesus havia prometido voltar antes do final do século 1 d.C. Aqui, João deixa claro que não foi feito nenhuma promessa desse tipo. No entanto, esses versículos certamente trazem uma promessa da segunda vinda de Cristo que ocorrerá num momento não especificado.
D. Comentários finais (21.24-25).
Essas palavras finais – vs. 24 e 25 - encerram o Evangelho de João com a garantia de que o conteúdo da obra é autêntico, porém não exaustivo.
O discípulo que escreveu a respeito "destas coisas" é o mesmo discípulo mencionado várias vezes anteriormente e identificado como aquele a quem Jesus amava (13.23) — a saber, João.
O vs. 24 dá testemunho de que o livro fora escrito por João e ele usa “sabemos” para dizer que seu testemunho é verdadeiro. Trata-se do depoimento de um contemporâneo de João que, sem dúvida, o conhecia pessoalmente. Logo, todo o Evangelho, incluindo o cap. 21, foi recebido quase instantaneamente pela igreja primitiva como um texto canônico.
João finaliza com uma hipérbole descritiva, expressando claramente que cada um dos escritores do Evangelho teve de ser extremamente seletivo. Esse versículo foi escrito por João ou acrescentado pela pessoa que redigiu o depoimento anterior.
Jo 21:1 Depois disto,
tornou Jesus a manifestar-se aos discípulos
junto do mar de Tiberíades;
e foi assim que ele se manifestou:
Jo 21:2 estavam juntos Simão Pedro,
Tomé, chamado Dídimo,
Natanael, que era de Caná da Galiléia,
os filhos de Zebedeu
e mais dois dos seus discípulos.
Jo 21:3 Disse-lhes Simão Pedro:
Vou pescar.
Disseram-lhe os outros:
Também nós vamos contigo.
Saíram, e entraram no barco,
e, naquela noite, nada apanharam.
Jo 21:4 Mas, ao clarear da madrugada,
estava Jesus na praia;
todavia, os discípulos
não reconheceram que era ele.
Jo 21:5 Perguntou-lhes Jesus:
Filhos, tendes aí alguma coisa de comer?
Responderam-lhe:
Não.
Jo 21:6 Então, lhes disse:
Lançai a rede à direita do barco e achareis.
Assim fizeram e já não podiam puxar a rede,
tão grande era a quantidade de peixes.
Jo 21:7 Aquele discípulo a quem Jesus amava
disse a Pedro:
É o Senhor!
Simão Pedro,
ouvindo que era o Senhor,
cingiu-se com sua veste,
porque se havia despido,
e lançou-se ao mar;
o 21:8 mas os outros discípulos vieram
no barquinho
puxando a rede com os peixes;
porque não estavam distantes
da terra senão quase
duzentos côvados.
Jo 21:9 Ao saltarem em terra,
viram ali umas brasas
e, em cima, peixes;
e havia também pão.
Jo 21:10 Disse-lhes Jesus:
Trazei alguns dos peixes
que acabastes de apanhar.
Jo 21:11 Simão Pedro entrou no barco
e arrastou a rede para a terra,
cheia de cento e cinqüenta e três
grandes peixes;
e, não obstante serem tantos,
a rede não se rompeu.
Jo 21:12 Disse-lhes Jesus:
Vinde,
comei.
Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe:
Quem és tu?
Porque sabiam que era o Senhor.
Jo 21:13 Veio Jesus,
tomou o pão,
e lhes deu,
e, de igual modo, o peixe.
Jo 21:14 E já era esta a terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos,
depois de ressuscitado dentre os mortos.
Jo 21:15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro:
Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros?
Ele respondeu:
Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Ele lhe disse:
Apascenta os meus cordeiros.
Jo 21:16 Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez:
Simão, filho de João, tu me amas?
Ele lhe respondeu:
Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus:
Pastoreia as minhas ovelhas.
Jo 21:17 Pela terceira vez Jesus lhe perguntou:
Simão, filho de João, tu me amas?
Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas?
E respondeu-lhe:
Senhor, tu sabes todas as coisas,
tu sabes que eu te amo.
Jesus lhe disse:
Apascenta as minhas ovelhas.
Jo 21:18 Em verdade, em verdade te digo
que, quando eras mais moço,
tu te cingias a ti mesmo
e andavas por onde querias;
quando, porém, fores velho,
estenderás as mãos,
e outro te cingirá
e te levará para onde não queres.
Jo 21:19 Disse isto para significar com que gênero de morte
Pedro havia de glorificar a Deus.
Depois de assim falar, acrescentou-lhe:
Segue-me.
Jo 21:20 Então, Pedro, voltando-se,
viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava,
o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus
e perguntara:
Senhor, quem é o traidor?
Jo 21:21 Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus:
E quanto a este?
Jo 21:22 Respondeu-lhe Jesus:
Se eu quero que ele permaneça até que eu venha,
que te importa?
Quanto a ti,
segue-me.
Jo 21:23 Então,
se tornou corrente entre os irmãos o dito
de que aquele discípulo não morreria.
Ora, Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas:
Se eu quero que ele permaneça
até que eu venha, que te importa?
Jo 21:24 Este é o discípulo
que dá testemunho a respeito destas coisas
e que as escreveu;
e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Jo 21:25 Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez.
Se todas elas fossem relatadas uma por uma,
creio eu que nem no mundo inteiro
caberiam os livros que seriam escritos.
Quanto a ti, SEGUE-ME! Como seguiria ele a Jesus uma vez que Jesus subiria ao Pai? É por que onde a palavra de Deus está sendo pregada - e para ser pregada ela deve apontar para Jesus Cristo -, ali ele está! Entenda: não somos nós quem fazemos a obra de Deus, mas o Senhor quem a faz por meio de nossa instrumentalidade – toda a glória pertence somente a ele.
A Deus toda glória! 
p/ pr. Daniel Deusdete.
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